UM ANO DEPOIS.....
Eu estava nervosa por agora ser oficialmente de uma mulher de 24 anos e por ter me estabelecido novamente em Seul. Apesar de ter passado por um longo processo de aceitação sobre em relação a mim mesma, ainda sentia-me receosa em encarar todas as pessoas que deixei para trás por causa do medo de machucar mais alguém.
Aos poucos fui me reaproximando dos amigos que fiz, mesmo sabendo que o tempo em que fiquei fora poderia ter mudado as atitudes de cada um. Apesar da sensação de ansiedade, encarei tudo como deveria ser.
Todos já tinham seguido em frente, e eu precisava fazer o mesmo. Foi como Bill havia me dito, o passado deve permanecer no passado. Foque no presente.
Enquanto refletia sobre esses assuntos, encarei o pequenino panda me encarar e logo resmungar querendo um pouco de frutas frescas. Ser uma bióloga foi o meu objetivo desde o colegial, trabalhar em um zoológico estava sendo uma experiência única apesar de exigir muitos cuidados. Entender como os animais se comportavam e o afeto que aos poucos eles expressavam para mim, era algo majestoso e único.
-Vejo você amanhã, amiguinho. –brinquei com sua patinha antes de terminar o meu turno. –Volte para a sua mamãe panda, ok?
Soltei o ar de meus pulmões após uma sequência de brincadeiras e sorri ao ver o panda seguir meu comando e aninhar-se próximo aos pandas mais velhos. Senti meu celular vibrar e logo peguei o aparelho encarando o contato.
Carly.
-Hey, como está indo hoje? –balbuciei saindo do ambiente antes que os pandas se agarrassem as minhas pernas como gostavam de fazer com todos os cuidadores.
-Eu estou entediada...você ainda está no trabalho? –Carly perguntou após um suspiro pesado.
-Estou prestes a sair do zoológico... –comentei andando pelo parque a passos lentos. –Sabia que...
-Feliz Aniversário!! –Carly começou a cantar do outro lado da linha me fazendo parar de falar. –Ei, já que somos solteiras o que acha de irmos festejar esse dia em alguma boate de Itaewon?
Estava prestes a negar, mas lembrei dos conselhos que Bill havia me dado. Eu tinha que aproveitar as oportunidades de me divertir enquanto ainda havia tempo. Talvez uma vez na vida eu deveria seguir seus conselhos de auto ajuda....
-Ah, tudo bem. –concordei e logo ouvi a mesma comemorar. –Só vou pegar minhas coisas e vou para sua casa.
-Traga um pouco de Soju para fazermos um esquenta antes. –Carly pediu alegre antes de terminar a ligação. –Eu juro que essa noite nós duas iremos nos divertir bastante, Amy.
Soltei um suspiro fraco e guardei o celular após balançar a cabeça. Se uma coisa que eu sabia é que quando Carly ficava bêbada, as coisas saiam do controle. Eu apenas não queria me arrepender dessa noite.
Engoli de uma vez só o pequeno copo com Soju enquanto Carly ajeitava sua saia recém comprada. Ela e Bambam haviam terminado no mês anterior, então entedia porque ela queria tanto uma noite para fazer o que quiser. Ter o coração partido doía...e nada melhor do que encher a cara e beijar homens desconhecidos para se sentir desejada, segundo as próprias palavras de Carly.
-Já te disse o quanto eu amei o seu corte de cabelo? –sua voz estava levemente arrastada enquanto terminamos nossas maquiagens.
Sorri fraco também já um pouco bêbada e passei as mãos pelo cabelo que batia um pouco acima de meus ombros.
-Talvez eu devesse usar um de seus vestidos decotados já que é apenas uma única que vez que faço 24 anos. –comentei lhe entregando mais uma dose de Soju.
-Por isso você é minha melhor amiga. –Carly riu achando graça. –Ya, vamos vestir algo incrível para hoje. Vamos brilhar para que todos babem em nossa beleza estrangeira.
Dei uma risada achando graça e pela primeira vez não importei em experimentar seus vestidos de grifes e bem chamativos.
Depois de algumas horas descansando para o começo da noite, recebi telefones desejando-me feliz aniversário e logo os convidei para irem festejarem essa data em uma das boates mais concorridas do bairro. Essa era a chance de eu fazer com que Carly finalmente ficasse com Wonho.
-Tem certeza que ela está afim de mim, Amy? –Wonho perguntou-me baixo pelo telefone.
-Ela disse que você tem uma bunda bem desejável. –comentei enquanto Carly procurava pela casa as chaves do carro. –Ela está deprimida, então acho que uma noite apenas com o brutamontes irá ajudá-la nisso.
Apesar de ter voltado para Seul, era difícil manter contato com o Monsta X, eles sempre estavam ocupados...apenas Wonho e Minhyuk sempre me ligavam perguntando como eu estava.
