História Surfer Babe - Cinco cores no cabelo dela

E chegaram na cozinha. 

Naruto se sentia um pouco nervoso, ansioso e tímido também. Afinal, deram um beijão na frente da loja de doces na noite anterior. 

— Hm... o que quer que eu faça? — Sasuke perguntou baixo, olhando os arredores da cozinha. 

Naruto apenas não conseguia se segurar quando surgiam oportunidades como essas. A boca falava sozinha sem seu consentimento.

— O que eu quero que faça? Quero que me beije loucamente em cima desse balcão. — apontou com o dedo, falando baixinho. — Mas infelizmente temos que fazer o jantar.

Sasuke ficou muito vermelho e riu, mesmo tentando segurar.

— Você é muito bobo, senhor Uzumaki. — ele brincou, ainda vermelho.

— Um bobo muito esperto para o gosto de muitos, acredito. — brincou também, sussurrando. — Apenas não resisto quando vejo alguém tão bonito na minha cozinha, senhor Uchiha.

Sasuke o olhava nos olhos e sorriu pequeno, ainda vermelho.

— Obrigado. Você também é alguém bonito na sua própria cozinha, senhor esperto. — ele disse brincalhão.

— Admite então que eu sou esperto, hm? — sorriu um pouco mais. — Mas te chamar de bonito não é só expertise. É um fato. Eu quase pulei em você lá fora mesmo. 

Sasuke olhou para a porta e escutou as vozes dos menores. Estavam conversando na sala, longe dali. Então o moreno se aproximou, ainda vermelho e tocou o rosto de Naruto, acariciando, movendo a mão para os cabelos dourados para entrelaçar os dedos. 

— Você me faz ficar com vontade de te beijar. — Sasuke sussurrou. 

Naruto sorriu e olhava nos olhos dele. 

— Fico feliz por conseguir. — tocou a nuca do outro, e a acariciou. — Eu só penso nessa vontade. — sussurrava. — Estou pensando agora.

O Uchiha respirou fundo, chegando ainda mais perto, parecendo sentir desejo de fazer aquilo. E os lábios se uniram em um beijo um pouco afoito, enquanto as mãos de ambos tocavam os cabelos e faziam o carinho que era necessário. Sasuke se afastou um pouquinho e passou a beijar Naruto no pescoço, respirava fundo, como se estivesse sentindo o cheiro. O loiro aproveitava para cheirar o cabelo preto e bonito. 

Tinha um pouco de  cheiro de cigarro — o que não o incomodava — mas também um outro cheiro gostoso. Algo como menta. 

Sasuke tinha um cheiro gostoso.

Quando o beijo parou — afinal, tinham filhos no cômodo ao lado — o Uzumaki segurou o queixo do outro e o selou nos lábios, sorrindo pequeno. 

— Eu gosto muito disso. — falou baixinho. 

— Muito disso, ou muito de quem faz isso? — ele o selou de novo nos lábios. 

— Pode ser dos dois? — olhava nos olhos do outro, e passou o cabelo preto para trás da orelha.

Sasuke respirou fundo, parecendo com desejo de novo.

Mas tinham que fazer o jantar! 

Aquela era uma coisa que Naruto gostava de se orgulhar quando era solteiro, antes. Sua lábia. Nunca soube de onde essa habilidade saiu, mas acabava conseguindo as pessoas que queria. Tanto, que conseguiu casar com Hinata, a mulher mais bonita que todo mundo já viu. 

Ficaram juntos por dezessete anos. 

Esteve puto e triste com ela por o casamento ter acabado, mas eram seus estágios de luto falando mais alto. Nunca brigaram feio nem nada. Decidiram juntos que era tempo de terminar. Não  conseguiam se completar mais. E agora, via nos olhos bonitos do Uchiha que ele o desejava. Conseguiu esse feito depois de beijá-lo sem pedir e quase ter o ódio dele. 

Mas conseguiu consertar a besteira que tinha feito.

Talvez a coisa da lábia nunca o deixaria. Naruto gostava assim. E gostava também de se divertir pensando que Boruto também era assim. Gostaria de ser uma mosquinha pra ver o que o garoto estava fazendo para conquistar a garota.

Puxou Sasuke para um abraço mais perto e começou a beijá-lo no pescoço, o sentindo praticamente ofegar com seus toques.

Isso! Ele o queria muito mesmo. 

Naruto sorriu e o beijou na bochecha. 

— Posso ser seu se quiser, Sasuke Uchiha. — murmurou baixinho no ouvido dele. 

