Mustafá Farrid faleceu dois dias antes da formatura de seu filho. Teve uma parada cardíaca durante o sono, os médicos pouco puderam fazer para reanimá-lo. Foi uma madrugada de intensas emoções, regado a lágrimas, ligações para parentes e para funerárias locais.
O jovem Alan chorou muito nas primeiras horas, mas depois engoliu seu desespero para resolver as pendências da única forma que conhecia... sozinho!
Hope foi uma das primeiras que soube, ela valia muito mais do que qualquer outro da família arrogante dos Farrid. Fazia um frio cortante em Nova Orleans e ela acordou a família toda. Klaus se apresentou disposto para comparecer ao funeral, Caroline insistiu em ir também e assim o casal e as três filhas saíram na mesma hora ruma à Dallas.
Alan os recebeu da melhor maneira que conseguiu. Preparou um café-da-manhã no restaurante que estava fechado desde o acidente, a cozinha estava preta por conta das chamar e ainda assim ele conseguiu cozinhar. A comida tinha uma textura terrível e um sabor rançoso, piorava o fato da morte do antigo dono, mas todos comeram e agradeceram sem maiores intervenções.
Hope e Josie limparam o que tinham sujado e fizeram o possível para que Alan ficasse bem até a chegada de seus parentes. Os três eram amigos e sabiam que o vampiro tinha uma relação complicada com sua família:
_Por Alá! Não sei como meu irmão teve coragem de deixar o restaurante nas mãos desse moleque... vai ir a falência em pouco tempo! – exclamou uma das irmãs de Mustafá logo que provou os ovos mexidos, ela era muito rechonchuda e usava um véu sobre a cabeça – Isso é bacon? Hum... realmente não tem respeito nenhum pela religião... ah se minha falecida mãe pudesse ver isso!
Josie massageou o ombro da Alan confortavelmente. Chocada com tamanha insensibilidade ela quase respondeu o comentário maldoso, mas se conteve porque tinha educação.
No funeral Hope se sentiu perdida no meio de tanta gente arrogante. Alan estava num banco próximo do caixão e ouvia todos os comentários terríveis de suas tias sobre o falecido pai:
_Bom ele quis se casar com aquela mulher branca, teve um filho e foi abrigado a cuidar dele sozinho... tanto que eu disse pra não confiar naquela mulher... agora está aí! Sendo velado como um indigno... – disse uma delas.
_Por favor mamãe... estamos num enterro! – repreendeu a filha da mulher, pelo menos alguém sensata entre todos eles.
_O Sharia pede que falemos a verdade Samira! Não é porque Mustafá morreu que eu vou mentir sobre a vida de trevas que ele levou! – exclamou novamente – E por que será que estão demorando tanto com essa cerimônia? O crematório fecha às três!
Até Klaus Mikaelson ficou indignado com toda aquela falta de empatia.
A cerimônia não demorou acontecer e foi rápida, fria... combinava com o clima mórbido da família ali. Mustafá foi abençoado de acordo com sua religião, foi cremado e suas cinzas depositadas numa lápide do cemitério. As irmãs de Mustafá leram versículos e fizeram um coro com músicas islâmicas. Alan não se opôs ou disse qualquer coisa. Chorou, cantou algumas músicas e se despediu. Era difícil vê-lo naquela situação.
Os familiares sequer despediram-se do rapaz, só foram embora aos montes e o deixaram com tudo para trás. Somente Klaus e sua família permaneceram ali enquanto o jovem vampiro sentou-se no chão com as costas apoiadas na lápide, não chorava mais, apenas lia algo que um homem de terno lhe entregou:
_Você devia falar com ele... – Caroline sugeriu para Hope que o observava atentamente.
A híbrida concordou e caminhou até seu ex-namorado:
_Oi... – ela sorriu cautelosamente.
_Oi... – ele não conseguiu retribuir o sorriso, mas afastou-se para que ela sentasse ao seu lado.
_O que você tem aí? – questionou referindo-se ao papel.
_A escritura do restaurante... – informou ele, analisando suas opções – Minha tia Najla pode ser uma completa vadia, mas ela está certa... sou um péssimo cozinheiro! – riu pesadamente.
Hope concordou:
_Achei que iria ler algo na cerimônia... – comentou.
_Ah você viu minha família não viu? Eles me odeiam desde que nasci... leituras fúnebres são para os vivos... meu pai não ouviria de qualquer forma – ele lamentou – Eu o amava muito, ele sabia e isso basta!
_Claro...
Então fez-se um longo silencio. Hope já tivera a sensação de ter perdido seu pai, de certo modo compreendia, mas para Alan era muito pior uma vez que não tinha mais nada além de um restaurante e uma família horrorosa com quem dificilmente manteria contato:
_Pensei muito no tempo que fiquei com ele no hospital... pensei sobre o que fazer com o restaurante... – contou ele.
_E então? – questionou a híbrida.
_Bem se... você e suas irmãs estiverem dispostas a me ajudar eu pensei em... bem... – procurou uma maneira de explicar – Vamos nos formar e não tem tanto sentido seguirmos com uma carreira convencional...
_Isso concordo plenamente! – ela riu.
_Então... sempre tem alguém ou alguma coisa acontecendo no meio sobrenatural, sem contar com as milhares de criaturas que nascem fora do controle no doutor Saltzman – explicou – E eu pesquisei muito... estou planejando montar uma organização... tipo uma S.H.I.E.L.D sobrenatural!
_Tipo uma o que???? – Hope perdeu a referência.
_Esquece... é uma coisa de heróis da Marvel, você não tem mesmo cara de quem gosta dessas coisas... – caçoou.
_Bem Alan... nós estamos bem longe de ser heróis – lembrou Hope.
_Não existem heróis e vilões... não estamos nos filmes da Marvel!
Hope então refletiu por alguns instantes e até que a idéia não soou horrível. Se fosse aprimorada, ela amaria seguir como plano de carreira, além do fato de que teria uma motivação na sua vida eterna:
_Uma organização... – repetiu ela – Sim... acho que podemos te ajudar com isso! – afirmou referindo-se à sua estranha família sobrenatural, antiga e poderosa.
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