-Sexo sem compromisso, entendi. –Wonho riu consigo mesmo. –Sempre tive curiosidade em saber como é uma indiana na cama....
-Vejo você mais tarde. –interrompi sabendo o que viria mais à frente.
-Devo usar algo que a faça ficar animada, não é.... –ele resmungou se divertindo.
Desliguei a chamada com um sorriso no rosto e logo encarei Carly balançando os saltos em mãos.
-Vamos que hoje à noite seremos as VIP´s. –Carly sorriu após fazer uma dancinha e logo saiu desfilando até a entrada.
-Sou uma ótima amiga. –dei um último gole da garrafa de Soju e a segui com um sorriso no rosto.
O som da música alta invadiu meus ouvidos assim que o táxi estacionou na enorme entrada da boate, logo de cara eu sabia que essa noite seria relembrada futuramente por nós duas.
Raramente eu usava saltos, mas decidi colocar o par mais bonito que achei em meu guarda-roupa para essa ocasião. Assim que entramos observei a grande quantidade de pessoas que dançavam loucamente na pista, o cheiro de álcool e tabaco impregnavam o ar.
-Coquetel! –Carly gritou alto apontando para o bar.
Estávamos indo em direção ao bar quando dei de cara com Yongguk, era claro que meu colega de bebida estaria presente nessa noite. O abracei pela cintura assim que ouvi sua voz me desejar feliz aniversário e logo peguei o drink de sua mão.
-Aonde estão os outros? –perguntei enquanto Carly misturava as bebidas alegremente.
-Por aí....se divertindo por conta própria.... –Yongguk deu seu típico sorriso misterioso. –Ya, esse vestido ficou bem em você.
Encarei meu próprio corpo e uma parte do meu busto amostra. Estava na moda na América, mais ainda causava estranheza para alguns coreanos ver o busto e os ombros de uma mulher desnudos. Ajeitei as finas alças e sorri.
-Não sabe o sofrimento que sofri para entrar nisso.... –balbuciei fazendo o mesmo dar uma leve risada.
-Consegue se sentar? –Yongguk tirou com a minha cara apontando para o banco ao seu lado vago.
-Engraçadinho.... –fingi estar indignada e logo me aconcheguei ao banco. -Viu? Está tudo sob controle.
-Se o vestido estourar não se preocupe, eu te empresto a minha jaqueta. –Yongguk comentou pegando o copo novamente de minha mão.
-Se está com inveja do meu vestido é só falar, eu te dou de presente depois. –tirei com a sua cara como gostava de fazer sempre que nos víamos.
-Não me faça pensar nas segundas intenções, Amy.... –seus olhos estavam flertando comigo.
-Pensei que você fosse gay. –continuei a tirar sarro do mesmo. –Sabe, está tudo bem, eu irei te apoiar em suas escolhas.
-Posso te provar que me interesso por mulheres...se quiser a prova podemos fazer isso mais tarde. –sua voz grossa comentou próxima ao meu ouvido.
Dei uma risada e lhe dei um soquinho no braço.
-Idiota. –ri achando graça enquanto o mesmo sorria vitorioso. –Ah, isso é embaraçoso.
-Ya, vocês dois, a área Vip está a nossa espera! –Carly pousou o braço em nossa volta alegremente. –Ah, Yongguk, você está uma perdição hoje, sabia?
Yongguk sorriu e logo se levantou para abraça-la.
-Vamos dançar, Carly. –ele segurou a mão dela. –Vamos deixar a idosa se recuperar de meus charmes.
Dei de ombros sabendo o quanto eles gostavam de tirar sarro de minha cara e pedi uma bebida não querendo ver os dois se roçarem em meio as outras pessoas. Era estranho ver que eles haviam também se tornado grandes amigos depois de tudo que aconteceu no passado entre os problemas dos clãs.
Mesmo estando tudo sob controle, eu agora estava encarregada de manter a paz entre eles e continuar mantendo em segredo o paradeiro da Lotto.
Beberiquei por alguns minutos meu drink distraída com meus pensamentos quando senti dois braços me envolverem pelo pescoço. Reconheci a voz estridente e animada de Minhyuk rapidamente.
-Ya, nossa aniversariante resolveu causar com esse vestido? –Minhyuk riu girando meu banco que eu ficasse de frente para alguns outros caras. –Uau, isso deve ter sido bem caro.....
Os olhos de Wonho caíram sob meu decote e logo vi um sorriso escapar de seus lábios. Zelo que também estava entre eles assobiou animado. Dei uma risada envergonhada e envolvi meus ombros com um xale evitando mais olhares como aqueles.
-Definitivamente esse vestido ficou incrível em seu corpo... –Zelo sorriu bobamente e sentou-se ao meu lado. –Bem, posso te pagar uma bebida, minha flor?
