Todos ainda conversavam animados na sala e Lucy olhou o relógio, faltava 5 minutos para a meia noite, então ela se levantou e caminhou até a porta. Viu a neve cair branda do lado de fora e saiu. Sua curiosidade era imensa, andou até o centro da ponte, quase sem iluminação e se encostou no seu beiral.
-Oi Lucy! -Viu Natsu surgir do escuro, todo tímido e atrapalhado -O que eu vou te dar hoje diz mais sobre mim do que sobre você. -Ele então tossiu -Mas sei que vai gostar, não seria possível sem você. Eu me lembro bem de você falar sobre sua experiência no Talibã e...
-Porque está trazendo isso à tona Natsu?
-Bem, eu sei que chorou quando a médica disse que não indicava uma gravidez e que você possivelmente não engravidaria...
-Sim, meu corpo expulsaria o bebê, mas o que..?
-Me deixe terminar mulher. -Natsu riu -Uma vez você me disse que sentia muita vontade de resgatar algumas crianças do Talibã... Então eu fui atrás disso para nós... -Lucy o olhou desconfiada- entrei com um pedido de adoção... Você aceitaria adotar uma criança comigo Lucy? -Natsu ajoelhou na neve como se fosse um pedido de casamento -Quer aumentar nossa família comigo? -Lucy riu.
-Você é muito bobo, de verdade -A loira engoliu o choro, se segurando -Mas é claro que eu aceito meu amor, é o meu maior sonho. -Lucy pulou sobre Natsu e os dois rolaram na neve até a ponta da ponte -Você me faz a mulher mais feliz do mundo Natsu. - Então enfim a loira se derramou nas lágrimas.
-Vamos viajar em dois dias, para o Talibã, vamos conhecer o abrigo para meninas e um orfanato.
-Em dois dias? Eu já estou ansiosa, se pudesse eu iria hoje mesmo. -Ela disse chorando e sorrindo ao mesmo tempo -Eu te amo Natsu.
-Eu também te amo Lucy. Mas não para por ai, tem algo que eu preciso lhe dar. -O rosado sentou-se e a loira se jogou na neve.
-O que pode ser mais especial do que isso?
-Isso! -Natsu estendeu um envelope amarelado pelo tempo -É uma carta do seu pai, pra você Lucy! -no mesmo momento Lucy se levantou -Minha mãe trouxe e pediu para que eu entregasse a você.
-Uma carta? Do meu pai?- Natsu concordou -Tudo bem! Já é muita emoção para um dia só. Eu vou ler essa carta, amanhã, longe de todos... Sei que vou chorar mais e não quero estragar a noite de natal. -O rosado concordou mais uma vez e lhe entregou o envelope.
Os dois ainda brincaram por um tempo na neve, antes de entrarem e encontrarem todos, exceto Bisca e Azuka, bêbados, as duas dormiam tranquilamente em seu quarto.
-Meu Deus, parece que passou um furação por aqui. -Lucy disse rindo, algo dentro dela havia sido restaurado nessa noite.
Talvez a esperança ou uma chama ardente, mas algo havia crescido dentro dela novamente, e quem tinha lhe proporcionado isso era Natsu. Ela olhou a sua volta e viu ele ajudando Erza a se levantar, sorriu boba, como ela havia tido sorte, talvez mais sorte do que muitas pessoas. As coisas passadas realmente já eram passadas, e ali estava ele, o homem que a ajudava a levantar todos os dias. Muitas pessoas sofrem e não tem um Natsu para consolá-las ou dar-lhes esperança, ou seja, eu sou muito mais sortuda. Pensava.
Após levarem todos os bêbados aos seus respectivos quartos, o casal se jogou na cama, exaustos além da conta. Dormiram abraçados, o dia havia sido longo.
Pela manhã Lucy se levantou antes de todos e saiu sem ao menos fazer barulho. Passou pelo pomar, agora coberto pela neve e sem fruta alguma, olhou o estabulo que agora tinha duas éguas e um cavalo e seguiu para ele. Montou em sua égua, e foi até uma clareira que havia descoberto próxima a sua fazenda.
Nessa clareira havia um pequeno riacho e uma pequena área coberta com bancos. Agora ela estava coberta pela neve. Lucy acreditava que aquela deveria ser uma região de camping. Ela parou debaixo daquela cobertura e abriu a carta que seu pai lhe deixara.
"Pequena Lucy.
