Scott resolveu passar na casa de Malia antes de irem para escola. Era uma manhã cinzenta e nublada. Não chovia, porém o sol se recusou a aparecer naquele dia. Scott sabia muito bem o porquê. Ele estacionou sua moto, colocou o capacete no guidom e esperou um pouco. Talvez tivesse chegado cedo demais... ou apenas estivesse com medo de entrar. Ele sabia muito bem do comportamento e temperamento de Malia, não queria magoa-la. Mais ainda. Ele balançou a cabeça, respirou fundo e desceu da moto indo de encontro a porta. Ele hesitou quando estava próximo bastante da porta, mas tomou coragem com duas batidas de leve.
- Scott! – O pai de Malia abriu a porta com um sorriso no rosto.
- Senhor Tate! – Ele respondeu devolvendo-lhe o sorriso.
- Entre, por favor. – Ele disse dando espaço para Scott passar. – A que devo a honra de sua visita? – Perguntou sentando-se no sofá.
Scott deu um riso forçado. Ele estava meio sem graça com aquilo tudo. Ele percebeu uma coisa; se ele, que não tem quase nada a ver com a história, se sentia desconfortável na presença do senhor Tate, pelo fato de ele não saber de nada, pelo fato de não saber a real história da sua real família, de não saber de sua filha e de que ela não é sua filha, imagine só Malia?! Isso foi bem constrangedor para Scott. – Gostaria de falar com sua filha, senhor.
- Quanta formalidade, Scott. Não precisa ficar sem graça. O lance da arma é só em casos extremos. – Ele brincou com Scott, fazendo-o lembrar de Stiles e Malia juntos. – Pode subir, ela está no quarto.
- Obrigada. – Scott disse, se levantando e indo em direção ao quarto de Malia, quando foi parado.
- Mas não se esqueça da arma... – Ele riu se levantando do sofá e seguindo para a cozinha. Scott lhe lançou um sorriso mais forçado do que os anteriores. Dessa vez não foi brincadeira.
Ao chegar na porta do quarto de Malia, Scott preparou-se mentalmente para bater. Bom, parece que ela já sabia não é mesmo? Ela abriu a porta e voltou a fazer o que estava fazendo, enquanto Scott ficou parado por alguns segundos na porta e depois entrou sem jeito.
- Hey. – Ele disse, mas não houve reciprocidade de Malia. – Então... já faz uma semana que você não fala com ninguém e não atende nossas ligações... achei melhor vir ver se você estava bem pesso...
- Scott, o que você está fazendo aqui? – Malia pergunta, fechando o livro que estava lendo para encara-lo.
- Eu só estou preocupado com você, Malia. Todos nós estamos.
- Ah... agora vocês se preocupam comigo? – Ela disse num tom irônico.
- Como assim agora? – Scott perguntou arqueando a sobrancelha.
- Agora! Porquê, quando eu precisei de vocês, lá na floresta, ninguém me procurou ou lembrou de me ligar. E os que sabiam o que estava acontecendo, optaram por outra coisa. – Ela continuou o encarando. No fundo Malia nem conseguia entender o porquê de tanta raiva. Ela estava surpreendida com sigo mesma.
- Malia, você tem que entender que naquele dia, não depen... – Scott foi interrompido por um livro que quase o acertou e um grito de Malia.
- Scott, EU NÃO LIGO! – Ela notou o que tinha acabado de fazer mas estava incrédula. Malia foi voltando seus movimentos lentamente e seu olhar foi se entristecendo rápido demais, a ponto de lágrimas começaram a marejar em seus olhos. – Me desculpa, Scott. Eu não sei o que deu eu mim, eu... eu... – Ela se sentou na cama encarando as nuvens cinzentas lá fora. – Eu realmente não estou entendendo mais nada.
Scott andou até Malia e sentou-se ao seu lado. Ele estudou o perfil da garota que parecia buscar as respostar lá dentro da sua cabeça, mas nada encontrava. – Malia, eu não vou te julgar por você ter ficado duas vezes com o Theo. Também não me importa se esteja com raiva de mim, mas não vou sair de perto de você! – Ele toca em sua mão que estava apoiada no colchão, fazendo Malia voltar o seu olhar perdido para o dele. – Você é minha amiga e faz parte do meu bando. Faz parte da minha família. Se você se afasta, eu fico fraco, o bando fica fraco e até você se enfraquece. Nós precisamos uns dos outros e por mais que façamos escolhas erradas, nos preocupamos uns com os outros. – Você disse que não se importava com a Lydia e com a Kira... e olha só para você agora! – Ele ri fazendo Malia rir também. – Eu sei que você e Stiles tem uma ligação muito forte ainda... você foi a primeira namorada dele e ele o seu primeiro namorado.
