"Mariana é realmente um tipo estranha de amiga, daquela que você se apega e, sem premeditar, já está amando. Kate caiu na dela, assim como caiu na ladainha de Louis. Qual o problema desse povo e dessa afinidade alienígena que eles criaram?"
Point Of View: Katherine Parson
Deprimida por ter sido calada pela metida de araque, fui até as outras aulas e não prestei atenção em porra nenhuma. O dia escolar terminou em câmera lenta de propósito, só pode. Acho que Mariana percebeu minha falta de empolgação quando perguntou se eu queria ir ao shopping.
— Desculpa, tinha esquecido que você odeia coisas em público. Eu queria ir à loja de videogames... Por favor? — ela perguntou. Eu abri a porta de casa e me sentei no sofá. — Kate, vai falar o que foi agora? — a olhei.
Ela sentou-se na poltrona do papai. Inevitavelmente me lembrei dele e bufei, descontente.
— Ingrid calou minha boca na quarta aula e eu tô me sentindo otária até agora.
Mariana abriu os olhos mais que aqueles mosquitos estranhos que tem em Nevada e deu um sorriso nervoso.
— Como? — Ela perguntou, assustada. Revirei os olhos, não entendendo pra quê tanto drama. Aliás, Mari sempre era estranha quando se tratava de Ingrid Lopez.
— Pai! — Gritei. Ele rapidamente desceu até a sala. — Vou ao shopping com a Mari, temos muito pra falar...
— Eu vou viajar e só volto sábado. — Ele avisou como se não fosse algo relevante. Olhei para ele com espanto e confusão. — Desculpa, Kate, mas é para mover a sede da Parson’s pra cá de vez.
— Tudo bem. — Eu suspirei e fui abraçá-lo. — Divirta-se no trabalho.
— Isso é algo muito impossível! — Gritou, pois eu já estava saindo com a Mariana estou-chocada-demais-para-falar Styles. — Ah, sem artistas pop dormindo aqui sem minha presença!
— Anotado! — respondi de volta, rindo.
Chegamos ao Shopping de Westminster rapidamente, graças ao fato de eu morar na West End, e fomos direto para a praça de alimentação.
Talvez eu esteja olhando ao redor compulsivamente com medo de ser flagrada por qualquer ser humano que preste um pouco mais de atenção nos tabloides do que o recomendado, mas tudo bem.
Ah, olha eles ali.
— Como você consegue aguentar? — Eu apontei para alguns fotógrafos que nos olhavam. — Porque eu honestamente não aguento. Era esse o ponto de eu me mudar para Londres.
— Aguentando, oras. Não é tão ruim ser a irmã de um Harry Styles. Isso me rende ficada com famosos.
— Então muitos já pegaram a irmã dos cabelos rosa?
— Digamos que a safadeza do Harry é de família... — Nós duas rimos como otárias. — Mas conta, o que houve com você e a Ingrid?
Eu tive que contar. Infelizmente, eu fiquei mais vermelha que tudo enquanto o fazia.
— Porra Kate, não achou nada pra ofender de volta? — ela estava incrédula. Eu neguei, sentindo raiva daquele momento. — Merda.
— O que eu não entendo é essa preocupação dela de eu me aproximar do Harry. Vamos combinar: eu não sou tão burra assim. E sem ofensa, mas seu irmão é muito podre.
— Você não entende? Meu irmão é lindo! — Mariana se gabou e depois riu do que ela mesma disse. — Ele pode ser um panaca pervertido, mas ele tem o lado bom dele... Ingrid vê apenas o lado bom e o pervertido, assim como o resto das garotas da escola, que precisam de algumas lições sobre feminismo.
— Não consigo imaginar o Harry sendo amigo de alguém... Fora os meninos e você, que é creio eu por obrigação ou convivência excessiva.
— Você pode não acreditar, mas o Harry não era assim. O sucesso mexeu bastante com ele. Antigamente a gente conseguia enxergar por baixo do Harry panaca um amigo. Já hoje... ele não se expõe tanto.
— Então o Harry é legal? — é óbvio que eu estava fazendo careta.
Coisas difíceis de se acreditar, essas.
— Eu não disse isso! — Ela acabou rindo. — Mas ele pode até ser...