Sasuke chegou mais perto naquele abraço, tocando as costas do Uzumaki e apertando um pouco. 

O moreno queria ainda mais agora. Assim como o Uzumaki queria também. Naruto o beijou na testa, muito satisfeito consigo e olhou nos olhos negros.

— Mas temos que fazer o jantar das crianças. — brincou. 

Sasuke riu baixinho e assentiu, se afastando aparentemente com dificuldade. Naruto percebeu bem ele ajeitando a roupa e escondendo com a camisa uma situação na calça. Céus. Podia mesmo pular em cima dele e arrancar aquelas roupas ali mesmo. Mas tinham que se conter. 

— Pode ligar a fritadeira e colocar o óleo? Vou terminar as batatas. — disse disfarçado e fingindo que não viu o volume. Era melhor assim, ou iriam se atracar. 

— Hm, sim, claro. — Sasuke se virou para o outro lado, escondendo aquilo e pegou a garrafa de óleo para colocar na fritadeira.

Naruto sorriu para si mesmo. 

Tinha conseguido conquistar com absoluto sucesso o barman gostoso. 

{ … }

Após o jantar, os quatro estavam na sala e o jogo estava sendo colocado para rodar.

A refeição foi tranquila, conversaram basicamente sobre o que cada um já tinha jogado. E foi uma surpresa saber que Sasuke e Sarada também tinham um videogame dos dois. Isso tornava ainda mais legal.

Ninguém havia jogado Shadow of the Colossus ainda. Então colocaram esse. 

— Nunca tínhamos visto esse vendendo. Parece ser legal. — Sasuke contou tranquilamente, sentado no tapete perto de Sarada, que estava no sofá.

Naruto também estava no chão. A sala era pequena e só cabia um sofá. Resolveram deixar para os menores. 

— O Kiba trouxe pra mim. — Boruto relatou com a voz baixa. — Ele voltou do Japão... disse que trouxe pra mim. 

Naruto fechou os olhos e respirou fundo.

Já sabia daquilo. Mas não esperava que o garoto fosse mencionar o homem.

— Quem é Kiba? Seu amigo? — Sarada perguntou meio acanhada e com olhinhos interessados no garoto.

— É o namorado da mamãe. — Boruto deu de ombros, claramente entristecido e sem jeito. 

Quando Naruto ainda morava na outra casa, Hinata já estava com esse Kiba. Ela nunca escondeu, e nem foi nada difícil assim para o detetive Uzumaki descobrir. Só saiu de lá quando encontrou essa nova casa, afinal, não tinha pra onde ir. 

Aquilo nunca tinha sido um problema. Já não dava mais certo e ela nunca escondeu que tinha nova companhia. Mas foi uma decisão dela contar para Boruto tão cedo. Era muita coisa para o garoto processar. E com certeza isso o deixou mais triste ainda. 

Sasuke o olhava de forma curiosa e pensativa, mas Naruto deu de ombros. 

— Escolheram esse jogo, mas podemos trocar, se o papai quiser. — Boruto disse baixinho. 

Sentia o olhar de Sasuke ainda, também da garota e do filho. Porra, por que tinham que colocar essa pressão em si?

— Não precisa tirar o jogo, Boruto. — alegou, e se mantinha tranquilo. — Eu também quero ver como é. 

Boruto assentiu e respirou fundo. 

— Quer começar a jogar? — o garoto olhou para Sarada e estendeu o controle. — Você pode. O papai diz que as damas vem primeiro.

Naruto sorriu e assentiu, notando um pequeno sorriso em Sasuke também. Sarada ficou levemente vermelha e fez que sim com a cabeça, pegando o controle. 

A garota começou jogando e com o tempo todos acabaram imersos na história. Entenderam que a moça precisava ser salva pelo Wander e para isso tinham que derrotar os colossus conforme passavam pela terra proibida. Durante esse tempo, Naruto trocava olhares com Sasuke e achava muito fofo como o Uchiha parecia ficar mais vermelho a cada olhar. 

Ele é muito fofo!

Lindo, gostoso, delícia, fofo.

— Saco! — Sarada reclamou ao morrer pela segunda vez. — Papai! Ganha dele pra mim. — ela pediu baixo, estendendo o controle para o pai dela.

Sasuke riu e pegou o controle, começando a batalha com o primeiro colossi.

— O papai sempre ganha de todos. — Sarada afirmou, satisfeita e convencida. 

— Não exagere, querida. — Sasuke advertiu, de forma doce.

— Você sabe que é verdade, papai. — ela começou a arrumar o cabelo do pai que estava levemente bagunçado. — Eles vão ver.

