Eis o dia tão esperado por Lucy e Natsu, por todos que estavam a um mês exprimidos na casa da loira. Eram cinco da manhã e Lucy estava em pé na cozinha, ansiosa pela noite não conseguia mais dormir, o casamento começaria as 17:00 em ponto, para que as 19:00 todos já estivessem no salão de festas, a cerimônia seria reservada para poucos convidados.
-Lucy? Já está acordada? - Bisca lhe assustou assim que entrou na cozinha, afinal a mulher estava totalmente descabelada e se esgueirava pelo escuro -Vai dormir menina! Precisa estar descansada para a noite.
-Não consigo mais, as vezes fico pensando, o que vai ser? Largar o quartel? Eu nunca imaginei uma vida longe daqui. -Bisca apertou firme a mão de Lucy, tentando lhe passar segurança.
-Sei o que está sentindo, mas saiba Lucy, tudo vai se resolver, vocês já são um casal e vão continuar enfrentando as coisas juntos. -Suspirou -Tenha em mente que para seu relacionamento dar certo, você precisa ter amor, força de vontade e esperança.
-Espero mesmo que possamos resolver tudo juntos.
-Me diga, está com o Natsu todo esse tempo, depois de passar por todas essas dificuldades, você ainda acha que ele não te ama? -Negou -Então, isso é a insegurança dando lugar aos pensamentos ruins. Vocês vão ficar bem.
A mais velha pegou um copo de água e voltou ao quarto, precisava dá-lo a Azuka, Lucy subiu as escadas até seu quarto e viu a pequena dormindo esparramada ao chão. Já Natsu estava dormindo de Bruços, os cabelos arrepiados e um leve sorriso nos lábios.
Lucy acariciou as costas do rapaz com suas unhas, fazendo-o se arrepiar e viu Bisca entrar no quarto.
-Eu vou correr Bisca! -Saiu apresada, correndo, enfrentando o vento frio que jogava-a para trás, seu cabelos soltos voavam e os olhos brilhavam pelas lágrimas. Ela foi até seu luar especial.
As árvores fechadas davam ao local um aspecto sombrio, ela olhou para a água turva, mas um raio de sol invadiu sua visão, pulsante, ardente, quente o suficiente para a fazer ignorar o vento.
-Pai! -Gritou -O senhor se orgulha de mim? É isso que eu devo fazer? -Falava com o céu, com a água, em vão -Deus do Natsu! Me diga, esse é nosso destino enfim? Não quero sofrer mais.
Sentou-se a beira do lago e molhou os dedos -Me diga! -Gritou mais uma vez.
Sentiu o vento mudar de direção, frio ainda, mas agora cheirava á flores e outro raio de sol tocou sua face.
-Agora! Será que agora, pela primeira vez, o destino não vai tentar nos separar? Eu tenho medo! -As lágrimas ainda escorriam por sua face -Eu disse que faria de você também meu Deus, então lhe peço, não me permita sofrer mais.
Uma borboleta, totalmente branca pousou sobre a mão molhada de Lucy, ficou ali um tempo e rodeou a garota.
-Mas agora pai, Jude, Mamãe, queria que estivessem aqui, queria que me vissem. Igneel... Me deem sua força e abençoem nossa união. -Se levantou rapidamente e pulou no rio, levando assim um choque pelo contato com a água fria -Aqui, nós vamos firmar um acordo, eu e você estupido destino. A antiga Lucy vai ficar aqui, nessa água, agora minha vida vai ser outra, não vou ficar insegura mais... -Afundou e emergiu saindo do rio.
-Vamos Lucy, vamos Deus, estou sentindo o doce aroma. -Tocou o raio de sol e sorriu para o céu. Ficou ali mais alguns minutos se recuperando do que para ela havia sido uma loucura -Agora eu preciso ir, vou me casar com o amor da minha vida!
Voltou correndo para casa, porém agora sorria para tudo e todos. Entrou apressada e subiu as escadas.
-Lucy, por que está toda molhada? -Bisca perguntou ao ver que a loira estava com os cabelos úmidos.
-Longa história Bisca. -Entrou no banheiro e tomou um banho demorado. Quando saiu todos já estavam reunidos na cozinha comendo, o cheiro de café fresco invadia e pairava por toda a casa. Sim aquela era sua família -Bom dia! -Entrou sorridente.