-Zelo, já conversamos sobre isso, somos apenas amigos, ok? –segurei sua mão por um breve instante. –Você deveria ir atrás daquelas garotas que estão te encarando daqui.
-Noonas são bem mais interessantes....mas vou atrás delas já que não quer meu mel. –Zelo piscou e logo se levantou com toda sua postura badboy.
-Esse cara vai virar pai precocemente. –Wonho o encarou ao longe e me encarou. –Porque escolheu logo uma boate de rap?
-Não foi eu, a Carly que quis vir para cá. –comentei após ver a troca de olhar entre ele e Minhyuk. -Porque? Vai me dizer que vai aqui tem strip tease? Tem Oppas aqui, é?
Eles não riram da minha piada, parecia que eles estavam um tanto preocupados por ser logo aqui a minha comemoração. Encarei ao fundo Kihyun me encarar com certo receio.
-Olhe, o Kihyun também veio. –comentei fazendo um aceno de mão mas não obtive um retorno. –Porque vocês estão tão sérios?
-Talvez deveríamos ir logo para a área Vip, ouvi dizer que é legal o ambiente. –Minhyuk estendeu a mão para mim com certa agitação. –Vamos, Amy, estou curioso para ver a parte superior.
Meus olhos caíram novamente em Kihyun e logo reconheci a camiseta social que Hyungwon adorava vestir sempre que havia alguma coisa a ser cumprida.
Aquilo estava estranho, pois mesmo os dois terem me visto não vieram ao meu encontro ou se quer corresponderam aos meus acenos.
-Ya, vamos pegar as bebidas Vip. –Wonho puxou-me pelas mãos junto com Minhyuk rapidamente.
-Ei, esperem, eu estou usando saltos! –ralhei alto enquanto eles me guiavam pelo meio da multidão. –Aigo, eu não tive nem a oportunidade de ver as atrações de hoje.
Os meninos estavam andando mais rápido que o normal, mas uma voz vinda de trás ao longe, me fez petrificar no lugar.
-Ya, Wonho, Minhyuk! –a voz que por tanto tempo não ouvi gritava os nomes daqueles que se tornaram meus melhores amigos em sua ausência. –Ya, aonde vocês estão indo?!
Por três anos eu não ouvi aquela voz, apenas soube por outras pessoas que ele havia seguido em frente assim que decidi sair do país.
-Ei, eu comprei as doses para hoje à noite! –sua voz estava cada vez mais próxima enquanto eu e os meninos continuávamos estáticos no mesmo lugar.
Minhyuk tentou me puxar para sairmos dali, mas me mantive parada sentindo algo borbulhar dentro de mim. Virei-me de frente para ele dizendo a mim mesma que estava ouvindo coisas por ter bebido muito em poucas horas, mas ele estava ali, em minha frente, tão chocado quanto eu pelo reencontro.
O copo que Jooheon segurava escorregou por sua mão ao me reconhecer. Deixei que meus olhos caíssem por seu corpo bem mais musculoso do que antes assim que Wonho e Minhyuk soltaram respectivamente minhas mãos sabendo que não havia mais nada o que fazer.
-Amy....eu acabei de.... –encarei Carly vir animadamente em minha direção mas logo parou ao encarar Jooheon. –Ai, caramba....cacete...
Engoli o bile que subia por minha garganta ao sentir algo dentro de mim se aquecer novamente depois de tantos anos. Carly me puxou pelo braço antes que eu pudesse fazer qualquer coisa, mas eu estava surpresa demais para refazer o caminho e encarar Jooheon novamente.
Engolia as doses de tequila uma atrás da outra me sentindo apavorada.
-Ya, pare com isso. –Yongguk tirou a sexta tequila que estava pronta para beber de minha mão. –Controle-se, Amy.
Encolhi-me contra o sofá enquanto a música estilo rap americano estourava no piso debaixo. Jooheon estava na pista com o restante do Monsta X que apareceram após alguns minutos mais tarde.
Eu estava furiosa por dentro, furiosa comigo mesma por ter acreditado que ele havia me esquecido...de que eu o havia esquecido no passado. Eu já havia perdido as esperanças quando ele decidiu permanecer no batalhão do exército mesmo tendo exercido seu tempo de alistamento.
Carly sentou-se ao meu lado quando comecei a contar baixo o numeral em tailandês. Queria tanto que Bill estivesse aqui para me acalmar.
-Ya, seja o que você estiver pensando, não pense. –Carly segurou meu rosto me obrigando a encará-la. –Amy, hoje é a sua noite, ninguém vai estragar nossa comemoração, ok?
Eu já estava começando a sentir todo o álcool que ingeri começar a girar em meu estomago.