— Vamos ver. — Naruto sorriu para o Uchiha e ele ficou tímido e mais vermelho.

Fofo!

Por algum tempo ficaram vendo Sasuke matar os colossus. Ele matou dois e sem morrer! 

— Eu disse. — Sarada certificou.

Naruto e Boruto riram. 

A garota se inclinou um pouco para alcançar a bolsa de jogos em cima da mesa, e esse movimento fez o cabelo dela ir para a frente também, revelando as cinco cores de mechas coloridas em meio aos fios negros. 

— Que legal o seu cabelo, Sarada. — Naruto observou. — Várias cores.

— O papai me ajudou a fazer. — ela contou com um sorriso. — São cinco cores. 

Naruto percebeu que os olhos de Boruto brilhavam, completamente perdidos no cabelo e no rosto da garota. Ele parecia estar vendo algo de outro mundo, um ser brilhante e divino. 

— Eu gostei. — assegurou.

Sasuke estava concentrado no jogo. Ele parecia ser dos que levavam jogos a sério. 

Gostava de vê-lo concentrado assim. 

Sarada abriu a bolsa de jogos e cds, e por um momento, os olhos dela começaram a brilhar da mesma forma que os de Boruto. E ela olhou para o garoto, chocada.

— Você gosta de Mcfly? — ela perguntou baixinho.

— Five colors in her hair (cinco cores no cabelo dela) é minha música favorita. — Boruto afirmou, olhando nos olhos da garota. 

Naruto viu com muita clareza. Com perfeição. 

A faísca da paixão acabou de se acender na feição da Uchiha. 

Olhou para o filho discretamente e assentiu, aprovando completamente aquela fala. Boruto piscou discretamente também.

Como o garoto é esperto!

E Sasuke bufou.

— Todo dia me arrependo de ter comprado esse CD para a Sarada. — ele riu e balançou a cabeça. — Ninguém aguenta essas músicas.

— Como assim, tio? — Boruto rebateu. — É a melhor banda! — Ele disse e olhou para a garota, piscando o olho para ela.

E Sarada sorriu, rindo baixinho. 

— Só não começamos a discutir porque estamos na casa do seu pai e o jogo é seu. — Sasuke riu. — Mas... não.

Naruto segurava muito para não rir. 

Muito.

Sasuke sequer percebeu que Boruto estava cantando a filha dele. Aquele CD era de Hinata e por algum motivo estava naquela bolsa. Os dois Uzumaki reclamavam daquelas músicas com a mulher desde que ela comprou. Mas jamais iriam revelar isso. 

Não agora que sabiam o que sabiam.

— O papai só gosta das bandas que fazem barulho. É por isso que ele fala assim das músicas dos meninos. — Sarada disse convicta.

Sasuke sorriu e continuou a jogar. 

Os três riam baixinho. Todos viam que Sasuke nem fazia ideia. 

O jogo continuou por algum tempo, com todos muito concentrados na tela. Sasuke era um bom jogador, jogava sem morrer e era esperto. Era legal assisti-lo jogar. Até ele olhar o relógio na parede.

— Querida, vamos. Já passou de meia noite. — ele ficou de pé, entregando o controle à Boruto. — Desculpem. Acabei me perdendo da hora.

— Não precisam ir, tio. — Boruto disse na frente. — Podem ficar.

— Sim. Vocês... podem ficar. — Olhou nos olhos do Uchiha.

Céus. O sonho daquela noite seria dormir com ele? 

Sasuke o olhava, como se estivesse lendo seus pensamentos e pensou muito, muito, mas por fim balançou a cabeça em negativa.

— Talvez... possamos fazer isso de novo. — ele disse baixo. — Mas devemos ir hoje. 

— Desculpem. — Sarada ficou de pé. — Nós temos mesmo que ir. É dia de ver a vovó amanhã de manhã. Ela vai estar nos esperando.

— Oh, que pena. — Boruto olhava para a garota, que ficou vermelha de novo.

Era igual ao pai dela!

— Tudo bem. — Naruto ficou de pé também, meio chateado por aquela partida.

Queria ficar com o moreno. Mas fazer o quê.

Olhou pela janela. Parecia estar geando.

— Vou levar vocês. Vai ser ruim voltar com esse frio e tarde assim.

— Não precisa, Naruto. — Sasuke acautelou.

— Não custa nada. — feu de ombros. — Vamos. 

— Obrigada, tio Naruto. — Sarada sorriu bonito. 

Todos pegaram os casacos e Sasuke colocou aquela jaqueta de couro que o fazia parecer um pedaço de paraíso gostoso e tesudo. Céus. 

