handporn.net
História Te amo, idiota - Em pausa - Capítulo cinco: Dor - História escrita por Lunarp - Spirit Fanfics e Histórias
  1. Spirit Fanfics >
  2. Te amo, idiota - Em pausa >
  3. Capítulo cinco: Dor

História Te amo, idiota - Em pausa - Capítulo cinco: Dor


Escrita por: Lunarp

Notas do Autor


boa leituraaaa e um booom domingo pra cada um ♡

Capítulo 6 - Capítulo cinco: Dor


Yamaguchi Tadashi

"Veja, eu sou um desperdício de vida

Eu deveria apenas me matar

Sim, eu poderia cortar meus pulsos

Mas isso realmente não ajudaria

Não iria resolver meus problemas

Ou mudar sua mente

Porque eu quebrei seu coração

E você enterrou o meu."

-Broken, Lund


Ele está aqui, parado em minha frente. Diante de meus olhos, me olhando como se eu estivesse errado em está ali. De está aqui, nessa quadra, entrando para o time.

Como se eu estivesse invadindo seu espaço e que ele não me queria aqui.

Eu entendo e tudo bem. Mas não vou virar as costas e dizer que não quero mais participar, de que não quero jogar.

Eu amo vôlei.

E, eu sei quem me fez amar esse esporte e o motivo de ter continuado jogando durante esses últimos dez anos. Mas não é justo ele me olhar dessa forma, como se só ele estivesse chateado e com raiva de alguém. Como se eu tivesse feito algo criminoso.

Não é justo.

Não é.

Desvio o olhar do seu, não querendo olhar em seus olhos dourados e sentir que toda a sua fúria é direcionada a mim.

Volto a ouvir a voz de Ukai, do treinador, e tento sorrir para o capitão do time quando este vem falar comigo e com o outro garoto, que está parado ao meu lado, nos cumprimentando.

Os demais se aproximam e os dois menores, parecendo super empolgados, estão quase pulando em cima de nós dois. Isso me arranca uma risada sincera e sorrisos largos deles.

Seria mais acolhedor ainda se o seu olhar de ódio não estivesse direcionado a mim.

Sugawara explica algumas coisas tanto para mim quanto para o outro garoto, que sendo bem sincero não lembro o nome no momento.

✨️

Me sento no chão ao lado de Noya, cansado e ofegante, e me deito em seguida. Coloco um braço sobre minha testa enquanto tento regular a minha respiração.

Noya levanta, agitando, mal parecendo que descansou e me chamou.

— Quer treinar mais um pouco?

Pergunta todo empolgado e não consigo dizer não. Me levanto, indo junto a Noya para continuarmos o treino mais um pouco.

Hinata se junta a nós e Kageyama também.

Respiro fundo e com calma, jogo a bola pra cima e corro um pouco para pular e bater na mesma, mandando um saque flutuante. Noya corre para pegar a mesma, ficando nas pontas dos pés enquanto jogava o corpo para baixo e pegava a bola com as pontas dos dedos.

Ele recebe bem como todas as outras vezes. Preciso melhorar meus saques.

Kageyama e Hinata estão em silêncio, jogando concentrados. Hinata parece sério, suas expressões estão fechadas, e Kageyama parece indiferente enquanto levanta as bolas para o ruivo.

Continuo com o treino até dizer chega. Até não sentir as palmas de minhas mãos e minhas pernas ficarem bambas.

Até Daichi aparecer e mandar todo mundo ir se trocar e ir embora.

— Você mora para onde, Yamaguchi?

Kageyama, que estava ao meu lado mexendo no próprio armário, pergunta. Tirando a minha atenção do meu celular para si. Largo o aparelho no bolso da calça e termino de me ajeitar, colocando o uniforme escolar e por cima visto o moletom pelo fim de dia está frio, solto meu cabelo o bagunçando antes de ajeitar e prender o mesmo novamente.

— Na rua do Tsukishima.

Respondo, dando de ombros, e jogo uma alça da mochila sobre o ombro e quando o encaro consigo ver a surpresa estampada em seu rosto.

— Sério?! Quer se juntar a nós? Tanaka, Hinata e eu moramos na mesma direção.

O careca do grupo, vulgo Tanaka, escuta seu nome ser dito e se aproxima curioso.

— O que tem eu?

Pergunta e Kageyama explica rapidamente. Concordo com a cabeça e ele sorri.

— Eu vou terminar de me trocar e todos vamos juntos, pode ser?!

Tento negar, mas ele apenas sai para terminar de se trocar e Kageyama se volta para o próprio armário e mexe na mochila.

