Ren POV on
Ainda não acredito que, para além de só ter podido trazer duas malas para o quarto, ainda vou ter que dividir uma cama com o JR! Sim, porque pelos vistos o Baekho enganou-se a fazer a reserva!
O JR saltou para cima da cama, fazendo um som de satisfação.
-Ahhh, isto é que é vida. Uma cama fofa e vou finalmente descobrir se és mesmo um rapaz ou não… -ele lançou-me um olhar pervertido.
Corei naquele preciso instante.
-Yaaa! JongHyun! Nem penses que vou dormir aí contigo. Vais dormir no chão!-gritei.
Ele piscou várias vezes os olhos.
-Hum… não…
-Não? Não sei se percebeste mas não era uma pergunta, era uma ordem.-respondi-lhe.
-Se quiseres, dorme tu no chão!- ripostou ele.
Saltei para cima da cama e peguei na primeira almofada que me veio à mão, mandando-lhe com a mesma na cara.
Ele foi pegado de surpresa e nem teve tempo para reagir. Continuei a agredi-lo com a almofada até que as suas mãos agarraram os meus pulsos.
Tentei-me soltar do seu aperto mas era impossível. Num movimento rápido e preciso, ele inverteu as nossas posições.
O meu coração batia descompassadamente ao estar por baixo dele, completamente incapaz de me mover. O seu rosto aproximou-se do meu lentamente com um sorriso malicioso.
-E agora? Devia vingar-me por me teres mandado com uma almofada…
Engoli em seco e fechei os olhos. No fundo, eu não me importava nada de voltar a beijá-lo mas nunca, nunca mesmo, o iria admitir!
Arrepiei-me ao sentir os seus lábios roçarem ao de leve nos meus. Eu estava prestes a entregar-me ao desejo quando alguém bate à porta.
Aproveitei o momento de distração para me poder soltar, empurrando o JR para o lado. Levantei-me de um salto e fui abrir a porta. Era o Baekho.
-Olá… Espero não estar a interromper nada…- ele disse.
-Não!- apressei-me a responder.
-Sim!- respondeu o JR ao mesmo tempo.
Olhei para o Jonghyun e fuzilei-o com o olhar.
-Vamos dar um passeio.- O Baekho sorriu. – Temos várias coisas para visitar.
Suspirei de alívio ao ter uma oportunidade para escapar ao JR. Pelo menos durante umas horas…
Combinamos encontrar-nos com os outros na parte da frente, daqui a 10 minutos.
O JR levantou-se da cama e ajeitou o cabelo e roupas. Caminhou até mim devagar, franzindo o sobrolho.
-Não penses que eu não percebi o teu esquema…- o tom dele era ameaçador.
-Esquema? Que esquema?- a minha voz subiu uma oitava, tentando agir normalmente.
Ele tocou com o indicador no meu nariz e sussurrou.
-Se quiseres fingir que foi sem querer, é contigo. Mas logo não me escapas.
Ele deu uma gargalhada e pegou no casaco. Eu fiquei ali no meio do quarto, a sentir tudo a andar à roda e a ouvir o eco da sua frase final “logo, não me escapas… logo não me escapas…”. Mas o que é que eu fiz para merecer isto???!
-Ren…- o JR abanou-me.- Terra chama Ren!!
Pisquei os olhos várias vezes, regressando à realidade.
-Estava a ver que tinhas morrido aí de pé. Vamos!- ele exclamou.
Peguei na jaqueta de ganga e saímos do quarto. Quando chegamos ao ponto de encontro, já todos estavam lá.
O Baekho já tinha o itinerário todo programado. Até o restaurante onde íamos almoçar ele já tinha escolhido. Na verdade, já tinha passado um pouco da hora de almoço mas eu não tinha fome. Só conseguia pensar num plano para escapar ao JR logo à noite.
Mas antes de tudo… Porque raio tenho eu que me preocupar com isto? Não é suposto o JR ser o garanhão aqui do grupo? No primeiro dia que o conheci, uma rapariga estava de joelhos no chão a chupá-lo. Engasguei-me com o pedaço de arroz ao lembrar-me daquele momento. O JR não era nada, mas nada mesmo desfavorecido.
-Ren, estás bem?- o Aron bateu-me levemente nas costas.
-Pega, bebe um pouco de água.- ofereceu o Minhyun.
