— Aqueles idiotas, estúpidos… — Ed precisou de um olhar da sua esposa, apenas um, para mudar o seu palavreado de imediato. — E estudiosos. Não consigo aceitar eles falando daquele jeito sobre você, sobre o que fazemos.
— Ed, nós sabemos a verdade, não podemos fazer com que todos a aceitem. — Lorraine sorri de canto, acariciando os dois braços do marido. — Acalme-se.
— Tudo bem, mas eu ainda não aceito.
Ed estava cansado dos ‘estudiosos’ que estavam sempre tentando desmentir o que ele faz ao lado da esposa. Sempre aparece um para dizer que foi armação, ou que eles estavam enganados. O auge foi quando um ‘cientista’ afirmou que os dois queriam isso apenas para chamar a atenção do público e, aumentar a fama. Lorraine sempre soube que o marido tem um temperamento levemente alterado, por isso, ela faz o papel de ser a calma da relação, que não se deixa abalar por conta de meias palavras ditas por pessoas descrentes.
— Vamos fazer uma pausa. Sem palestras. Sem casos. Sem nada. Apenas eu, você e a Judy. — o homem respira fundo, soltando o nó da gravata com certa agressividade.
— Tudo bem. — Lorraine sorri. — Vamos tirar férias. Porém, você precisa se acalmar Ed.
— Já estou melhor. Eu amo você, Lorraine. — Ed inclina a cabeça para frente, beijando sua esposa com amor, transparecendo toda a sua paixão.
— Eu também amo você, Ed. — logo que seus lábios foram separados, a mulher dita, com a maior sinceridade do mundo.
Depois da curta que conversa que tiveram, no final do programa, Ed e Lorraine voltaram para casa juntos. No caminho, Lorraine fez questão de colocar no rádio a música deles para tocar, vendo Ed se divertir, enquanto cantava junto. Ela estava com a cabeça encostada no banco, observando-o tão feliz. A letra da música passava pelos seus lábios, junto com o sorriso mais sincero já visto por ela. Lorraine sente-se extremamente grata por tê-lo ao seu lado, sua vida não poderia ser melhor, jamais.
Ed estava tão feliz, feliz por estar prestes a sair de férias com a sua família, esquecendo por alguns dias, toda a confusão de suas vidas. Ele tem medo, medo de que as pessoas magoem sua esposa, isso é algo que ele jamais irá permitir. É por isso que sempre que aparece alguém para duvidar do dom dela, ele acaba perdendo a cabeça. Mas, o que pode fazer se não isso? Sabe como Lorraine fica quando está triste, e ele odeia vê-la desse jeito.
— No que está pensando? — Ed parou de cantar quando a música acabou, olhando de soslaio para a esposa e vendo que ela o observava, decidiu perguntar.
— Em você. No quanto eu te amo. — Respondeu com um tom apaixonado, voltando a encarar a estrada, pela primeira vez desde que ele parara de cantar.
— Você é como um cristal, Lorraine. O cristal mais valioso do mundo inteiro. — Ele dita sendo sincero, estacionando o carro na frente de casa. — Odeio ver as pessoas magoando você, meu coração não aguenta.
— Oh, Ed. Você não precisa ser tão dramático. Todas as ofensas, elas não me afetam. E vão continuar não afetando, enquanto você estiver comigo, Ed. — suas palavras soaram tão sinceras, como a primeira vez que ela disse um “eu te amo” para Edward Warren.
— A cada dia que passa, eu me apaixono ainda mais por você. — Ed sorri, virando-se para a esposa e dando uma boa olhada no seu rosto.
Lorraine parecia mais feliz, seus olhos tinham um brilho especial naquele dia. Ela estava ainda mais reluzente do que o normal, ou então, Ed havia sido picado pelo bicho do amor naquela tarde. Mesmo que ninguém entenda, mesmo com todos os julgamentos, mesmo com todos os incômodos, ele jamais deixou que seu amor por essa mulher diminuísse. Não existe nenhum lugar que ele queira ficar, senão nos braços de sua tão amada Lorraine Warren.
Os dois saíram do carro juntos, e de braços dados, foram caminhando juntos até a entrada da casa. No curto caminho a pé que fizeram, Ed e Lorraine ficaram jogando conversa fora, e Ed até se arriscou contando uma piada ruim, a qual acabou fazendo a mulher rir por alguns minutos seguidos.
Logo que entraram em casa, foram recebidos pela filha, a qual os envolveu em um abraço caloroso. Ed e Lorraine abaixaram-se um pouco, e ambos beijaram a bochecha dela, só que em lados opostos.
— Mamãe, papai, Mary Allen e eu fizemos biscoitos para vocês. — Judy fala sorrindo e dando pulinhos.
— Oh, sério? E onde estão? Eu estou com uma fome do tamanho do mundo. — Ed pega sua filha no colo, e a gira uma vez no ar.
— Senhor e senhora Warren, Judy se divertiu muito hoje a tarde. — Mary Allen sai da cozinha, indo ao encontro do casal.
— Eu acredito que sim, mas então, vamos comer? — Lorraine sorri para a babá da filha, e todos andam juntos em direção a cozinha.
Mary Allen tira de dentro do forno, uma bandeja de biscoitos que ela e a criança havia acabado de assar. Lorraine arrumou a mala, colocando os pratos e xícaras para todos. Enquanto Ed cuidava do chá e entretia a pequena Judy. Logo que terminou de fazer a sua parte, Lorraine ergueu o olhar por um instante, dando uma boa olhada no marido e na filha. Os dois estavam se divertindo tanto, com algo tão pequeno. Estavam preparando chá juntos, enquanto Ed cutucava o ombro da filha e depois fingia que não tinha feito nada. Isso já era suficiente para causar na Judy uma série de gargalhadas.
