-Está dizendo que estou livre da prisão? -indagou Neji à Tenten.
-Sim.
-Por quê?
-Outra pessoa da sua família foi assassinada e o legista confirmou que foi há menos de uma hora, então não poderia ter sido você. Preciso que me ajude a encontrar esse assassino antes que ele mate novamente.
-Quem foi dessa vez? -indagou Hiashi preocupado.
-Não sei ainda, mas os policiais já estão no local -respondeu Tenten.- Mas não se preocupe, seu pai não foi, infelizmente. Foi ele que ligou para nos avisar.
-Vamos, Neji? -chamou Hiashi.
-Claro, não quero passar nenhum minuto a mais nesse lugar -disse o garoto saindo da cela.
-Neji, eu... -disse Tenten.
-Não diga nada, já fez o bastante por uma noite -respondeu Neji friamente.
Do lado de fora da delegacia, Neji e Hiashi saíam para o estacionamento, onde Lee e Sakura já esperavam por Tenten.
-Vamos? -indagou Lee à Tenten.
-Fico feliz por você não ser o culpado, Neji -disse Sakura sem graça.
-Também fico feliz -disse Neji com desgosto, encarando Tenten.
-Querem carona? -perguntou Lee a Neji e Hiashi.- Vamos para a casa de vocês.
-Eu estou com o carro, obrigado -respondeu Hiashi secamente.- Vamos Neji.
Neji apenas deu um último olhar de mágoa à Tenten e entrou no carro com o tio.
-Não se preocupe, ele entenderá -disse Sakura na tentativa de consolar Tenten.
-Vamos? -disse Lee.
-Vamos resolver isso de uma vez -disse Tenten.
Os três detetives entraram no carro e se dirigiram à mansão dos Hyuuga. Ao chegarem ao local, encontraram o velho Hyuuga no portão da frente, ao lado de Hiashi e Neji.
-Então não foi você que o assassino matou dessa vez? -disse Tenten ao velho.
-Segura o sarcasmo -disse Lee discretamente à garota.- Não vamos arranjar mais confusão.
-Enquanto vocês mantinham meu neto preso, deixaram o assassino à solta para matar outro membro de minha família -esbravejou o velho.
-Ah, me poupe desse seu sentimentalismo, todos aqui sabemos que você não dá a mínima pro Neji. Só sentiu falta dele porque com ele preso, seu número de escravos ficou reduzido.
-Nem adianta falar -disse Sakura a Lee-, ela adora uma boa confusão.
-Como se atreve? -indagou o velho furioso.
-Não precisa fingir surpresa, todos aqui sabemos que isso é verdade, inclusive você -exclamou Tenten firme.- Vamos ser diretos, não pretendo passar o resto da minha noite olhando pra sua cara.
-A senhorita fala como se não tivesse culpa do que aconteceu.
-E não tenho mesmo. Quem matou não fui eu. Errei em ter prendido Neji, mas só estava fazendo meu trabalho. Agora vamos focar: quem é a vítima?
-Um dos nossos mais antigos anciãos.
-Contando com você?
-Não deboche, garota.
-Era um homem de bem.
-Da casa principal? -indagou Sakura.
-Era sim -respondeu o velho.
-Então já imagino que boa pessoa não devia ser -disse Tenten.
-Deixa de ser implicante -reclamou Lee.
-Ele era um dos nossos melhores -continuou o velho.- Lembro-me dele, já fazia história no nosso clã quando eu era jovem.
-Valha, pois ele devia já ser uma múmia, porque se era mais velho que você e é notável que você já está caindo aos pedaços... -disse Tenten.
-Nós vamos analisar a cena do crime -disse Lee tentando amenizar a situação.
-Na minha opinião -começou Hiashi-, vocês deveriam colocar policiais nas ruas, o assassino ainda deve estar por aí.
-Nossa, você é um gênio -concluiu Tenten.- Agora, senhor gênio, me diga como os policiais vão achar o suspeito? Ele por acaso vai estar segurando uma placa dizendo " eu sou o assassino"? Sabe, todo mundo diz que você não tem opinião própria, quem sempre fala e resolve por você é seu pai, então, por mais que eu não goste muito do velho, vamos continuar deixando ele tomar as suas decisões, você só fala besteira.
-A gente já tá indo -disse Lee puxando Tenten pelo braço para a sala em que aconteceu o assassinato.
-Shikamaru -cumprimentou Sakura ao encontrar o legista analisando o corpo na sala.
-Oi pessoal -respondeu o rapaz sorrindo.
-Mesmo modo? -indagou Tenten.