Respiro fundo e apenas balanço a cabeça em concordância, não dá pra discutir muito. E como sou novato tanto no time quanto no colégio, tô precisando de alguns colegas. E voltar sozinho quando já está escuro não é uma das melhores ideias.

— Vou esperar vocês lá embaixo!

Aviso e apenas saio, deixando-os ali dentro com alguns dos demais do time. O único que não vi lá dentro foi Tsukishima, talvez ele tenha ido.

Sinto meu celular vibrar no bolso da calça e suspiro, pronto para tirá-lo, mas paro quando vejo o loiro parado no último degrau da escada, sendo barrado pelo moreno com quem ele esteve de manhã cedo em frente ao colégio.

Observo, franzindo minhas sobrancelhas com um pouco de força. Tsukishima não parece querer assunto com o moreno ali.

— Kuroo, qual é a porra do seu problema? O que você está fazendo aqui?

Ele pergunta, claramente irritado, e então empurra o tal do Kuroo.

Antes que o outro responda, com o sorriso que carrega nos lábios, ele me encara quando meu celular toca.

Atrapalhado, pego o celular rapidamente do bolso e viro de lado o atendendo.

Me arrependo amargamente de atender a chamada porque a primeira coisa que ouço é: cadê você, garoto?!

A voz carregada de raiva e um tanto embolada. Cristo, que ele não esteja bêbado.

Toco minha testa quando me viro e encontro os dois me encarando, mas respiro fundo e os ignoro.

— Eu já estou saindo do colégio.

Aviso, mas é como se eu estivesse falando com o vento porque meu avô ignora a minha resposta e começa a me xingar e a gritar do outro lado da tela.

Afasto um pouco o aparelho da orelha e fecho os olhos enquanto pressiono a ponte de meu nariz com força.

— Eu estou com fome, garoto! E você não veio pra casa ainda! O que estava fazendo, seu viadinho?!

Berra, arrancando do fundo da minha garganta um grunhido que saiu alto demais. Alto o suficiente para que os dois ali embaixo escutassem e voltassem sua atenção para mim.

— Certo. Já estou indo.

Respondo e desligo o celular antes que ele grite mais alguma coisa. No fundo eu sei que não deveria ter desligado, mas foda-se. Já estou fodido mesmo.

Desço os degraus meio que correndo, parando apenas dois degraus acima de Tsukishima e o tal Kuroo, me lembrando da existência deles.

Passo a língua na bochecha com força quando noto as mãos de Kuroo na cintura de Tsukishima, lhe segurando com força - é possível notar os nós de seus dedos ficando esbranquiçados com o aperto -, mas apenas ignoro e passo quando tenho a passagem dada.

— Avisa ao Tanaka que não deu pra esperar por eles para irmos embora juntos.

Peço assim que passo ao seu lado, dirigindo a palavra para Tsukishima pela primeira vez desde que o vi, parando por breves segundos e encontrando seus olhos fixados em mim.

Ele não responde de imediato, parecendo surpreso com a mínima interação de minha parte consigo. Mas logo maneia, é um breve aceno, a cabeça em concordância.

Ignoro totalmente a existência de Kuroo, passando pelo mesmo sem ao menos lhe cumprimentar e começo a correr para longe, indo em direção aos portões do colégio e passo por eles com um aperto no coração.

✨️

Paro em frente a porta de casa, cansado e suado. Ofegando. Não parei de correr desde o momento em que saí do colégio, tendo uma mini pausa para comprar algo para comermos agora de noite em uma tentativa falha de acalmar os ânimos do meu avô.

Quando entro sinto um frio percorrer por todo o meu corpo, mesmo com o moletom que estou usando.

Está tudo silencioso e isso me preocupa mais do que tudo. Nunca é um sinal bom quando meu avô está quieto e sentado no sofá. A TV nova está desligada e ele segura sua bengala com uma mão enquanto com a outra leva até os lábios a latinha de cerveja.

— Comprei algo para o senhor jantar.

Me aproximo, ainda respirando fundo, com a boca e a garganta seca. Tento acalmar a minha respiração, mas falho miseravelmente nessa função e isso apenas piorou tudo.

— Pare de respirar tão alto, parece um porco.

Diz, mal humorado, com as bochechas vermelhas pelo álcool.

Ele não deveria estar bebendo. Porra, não.

Pisco e prendo a respiração, ouvindo meu coração bater tão rápido e forte e alto contra meus ouvidos.

Coloco ao seu lado, no braço do sofá, a marmita e a tiro do plástico, entregando ao mesmo e torcendo para que ele não jogue longe ou em mim.

Porque essa merda já aconteceu mais de uma vez.

