Já faz quase uma hora hora que eu estou dando perdido em todo mundo, nas minhas irmãs, nos meus amigos e no Cruz, em todo canto que eu ia para me esconder na Isadora House eu quase acabava batendo de frente com ele, vocês devem estar se perguntando, por que que eu simplesmente não vou embora? Não fui porque eu havia prometido para ela que eu iria ficar até acabar, no entanto essa brincadeira de pega-pega já estava me dando sede, então decidi ir no bar tomar um drink, qualquer era só eu sair para o lado oposto de quem viesse.
– Ei Omar, você poderia me trazer um gin tônica com bastante gelo, por favor?
– Saindo um bem caprichado amigo.
Essa irá ser literalmente a primeira vez que eu bebo algo alcoólico hoje, alguém tinha que dirigir o carro na volta, sem falar que amanhã bem cedo eu vou ter uma reunião com todos os professores de Las Encinas para criar uma prova, que será a chave para trazer alunos bolsistas, então eu não podia pisar na bola.
– Oii Patrick – Sinto alguém segurar minha cintura – finalmente parou de fugir de mim?
Eu olhei assustado para a pessoa, e quando eu reconheci, me arrependi de não ter virado dando um soco longo.
– O que você quer comigo?
Respondi voltando a olhar para o Omar que estava quase terminando minha bebida.
– Qual é vai continuar me tratando desse jeito?
Era o Luka, meu ex namorado que terminou comigo por telefone e sem explicação alguma, eu simplesmente não estava acreditando que ele tem a cara de pau de me dirigir a palavra.
– Sai do meu pé Luka, eu não estou brincando.
– Patrick eu só queria saber porque está fugindo de mim desde que me viu hoje mais cedo – Lika assobiou para Omar que logo virou para ele –Ei Aladdin me traz uma bebida igual a essa também.
– Ele tem nome, sabia?
– Quem? O Omar? Ele é só um otário. – Falou com desdém.
– Nossa você continua um Idiota!
EPu tento sair dali, mas o Luka me segura pelo braço, tentei me soltar mas ele insistia em me segurar.
– Me solta caralho!
Eu ainda não sei como é que eu tive a coragem de ficar com esse cara, toda vez que ele voltava de alguma forma para minha vida, eu sentia um gosto amargo na boca, minha mãe antes de morrer sempre me alertava sobre pessoas bonitas por fora que eram horríveis por dentro, e o Luka era a prova da existência dessas pessoas.
– Calma Patrick, por favor…
– Aqui suas bebidas – Omar entrega os dois copos de gin – Quer ajuda com algo Patrick?
– Não se mete!
– Não fale com ele assim, eu juro que você nunca mais vai me ver na sua vida! – Luka levanta os dois braços, sinalizando um rendimento – Tá tudo bem meu Omar, qualquer coisa eu te chamo, e me desculpe pelas atitudes desse babaca.
Omar se afastou e eu desviei o meu olhar, não queria olhar para a cara desse imbecil.
– Por favor, prometo que se você não quiser mais falar comigo depois do que eu tenho a dizer, eu sumo da sua frente.
Ele tenta envolver o seu braço ao redor do meu pescoço mas eu o empurro.
– Tudo bem, mas sem me tocar!
– Ok, então vamos conversar em um lugar mais calmo.
Sem dizer mais nada, eu pego o meu copo de gin tônica e vou com ele à procura de um lugar com menos barulho.
Cruz Carvalho.
Estou no meio da pista de dança, cercado por luzes pulsantes e música ensurdecedora. O grave das caixas de som reverbera em meu peito enquanto olhava ao redor, tentando encontrar Patrick, eu fiquei meio preocupado, depois que ele desceu do palco ele simplesmente sumiu, e algo me dizia que ele estava me evitando de encontrá-lo.
– Caramba.
Suspirei fundo, será que eu envergonhei quando eu disse aquilo? Não, não acho que ele ficaria envergonhado por pouco, mas talvez esteja me evitando por causa que a irmã tá fazendo um caso disso.
– Está tudo bem pai? – Ivan tocou meu ombro – você meio que está viajando.
– Estou sim filho, eu vou pegar uma bebida.
Eu poderia até falar para o meu filho que estava me incomodando, mas provavelmente ele ia começar com aquela história de Patrick e eu, sendo que nesse momento eu só quero saber se ele está chateado comigo
O Isadora House estava lotado, pessoas dançavam e conversavam em grupos, sem falar na quantidade de pessoas que me param para pedir uma foto, o que torna a tarefa ainda mais difícil.