- Mas eu não fui a primeira garota da qual ele gostou. E nem sei se sou a única. – Malia diz suspirando. – Eu já senti o cheiro, Scott, quando ele está perto da Lydia.
- É claro Malia... ele gostou da Lydia por dez anos seguidos. – Eles dois riem. – E não foi nada fácil. Eu sinto também, o cheiro. Mas acredite, o que ele exala quando está com você é mais forte. Ele só é confuso, você sabe como Stiles é confuso. Vocês duas são importantes para ele. De maneiras diferentes, mas são. – Scott para por alguns segundos, olha pela janela e sorri. – Allison foi meu primeiro amor. Eu amei muito ela... talvez eu a ame para sempre. Mas isso não significa que eu não ame a Kira.
- Tenho certeza disso, Scott. – Malia diz abrindo um largo sorriso e abraçando Scott.
- Se te consola, eu andei trabalhando durante um tempo naquelas garras para você.
Malia empurra Scott boquiaberta. – Foi você...
- Foi eu... eu sabia que aquelas garras ajudariam você a tirar o poder da sua mãe e bom, funcionou. – Ele sorri torto.
- Como sabia que Theo não usaria contra você? Ou contra o Mason?
- Eu não sabia. – Ele e Malia trocam algumas risadas até se assustarem. Um barulho forte vindo da janela de Malia. Eles andaram em direção a janela com muito cuidado e se depararam com um corvo morto, provavelmente pelo impacto.
- Que estranho... não temos ninguém para morrer por aqui. Ou temos? – Ela se vira assustada para Scott.
- Não... não que saiba. Mas Lydia saberia e teria falado. – Ele diz tentando esconder o olhar preocupado. – Nós temos que ir. Vamos nos atrasar.
- Sim. Mas antes tenho que passar em um lugar. Tenho a primeira aula vaga então... você pode ir indo na frente. – Ela balança a cabeça e coloca a mão no bolso.
- Hmm... ok. – Scott diz meio desconfiado. Por algum motivo, a pulsação de Malia havia ficado alterada quando ela disse sobre a aula vaga. Por que ela mentiria sobre a aula vaga para Scott? – Até mais tarde? – Ele diz subindo na moto.
- Até! – Malia diz encostada em seu carro.
Scott sai com a moto e Malia da um tempo até que seu rastro suma na pista. Seu semblante muda completamente, ela com certeza iria aprontar.
Theo estava parado em frente a ponte onde sua irmã morrera. Era estranho sentir culpa? Para o Theo, com certeza era. Mas lá estava ele, confuso com tudo o que estava acontecendo com ele e porque ele havia feito tantas escolhas que o trouxeram para onde ele está agora? Quem diria, matar a irmã por poder. E quando ele tem a chance, ele simplesmente resolve ajudar uma garota com problemas de família. “Que irônico não, Theo?” Ele pensou. Mas algo no reflexo do lago no outro lado da ponde o chamou a atenção. “É uma pessoa...”
Theo seguiu o cheiro, que por algum motivo, ele conhecia muito bem! Ele andou por 10 minutos seguindo seu olfato e os vultos que via, até chegar em um lugar com muitas folhas secas no chão e árvores. Estava meio frio, então a brisa das árvores tornava tudo pior. O cheiro acabava ali... mas não havia ninguém lá, apesar de o cheiro está cada vez mais forte.
- O que faz aqui? – Uma voz surgiu por trás de Theo.
Ele deu um sorriso de lado; -- Eu sabia que era você, Malia!
- Sim... eu também sabia disso. – Ela deu mais um passo na direção de Theo.
- Eu estou aqui porque você está aqui. – Ele tenta espiar Malia com os olhos, porém sem se virar. – Mas e você, o que faz aqui?
- Me diz Theo, que lugar é esse? – Ela da mais um passo.
- Uma floresta...?
- Eu sei. – Ela diz séria. – Mas o que esse lugar da floresta te lembra?
Theo analisa as árvores e todo o perímetro. Lentamente suas lembranças vem há tona. – Foi onde... a loba do deserto atirou em você, não foi?
