No sábado de manhã, acordei sozinha na cama dela. Espreguicei-me, satisfeita e feliz, com um sorriso brincando em meu rosto. Da solidão e tristeza do último mês para aquela manhã esplendorosa, eu dera um salto fenomenal. Precisava me beliscar para acreditar. E embora soubesse que muita coisa desconhecida e talvez até chocante me aguardasse, eu me sentia mais forte e decidida a enfrentar tudo por Alex.
Levantei, fui me cuidar, tomar banho e vestir-me. Desci as escadarias de mármore Carrara da casa maravilhosa, ainda admirada de seu luxo e grandeza. Pensei como eu, uma simples recepcionista de vinte e um anos, sem nenhuma beleza fora de série, estava fazendo ali com uma mulher como Alex, tão além de mim. O que ela poderia ter visto que a atraiu? Que a fez voltar a me procurar, mesmo depois de afirmar na ilha que não o faria? Seria a minha inexperiência? O fato de ser minha primeira mulher? Ou ela gostava de mim, nem que fosse só um pouquinho?
Alex vinha da sacada, suada, usando um conjunto curto da Adidas e tênis. Seus cabelos estavam presos em um coque frouxo enquanto sua pele brilhava de suor. Olhei-a com água na boca, admirada, apaixonada.
- Oi, dorminhoca. Ia te acordar para fazer ginástica, mas fiquei com pena. – Parou à minha frente e beijou de leve meus lábios.
- Ginástica? – Sorri, disfarçando meu desejo de lamber todo seu corpo, seu suor. – Nem sei o que é isso.
- Não se exercita?
- Meu tempo é mínimo. Agora é que tenho algum de sobra à noite, por que tranquei a faculdade.
Fitou-me atenta.
- Por quê?
- Não sei se quero ser professora. Estava cansada, desanimada. Achei melhor dar um tempo e pensar com calma.
- Entendo.
- Estou faminta. E louca por um café-com-leite. – Sorri, mudando de assunto. – A senhora teria um pouquinho para mim?
- É viciada nisso, não? Lembro que tomava café-com-leite de manhã e à tarde na ilha. Seus vícios são assim, tão simples?
- Tenho um que é bem complicado. – Lancei lhe um olhar que deixava claro quem era meu vício.
Alex acabou sorrindo.
- Espero que este esteja no topo da sua lista.
- Não tenha dúvidas disso.
- Ótimo. Vá até a cozinha. Liza, a empregada, está lá pondo o café na mesa. Peça tudo que quiser. Vou tomar um banho e já desço. E não esqueça, vamos sair depois do café.
- Sim, senhora.
- Hum ... – enfiou os dedos entre meus cabelos ainda úmidos do banho e acariciou-os, dizendo perto da minha boca. – Continue me chamando de senhora. Eu gosto.
- Vou me lembrar disso. – Sem resistir, abracei-a pelo pescoço e fiquei na ponta dos pés para beijá-la na boca.
As lojas em que fomos eram luxuosas, exclusivas. Fui tratada como uma rainha, embora me mantivesse praticamente calada, envergonhada pela quantia absurda que Alex gastava comigo. Tentei dizer a ela que não era necessário, mas seu olhar frio e duro foi o bastante para me deixar bem quieta. Instruiu à vendedora sobre tudo que queria e foi tomar café em uma saleta separada, onde se dedicou aos negócios em seu notebook. Hora ou outra erguia os olhos, dava uma opinião, pedia mais coisas.
O carro ficou cheio de roupas, sapatos, maquiagem, lingeries, roupas íntimas que eram mais uma fantasia sexual do que qualquer coisa. Depois me levou a um salão de estética e novamente se isolou para resolver suas coisas, enquanto eu era depilada pela primeira vez na vida e sofria como uma condenada. Que sacrifícios não fazia por ela, pensei com bom humor.
Depois voltamos para casa no carro dela, um esporte importado com motor que roncava sereno, negro e lindo. Era dia de dispensa do motorista e a própria Alex dirigia.
Conversávamos amenidades, ouvindo uma bela música clássica, quando chegamos na entrada do rico condomínio, encravado ao final de uma rua sinuosa, cercada de árvores frondosas. Guardas mantinham a guarida, mas um pouco antes havia um carro no acostamento. Alex tinha diminuído a velocidade, prestes a entrar, quando de repente uma mulher saiu de trás do carro e se jogou na frente do que estávamos, fazendo-a frear na hora. Tomei um grande susto e meu coração disparou, enquanto olhava aquela louca sem entender nada.
- Alex, por favor, preciso falar com você! – Suplicou ela, bem na frente do carro, alto o bastante, num tom desesperado.