— Papai, conta de novo a história de como você conheceu a mamãe. — Judy fala dando pulinhos, e sentando-se à mesa ao lado da babá. — Mary Allen também quer ouvir a história, não é? — bateu com seu ombro no dela, pedindo ajuda.
— Sim, eu adoraria saber senhor e senhora Warren. — Mary sorri.
— Vamos lá, Ed. As garotas querem ouvir a história. — Lorraine ajuda as meninas, sentando-se logo a frente do marido.
— Tudo bem, se vocês insistem tanto, eu não consigo dizer que não. — Ed percebe que argumentar não vai adiantar de nada, é contar ou contar. — Na minha adolescência, eu trabalhava como porteiro em um teatro. Era um trabalho relativamente entediante, que deixou de ser isso quando sua Lorraine começou a frequentá-lo. — Ele inicia a contação, com o sorriso mais sincero do mundo no rosto, sentindo-se mais do que nostálgico. — Ela ia todas as quartas ao teatro e era nesse momento que eu apreciava a sua beleza. Uma vez, eu tomei coragem para puxar assunto com ela, e então, nós começamos a conversar toda vez que ela ia com a mãe ao teatro. Depois de algum tempo, eu percebi que estava perdidamente apaixonada por ela e cheguei a conclusão de que minha vida não teria sentido algum, se Lorraine não participasse dela comigo.
— Eu amo essa história. — Judy fala, olhando um tanto quanto apaixonada para seus pais.
— Eu ainda mais. — Lorraine desvia seu olhar para o marido. — A melhor história de todas.
Para Lorraine, Ed foi a sua luz no fim do túnel, foi a promessa de que algo melhor estava vindo pela frente. Viu-se, na sua mente, como uma garota adolescente que ia ao teatro junto da mãe todas as quartas-feiras, e ficava de olho em um charmoso e estressado porteiro. Foram tantas trocas de olhares, até que um deles tomasse coragem para puxar assunto. E mesmo assim, Lorraine ainda ficara receosa de permitir que ele se aproximasse, sabendo que as pessoas estavam sempre se afastando e a magoando. Mas, ao ver que ele não sentia medo, não tinha nenhuma intenção de magoá-la e nem de fugir, tomou a melhor decisão da sua vida, aceitar casar-se com ele.
— Agora, menos papo. Vamos comer esses biscoitos deliciosos. — Ed sorri de canto, pegando um biscoito e dando uma mordida no mesmo. Mary, Judy e Lorraine fizeram o mesmo logo depois dele.
— Isso está ótimo. — Lorraine elogia. — Vocês duas fizeram um ótimo trabalho, dá vontade de comer tudo sozinha. — a mulher brinca.
— Tem que dividir mamãe! — Judy responde com um tom brincalhão, mas ao mesmo tempo repreensivo.
O resto da tarde foi banhada por sorrisos e brincadeiras vindas de todas as partes. Judy contou sobre uma amiga que ela fez na escola, e que não se assusta por conta do que seus pais fazem. Ed e Lorraine não poderiam ter ficado mais felizes com uma notícia dessa, pois sabem como a filha sofre para conseguir fazer amigos.
Depois que Mary Allen foi embora, o casal contou a filha sobre o plano das férias. A garota não poderia ter ficado mais animada, visto que, seus pais estão sempre ocupados com casos e palestras, muitas vezes deixando a filha um pouco de lado. Já ansiosa para a viagem, Judy correu para o quarto, onde tinha planos de começar a separar os brinquedos que irá levar e suas roupas preferidas. Mesmo que ainda não saiba o destino que seus pais têm em mente, ela sabe que vai se divertir mais do que nunca, e que serão as melhores férias de sua vida inteira pelo simples fato de ser em família.
— Ed. — Lorraine chamou-o da sala, onde mais uma vez, havia colocado a música deles para tocar. — Me concede a honra de mais uma dança?
— Todas que você quiser, querida. — Ed anda até ela, colocando suas mãos na cintura da mesma, enquanto sorria. Sentiu a mulher apoiar encostar a cabeça no seu peito, e ele acabou tocando seu queixo no topo da cabeça da mesma. — Foi impossível eu não me apaixonar por você, Lorraine. Querida, algumas coisas estão determinadas a acontecer.
— Eu preferia que você estivesse cantando, mas, posso me contentar com essa declaração de amor falada. — Lorraine ergue a cabeça, conseguindo olhar no fundo dos olhos do marido. — Wise men say, only fools rush in. — ela cantarola baixinho.
— But I can’t help, falling in love with you. — e então, ele complementa, seguindo a melodia e a letra que era tocada.
— Shall I stay? Would it be a sin.
— If I can’t help, falling in love with you.
— Like a river flows, surely to the sea.
— Darling, so it goes somethings are meant to be.
— Take my hand, take my whole life too.
E então eles seguiram assim, abraçados na sala de casa, cantando juntos. Cada um ficou com um verso, enquanto uma espécie de filme passava pelas suas mentes. Todos os problemas, todas as dificuldades, tudo que já passaram juntos, passou diante de seus olhos. Fazendo-os terem cada vez mais a certeza de que fizeram a melhor escolha de todas. Chegou o momento do último verso ser cantado, e Lorraine fez as honras da casa:
— For I can’t help falling in love with you.
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