Saíram da casa e as crianças se sentaram no banco de trás, demasiadamente perto demais. 

Sasuke nem percebeu.

Ele se sentou no carona e tinha as bochechas muito vermelhas e sem jeito.

— Onde é? — perguntou para ele.

— Markham St. 16. — Sasuke disse baixo e acanhado.

Naruto o queria muito. Porra.

Ligou o carro e deu partida, parando no cruzamento. Tinha que esperar um pouco até poder pegar a King’s road que era muito movimentada. Mas nesse meio tempo, então, aquele embuste da loja de doces apareceu como uma assombração. 

Estavam na frente da loja dele.

— Yo, e aí, Sasu-ke. — o albino sorriu do lado de fora do carro, escorado na janela de Naruto. — Sarada! Você está aí também!

— Tio Kimimaro! — a garota sorriu grande. — Que saudade!

— Eu também, menina! E esse cabelo LINDO? — Kimimaro indicou, animado. — Five colors in her hair!

— Sim! O papai fez pra mim. — ela ainda sorria.

— Ah, claro. O Sasuke sempre é fofo assim, não é? — o albino sorriu olhando o moreno.

Naruto olhou fundo nos olhos daquele louco, indicando que ele estava o irritando. 

— Kimimaro… hm. — Sasuke falou baixo. — Depois... você fala mais com ela, sim? Estamos indo.

Naruto soltou um pouco o freio, fazendo o carro ir um pouco para a frente para o albino tirar as patas de seu veículo.

— Credo, senhor Uzuma-ki. É sempre ciumento assim? — Kimimaro disse divertido. — Até mais, Sarada, querida!

— Tchau! — a garota disse alto quando o carro deu partida por fim. 

Naruto estava puto. Aquele cara era sem escrúpulos!

Sasuke estava ainda mais sem jeito.

— Quem era aquele? — Boruto riu baixinho. — Ele também gosta do Mcfly.

— É o tio Kimimaro. — Sarada contou, divertida também. — É o ex-namorado do papai. 

Aquela informação caiu como uma bomba em cima do Uzumaki. Só podia descrever assim. Era a sensação. E nem escutou mais o que disseram dentro daquele carro.

O caminho até a Markham St. 16 foi inteiro repassando fatos e acontecimentos das últimas semanas, Sasuke o levando para comer bolo naquela loja, conversando todos os dias na frente da loja, o beijando na frente da loja. Só conseguia repassar essas coisas. E o sentimento final acabou sendo: mágoa.

Sasuke o usou, estava usando para ferir aquele albino. E nunca disse que era ex-namorado. Disse que era amigo. 

Naruto parou o carro na frente da casa deles, com fachada bem parecida com a da sua e não conseguia olhar para o Uchiha.

— Tio Naruto, obrigada pela carona! O jantar estava uma delícia e sua casa é linda! — Sarada disse simpática. — Eu gostei muito de conhecer vocês. — ela olhou para Boruto, e ficou vermelha.

Naruto a olhou pelo retrovisor, e sorriu. 

— Também gostei muito de te conhecer. Sua torta estava uma delícia. — afirmou, simpático também. — Obrigado pela flor, ela vai para um vasinho.

Boruto olhava nos olhos da garota e segurou a mão dela, dando um beijo.

— Vou esperar para te ver de novo. — o garoto disse baixinho.

Sarada sorriu pequeno e tímida.

— Eu também. — ela murmurou baixinho.

Sasuke sequer via aquilo. Ele estava sentado e parado, olhando para Naruto, que não o olhava. 

— É... obrigado pela carona e o jantar. — Sasuke agradeceu, baixo. 

Naruto assentiu e destravou a porta do carro. 

— Até mais, tio. Foi legal. — Boruto disse tranquilo.

— Foi legal, garoto. Até mais. — Sasuke então abriu a porta, e demorou a sair do carro. — Até... Naruto. 

Naruto olhou para o outro lado e não respondeu. 

Estava muito magoado. 

Não esperava mesmo por aquilo. Chegou a achar que o Uchiha tinha interesse mesmo em si. 

— Tchau! — Sarada disse ao sair do carro e neste momento, Sasuke saiu também. 

Naruto então deu partida e não olhou mais para o Uchiha, indo em direção à sua casa.

— Papai, foi legal. — Boruto sorriu.

— Imaginei que você diria. — riu um pouco. — Mais um pouco, você teria conseguido ela.

— Sim. — Boruto riu. — Quem sabe na próxima.

É. Naruto não achava que teria uma próxima.