-Eu não estou pronta para isso. –respondi apertando minhas mãos.
-Você não precisa ir falar com ele, Amy. –Yongguk tentou me ajudar na situação.
-Porque logo hoje...? –balbuciei sem entender. –Porque ele apareceu logo hoje?
Carly sabia o quanto eu estava lutando contra um ataque de pânico, e como sempre fazia, tentou me fazer relaxar.
-Ei, se não se sentir confortável aqui podemos ir para outro lugar. –Carly segurou minha mão vendo meu nervosismo com a situação. –Quer saber, vamos para outra boate? Eu posso conseguir entradas Vips na boate do GD.
-Porque não me disse que o #Gun era a atração principal da noite? –a encarei após ver o panfleto das atrações pousado sob a mesa.
-Eu não conheci esse #Gun. –Carly encarou o panfleto. –Eu não sabia que ele era o melhor amigo dele....
Pousei minha cabeça contra o sofá e fechei os meus olhos. Talvez essa seria a hora exata para ligar para Bill e me trancar no quarto por dias.
-Como você nunca o viu? –balbuciei sem a animação de antes. –Carly, o #Gun vivia no galpão Monsta X, você e o Bambam passaram tanto tempo por lá e....
Parei de falar ao ver que tinha tocado no nome do qual não deveria falar. Bambam. A expressão de Carly levemente se entristeceu ao relembrar da traição que a machucou tanto.
-Carly, me desculpe.... –pedi apavorada. –Eu não quis...
-Você tem razão, Amy. –Carly meneou a cabeça após um suspiro profundo. –Me prendi tanto a uma relação que não percebia mais quem estava ao meu redor. Eu definitivamente deveria ter pesquisado antes....eu estraguei a nossa noite...e o seu aniversário.
-Uau, acho é melhor pararmos com as bebidas. –Yongguk comentou vendo a depressão pairar no ar. –Querem ir comer em algum lugar?
Cruzei meus braços e neguei levemente com a cabeça. Apesar de estar apavorada por saber que Jooheon estava muito próximo a mim, eu não poderia estragar essa noite por causa de meus ataques.
-Ninguém vai embora até que eu sopre as velas do meu bolo e que alguém caia de tão bêbado por se divertir à beça. –os encarei abrindo um sorriso fraco. –Hoje é a minha noite, certo? Então não vamos pensar em problemas....vamos encher a cara, comer, dançar...e fazermos o que quisermos.
Yongguk que havia deixado as bebidas sorriu ao ouvir minhas palavras e balançou as garrafas em mãos enquanto me jogava contra Carly ao som das batidas envolventes.
Essa noite eu fiz uma promessa a mim mesma que não pensaria em Jooheon como fiz nos últimos anos.
Tudo estava indo bem, os acessórios de neon apareceram na área Vip algumas horas depois e logo já me encontrava sem os saltos altos nos pés. Eu estava bêbada, mas certifiquei-me de ficar mais sóbria do que Carly, ela precisava se divertir ao máximo essa noite. Dei um sorriso cumplice assim que vi a mesma agarrar Wonho e logo desparecerem escadas abaixo juntos após eu finalmente ter soprados as vinte e quatro velas do pequeno bolo deixado de lado.
-Sou uma ótima cupido, não acha? –comentei com Yongguk enquanto encarávamos a multidão abaixo de nós. –Aquela loira está te olhando há bastante tempo, deveria ir conversar com ela....
-Sério? E se importa em ficar uns minutos sozinha? –Yongguk perguntou-me distraído encarando fixamente a mulher dançando na pista lotada.
-Boa sorte. –bati meu ombro no dele enquanto me debruçava na grade para observar detalhadamente o local. –Vou aproveitar e ir ao banheiro.
Vesti rapidamente meus saltos e segui pela direção oposta de Yongguk, desci as escadas rapidamente e enfrentei a multidão de pessoas no térreo ignorando os olhares superficiais de alguns homens. Meus sentidos estavam um pouco lentos por causa do álcool, mas tentei em vão não esbarrar nas pessoas. Tropecei algumas vezes ao ser empurrada por alguns que dançavam e logo esbarrei em mais algumas pessoas sem sentido algum. Tentei desviar dos demais corpos que se mexiam loucamente ao som da música quando dessa vez trombei em uma pessoa alta e forte.
Minha cabeça estava quase estourando pelo som alto da música do Loco a todo vapor, balbuciei um pedido de desculpa sem prestar muita atenção e com cautela tentei sair dali, mas aquela me segurou quando fui empurrada novamente. Eu estava com uma vontade enorme de colocar para fora tudo que ingeri na noite.
-Ei, tudo bem? –reconheci sua voz apesar do som alto ao nosso redor.
Levantei meus olhos e encarei Jooheon ainda me segurar pelos braços me mantendo equilibrada. Ele estava mais bonito desde a última vez.
