Aquele ponto finalmente havia chegado, pensou Josie enquanto observava a irmã sobre a cama enorme de seu quarto na mansão de Klaus. Hope finalmente chegara num estagio de cansaço físico e emocional tão perturbador que simplesmente o seu corpo apagou. Nosso organismo funciona assim, nos desmaia quando tudo ao nosso redor é demais para que possamos suportar, saber daquilo deixava bruxa com o coração apertado.
Era a primeira vez em quase um ano que a híbrida estava dormindo por mais de duas horas, mas mesmo assim era um sono inquieto e perturbado que causava certa angústia. Inquieto e perturbado mesmo ao lado da presença confortável de Josie que fazia de tudo para que ela se sentisse bem.
Josie estava tão preocupada com a irmã que esqueceu-se de reparar que também estava devastada e com medo, isso era bem do seu feitio. O fato é que queriam tanto Lizzie de volta que qualquer preço lhes parecia de bom grado, mas estavam perdendo muito mais do que poderiam supor, até mesmo a própria sanidade:
_Josie? – uma voz doce e suave chamou com cuidado para não assustar as garotas, a porta estava semi-aberta, então Caroline apenas entrou, sorrateira.
_Shiiii... – exclamou a bruxa enquanto apontava para Hope.
_Ok... – Caroline compreendeu a situação e agiu com ainda mais cautela, embora desconfiasse que um furacão seria incapaz de despertar sua enteada daquele estado apagado, ela então ficou distante, encarando sua filha – Klaus está mais calmo... – informou.
Josie procurou algo para dizer enquanto evitava o olhar da mãe, mas não conseguiu encontrar nada:
_Tá... que bom! – foi tudo o que conseguiu.
_Como você está? Foi um dia tão cheio... – ela comentou sentando-se cuidadosamente no divã aos pés da cama.
_Estou bem – revelou ainda poupando palavras.
Josie estava se esforçando para agir como se nada tivesse lhe afetado, já havia feito aquilo antes, era uma especialista em esconder seus sentimentos... puramente filha de Alaric Saltzman. Caroline ainda era mãe dela e não poderia deixar que fosse tão alto-destrutiva, embora todos naquela peculiar família tivessem um pouco disso enraizado no sangue:
_Ouça... – Caroline procurou bem suas próximas palavras, porque aquele assunto era delicado – Eu sei que amava muito a sua irmã...
_Não quero ter que falar sobre isso outra vez... – revelou Josie – Vocês dois sempre são babacas e egoístas quando se trata da Lizzie...
Os olhos de Caroline saltaram para fora. Josie não era de falar coisas daquele tipo ou daquele tom e além do mais, ela havia proferido o nome... o nome que todos evitavam com muito custo:
_Josie... – tentou demonstrar como estava incrédula, mas foi impedida.
_Não... olha pra Hope... ela está destruída e eu também... não conseguimos comer, dormir ou respirar já faz um ano... estamos tendo que pisar em ovos pra tentar consertar as coisas e vocês tem só nos atrapalhado em tudo... – seu peito arfava levemente com todas as revelações que guardara por tanto tempo – Sendo que... em toda a sua existência fizeram inúmeras vezes o que estamos tentando fazer... e agora até se recusam nos dar auxílio...
_Querida me ouça... – Caroline arrastou-se pelo divã até ficar próxima da filha e segurou seu rosto entre as mãos – Não quero que sejam como nós fomos... que enfrentem o que enfrentamos... não quero que sejam como nós!
Josie, que era contida demais, debulhou-se em lágrimas... as lágrimas que tanto manteve dentro de si. Ela se afastou do contato com a mãe, chorou muito e então se conteve como se nada tivesse acontecido:
_Não pode dizer isso... não pode ser a única desculpa que vocês tem... – disse com a voz embargada ao tempo que limpava o próprio rosto.
_É a verdade... – disse a vampira.