Ele se vira, me encarando, e fica em pé. Sua mão vai em direção a tampa da quentinha, que por algum milagre consegui comprar nesse horário, e então ele faz o que eu temi que ele fosse fazer.

Sinto a comida quente se chocar contra o meu peito, sobre meu moletom limpo. Por sorte, dessa vez não estou apenas de blusa sem mangas e fina. Ou sem blusa por conta do calor. Acho que uma queimadura é o suficiente, não?

Fecho meus olhos com força, engolindo a vontade de chorar no mesmo momento em que ele começa a berrar.

— Eu não quero essa porra! Enfia ela na sua garganta e come você, seu merdinha! Onde você estava?! Por que não voltou pra casa no horário certo?!

Quando abro meus olhos, a única coisa que consigo fazer antes de receber a bengala em minha cabeça é colocar meu braço na frente, protegendo minha cabeça.

Sinto a dor se espalhar por meu braço inteiro e mal tenho tempo de reagir quando sinto novamente sua bengala se chocando contra meu braço. Aumentando toda a dor.

Mordo meu lábio com força, machucando-o o suficiente para que a dor no braço seja transferida para a minha boca. O gosto metálico invade minha boca cada vez mais em que mordo meus lábios.

Meus olhos estão fechados com força e estou encolhido diante dele. Não me mexo, não saio do lugar enquanto o escuto gritar e terminar de espalhar a comida toda no chão. Por fim, ele joga a lata de cerveja ainda cheia contra mim, acertando minhas costas com tudo.

Prendo o ar com força e não me mexo, espero o barulho da porta de seu quarto ser fechada e então caio com tudo no chão, sentindo meus joelhos doerem ao se chocar contra o chão.

Um soluço escapou de minha garganta e rapidamente tampei meus lábios e mordi meus dedos.

Segura.

Segura.

Murmuro em minha mente e abro meus olhos, observo toda a sujeira feita que terei de limpar.

Subo a manga do moletom e observo meu braço vermelho e trêmulo pela dor.

— Velho nojento.

Sussurro comigo, para mim, e me levanto com calma, sentindo dor por todo o corpo. Minha coluna, no ponto em que ele acertou a latinha, está latejando como meu braço.

Mas antes de finalmente conseguir sentir a dor, arrumo tudo ali e jogo toda a porra da comida no lixo.

Por um momento pensei em juntar tudo e colocar em mais algumas vasilhas para que ele coma amanhã, mas ignoro esse pensamento e deixo pra lá.

É sempre assim quando ele decide beber… bom, até sem a bebida esse arrombado é assim. Não dá pra jogar a culpa no álcool.

✨️

Assim que termino meu banho, paro em frente ao espelho do banheiro e observo o meu reflexo.

Eu sou alto, mas magro demais.

As roupas que uso ajudam a esconder muito da minha magreza, por mais que no colégio o treinador tenha notado quando usei o uniforme de treino.

Tentei mudar minha aparência, por isso tenho esses piercings e o cabelo descolorido e grande. Mas no fundo continuo sendo o mesmo garotinho de sete anos, o de oito, nove. O de dez. O de doze, treze, quatorze.

Aqui no fundo ainda sou o mesmo garotinho que corria para o quarto e se enfiava debaixo da cama depois de uma surrada. Sou o mesmo maldito garotinho que dorme com a porta do quarto trancada com medo de seu avô entrar e tentar te sufocar com o travesseiro, como já aconteceu uma vez.

A porra do mesmo garotinho que ganhou sua primeira queimadura no abdômen aos dez anos quando o próprio avô, irritado com Deus sabe-se lá o que, decidiu jogar a comida extremamente quente, recém feita, em si.

O mesmo garotinho que recebeu o seu primeiro tapa na cara aos oito ano porque não queria ir para o colégio e quando chegou, apanhou pela primeira vez com aquela maldita bengala!

Porra. Porra.

Minha visão está embaçada com cada maldita lembrança que invade a minha mente enquanto observo o meu reflexo no espelho. Enquanto me viro e observo minhas costas, com o centro avermelhado por conta da lata de cerveja e em volta algumas cicatrizes.

Me agachei em frente a pia, segurando na mesma, e o primeiro soluço sai de minha garganta com tanta força que chego a me engasgar.

Encosto minha cabeça em minhas mãos enquanto deixo as lágrimas escorrerem por minhas bochechas, por meu lábio ferido. Deixo cada maldita gota salgada cair enquanto me sento no chão, ainda com a toalha em minha cintura, e me encosto na parede.