-Tudo sob controle. –respondi puxando meus braços com classe e sorri tentando mostrar que estava em outra.
Tentei sair da frente dele, mas Jooheon barrou os caminhos pelo quais tentava fugir. Mordi os lábios segurando a vontade de o empurrar e me mantive parada o encarando. Ao longe eu conseguia ver o olhar preocupado de Minhyuk e I.M.
-Posso passar? –pedi com certa ironia. –Ou vai me dizer que isso também pertence a você e ao seu clã? Preciso pagar alguma propina?
Um sorriso divertido apareceu nos lábios de Jooheon diante da situação. Senti seus olhos observarem meu corpo destacado pelo vestido.
-Ya, não deveria beber dessa maneira.... –Jooheon comentou sem se importar com a minha frieza.
-Sou uma mulher livre, se eu quiser tirar isso aqui...eu tiro. –passei minhas mãos pelo vestido e arqueei as sobrancelhas. –Não são apenas os homens que podem beber o quanto quiserem ou fazer o que quiserem, certo?
-Você está realmente muito bêbada. –Jooheon disse sem prestar a atenção em minhas palavras e estendeu uma garrafa de agua. –Tome, beba isso.
Eu estava furiosa por dentro, mas apenas lhe dei as costas e sem me importar saí daquele local que nos aproximava como uma piada sem graça do destino. Eu sentia o seu perfume me seguir, mas logo entrei no banheiro feminino sabendo que ele não passaria dali. Corri para a primeira cabine que vi e caí de joelhos em frente a privada aonde passei bastante tempo dando adeus ao que havia consumido mais cedo. O gosto amargo em minha boca me deixava ainda mais tonta enquanto jogava um pouco de agua na nuca e tentava me recompor.
Eu não estava furiosa por ter reencontrado Jooheon, mas furiosa comigo mesmo por ter achado que os sentimentos que nutria por ele havia acabado anos atrás.
Tirei o celular da pequena bolsa que carregava e liguei para o número de Carly, mas estava desligado. Tentei ligar para Wonho, mas seu celular apenas chamava. Os Coppers estavam acampando no sudoeste de Seul, então não poderiam vir me buscar. Observei por um momento minha carteira e contei as notas suficientes para pagar uma corrida de taxi e ir sozinha para casa.
Andei rapidamente pela boate e procurei por uma das saídas após pagar minha conta de drinks. Ignorei ao sentir a presença de Jooheon me seguir pelo local e logo saí por uma porta que dava para uma das esquinas cheia de lojas com cosméticos que a essa hora deveriam estar fechadas.
Eu era uma entre as várias pessoas bêbadas que andavam sem rumo pelas ruas cobertas de copo e garrafas vazias. Andar em cima dos saltos faziam meus pés ficarem dormentes e deixar mais destacados os passos de Jooheon mais ao fundo.
Sentei-me no ponto de taxi e ignorei tudo ao meu redor, eu só queria ligar para Bill e chorar minhas lamentações. Senti o celular em minhas mãos vibrar, mas ignorei a ligação e me mantive calada encarando o céu nebuloso sob minha cabeça.
-Me deixei em paz. –resmunguei ao sentir o mesmo sentar-se ao meu lado.
-Use isso, está frio para ficar exposta dessa maneira. –senti algo ser pousado em meu colo.
Recusei sua jaqueta e fingi não sentir frio.
-Vai pegar um táxi? Posso te levar para casa se quiser. –Jooheon balbuciou insistindo em me cobrir com aquela maldita jaqueta perfumada.
-Porque está fazendo isso? –perguntei finalmente abrindo os olhos e encarando o chão a minha frente.
Como um hábito do passado ele não respondeu mesmo sabendo que me irritava repetir a mesma pergunta para que ele respondesse. Balancei a cabeça sem acreditar enquanto arrancava os saltos de meus pés e logo levantei-me pronta para ir procurar uma entrada do metrô.
-Não faz isso, Amy. –sua mão segurou meu braço me impedindo de dar mais um passo.
Puxei meu braço e segui em frente enquanto sentia meu peito arder como nunca. Obriguei a andar rápido pelas ruas mesmo sentindo o álcool mexer com minha coordenação motora. Senti suas mãos me puxarem e logo o atrito frio da parede contra minhas costas.
Ele estava fazendo de novo. Reviver o que sentia por ele.
-Por favor.... –Jooheon pousou um dos braços contra meu corpo quando tentei sair. –Amy, olhe para mim.
O ignorei e encarei o chão enquanto tentava sair daquela situação. Seus dedos seguraram meu rosto me obrigando a encarar aqueles olhos pelos quais tanto me apaixonei.