_Eu posso desistir dessa idéia – afirmou olhando profundamente para os olhos de sua mãe – Eu desisto agora, nesse instante se você olhar pra mim e me dizer convictamente de que não quer rever a Lizzie... – sugeriu duramente.
Caroline a encarou, abriu a boca, mas não disse nada:
_Josie... – proferiu outra vez.
_Foi o que eu imaginei – disse a bruxa com um sorriso sem humor, então se levantou e deitou-se ao lado de Hope na cama.
Alguns minutos se passaram e Caroline permaneceu refletindo sobre tudo que ouvira:
_O que você precisa? – questionou encarando o chão.
_Hum? – Josie confundiu-se.
_Eu posso te ajudar... você faz tudo isso com a magia, mas... eu busco o que você precisa – afirmou Caroline – Acho que está certa... devíamos mesmo lutar pela Lizzie...
Lizzie... aquele nome machucava:
_Ela lutou por nós... – concordou Josie – Só queremos aquele colar que a Freya usava pra prender a alma do Finn...
_Ok... – disse a vampira após refletir – Amanhã cedo já estará em suas mãos...
Davina Claire passeava pelo cemitério com sua filha e seu marido um dia depois das emoções que se fizeram na casa de Niklaus. Keelin havia examinado Lydia e dissera que tudo ficaria bem, era apenas um resfriado normal. Davina precisava resolver algumas coisas pendentes no acervo dos Claire e levara sua família junto após a consulta:
_Tudo certo? – questionou Kol quando saíram do sepulcro.
_Sim... fale um pouco mais baixo, ela demorou muito pra dormir... – a bruxa sorriu ao ver a filha em um sono tranqüilo – E a pulseira está funcionando... os brinquedos até pararam de levitar...
_Ela vai ser uma grande bruxa... – sorriu o original, mas de repente o olhar de sua esposa ficou fixo em um lugar mais para perto e ela se pôs á caminhar na direção que seus olhos se voltaram – Amor? – ele ficou confuso, mas empurrou o carrinho de Lydia e seguiu sua mulher – Tudo bem?
Então Kol entendeu do que se tratava, os dois estavam agora parados de frente para um túmulo perdido entre tantos outros, exceto de que aquele dizia “Aqui jaz Elizabeth Satzman... irmã e filha querida, aquele que nunca será esquecida”:
_Você acha que ela encontrou a paz? – questionou Davina, pois sempre pensava naquilo e no quanto seria injusto que Lizzie sofresse depois de ter sido tão boa ao fim de sua vida.
_Eu espero que não – disse Kol, recebendo uma tapa da esposa, ele então riu um pouco, mas teve que explicar – Não estou fazendo uma piada amor... uma parte minha ainda almeja vê-la novamente... embora eu a detestasse.
Foi a vez de Davina rir, embora fosse mórbido demais, mas ela concordava com o esposo. Seus olhos de voltaram para sua filha que dormia, alheia ao momento que se fazia ali:
_Lydia Elizabeth Mikaelson... – repetiu o nome que escolheram para ela – Parece tão pouco se considerar que ela só está aqui porque a Lizzie morreu...
_De todas as pessoas que eu imaginei que se sacrificariam pela minha filha... Lizzie era a última... talvez o Marcel fosse o último, mas isso não quer dizer que seja menos surpreendente – Kol tinha mania de fazer piadas quando estava triste, mas então olhou para Lydia e refletiu – Ainda não escolhemos os padrinhos... e ela já está bem grande...
_Está sugerindo isso mesmo? – Davina estranhou a iniciativa do marido – A Lizzie está morta...
_Morreu pela Lydia... você mesma disse – ela sorriu sem humor – Nada mais justo do que ela ser a madrinha da nossa filha...
_Claro... – Davina sorriu acariciando a cabecinha da filha – Só vamos precisar de um padrinho...
E naquele momento, claro que não poderiam supor, mas a alma de Lizzie Saltzman sorriu para eles.
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