Bebi um gole de água e consegui acalmar a tosse. Eu sentia a minha cara a ferver. Em parte devia-se ao facto de eu quase ter morrido engasgado mas, por outro lado, também havia aquela imagem que não me saía da cabeça.
-Estás tão vermelho… estás bem?- o Minhyun encostou a sua mão à minha testa, vendo se eu tinha febre.
-Sim, estou bem.- sorri para o acalmar.
-Não te preocupes, ele está só a pensar em logo à noite…- o JR piscou o olho.
Eu acho que a temperatura da minha cara rebentou com todas as escalas!
-Logo à noite…?- perguntou o Minhyun.
O Aron riu-se e segredou algo ao ouvido do Minhyun. Este corou imediatamente mas, mesmo assim, a sua cara perto da minha, estava pálida! Neste momento eu estou arrependido até às pontas dos dedos de ter aceitado vir nesta viagem!
-Baekho, não devias comer tanto…- interrompeu de repente o JinYoung.
Agora que reparo nisso, o Baekho ainda não parou de comer desde que chegamos. Não só no restaurante mas em todas as barraquinhas que vendiam comida, ele experimentava um pouco de tudo.
-Não posso ir embora sem experimentar toda a gastronomia da região! – ele fez beicinho.
O JinYoung suspirou.
-Se comeres demasiado vais ficar mal disposto e depois passas o resto da viagem no quarto.
O Baekho pôs-lhe a língua de fora. Todos desatamos às gargalhas por era a primeira vez que víamos o Baekho a comportar-se como uma criança.
Depois do fomos visitar um parque natural. De repente, as nuvens tinham coberto o sol e um vento frio fazia-se sentir. Cruzei os braços, numa tentativa de me aquecer. Eu devia ter trazido roupa mais quente mas essa mala tinha ficado no carro.
Senti algo sobre mim e virei-me sobressaltado. Era o JR que tinha colocado o seu casaco sobre os meus ombros.
-Obrigado…- sussurrei, corando ligeiramente.- Não vais ter frio?
Ele piscou-me o olho.
-Não te preocupes, eu já sou hot por natureza. Além disso, já há 12 anos que não fico doente.
Ainda disse várias vezes para ele ficar com o casaco mas ele foi ainda mais teimoso do que eu. Na verdade, eu estava a deliciar-me ao sentir o seu perfume tão perto de mim. Era como se ele me estivesse a abraçar. Será que o seu perfume vai passar para as minhas roupas?
Estava eu no mundo da lua quando ouço alguém discutir.
-Tu não estás bem, é melhor irmos para casa!- gritou o JinYoung com o Baekho.
-Eu estou bem…- murmurou o Baekho, numa voz fraca.
-Como é que estás bem se estás mais pálido que uma vela e a transpirar? Não devias ter comido tanto.
-Eu…-o Baekho não teve tempo de responder e caiu no meio do chão a agarrar a barriga.
Todos corremos para ajudá-lo. Nós não conhecíamos nada ali nem sabíamos muito bem indicar onde estávamos por isso, decidimos levá-lo para a pensão. Quando a dona do sítio nos viu, quase teve um ataque cardíaco mas, depois de lhe explicarmos o que se passou ela ligou para um médico que vivia ali perto.
-Sim, sim, não se preocupe…- o JinYoung respondia ao médico enquanto este se aproximava da porta.
Por fim, a porta abriu-se e todos nós nos levantamos de um salto. O médico baixou a cabeça e murmurou um “boa noite”.
-Então?- perguntou logo o Aron.
O JinYoung encostou a porta e caminhou até nós.
-Foi uma congestão… O médico disse que ele precisa só de descanso e de controlar um pouco as quantidades de comida mas que vai ficar bem.
Todos suspiramos de alívio. Ver o Baekho pálido e a contorcer-se de dores foi traumatizante para todos nós.
-Desculpem… Viemos para aqui todos juntos e agora…- o JinYoung tentou desculpar-se.
O JR pousou a mão no ombro do JinYoung.
-Não te preocupes, a culpa não é tua, nem do Baekho. São coisas que acontecem. O que importa é que não é nada de muito grave.
Todos concordamos com o JR e abraçamos o JinYoung, dizendo-lhe que, se ele precisasse de alguma coisa, para nos avisar imediatamente. Ele agradeceu e voltou para o quarto.
-Bem… e agora?- perguntei.- Vamos comer?