Comecei a me mover lentamente pela multidão, espiando cada canto iluminado por flashes de luz. Vez ou outra, eu parava para olhar os rostos desconhecidos, na esperança de ver ele. Passei pelo bar, onde as pessoas se aglomeravam pedindo bebidas, fui até na cabine de DJ da Isadora que estava agitando ainda mais as pessoas.
Depois de alguns minutos de busca, onde eu estava quase perdendo as esperanças de encontrá-lo , finalmente consegui avistar ele, e o mais impressionante é que ele estava no bar onde eu tinha passado alguns minutos atrás, ele me parecia bem chateado, mas iria arriscar falar com ele mesmo assim. No entanto, quando eu comecei a andar em sua direção, ele pegou sua bebida e foi se afastando do bar, parece que tinha outro garoto mais ou menos da sua idade o seguindo-o.
Eu sei que é bem errado seguir eles, mas algo me diz que eu preciso ficar de olho no Patrick, sem falar que eu não quero perder ele de vista.
Eles tinham ido conversar em uma sala de espera vip, como eu também tenho acesso, foi fácil segui-los, mas não entrei, fiquei observando pela fresta, Patrick estava de pé, com braços cruzados e o rosto contorcido de raiva. Diante dele, o outro cara que se sentou. Eu não estava gostando nem um pouco dessa situação, o que será que esse cara é do Patrick?
– Eu já disse mil vezes Luka, eu não vou mais aceitar isso! Você precisa me deixar em paz! – exclamou Patrick, com a voz tremendo de frustração – Você sempre faz a mesma coisa, volta dizendo que quer reatar, é tóxico comigo e depois me descartar como se eu fosse um lixo.
O Tal de Luka levantou as mãos em um gesto de defesa.
– Patrick, por favor, tente entender. Eu não faço de propósito, só que eu perco a cabeça por ciúmes… mas eu te amo…
Patrick bufou, incrédulo.
– Me ama né? Para e pensa caralho, isso não é amor, quantas vezes vou ter que ouvir essa desculpa? Eu estou farto das suas promessas vazias e dos seus erros constantes!
Senti o clima pesado da sala, talvez eu não devia ter seguido eles, é a vida pessoal do Patrick e eu estava adentrando sem ter sido convidado.
Eu estava prestes a me afastar de vez quando ouvi algo que me fez parar novamente. A voz do Patrick, antes tão cheia de raiva, agora estava vacilante.
– Caralho… eu... não me sinto bem – disse ele com a mão segurando a testa.
Luka se levantou rapidamente, a preocupação me tomou mas eu senti que precisava esperar um pouco antes de ajudar ele.
– Patrick, você está bem? O que está acontecendo?
Patrick cambaleou um pouco, e Luka o segurou pelos ombros.
– Eu não sei... minha cabeça está girando. O que…
Patrick parecia estar perdendo as forças, e Luka o guiou até o sofá. – Shh, calma, Patrick – Disse Pedro, sua voz agora mais suave e controladora – Você só precisa descansar um pouco.
–Não… – Resmungou tentando lutar contra a sensação crescente de fraqueza.
Luka passou a mão pelo rosto dele, um gesto que parecia carinhoso, mas havia algo sinistro em seu olhar.
– Está tudo bem, Patrick. Só relaxe.
Eu senti um frio na espinha. Algo estava definitivamente errado. A mudança abrupta no comportamento de Patrick e a atitude controladora de Lukas me fizeram entender que havia mais na história do que ele poderia ver.
Luka olhou para o Patrick, que agora estava deitado no sofá, com os olhos semicerrados, eu estava pronto pra entrar lá dentro, quando uma última frase daquele moleque despertou minha ira.
– Tá tudo bem meu amor, eu estava morrendo de saudades sua, – Luka começa a tentar beijar o Patrick, que mesmo muito fraco tenta desviar – Não me ignora meu amor.
– Para… eu… não quero.
Chega! Ouvi e vi demais o meu sangue fervente já corria em minhas veias. Abri aquela porta com um empurrão, fazendo-a bater na parede com força. Luka se virou, surpreso e confuso.
– Quem é você? – O desgraçado tentou recuar, mas eu avancei rapidamente, com os punhos cerrados.
– Saia de perto dela, agora seu filho da puta! – Gritei, minha raiva estava evidente pelo meu tom de voz
Luka tentou se justificar, mas eu já tinha escutado o suficiente, peguei ele pelo colarinho e o joguei contra a parede.
– Você acha que pode se aproveitar dele com tanta facilidade num lugar desses cheio de gente? Acha mesmo?
Luka levantou as mãos em um gesto de defesa, mas eu não parei, meu primeiro soco atingiu o rosto de Luka com um impacto surdo, fazendo-o resmungar de dor. O segundo soco foi ainda mais forte, com certeza eu tinha deixado ele sem fôlego.