-Eu te esperei por muito tempo... –balbuciei vendo que ele também sofria por essa proximidade não pensada. –Eu te liguei, mandei cartas para seu batalhão, te enviei mensagens...você me ignorou durantes esses três anos...
-Não podia machucar você mais do que já estava machucada. –sentia sua respiração quente bater contra meu rosto. –Eu também fiquei machucado...por muito tempo eu te odiei, mais ainda por saber que foi a escolha certa que você tomou.
-Você não sabe o quanto eu te odiei e te odeio por isso. –respondi bufando sabendo que estava na beirada do precipício de minhas emoções. –Você é um idiota por agir feito fantasma e aparecer e vir conversar comigo como se nada tivesse acontecido.
-Não tiro a sua razão de estar furiosa comigo. –seus olhos não se desviavam dos meus a nenhum momento. –Eu nunca tive coragem o suficiente para pedir desculpas pelo o que causei a você....não posso perder essa segunda chance.
-Não quero ouvir nada, eu não fico remoendo mais isso. –falei dando um passo para o lado. –Eu só quero ir embora antes que eu vomite em seus tênis como ato de vingança.
-Eu riria dessa situação se você não estivesse caindo de bêbada. –um sorriso fraco apareceu por um momento em seus lábios mas logo a sua seriedade voltou. –Amy, me desculpe por desde a primeira vez ter sido um babaca com você, por ter te usado por uma merda de grana e joias...e principalmente por não ter ficado ao lado daquele que fez aquela noite se tornar por tantos anos em seus pesadelos. Me desculpe por minhas ações más pensadas e pela forma agressiva com a qual te tratei em meus momentos de fúria.
-Terminou? –bufei cruzando os meus braços.
-Eu amo você. –as frases que saíram de sua boca me fizeram arder por dentro. –Por mais que não acredite mais em mim....eu amo você.
Senti seus dedos passearem por minhas madeixas e puxar minha nuca lentamente me obrigando a ficar com o rosto mais próximo ao seu.
-Eu me arrependo por tudo de ruim que fiz com você, mas eu não posso negar o que eu sinto por você. –seus lábios sussurram contra o meu ouvido. –Você tem o meu coração, Amy. Eu sempre fui seu.
Pressionei meus lábios enquanto ouvia sua confissão de amor por mim, os meus olhos ardiam a cada palavra que saia de sua boca....porque no fundo eu também continuava o amando. Seus braços me puxaram para perto e logo fui envolvida em um abraço que tanto senti falta.
Lentamente deixei que minhas mãos subissem por seus braços até aos seus ombros, envolvi seu pescoço com meus braços quando finalmente cedi aos meus sentimentos.
-Eu prometi que nunca te abandonaria...e eu cumprirei isso. –sua voz serena invadia meus ouvidos como uma melodia. –Eu não vou te deixar, Amy.
-Não....não me prometa o que não pode cumprir... –balbuciei com a voz embargada.
´´Mostre-me o que eu não posso ver quando a faísca em seus olhos se for
Você me tem de joelhos, sou o seu culto de um homem só
Juro de pés juntos
Prometo que eu nunca vou sair do seu lado
Porque eu estou lhe dizendo que você é tudo que eu preciso
Eu prometo a você que você é tudo que eu vejo
Porque eu estou lhe dizendo que você é tudo que eu preciso
Eu nunca irei partir´´
Jooheon não conseguiu ter a minha confiança tão facilmente novamente, depois daquela noite ele se empenhou a correr atrás do tempo perdido. Assim que saí do zoológico depois de um trabalho árduo, reconheci um dos seus carros favoritos que há um bom tempo não via sendo usado.
E lá estava ele, encostado contra o carro chamando a atenção das garotas do colegial por sua beleza exuberante.....e supostamente à minha espera.
-Fiquei sabendo que há um panda chamado Joo. –ele comentou assim que parei em frente ao mesmo. –E que foi uma das cuidadoras dele que lhe presenteou com esse nome.....
-Desconheço quem seja essa pessoa, eu cuido de muitos animais durante o dia. –respondi com as mãos escondidas do leve casaco que usava. –Se está procurando um lugar para estacionar é a próxima à direita, se ficar muito tempo aí será multado pelo guarda do parque.
-É verdade que o pequeno panda tem covinhas? –Jooheon insistiu no assunto enquanto ajeitava os óculos escuro no rosto majestosamente.
-Quem te contou aonde eu trabalho? –o contra ataquei enquanto as garotas cochichavam entre si em relação a ele.
-Esqueceu que tenho os meus contatos? –ele sorriu e desencostou do carro diminuindo a distância entre nós. –Uma bióloga e pesquisadora, quem diria, hm? Deveria ter me contado isso....
-E quem diria que você fez economia. –balbuciei deixando um mistério no ar. –Agora entendo porque conseguiu fazer seu dinheiro render tão bem.