Malia deu mais um passo. – Foi.
- E por que nós estamos aqui? – Theo pergunta desconfiado. – Você passou por tantas coisas aqui... sentiu tantas coisas.
Malia deu outro passo, ficando próxima o bastante da nuca de Theo. Então ela sussurrou em seu ouvido; -- Pra você me fazer sentir algo também.
Theo arregalou seus olhos e se virou rapidamente para Malia, que segurou em sua blusa, o levantou e o jogou no chão. Ele deu um gemido de dor e perguntou ofegante; -- O que você está fazendo?
- Terminando o que começamos na sala de biologia. – Ele disse subindo em cima de Theo e o beijando com toda a intensidade.
Theo ficou sem entender o que estava acontecendo ou o porquê dela está fazendo aquilo tudo, mas quando se deu conta já havia correspondido ao beijo de Malia. Ela segurou forte seu cabelo e Theo correspondeu puxando o seu corpo para mais perto do dele. Ele sentou e puxou Malia para si com mais intensidade. Ela entrelaçou suas pernas em volta de Theo, que desceu a mão de sua cintura para seu short e apertou a bunda de Malia. Ela se deitou trazendo Theo para cima de si, ele passou a mão por todo seu corpo e levantou de leve com a ponta dos dedos, um pouco da blusa de Malia, apertando forte sua cintura por dentro da blusa. Ela rolou para cima de Theo novamente e em meio aos beijos, era quase impossível de respirar. Entre beijos e suspiros, Malia tirou sua jaqueta de frio e voltou para o ouvido de Theo.
- Eu pensei que você tivesse mudado, Theo... – Ela disse num sussurro.
- O que? – Ele diz beijando seu pescoço.
- Você pensa que eu esqueci? – Malia diz puxando seu cabelo para ele encara-la. – Você pediu para minha mãe matar o Stiles... – Ela beijou seu ouvido. – Armou com ela para sequestrar o Dr. Deaton para pegar as garras... – Desceu os lábios para o seu pescoço. – Me levou até ela e me deu um tiro... – Beijou sua bochecha. – E quando eu penso que você pode ter mudado e sinto algum tipo de desejo por você, você conta para o Stiles que nos beijamos e me humilha na frente dos meus amigos. – Ela beija sua boca e volta seu corpo para tirar sua blusa. – Você me usou, sempre que pôde, Theo... – Ela chega perto suficiente da sua boca para sentir sua respiração ofegante e seus batimentos acelerados. – Agora eu, vou usar você. Do meu jeito. – Ela sela os lábios de Theo com um beijo intenso, desce sua mão para sua barriga e por dentro da blusa acaricia toda ela.
Theo não conseguia entender nada. Se ela tinha tanta raiva dele e das coisas que ele fez para ela, por que ela estava ali, o beijando? E a cada palavra de ódio ela o beijava mais? Isso não estava fazendo sentindo algum na cabeça de Theo, mas seja lá o que Malia estivesse fazendo, ele não iria ser cumplice.
- Malia, espera! – Ele diz a afastando dela e se levantando. – Se for desse jeito não vai ser. Eu não quero assim.
- Então você não me quer? – Ela pergunta se aproximando de Theo.
- É loucura falar isso, mas eu quero! – Ele segura o rosto de Malia e olha dentro dos seus olhos. – Eu não queria te querer, Malia. Você me confunde. Nesse minuto eu estou confuso. E isso que a gente faz é...
- Não é nada demais, Theo. – Ela diz séria.
- Como? – Ele ri sem entender.
- Isso que você ouviu. – Ela diz tirando a mão dele de seu rosto. -- Sabe, Theo, eu já quase me importei com você. – Ela veste sua blusa preta de volta. – Então você provou pra mim mais uma vez que você é o Theo Raeken. E eu vim até aqui para provar pra você, que eu te uso também. Do meu jeito. – Ela percebe que seus olhos estão querendo lacrimejar. – E que toda vez que eu te beijei, não foi nada demais. Nada de importante. – Ela veste sua jaqueta. – Mas você pode ir lá no Stiles agora, contar se quiser. Ou no Scott. Eu não ligo. Eu não ligo para nada que você venha querer fazer para me atingir mais.
- Isso não vai ficar assim. – Ele disse, segurando o braço de Malia quando ela estava saindo.
- Não mesmo! – Ela revidou puxando seu braço.
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