Luka tentou lutar de volta, mas eu estou cego, cego por uma fúria incontrolável que nunca havia sentido antes, desferindo golpe após golpe, cada um carregado com a determinação de fazer esse filho da luta nunca mais chegar perto dele. Luka caiu no chão, sangrando e gemendo, mas mesmo assim eu não conseguia parar. Puxei ele de volta para cima, mirando outro soco no rosto.
– Se tentar outra vez mexer com o Patrick, eu juro que eu vou pra cadeia e você para um túmulo – minha voz estava rouca de raiva.
Com um último golpe, deixei ele inconsciente. Minha respiração estava pesada, eu tinha que me controlar. O sangue de Luka em meus punhos, foi aí que eu lembrei que o Patrick ainda estava deitado no sofá, visivelmente chapado, corri até ele.
– Patrick, Patrick, calma garotão, eu vou te ajudar a sair daqui…
Eu segurava o Patrick firmemente nos braços, estava bastante focado em tirar ele de lá, atravessei o corredor que levava à boate lotada. As luzes piscantes e a música alta criaram um contraste bizarro com a seriedade da situação. Eu empurrava as pessoas para fora do caminho, calculando meticulosamente os meus movimentos para evitar perder o equilíbrio com ele nos braços, era complicado, ele mais alto alguns centímetros, e bastante pesado.
– Com licença! Deem passagem! – Gritei enquanto tentava passar.
Alguns olhares curiosos se voltaram para mim, mas a maioria estava muito envolvida na própria diversão para ajudar, o que mostra o quanto as pessoas são insensíveis, Patrick murmurava algo ininteligível, os olhos piscando em um esforço fraco para se manter acordado, mas pelo menos estava melhorando aos poucos até pediu para que eu o colocasse no chão porque tentaria andar
Quando um grupo de pessoas bloqueou meu caminho, perdi a paciência.
– Saiam da frente caralho! – empurrei essas pessoas sem cerimônia.
Finalmente, consegui avistar a saída da isadora House, foi quando bati de frente com a mencia ari e meu filho.
– Pai, o que que está acontecendo, o que houve com o Patrick?
Ari se aproximou de mim e do irmão, vendo ele cambalear a cabeça e dizer algumas coisas sem sentido.
– Você ainda pergunta Ivan, não tá vendo o quanto meu querido irmão deve ter exagerado na bebida e nas drogas?
– Ou! ou! ou! Se liga, Ari! O Patrick disse que não iria beber hoje, tá julgando sem saber o que aconteceu – Mencia defendeu.
– Nossa, ele cumpriu muito o que disse – Ari segura a mandíbula do Patrick, levantando um pouco sua cabeça.
– Humm – Patrick reclama de dor.
– Qual o seu problema, garota?! – Eu empurro a mão dela para que soltasse o Patrick, ela não gostou muito disso, mas eu não estava nem aí – Ele estava muito bem, mas um tal de Luka estava conversando com ele e acabou ficando desse jeito.
– Você disse Luka? – Mencia se aproximou.
Mencia me explicou que ele é um ex do Patrick, os dois moraram juntos por um tempo quando o Benjamim o expulsou de casa quando descobriu que o Patrick era gay, e durante esse tempo, Patrick sofreu muito na mão dele, juro que se eu soubesse disso antes, eu teria arrebentado ainda mais aquele miserável. Avisei para a Mencia onde eu o maldito estava, e ela falou que ia chamar a polícia, provavelmente ele iriam querer meu depoimento, mas avisei que ia levar o Patrick para casa, Mencia praticamente me suplicou para que eu levasse o Patrick para minha casa, pois o Benjamin iria achar que o Patrick estava se envolvendo com o Luka de novo, eu não vi problema algum, e logo o levei para o meu carro.
– Está tudo bem Patrick, eu vou cuidar bem de você…
Eu olhava para Patrick com um sorriso enquanto dirigia. O Patrick estava sentado no banco do passageiro com a cabeça apoiada na janela e os olhos fechados em um sono tranquilo. O leve ronco que ele soltava de vez em quando fazia com que eu o achasse ainda mais adorável. Comecei a dirigir com calma para não acordá-lo, nunca imaginei que o Patrick tinha passado por tanta coisa, como que o Benjamim teve coragem de desampará-lo quando ele mais precisava? Mas agora agora, eu conheço o Patrick muito mais e sei o quanto ele pode ser forte, o tanto que ele é admirável, porém nesse momento, ele está tão fofo, tão adorável, tão frágil quanto o vidro.
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