-Bom dia meu amor! -Natsu a puxou pelo braço e deu-lhe um beijo na bochecha.
-Lucy, você já buscou o terno do Natsu? -Grandini perguntou.
-Tia Lucy, hoje você vai se casar? -Azuka perguntava também e sem explicação nenhuma todos começaram a falar ao mesmo tempo, o que fez o sangue da loira ferver. "como posso me estressar tão fácil?", se perguntava mentalmente.
-Por que essa barulheira toda? -Uma voz grave irrompeu a cozinha, era Gildarts -Deixem minha pequena em paz!
-Bem, eu vou agora mesmo buscar o terno e meu vestido. Agora se me dão licença... -Pegou um pãozinho que estava sobre a mesa e saiu. Passou na lavanderia, pegou as roupas e foi em direção ao salão em que se arrumaria, lá passou boa parte do dia, tendo seu tratamento especial de noiva.
Ouviu seu celular tocar, mas o ignorou até que o toque se tornasse irritante.
-Alô, Lucy sou eu Juvia.
-Oi Juvia, Tudo bem?
-Não! -Lucy suspirou e teve certeza de que a azulada ouvira -Bem é sobre o Gray, ele não quer me ver, como iria entrar com ele na igreja? -Era verdade, infelizmente a briga entre Gray e Juvia haviam dificultado as coisas.
-Vou ligar para ele, depois te mando uma resposta. -Desligou o celular, massageou as têmporas e discou o numero de Gray -Alô, Gray é a Lucy, precisamos conversar.
-É sobre a igreja não é, eu e Juvia? -A loira murmurou um "uhum" -Lucy -Ele soltou o ar pela boca -Eu vou fazer isso, por você, seu casamento já estava programado a tempos e você já havia nos convidado muito antes. Mas não espere que eu esteja contente, muito menos que eu a perdoe.
-Isso é entre vocês, Gray, não há problema algum, se quiser você pode entrar com Cana.
-Não! Eu vou encará-la hoje, aproveito para conversarmos, esclarecer coisas. -Ele desligou o telefone e Lucy mandou uma mensagem a Juvia avisando que tudo estava conforme o planejado.
A loira só tinha medo de que eles acabassem brigando em meio ao casamento o que seria muito ruim. Olhou pelo canto dos olhos Erza, Wendy e Grandini entrarem no salão e sorriu para elas.
-Grande dia Lucy! -Grandini falou -Depois se possível reserve um tempo antes da cerimonia para conversarmos.
-Mas é claro, você vai estar lá mesmo! -Falou indiferente e Wendy riu. As duas estavam se aturando, apesar de tudo que houve na casa de Grandini a tempos atrás as duas voltaram a se alfinetar.
A tarde foi basicamente tranquila e relaxante. Todas saíram maravilhosas do salão. Lucy tinha consciência de que logo estaria deslizando pela igreja e estava ansiosa.
Lá estava ela, o cabelo preso refletia como ouro. Deslizou as mãos pelo vestido branco de seda e contornou os rendados. Não era tão rodado, mas também não era muito colado, era na medida de Lucy. Passou os dedos pela gargantilha cheia de pedras e sentiu uma lágrima se derramar.
-Vamos papai!
-Jude estaria orgulhoso! -Grandini disse assustando-a ao entrar de fininho pelo cômodo onde Lucy esperava ser chamada -Desculpe assustá-la.
-Sem problemas! -Lucy se virou para o espelho para que não encarrasse a mulher -Diga, o que queria conversar?
-É sobre Natsu, sei que ele é um homem, você é uma mulher, claramente se amam muito mais do que posso imaginar... Mas Lucy, você tem que cuidar dele. O seu coração se despedaça com facilidade. Pelo menos por você.
-Eu... O que exatamente quer que eu faça? Grandini eu nunca amei e nunca amarei ninguém como eu amo a Natsu, meu peito chega a doer de tanto que gosto dele. Se acontecer algo com Natsu eu sei que morreria.
-Eu sei, entendo isso, queria dizer que você tem a minha benção, não queria dar o braço a torcer, mas vocês jovens gostam de perigo.
-Não se preocupe Grandini, eu farei o possível para ser o suficiente para Natsu, sei que ele merece muito mais, mas só de pensar em estar longe dele eu sinto meu ser se agitar. Então eu farei o possível para ser o suficiente.