Choro. Choro como se isso fosse aliviar o dia horrível que tive, como se fosse aliviar todos os outros dias horríveis que virão pela frente. Choro por todos os sorrisos falsos que terei que dar, pela desculpa de não conseguir treinar amanhã por causa do meu braço.

Meu único vislumbre de felicidade apareceu quando vi Tsukki novamente, mas foi tirado tão rápido com o seu olhar de indiferença e a sua raiva direcionada a mim, que dói tanto.

Por um tempo eu realmente sentia vontade de voltar pra cidade, de voltar a morar na casa em que nasci. De voltar a até a amizade de Tsukki e Akiteru. De, porra, ver seus pais e me sentir em casa novamente.

Mas então eu cresci e entendi que não teria nada daquilo de volta. Que nem seus pais e ele foram me visitar, mesmo sabendo onde eu estava vivendo. Em momento algum.

Eu entendi que viveriam para sempre com meus avós, até completar a maior idade.

E mesmo entendendo e compreendendo cada uma dessas coisas, mesmo assim.. eu senti, por um breve segundo, ao voltar para essa casa, eu senti que poderia ter tudo aquilo de volta. Que sairia de perto de meus avós e seria livre, que poderia agir como eu mesmo.

Tolo.

Eu sou um tolo.

Meu ex melhor amigo, o garoto por quem sempre tive uma queda em segredo, nem mesmo olha na minha cara sem toda a raiva que sente. Como sua mãe e seu irmão vão me encarar também?

Eu não sei o que fiz para merecer tal sentimento, mas eu me desculparia por qualquer merda que fosse.

É um pensamento horrível, né? Me humilhar por perdão quando eu não sei o que fiz. Eu sei. Eu sei.

É humilhante.

É cansativo.

É desgastante.

Eu só queria que tudo isso terminasse. E eu colocaria um fim nisso tudo se tivesse mais coragem.

Eu realmente o faria. Mas eu só tenho dezessete anos. Por que eu que tenho que ir embora desse mundo? Por que eu, de todas as pessoas que já me fizeram mal de alguma forma, tenho que pensar em suicídio? Tenho que me auto punir? Por que caralhos eu tenho que sofrer cada dia mais com cada maldito pensamento ruim?!

Outro soluço escapou de minha garganta e mais um, outro e mais outro.

Não sei por quanto tempo fico aqui sentado nesse chão frio, mas me levanto quanto me sinto melhor e mais calmo.

Saio do banheiro e olho a janela do quarto aberta, percebo que já está escuro e o céu estrelado. Está frio pra caralho e mesmo assim mantenho a janela aberta.

Visto algo confortável e termino de secar meu cabelo com a toalha, deixando o mesmo solto e bagunçado.

Estendo a toalha no banheiro e apago a luz assim que saio, me aproximando da janela.

Me arrependo amargamente do ato assim que me debruço sobre ela. Além do metal gelado sobre minha pele dolorida, tenho a visão de dois garotos se beijando.

Está escuro, mas sei dizer que um deles é Tsukishima.

Abaixo um pouco a cabeça e tampo meus lábios ao rir fraco. Por que será que estou tão surpreso?

Não. Não é surpresa. É tristeza. Ciúmes.

Sim, estou ciúmes. Outro está beijando o garoto pelo o qual ainda tenho sentimentos. E é doloroso.

Umedeço meus lábios com a ponta da língua, sinto o piercing passar de leve sobre um dos ferimentos recém feitos e suspiro. Brinco com a bolinha do piercing enquanto mantenho o meu olhar nos dois.

Às vezes eu acho que sou masoquista.

Batucando meus dedos sobre o metal da janela, olhando os dois, e tombo a cabeça para o lado quando os dois se afastam e percebo que o outro rapaz é o de mais cedo. Kuroo.

Não acho que estejam namorando, Tsukishima não parecia contente com a sua ida ao Karasuno hoje mais cedo. Nem mesmo de manhã, como pós treino.

Eu deveria parar de encarar, certo? Mas não consigo.

O que há de errado comigo? Não posso sentir ciúmes de alguém que não tenho..

Suspiro e me afasto da janela, fechando-a de vez e sigo em direção a porta para trancá-la. Eu sei que ele não consegue subir aqui com aquela bengala, eu sei. Mesmo assim tranco.

Vou em direção à minha cama e me deito, apago a luz do quarto e cubro meu corpo com a coberta nova. Me mantenho quieto, deitado, e lembro que não comi nada desde que voltei pra casa.

Casa…

Me viro e fecho meus olhos, encolhi meu corpo e espero o sono vir. O que demorou acontecer, e quando aconteceu eu me vi entrando em um sonho estranho.


Notas Finais


até o próximo!! :^♡


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...