Sei que estou indo para não voltar, mas eu preciso tentar salvar Igneel, ele é meu irmão, espero que no futuro você me perdoe por te abandonar, mas te deixo em boas mãos, sei que Gildarts vai cuidar muito bem de você e lhe proteger, ele é de longe meu melhor aluno e soldado.
Você é linda e maravilhosamente parecida com sua mãe. Isso me traz uma sensação boa, de que ela também sempre estará com você. Sei que vai crescer e se tornar a mulher mais forte e bem sucedida que esse mundo já viu, você sempre foi forte, desde que nasceu, puxou isso de mim, com modéstia. Eu sinto tanto por que não a verei crescer e conquistar tudo que sonha, mas eu sei que você vai conseguir. Nunca desista, nunca aceite o "não", você é inteligente Lucy, não precisa de mim.
Quando entrar na igreja ou se formar, por favor lembre que eu sempre me orgulhei de você, desde quando você nasceu, quando começou a falar e a andar, ou quando ganhou o prêmio de melhor aluna 3 vezes seguidas, eu sempre tive orgulho de você minha filha e sei que vou continuar tendo.
Espero que seu caminho seja abençoado, saiba que eu e sua mãe te amamos muito. Do fundo do meu coração e de toda a minha alma. Minha pequena Lucy, eu vou sempre estar com você, lembre-se sempre de ser gentil e amar as pessoas, nunca se prive de nada e corra atrás de tudo o que sonhar.
Com amor, papai"
Lucy chorou copiosamente por horas naquele pequeno espaço. Sentiu seu celular tocar várias vezes, mas só voltou quando se recuperou. Natsu estava em frente à casa, esperando-a nervoso, ele estivera preocupado durante muitas horas, mas quando ela voltou ele entendeu perfeitamente o motivo do sumiço repentino.
Os dois dias se passaram como um flash para Lucy, agora ela só se preocupava com uma coisa, seu futuro filho, que seria logo adotado. Chegado o dia de ir, ela foi a primeira a acordar, a primeira a descer do avião no Talibã.
Apesar do lugar conhecido lhe gerar arrepio na espinha pelo desconforto de espirito, isso não a abalou.
Quando chegaram ao orfanato de primeira Lucy já se apaixonou por um casal de irmãos gêmeos que brincavam pela sala de estar do local. Dizendo-se de passagem o orfanato era um local precário e ela se sentiu no dever de ajudar financeiramente de alguma forma.
Ela doou uma quantia em dinheiro o que ajudou também a facilitar a adoção, já que as crianças iriam para outro país, seu ex-cargo de militar também pesou um pouco para essa ajuda. Ela saiu feliz da vida. com o casal de irmãos por quem tanto ela, quanto Natsu haviam se apaixonado. Eles passearam um pouco pelo país, mas logo voltaram.
Registraram as crianças, sendo a menina chamada de Nashi e o menino de Liam. Lucy não se sentia tão feliz a muito tempo, enfim a casa estava cheia. Eles haviam se dado muito bem com Azuka, sendo que os gêmeos eram 3 anos mais novos que a pequena Azuka. Eles eram extremamente animados e aos poucos foram pegando o jeito com o inglês.
A loira estava completa enfim, extremamente animada e os gêmeos eram como ela, eles também tinham a pequena lua com a estrela no meio, ou seja, eles haviam sido resgatados do tráfico de pessoas. Eles tinham mais em comum do que poderiam um dia imaginar e Natsu estava também realizado. Liam era esperto e com o tempo passou a ajudar nas tarefas da fazenda.
O relato de Nashi e Liam era que Natsu e Lucy eram os pais mais perfeitos e amorosos que eles poderiam ter, que tia Bisca era cuidadosa e fazia bolos deliciosos. Gildarts não ficou de fora, ele era um avô maravilhoso, sempre presenteava as crianças e contava histórias sobre os bravos militares das guerras.
Todas as tardes, quando Lucy se sentava a beira das escadas da varanda e olhava para sua família ela agradecia, seria ela a mulher mais sortuda? Com certeza. Sua aparência não a incomodava mais, todos os dias Natsu a lembrava de que, ela era a mulher mais bonita da terra e todas as manhãs seus filhos a lembravam o quanto era amada.
Todos os dias de manhã, ela era acordada com um "vamos levantar mamãe" ou "Te amo mamãe, acorde pra gente brincar". Era quase como uma felicidade sem fim e apesar de alguns momentos de estresse, tudo era superado rapidamente pelo tamanho da gratidão que aquela família tinha pela vida.