A mais velha lhe sorriu -Está linda, tenho certeza que Layla choraria. -Sem pensar muito Lucy se levantou e abraçou-a -Agora vá, ele te espera ansioso!
Se soltou de Grandini e andou até a porta onde Gildarts a esperava. Estava na hora, seu coração disparou.
-Minha pequena, você está linda e eu estou orgulhoso de você. Espero que seja muito feliz Lucy! -Gildarts deu um leve beijo em sua testa e apertou sua mão, beijando-a também. -Agora eu acho que vou entregá-la definitivamente a outro alguém, mas estarei sempre aqui para você. Minha pequena Lucy.
As lágrimas que escorriam pela face de Lucy não cessaram, pelo contrário se intensificaram quando as portas se abriram, revelando um Natsu esperançoso e inquieto. No mesmo instante em que seus olhos se encontraram ele parou.
Estavam olhando somente um no outro ligados. Lucy deslizava pelo longo tapete vermelho da igreja, voava de encontro ao seu amado. Já Natsu ia vagarosamente ao seu encontro, hipnotizado pela beleza dela.
Quando se encontraram algo se acendeu, suas mãos queimaram ao se tocarem e por um curto espaço de tempo Natsu olhou para Gildarts confirmando que agora ele a protegeria de todo o mal.
Eles voaram até o altar, os padrinhos a volta, a voz longínqua do padre, tudo estava em segundo plano, agora só existiam eles. Quando a voz distante do padre disse que eles estavam abertos para fazer os votos, Natsu passou a frente e pegou um pequeno microfone.
-Lucy! -Chamou a atenção dela, olhando em seus olhos - Estou aqui, diante de nossa família e amigos para dizer que eu te amo demais, infinitamente. Fiz a escolha certa, desde os defeitos até as inúmeras qualidades, você é perfeita. Seus sorrisos, seus abraços calorosos, seus olhos brilhantes. A bondade do seu coração. Eu simplesmente sou um homem de sorte por ter lhe encontrado, você me salvou.
-Natsu, eu.... -A loira por um momento olhou os pés -Ensaiei os votos mil vezes, mas meu coração gosta de falar por si próprio, ele arde toda vez que estamos juntos. Sinto uma dor tremenda só de pensar em um futuro que você não esteja. Seu jeito de cuidar de mim, sua paciência, seu amor. Quando me da carinho sem pedir nada em troca. Todas as lágrimas que enxugou. Por tudo o que passamos, eu posso dizer que seu amor me salvou. Eu te amo!
Não eram os melhores votos, os mais enfeitados, mas Lucy sentia, a conexão entre eles, suas almas, era real e palpável. Quando o final da cerimônia foi fechado com um beijo Lucy podia sentir o gosto doce e amargo das lágrimas que se misturavam a macieis dos lábios. O carinho e delicadeza com que Natsu a tocava era inimaginável, como se ela fosse quebrar. Aquele momento era só deles, ficaram um tempo ainda, de frontes coladas só sentindo o amor flutuar ao redor deles.
-Temos que sair e ir para nossa própria festa! -Natsu riu.
-Natsu, eu serei eternamente sua. -Lucy segurava o peito com as mãos, ele pensou que talvez doe-se -Até depois.
-Meu coração já te pertence Lucy.- Trocaram sorrisos e Natsu e a pegou no colo levando-a para fora onde foram recebidos por uma imensa chuva de arroz. Correram até o carro, um conversível alugado por Cana e Natsu partiu. De imediato ela achou que iriam para a festa, mas quando viu arvores surgirem ao longe ela sorriu.
-Seu lugar especial? -Perguntou retórica. Os dois desceram do carro correndo e rumaram para a ponte que tinha flores amarelas e vagalumes como decoração -O que...
-Faça um pedido Lucy! Aqui e agora. -Entregou-lhe uma moeda para que jogasse no rio -Eu desejo ter o prazer de estar ao seu lado todos os dias.
-Natsu. -Ela o chamou baixinho, chorosa e contraída, os olhos banhados pela luz da lua -Você é tudo que eu pedi a minha vida toda! -Ela jogou a moeda e enxugou o rosto molhado.
Ali se beijaram intensa e apaixonadamente. Como se nada mais importasse.
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