-Sim. O assassino não deixa digital nem a arma. Não vou ser muito útil esta noite. A vítima de hoje foi morta do mesmo jeito que a anterior. Torturada, marcada com um corte na testa e depois asfixiada até a morte.
-Obrigada, Shikamaru -disse Tenten ao legista, que deixava a sala.
-Você poderia tentar ser mais gentil de vez em quando, sabe? -disse Lee à Tenten.
-Tá falando comigo? Mas eu sou um doce de pessoa. Falo apenas a verdade, se as pessoas não aguentam ouvir, problema delas, não meu.
-Pra quê tanto rancor? Nunca ouviu o ditado "ame quem passe pelo seu caminho"?
-Amar? Eu passo é por cima mesmo.
-Deu pra notar -disse Neji aparecendo de repente na porta.
-Eu não estava me referindo ao seu caso.
-Sei -disse o garoto saindo.
-Espera -pediu Tenten deixando a sala e seguindo Neji pelo corredor.- Ei, ei, espera -falou sem sucesso.- Ei, tô falando com você -disse segurando Neji pelo braço.- Não me ouviu?
-Ouvi você chamando um tal de "ei" e esse não é meu nome.
-Sinto muito por ter prendido você, mas tem que entender que as provas apontavam apenas para você. Queria que eu tivesse feito o quê?
-Eu não sei, que tal confiado em mim? Ou talvez só ter me dito o que estava acontecendo antes de me algemar e ter me dado uma chance de explicar o mal entendido?
-Eu sei que me precipitei, mas olhe só para os assassinatos. Sem dúvida nenhuma é alguém querendo se vingar da casa principal pelos anos de escravidão da casa secundária. Você se encaixava perfeitamente. E ainda tinha o agravante que eles mataram seu pai.
-Mas eu não faria uma coisa dessas! Se eu tenho raiva? Tenho! Mas nunca mataria por isso.
-Você estava no local do crime e na hora.
-Coincidiu de eu entrar pouco depois do assassino ter saído. Todos os dias eu entro naquela sala naquele mesmo horário.
-Mas você disse no depoimento que depois de avisar seu tio, que ligou para a emergência e não há registros de ligação pra lá daqui antes da morte da vítima. Pareceu que você esperou ela morrer para ligar.
-Não foi assim que aconteceu. Eu fui fazer a ligação enquanto Hiashi foi socorrer o homem caído, mas quando peguei o telefone, estava sem linha. Meu tio estava nervoso, então eu disse que já tinha ligado para ambulância para que ele não pirasse de uma vez.
-Ah... deveria ter me dito isso antes.
-Teria dito, mas você não perguntou -disse Neji se virando para continuar seu caminho.
-Espera -pediu Tenten segurando o garoto pelo braço.
-O quê?
-Tome cuidado.
-Não se preocupe, esse assassino aparentemente só mata pessoas da casa principal, eu não pertenço à esse ramo. Acho que pela primeira vez na história desse clã, alguém se sente feliz por não pertencer ao ramo principal -disse Neji soltando a mão de Tenten de seu braço.
-É normal ele estar magoado, mas isso passa -disse Lee aparecendo atrás de Tenten com Sakura.
-Tomara.
O dia seguinte chegou e Tenten já se encontrava novamente em frente à mansão dos Hyuuga.
-Achei que já tivesse colhido todos os materiais para a investigação -disse Hiashi ao avistar a detetive.
-E colhi.
-E faz o que aqui? -indagou o pai de Hiashi.
-Vim ver o Neji.
-Pra quê? -insistiu o velho.
-Conheço ele faz tempo, vim fazer uma visita.
-Uma visita? Espero que não queria mais do que isso, porque não vai conseguir.
-Olha, eu já consegui dele muita coisa, mas não vou dividir com vocês porque eu não gosto de expor a minha intimidade -disse a garota seguindo em direção ao jardim.- Mas se quer saber, posso lhe dá uma pequena dica: o que nós fizemos, apenas casais casados costumam fazer -disse para o susto do velho.
Tenten caminhou um pouco e encontrou Neji sentado em um banco perto de algumas árvores, observando pássaros voarem.
-Pensando em mim? -perguntou a garota de surpresa a Neji.
-Não passou nem perto -respondeu Neji secamente.
-Tem alguém sentado aí? -perguntou a garota apontando para o banco, tentando criar um clima agradável na conversa.
-Tem, o meu livro, não está vendo?
-Ele não vai morrer se eu sentar no lugar dele -disse Tenten pegando o livro para sentar ao lado de Neji.- Ainda chateado comigo? -perguntou sem obter resposta nenhuma.- Numa escala de de 0 a 10?