O Aron e o MinHyun olharam um para o outro, atrapalhados. O Minhyun ficou muito vermelho e baixou a cabeça enquanto que o Aron coçou a nuca, também um pouco corado.
-Bem… a verdade é que já temos planos… nós não temos muita fome…- o Aron balbuciou.
O JR desatou a rir e piscou-lhes o olho.
-Sim, já percebemos. Vão lá, aproveitem a lua-de-mel.
De repente, também eu percebi mas preferia ter continuado na ignorância porque agora lembrei-me dos sons que ouvi da outra vez que entrei em casa e eles estavam no andar de cima a… AHHHHHHH! Gritei para a minha consciência, tentando pensar noutra coisa qualquer.
O Minhyun e o Aron despediram-se de nós e, para mal dos meus pecados, fiquei novamente sozinho com o JR.
-Então, vamos também? Ou queres acampar aqui no meio do corredor?- perguntou o JR.
-Vamos onde?- perguntei com a voz um pouco esganiçada.
-Para o quarto…- ele respondeu simplesmente.
-O quarto… mas…-eu sentia o sangue novamente fervilhar.- Vamos… vamos comer, estou cheio de fome!
O JR olhou para mim desconfiado mas acabou por concordar.
Fomos a um restaurante ali perto e que não era muito caro.
-Não vais comer nada?- perguntei, enquanto comia os meus noodles.
-Não…-ele brincou com o copo de coca-cola.- Não tenho fome.
Eu sabia que ele estava amuado comigo. Desde o dia que nos beijamos eu só o tenho evitado enquanto que ele se tenta aproximar de mim. Quem me dera poder dizer-lhe a verdade.
Eu não o odeio, muito pelo contrário é só que eu tenho medo. Tenho medo que ele me esteja a usar, que ele esteja só a brincar comigo e me faça iludir. Além disso, eu sinto-me inseguro por ser tão inexperiente, ao contrário dele. E é a primeira vez dele com alguém do mesmo sexo… E se ele não gostar e decidir voltar a fazer sexo só com raparigas? Mas o meu maior medo era se ele descobrir o meu segredo… será que ele vai ter nojo de mim? Ou será que ele vai compreender?
Comi o mais lentamente possível mas, por fim, já não tinha mais nada para comer. Caminhamos até ao quarto em silêncio e, pela primeira vez, eu queria que o JR falasse. Eu não gostava deste silêncio estranho entre nós mas eu também não conseguia falar.
Chegamos ao quarto e ele fechou a porta. O meu coração começou a bater de forma acelerada. Ia a falar mas o JR foi o primeiro a quebrar o silêncio.
-Minki…- ele usou o meu nome verdadeiro.- Odeias-me assim tanto?
Eu arregalei os olhos, surpreso. Como é que ele pode pensar isso?
-Eu.. eu não… É totalmente o oposto!- gritei.- Eu amo-te, Jonghyun!
Agora foi a minha vez de o surpreender. Ele caminhou até mim lentamente, encurtando a nossa distância.
O meu coração batia tão alto que eu tinha a sensação que até ele podia ouvir. A sua mão foi até à minha cara, acariciando a minha bochecha suavemente.
-Então porque me estás a evitar?
Olhei para baixo mas ele fez-me olhar para ele novamente.
-Eu tenho medo… E se te arrependeres depois? Além disso, a nossa diferença em experiência é imensa…
Ele riu-se e pegou na minha mão, fazendo-a pousar sobre o seu peito. Olhei para ele, escandalizado. O coração dele batia tão rápido como o meu.
-Eu nunca me arrependi de nada que fiz e, mesmo que me arrependa, o que eu duvido, é melhor arrepender-me por algo que fiz, do que por algo que não fiz. Quanto à última coisa, estás errado.- ia protestar mas ele não me deixou.- Eu tenho bastante experiência em sexo com raparigas mas, esta é a minha primeira vez com um rapaz e com alguém que eu amo.
Eu senti-me um total idiota. Se eu tivesse falado mais cedo, tudo isto seria escusado.
-Tu nunca te apaixonaste?- murmurei à medida que os seus lábios se aproximavam.
-Não… Esta é a primeira vez que o meu coração bate assim tão rápido por alguém, Ren.
Fechei os olhos quando os seus lábios tocaram nos meus, deixando-me levar. As palavras dele tinham-me dado confiança e eu nunca mais o iria afastar de mim.
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