Olhei surpresa para Alex. Estava pálida, segurando o volante com força, seus olhos fixos nela. Dois guardas saíam da guarida e se aproximavam do local. Olhei-a de novo, confusa.
Era linda, alta, bem vestida. Devia ter pouco mais de quarenta anos, cabelos louros em ondas arrumadas, traços finos e olhos escuros. Mas era óbvio o desespero em seu olhar e no rosto contorcido pelo sofrimento. Lágrimas desciam por suas faces e ela implorou rápido, como se soubesse que tinha pouco tempo:
- Estou desesperada! Tentei falar com você, mas não consigo! O Tomás morreu ontem, Alex!
Virei-me para ela. Parecia congelada, mas uma fúria tão intensa saía de seu olhar, que por um momento tive medo que acelerasse e passasse por cima da mulher, que continuava a gritar:
- Pelo amor de Deus, me ajude! Estou sozinha! Preciso de você!
- Senhora. – Os guardas a seguraram pelos braços, mas ela esperneou e lutou. Chorava copiosamente, recusando-se a sair da frente do carro, implorando para que Alex a ouvisse.
Senti o peito apertar, cheio de pena dela. Minha vontade era a de sair dali e ajudá-la. Os guardas a tiravam do caminho com a maior delicadeza possível, mas firmemente, tentando convencê- la, enquanto ela parecia um animal acuado, a ponto de morrer.
- Alex... – Murmurei agoniada, pondo minha mão na maçaneta do carro.
- Fique quieta. – Foi tudo o que ela disse, com voz gelada, sem mover mais nenhum músculo. Seu olhar continuava na mulher, que agora berrava:
- Sou sua única parente viva! Criei você, Alex! Por favor! Sou sua tia, precisa me escutar!Alex!
Tão logo a tiraram da frente do carro, ela acelerou e passou como uma bala pela guarida aberta, deixando-os para trás.
Fiquei imóvel, muito surpresa, sem entender o que fora tudo aquilo. Ela era a tia de Alex, a criara. Lembrei do que me disse na ilha, que os pais morreram quando tinha sete anos. Ela tinha se mostrado fechada então, não quisera entrar em detalhes. Mas agora eu sabia com quem ela fora viver então. O que teria acontecido para desprezar a própria tia daquela maneira? Era algo muito sério, pois eu nunca a vira assim, mortalmente pálida, com aquela fúria que parecia extravasar por todos os seus poros.
Quando ela parou o carro em frente à mansão, saiu batendo a porta. Eu mal tinha tirado o cinto e Alex já estava ao meu lado, segurando meu braço, tirando-me do carro.
Eu não disse nada, respeitando aquele momento dela. Para falar a verdade, tirando o fato de dormirmos juntas e eu estar em sua casa, Alex era um completo mistério para mim. Eu não sabia do que ela era capaz, se era uma mulher frio e sem amor, que desprezava as pessoas, ou alguém com motivos para ignorar uma tia que estava tão desesperada pela morte de outra pessoa.
Deixei que me levasse para dentro da casa. Mal entramos, ela disse entredentes, já se dirigindo em direção ao seu escritório, sem sequer me lançar um olhar:
- Preciso dar uns telefonemas.
Fiquei ali na sala, parada, confusa, sem saber o que fazer. Sozinha, fui até o sofá e sentei. Queria ajudá-la, mas não sabia como. E pelo jeito seria muito mal recebida.
O nervosismo me consumia, mas não podia me concentrar mais em nada. Fiquei ali enquanto os minutos se arrastavam, ansiosa, torcendo as minhas mãos. Por fim, ela apareceu no corredor e me olhou. Levantei-me na hora, chocada pois seus olhos verdes ainda eram raivosos. A tensão vinha como ondas dela.
- Vem comigo. – Disse friamente, sua voz uma contradição com toda fúria dela.
Senti um misto de medo e preocupação. Mas fui até ela, sem deixar de encará-la. Alex foi para o escritório e a segui. Esperou que eu entrasse, bateu a pesada porta de madeira e veio por trás de mim. Com firmeza segurou minha nuca e ordenou:
- Apoie as mãos na mesa.
Estremeci. Dei mais alguns passos e assim fiz, espalmando minhas mãos sobre a maciça mesa de madeira escura. Ela soltou minha nuca. Sem delicadeza, enfiou as mãos por baixo do meu vestido e puxou violentamente minha calcinha, rasgando-a. Tomei um grande susto e gritei.
- Alex, o que ...
- Fique quieta, Piper.