— Você acha que eu consigo tirar essa máscara durante o trabalho de sociologia? — Eu perguntei, fitando minha salada e indagando mentalmente. — Sabe, eu tenho que fazer uma amizade com ele. E mudar traços machistas e misóginos da personalidade dele, é claro. Ele precisa de uma desconstrução urgentemente.
Mariana gargalhou, mas concordou comigo. Continuamos a falar sobre algumas coisas, tais quais envolviam minha vida e algumas coisas que ela achou sobre mim no Google. Eu disse a ela que minha página na Wikipedia foi criada há alguns anos e eu não entendia o porquê de sua existência, apesar de não haver nada de expressivo lá senão “Katherine Parson, nascida em 27 de outubro de 1996, estadunidense de origem polonesa e brasileira, estudante, filha do estilista Andrew Parson e modelo Amelia Cardoso-Parson”.
Por todas as perguntas que Mari havia feito, estava mais que claro que ela passou a noite anterior se atualizando sobre quem eu era. Agradeci por ela não se aprofundar nas manchetes mais polêmicas da minha vida, deixando apenas claro que o meu ódio por paparazzis e quase-assassinato do Louis faziam sentido.
Cansada de fazer aquilo algo sobre mim e um tanto perdida sobre como continuar amizades depois dessa parte, comecei a perguntar coisas à Mari, e assim seguimos, ambas ignorando os paparazzis que discretamente tiravam fotos de nós.
Nunca me senti tão bem e tão exposta ao mesmo tempo, vale constar.
— Uma coisa acabou de me vir à cabeça — Mari ignorou minha última pergunta, dizendo. — Graças a esse trabalho, eu vou conhecer o Niall melhor.
— Mais? — Perguntei, rindo fraco. — Vocês convivem faz dois anos! — protestei, mas Mariana deu de ombros.
— É. Não vai ser difícil pra mim.
— Enquanto isso, boa sorte pra mim, pois isso sim será difícil. — Eu suspirei. — Que tal fliperama? — Sugeri arqueando a sobrancelha.
— Por que ainda pergunta? — Ela sorriu travessa.
…
Duas semanas depois…
Acordei com um peso em meus braços.
— Louis! — Gritei.
Ele abriu os olhos e me encarou sorrindo
— Oi, pequena. — Viu, até apelido eu já tenho.
Tanto carinhosos, como pervertidos – vulgo Zayn – e xingamentos especiais vindos de directioners.
Oh, sim, a última parte é completamente da responsabilidade dos tweets do Louis, e não estou falando daquele primeiro que eu o fiz apagar, mas dos seguintes, que foram tweetados com minha meia-permissão.
Vocês sabiam que se você tem amigos que gostam de você por quem você é, enfrentar paparazzis se torna um pouco menos infernal?
— Oi, Lou... — Respondi me levantando. Louis me seguiu e me abraçou.
E pra você, dramático que acha que estamos tendo um caso, estamos mesmo.
Mentira. É que... Louis se tornou meu melhor amigo.
Lembram? Sabe, a menina antissocial que mata peixes e quebra iPhones? Então, o primeiro louco que finalmente demonstra carinho acaba se tornando o primeiro louco em sua mais nova lista de amigos.
— Hoje começa o trabalho. — Ele comentou colocando a camisa. Eu suspirei. A entrega dos nomes era hoje. Tínhamos que apresentar também uma ficha com informações básicas de nós. — Kate, Harry não é tão ruim...
— Eu sei, ele me deu um iPhone — Eu comemorei e coloquei meu lindo celular na penteadeira. — Estou assim porque ainda não sei se vale o risco… e isso é por causa da namoradinha dele. Ela vai me perturbar ainda mais agora, e eu não sei agir com ela. Dá um pouquinho de dó dessa possessividade dela por um cara que nem presta, eu fico sem saber como reagir aos ataques.
— Talvez você não saiba reagir porque ela tem razão: há um risco real de você se apaixonar pelo Harry. — Louis falou sério, e falou merda, pelo amor de Deus.
Rimos feito idiotas logo em seguida. Esse é o nosso problema. Transformamos praticamente todo tipo de assunto em piadas ruins. Não é à toa que eu o quase o matei uma vez, eu acho.