-100.
-Nossa. Pensei que pudesse ter esfriado a cabeça durante a noite. Quer assistir um filme na minha casa? -indagou ao garoto, mas Neji apenas continuava a fitar os pássaros na árvore.- Ei -disse segurando o rosto do garoto e virando-o para ela.-, estou falando com você, poderia me olhar nos olhos?
-Vá pro inferno -disse Neji tirando as mãos de Tenten de seu rosto.- Não sei por que estou falando com você. Aliás, não sei por que algum dia eu olhei para você -falou se levantando do banco.
-Me odeia tanto assim? -perguntou Tenten também se levantando do banco e seguindo Neji.
-É, odeio.
-Mas casou comigo.
-Eu devia estar passando por um distúrbio mental -gritou entrando em seu quarto.
-Não vire as costas pra mim desse jeito -exclamou Tenten entrando no quarto do garoto.
-E ela ainda continua aqui -disse Neji pegando uma fatia de bolo que estava numa boleira, em cima de sua mesa.
-"Ela"? Eu tenho nome, sabia? Nome e sobrenome -exclamou Tenten com raiva.
-Tem bolo -disse Neji mostrando a fatia que estava em sua mão para a garota.
-Ah, eu aceito um pedaço, estou faminta -disse se aproximando da boleira.
-Mas não para você -Neji falou tirando o bolo do alcance de Tenten.
-Que coisa feia -disse Tenten com os olhos semicerrados.- Negando comida... Quando você foi ao meu apartamento, não deixei você passar fome.
-É, mas eu não tinha prendido você injustamente. Agora saia que eu vou tomar banho -disse largando a boleira em cima da cama e entrando no banheiro.
-Garoto chato -disse Tenten sentando na cama e tirando um pedaço de bolo da boleira.
Depois de alguns minutos no banho, Neji saiu de toalha e se deparou com Tenten deitada em sua cama ainda comendo o que restava do bolo.
-Ainda está aqui?
-Só saio quando você me desculpar.
-Preciso me vestir, se não sair, eu vou tirar a toalha aqui mesmo.
-Não tenho problemas com isso, ontem mesmo vi você do jeito que veio ao mundo.
-Neji, tem um minuto? -disse Hiashi entrando sem avisar.- Desculpe, não sabia que estava se vestindo. Por que toda vida que vejo os dois juntos, você está só de toalha, Neji? -indagou ao notar a presença de Tenten.
-Coincidências do destino -respondeu o garoto.
-Preciso falar com você um assunto importante, estou esperando no meu escritório -disse saindo do quarto.
-Se importa? -disse Neji à Tenten apontando para a porta.
-Claro -disse Tenten se levantando e saindo do quarto.
Ao sair, a garota se deparou com Sakura e Lee no portão.
-Ei, o que estão fazendo aqui? -indagou Tenten.
-Esquecemos as fotos da cena do crime ontem e viemos pegar -respondeu Lee apontando para o envelope nas mãos.- E você?
-Tentar me desculpar com Neji, mas não está dando muito certo.
-Sobre a ligação -começou Sakura-, naquele dia estava chovendo, então as linhas de telefone ficaram mudas. Não tinha como Neji ter ligado para a ambulância.
-Adoraria ter sabido disso antes.
-Olha ele lá -disse Sakura ao avistar Neji entrar no escritório do tio.
-Ah sim. Hiashi disse que queria mesmo falar com ele -explicou Tenten.
-O que será o assunto? -indagou Sakura
-Não faço nem ideia, eu não me meto na vida dos outros -disse Tenten.
-Não está curiosa? Vamos ouvir um pedacinho da conversa -disse Sakura se dirigindo para a porta do escritório.
-Sakura -chamou Tenten sem sucesso.- Essa garota junto com a Ino... ninguém aguenta de tanta fofoca. Que necessidade de ficar sabendo a vida dos outros!
-Já que ela está lá, vamos ouvir também, não estamos fazendo nada -disse Lee.
Tenten e Lee acompanharam Sakura na missão ouvir o assunto alheio pela porta.
-Não acho isso certo -disse Tenten.
-Silêncio, eles estão falando algo -pediu Sakura.
-Neji -disse a voz de Hiashi-, sei que não é o que manda a tradição de nosso clã, mas desejo que você case com Hinata -falou quando, na mesma hora, a porta se abriu acidentalmente e Tenten, Sakura e Lee caíram para dentro, já que estavam colados na porta.
-Oi, como vai a conversa? -disse Sakura sem graça.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.