-E quem te contou que sou formado em economia? –Jooheon perguntou curioso.
-Tenho meus contatos. –respondi balançando meus pés inocentemente.
-Esqueci que você é uma Copper....cheia de misticismo e ocultismo.... –Jooheon riu e apontou para o carro. –Quer ir tomar café?
-Pelo que vejo você ainda é viciado nessa droga do século. –comentei distraída. –Infelizmente não tomo mais café, apenas chá. Não há mais ninguém que consiga fazer o café no ponto que eu gosto.
Jooheon franziu a testa pensativamente por um momento. Ele sabia que Jin era o encarregado de fazer meus cafés favoritos, mas ele não estava mais entre nós.
-Então posso por um dia viver sem café, vamos tomar um chá, anjo. –ele propôs sem se importar e destrancou o alarme do carro.
O encarei por um momento sabendo que se eu entrasse naquele carro novamente, seria um caminho sem volta. Apesar de ter passado as últimas noites refletindo sobre isso e dos riscos que correria....tomarmos um chá não mudaria muita coisa.
-Aceito o seu convite se me deixar dirigir essa lamborghini. –encarei o veículo escuro e luxuoso com certa admiração. –Prometo que cuidarei do seu bebê.
Jooheon pensou por um instante e suspirou jogando a chave para mim. Dei um sorriso misterioso segurando internamente a euforia em poder dirigir pela primeira vez na vida uma lamborghini. Com certeza, iria tirar uma foto escondida e mostrar a Hyuk mais tarde.
Com os chás gelados em nossas mãos, sentamos em um banco vazio no parque central da cidade para observar o baixo movimento no começo da noite. Jooheon apenas jogou conversa fora para me deixar mais tranquila com o momento, e isso era bom, pois estava cansada depois de um longo dia de trabalho. Eu apenas respondia as suas perguntas curiosas e de vez em quando observava sua beleza distraidamente.
-Você parece exausta. –Jooheon comentou enquanto encarávamos as pessoas andando pelo parque aproveitando o tempo bom na cidade.
-Estou um pouco, cuidar de animais de grande porte as vezes exige muita atenção. –concordei enquanto me aconchegava mais próximo ao seu corpo. –Como anda o exército?
-Um pouco cansativo, mas estou deixando meu cargo como major. –Jooheon comentou distraído afagando minha perna pousada sob a sua. –Acho que já passei tempo demais no exército. Já cumpri meu dever com a pátria, não há mais razão para continuar. Na próxima semana acredito que toda a papelada de retirada já esteja pronta.
Balancei a cabeça e deixei um sorriso aparecer em meus lábios, desde que eu e Jooheon voltamos a ficar juntos, essa era a notícia que mais me preocupava.
-E então Sr. Economista, o que fará a partir do momento que sair oficialmente do Exército? –lhe perguntei observando suas madeixas escuras voarem pela brisa quente da tarde.
Jooheon sorriu presunçosamente e passou o braço ao redor de meus ombros me puxando para mais perto.
-Apesar de eu já ter muitos projetos, prefiro guarda-los ainda para mim. –Jooheon riu quando fiz uma leve careta. –Você está inclusa neles, não se preocupe.
-Rá-rá.... –dei uma risada irônica enquanto ele me abraçava.
Ficamos por um momento em silêncio, mas em minha cabeça passava um filme em câmera lenta. Desde que decidi vir morar em Seul eu não imaginava que seria tão intenso. Não imaginava que criaria os melhores laços de amizades e que sofreria como todo o ser humano sofre por estar vivo. Houve um momento em minha vida em que pensei que nunca acharia o meu porto seguro, a felicidade e o amor....mas todo o esforço e sofrimento pelo qual passei, me levou a estrada conhecida como Superação.
Apesar das perdas de entes queridos e dos problemas que ainda apareceriam, eu mais do que nunca tinha forças o suficiente para enfrentar isso sem medo como no passado. Eu tinha entendido o dever de um Copper, não envolvia apenas o poder e o sobrenatural...envolvia estabelecer a paz entre os clãs e zelar pelo o bem do mundo que poucos coreanos sabiam da existência. Leo e Jin estariam orgulhosos ao me verem governar esse pacto de paz entre os clãs aonde quer que estivessem. Eu ainda conseguia sentir a presença de guardião que Tao me passou, eu era grata por tudo o que ele fez....e realizei o seu desejo de manter a sua família economicamente estável e segura. Todos estavam finalmente em paz.
-Em que está pensando? –Jooheon balbuciou próximo ao meu ouvido ao notar que estava mais calada que o de costume.
Mordi meu lábio inferior e encarei o céu mudar lentamente de cor.
-Em como enfrentamos os obstáculos e em como continuamos fortes. –respondi entrelaçando nossas mãos livres. –Finalmente meu coração está em paz. Aliás.... já pensou em como vamos contar a todos sobre o nosso noivado?