Empurrou-me de forma que me inclinei na mesa. Então separou minhas pernas, ergueu meu vestido e se ajoelhou, espalmando sua mão na frente da minha vagina agora toda depilada, enquanto a lambia por trás, sua outra mão firme em minha bunda. Foi um ataque tão direto e quente, com tanta vontade, que o tesão me invadiu na hora e fiquei com as pernas bambas. Sua língua estava em todo lugar, desde o meu clitóris, passando por dentro dos lábios, até meu ânus. Encheu-me de saliva e do meu próprio líquido que descia quente de mim e que ela sugava, espalhava.
Gemi, sentindo o cabelo se fechar sobre meu rosto, o calor me deixar corada, trêmula. Meus braços se apoiavam na mesa e me empinei mais, favorecendo o seu acesso ao meu corpo. Sem deixar de me chupar, ela enfiou um dedo todo molhado em meu ânus, abrindo-o, lubrificando-o. Não demorou muito.
- Vou comer você por trás. Fique assim, quietinha.
E sem preâmbulos me penetrava duramente na vagina, segurando com força meus quadris para o alto, seu três dedos deslizando com violência. Arfei alto, muito excitada, quase deitada sobre a mesa. Ela se inclinou um pouco sobre mim, sua voz raivosa em meu ouvido:
- Fique nessa posição, não olhe para trás. Eu volto já.
- Sim, Alex.
Então ela retirou seus dedos e saiu, eu sabia o que ela queria. Apesar da noite anterior, eu ainda era muito apertada no ânus. Mas ela não teve pena ou foi delicado. Voltou trazendo consigo um dildo duplo já lubrificado. Meteu em si, depois, segurou minha bunda e meteu , passando brinquedo pelo orifício que, mesmo estimulado e úmido, era extremamente pequeno para o brinquedo. Gritei com a sensação de queimação e lágrimas pularam dos meus olhos, mas ela não me deixou fugir sequer um milímetro. Penetrou-me duramente, até entrar tudo.
- Oh, sim, Pipes ... Porra, que gostoso!
E passou a estocar em movimentos profundos de vai e vem, seus dedos enterrados em minha carne, totalmente entregue, como se precisasse desesperadamente daquilo. Aguentei, embora doesse e ardesse. Mas eu a queria, eu queria dar o que Alex precisava, e ao mesmo tempo, em meio ao ato doloroso, o prazer continuava lá, se revolvendo dentro de mim, fazendo-me arder.
- Isso, toma tudo. – e seus dedos escorregaram para minha vagina molhada, vibrando em meu clitóris, arrebatando-me. Gemi alto, ondulando, me abrindo. Isso a fez entrar mais fundo, mais fácil, espalhando um prazer decadente em minha pele, fazendo-me sentir toda dela, submissa e entregue às suas vontades, ao que ela quisesse tirar de mim.
Sua outra mão agarrou meu cabelo com violência e puxou minha cabeça para trás, ordenando com voz rascante:
- Diga o que está sentindo. Gosta de ser comida assim? De ser minha para eu usar à vontade, do jeito que eu quiser?
- Sim, oh, sim ... – Comecei a rebolar, alucinada, fora de mim, as sensações ferozes me fazendo empinar, puxá-la para bem fundo, agoniada.
Foi aí que me perdi. Gritei e tive um orgasmo intenso, arrebatador. Alex me acompanhou, gemendo rouca, metendo mais e mais forte, com violência, estremecendo junto comigo. Ondas e mais ondas de gozo nos envolviam, até irem espaçando, diminuindo, chegando ao fim.
Alex apoiou a cabeça em minhas costas, ainda com o dildo todo dentro de mim. Suas mãos foram para minha cintura e ela suspirou. Só então se ergueu e saiu lentamente do meu interior dolorido.
Ajudou-me a sair de sobre a mesa. Depois se livrou do dildo. Quando voltou, já tinha colocado sua roupa e parecia mais controlada. Desci o vestido, olhando-a.
- Alex...
- Não quero falar sobre o que aconteceu lá fora. – Encarou-me, fria. – Esqueça tudo aquilo, Pipes.
- Eu só queria saber se está bem.
A frieza dela amenizou um pouco. Caminhou até mim.
- Sim, eu estou. Você me faz bem.
Era sincera e acariciou meu rosto com carinho.
- Machuquei você?
- Não.
Concordou com a cabeça. Sem aguentar, abracei-a com força e a beijei na boca. Ela retribuiu na hora, enfiando os dedos em meu cabelo, segurando minha cabeça para melhor enfiar a língua entre meus lábios e me dar um beijo delicioso, cheio de paixão. Eu a senti toda naquele beijo. E também me entreguei.
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