— Não vai ser tão difícil, você já foi ao shopping comprar seu iPhone com ele. — Louis comentou com um sorriso encorajador, sempre se lembrando de não ser humilde ao chamar o aparelho simplesmente de celular.
Aliás, sobre esse dia, eu odiei tudo.
Meninas Malvadas talvez seja uma coisa da vida real.
Não pelo Harry, mas pela Ingrid e por ter sido uma quarta-feira sem muitos táxis disponíveis.
E vamos de flashback:
Entramos na loja da Apple e eu até chorei de emoção por ter um iPhone de novo – desta vez não vai quebrar e nem matar peixes. Harry concordou comigo em comprar o modelo branco depois de muita súplica minha. Compramos também umas capinhas, mas essas vieram de meu bolso mesmo.
— Olha essa, Kate. — Ele falou, mostrando uma capinha de um homem com bigode. Eu ri como idiota, assentindo. — É chique demais, vai ver sua. — Concluiu, tirando o dinheiro do bolso e dando para a moça do caixa.
Eu o parei e puxei sua mão.
— Você já me deu coisas demais apesar de eu merecer o mundo inteiro, então eu que pago. — Avisei, o tom amigável e brincalhão. Os olhos verdes dele se estreitaram com minha piada. Foi estranho, porque eu nunca realmente havia reparado neles. Eram verdes demais, então eu desviei deles. Peguei do meu dinheiro e comprei a capinha do homem bigodudo. — Combinaria com você, toma. — O entreguei a capinha, fazendo a besteira de voltar a encará-lo.
Era… bom.
Ainda não tínhamos desviado o olhar, mesmo depois de alguns segundos.
Harry finalmente aceitou o brinde, e aí eu vi que seu iPhone não tinha capa, então peguei de sua mão e pus a que havia acabado de comprar.
— Ficou fofo, Mister Moustache!
— É, eu gostei. — Ele sorriu olhando a capinha. — Obrigado, eu acho.
Logo ouvimos um pigarro e nos deparamos com um ser chamado Ingrid.
Claro, a garota não me deixa em paz desde... sempre.
— Oi... — falou ela sorrindo, falsamente para mim e maliciosamente pro Harry.
Duh.
— Hey, eu vou indo. Obrigada de novo, Harry — eu ia saindo, mas ele pegou meu braço.
— Eu ia te levar pra casa — explicou. Eu o olhei e sorri singela. — Ingrid, eu disse pra me encontrar só daqui uma hora!
— Desculpa se eu queria ver meu bebê — a garota estava fazendo bico e manha, e eu tive que revirar os olhos. Tudo nela era tão Kardashian.
— Tudo bem, Harry, eu vou sozinha. Sei pegar um táxi. — Eu pisquei para ele, soltando-me de seu braço para sair vagando pela merda do shopping sem o merda do Harry Styles. Com o azar que tenho, provavelmente alguém deve ter gravado a ceninha.
...
— Kate, acorda! — Louis me chacoalhou e então eu pisquei várias vezes. — Porra, você gosta de ir pra Marte, hein? Todo dia uma brisa diferente!
Bom, ninguém gravou a ceninha. Os únicos rumores no mundo do pop no momento eram sobre a relação entre a Parson’s e a One Direction.
— Você tem que parar de me chacoalhar, eu fico vesguinha.
Louis riu.
— Vamos nos arrumar, eu esqueci de pôr o despertador pra despertar — fiz uma cara de ‘’não, pôs o despertador pra fazer carinho em você’’. Louis me encarou tão ceticamente quanto pôde. — Enfim, já são meio-dia e dez.
— Louis! — briguei. — Você sabe que entramos às uma, né? — o vi assentir. — E sabe que hoje temos que estar no auditório cedo por causa da aula de sociologia, né? — assentiu novamente. — E sabe que eu demoro anos pra tomar banho, né? — assentiu de novo, mas então se tocou, abrindo a boca levemente.
— AI CARALHO, ENTRA NESSA PORRA DE BANHO AGORA! — berrou nos meus ouvidos.
Eu o xinguei de tudo quanto é nome, mas acabei entrando no banheiro.
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