-Contei para o Minhyuk...logo a notícia correrá em todos os cantos da cidade. –Jooheon riu se divertindo.
Dei um sorriso achando graça e suspirei aliviada enquanto encarava o céu alaranjado sob nossas cabeças sabendo que minhas estrelas guias estariam por perto.
-Lembra como nos conhecemos? –lhe perguntei após um momento de reflexão. –Você era um babaca egocêntrico.
-Ei...vai me dizer que não se encantou por meu charme à primeira vista? –Jooheon me apertou enquanto ria do pequeno bico em seus lábios.
Segurei seu rosto e neguei levemente com a cabeça.
-Meu coração apenas explodiu de adrenalina em um dia qualquer....e foi assim que descobri que amava você. –falei pousando meus dedos sob suas covinhas salientes. –Não existe amor à primeira vista, você me conquistou quando me mostrou o seu ´´eu´´ verdadeiro. Você foi algo imprevisível e essencial em minha vida, Jooheon.
Jooheon deu um sorriso fofo ao ouvir minhas palavras e me deu um beijo selando a gratidão por finalmente estarmos aonde deveríamos estar.
Lado a lado.
Independentemente das dificuldades.
´´Segundo os documentos datados pelos Coppers, aqueles que morreram por honra ao nome do clã nunca estaria morto e seria lembrado como um fiel membro que deu sua vida ao seus futuros integrantes do clã.
Do céu caia uma chuva densa enquanto em um lugar pouco frequentado, um rapaz jazia sentado sob a lama encarando suas roupas encharcadas pela agua. Leo encarou o furo que havia em sua camiseta preta social e logo encarou o horizonte obscuro mais à frente. Ele se lembrava de como havia sido sua morte, mas estava ´´vivo´´ novamente.
-Volte para eles, ainda não acabamos com a vingança. –Ammanda o instruiu segurando um pequeno boneco de vodu. –Enquanto esse boneco existir, você ainda continuará vivo. Mantenha-o a salvo, Leo.
Por um momento seu corpo não reagiu ao seu comando, mas ao segurar o pequeno boneco em mãos, seu corpo voltou a ter vida própria.
-Lembre-se, você precisa manter a Joy em segurança, ela comandará tudo na próxima geração. –Ammanda pousou dois colares a minha frente antes de desaparecer.
Encarei os raios sob o céu e ao longe consegui ouvir o choro daquela que deveria manter em segurança.
Ressurgido das cinzas, esse era o momento em que me vingaria de todos que a lhe causaria o mal. ´´
´´Sentado sob uma grande barra de ferro encarando abaixo a cidade de Seul, V encarava Jin que havia voltado para a Terra. A notícia que havia uma herdeira dos poderes obscuro dos clãs voavam pela cidade, mantê-la em segurança era o principal objetivo de V e também respectivamente de Jin.
-Demônios não morrem, apenas voltam para casa e descansam. –Jin deu um pequeno sorriso e aspirou o ar da cidade. –Aigo, que bom poder sentir novamente o cheiro de vida! O cheiro do inferno não me agradava....enxofre não é algo muito bom.
Jin e V conversavam entretidos depois de dois anos trabalhando de forma individual. V viajou o mundo com o objetivo de ressuscitar a paz nas vidas das pessoas que haviam perdido a esperança de continuar vivendo. Jin apenas esperou a oportunidade de deixar o cargo de conselheiro do Inferno para voltar ao seu lugar favorito, a Terra.
-Consegue ouvir o choro da Joy? Ela é uma graça. –V comentou com um sorriso pequeno nos lábios.
-Ela se parece com a Amy? –Jin o perguntou com curiosidade.
V balançou a cabeça concordando enquanto os dois se mantinham em silêncio ouvindo ao longe o choro da criança que agora zelavam por sua vida.
-Ela está nos chamando há dias. –V comentou abrindo suas asas enfim recuperadas e logo as escondendo. –Devemos começar o trabalho, você precisa ser cauteloso em cuidar da segurança dela secretamente. Os humanos mudam com o tempo....não apareça como se estivesse viajado e aparecido de férias. Não podemos mais fazer contato com a Amy...apenas com a Joy e quando a mesma tiver alcançado a idade adulta.
Jin concordou com a cabeça e seguiu as instruções de V para um reencontro futuro com a jovem que seria encarregada de manter a paz entre a luz e escuridão. Dois anos haviam se passado, mas a sede de Jungkook não havia cessado....o seu filho que também ainda era um bebê, seria treinado para atacar todos aqueles que estivessem ao lado de Joy...e dos Coppers.
Essa era a razão da qual eu havia retornado do inferno para a Terra.
Joy precisava ser protegida até esse confronto. ´´
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