....
Corria pelo exército americano um boato, intitulado de "Justiceiros sombrios", claramente um título idiota para ser pronunciado, mas a história por trás era assustadora. Uma dupla de militares extremamente competentes, fizeram mais de 50 abates no último ano, dizem que as balas vem de lugares sombrios, talvez sejam snipers, mas ninguém sabe ao certo, somente que eles andam juntos e que se esgueiram pelas sombras, matando quem entra em seus caminhos.
-Estou te falando cara, isso é assustador, chega me arrepiar -Eve Tilm, um soldado relativamente novo de 24 anos dizia para o companheiro de pelotão -Eles estão voltando agora para ficar nesse pelotão, já faz três anos que eles estavam fora... Ou seja, quantas pessoas eles já não devem ter matado.
-Eve, quando se vai a guerra é matar ou morrer, o que você faria, esperaria alguém te balear primeiro? -Hibiki Lates, seu companheiro se divertia com o terror do amigo.
-Em formação meninas. -Bacchus era o novo capitão do pelotão, que a muito tempo era comandado por Lucy -Vocês me dão nos nervos, os novos integrantes desse pelotão chegaram, eu não gosto de cordialidades, mas desta vez vocês estão recebendo companheiros valiosos. Se apresentem soldados. -Bacchus gritou.
-Achei machista chamar eles de meninas. -Uma mulher alta, morena de cabelos rosas falou brava, colocando a mão na cintura. O temperamento curtíssimo e áspero lembrava a mãe.
-Já começaram mal. -O homem também muito alto, extremamente parecido com a moça disse rindo, porém seu cabelo era castanho - Eu sou Liam.
Um último homem chegou ao local, alto, dos cabelos extremamente pretos e longos -Eu sou Kevin Redfox -Ele deu um sorrisinho sugestivo para a moça do cabelo rosa, como se já tivessem tido um contato íntimo e lambeu os lábios. -Vejo que meus primos estão por aqui.
-Irmãos Dragneel se apresentando para o serviço senhor.
Os gêmeos mesmo contrariados seguiram os passos dos pais. Nashi e Liam chegaram ao posto de generais mais tarde, eles eram extremamente habilidosos, afinal haviam sido treinados pela própria Lucy antes de tudo e nunca perderam uma investida sequer. O nome da grande capitã Lucy foi lembrado por muitos anos e temido. Assim como o sobrenome Dragneel, levado pelos irmãos. Até hoje se contam histórias de como a grande capitã treinava seus soldados e como treinou seus filhos imbatíveis. Os irmãos "justiceiros" foram lembrados também por anos, sendo que nunca mais, na história foi visto uma família tão prodigiosa servir completamente seu país.
Ao final da vida Lucy deu uma entrevista para uma grande revista, onde contava sobre seu tempo como capitã e como realizou todos os seus sonhos. Ela se dizia orgulhosa de seus filhos e que não poderia ter tido uma vida melhor do que a que vivera sem arrependimentos e que agora ela se sentia preparada para se encontrar com seus antigos companheiros de guerra...
O tráfico de pessoas foi investigado mais a fundo por vários países e se conseguiu dar fim aos cabeças do tráfico e assim cortando a copiosa rede de tráfico.
A guerra contra o talibã foi cessada e muitos soldados voltaram para suas famílias. Os Estados Unidos se retrataram com todas as famílias que haviam perdido alguém por que o país encobertou o desaparecimento, dando-os como mortos, levantando um monumento com os nomes dessas pessoas, onde os primeiros são, Igneel Dragneel e Jude Heartfilia.
A fazenda de Wake Forest ficou para os filhos de Nashi e Liam.
Azuka se tornou uma grande cientista e professora universitária, ficando perto de Wake Forest, se casou e teve dois filhos.
....
-Todos digam "X" -Lucy disse rindo -Nashi, pare de cutucar seu irmão. Pelo menos uma foto tem que ficar boa.
-Precisamos mandar para o vovô Gildarts. -Natsu disse pegando a menina de um lado e puxando Azuka para a outra perna.
-agora fiquem parados. -Lucy apertou o botão da câmera e correu para o sofá, se jogando nele. Seu golden, chamado Kira pulou junto a mulher e em meio a bagunça, foi tirada a primeira foto para o primeiro cartão de natal da família, foto essa que até hoje está pendurada em uma das paredes da grande casa na fazenda, decorando e trazendo a memória cada momento já vivido naquela casa. Os melhores dias da família Dragneel.
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