O salão não é o mesmo dos últimos anos, o que é novidade para mim. É bem no centro da cidade e bem maior do que da última vez, mas são as mesmas pessoas reclamando sobre os mesmo problemas e eu com meu mesmo sorriso forçado, e Shawn segurando a risada toda vez que eu sorrio. É claro, eu pareço um robô sorrindo e estou me segurando para não sair logo correndo dessa festa.
Meus pais saíram da mesa quase imediatamente para cumprimentar as pessoas e o garçom serviu alguns... o que diabos é isso em cima da mesa? Eu, definitivamente, prefiro a boa e velha pizza do que isso.
— Isso é...? — Shawn pergunta pegando uma das bolinhas estranhas em cima da mesa.
— Canapé? — pergunto. — Ou camarão?
— Acho que os dois?
— Passo. — digo afastando o prato e Shawn ri nasalado.
— Então... — Shawn come a falar. — Você gosta de fotografia?
— Sim, como você sabe?
— Vi você algumas vezes tirando algumas fotos pela escola e ultimamente estou lendo o jornal da escola só pra ver o mundo pelos seus olhos.
— É um hobby, só estou ajudando a Mindy.
— Suas fotos são lindas, você deveria investir nisso. — Shawn diz me fazendo sorrir por pensar nessa possibilidade.
Tenho ouvido isso bastante ultimamente, sobre minhas fotos e sobre o que acham delas. Mindy me mandou um feedback bem interessante sobre as fotos do último jogo e me indicou alguns estúdios em New York. Tenho pensado nisso ultimamente, talvez Stanford não seja para mim, afinal.
— Quem sabe um dia eu não crio coragem. — digo finalmente.
— Quer uma bebida? — Shawn pergunta. — Eu posso buscar alguma coisa.
— Não vou te dar a chance de fugir de mim e se esconder. — digo me levantando e ele da uma risada nasalada. — Não sou tão ingênua, Mendes.
Ando ao lado de Shawn até o bar, onde peço um suco de laranja puro – deixo bem claro a minha idade –, enquanto Shawn pede uma taça de champanhe – e mente sua idade. Ainda no bar bebo o suco imaginando que hora meus pais vão dizer que estamos indo para casa para eu finalmente poder tirar esses saltos que estão me machucando.
— Você não mentiu quando disse que isso era muito chato. — Shawn diz me fazendo rir.
— Acredite, quando começar a valsa você vai se sentir um idoso.
— A gente podia fugir e comer uma comida de verdade, depois voltamos e fingimos que nada aconteceu. — ele sugere, mas não sei se está falando sério ou não.
— Até que você teve uma ótima... — paro de falar quando vejo um par de olhos azuis familiares em uma mesa próxima ao bar.
O fato dele estar aqui não me deixaria brava, afinal, ele não mentiu quando disse que tinha que fazer algo com seu pai. O que me irrita mesmo é quem está sentada ao seu lado, praticamente colada nele e com um sorriso enorme no rosto. E o que me irrita mais ainda é saber que Nash não aceitou vir comigo a essa droga de festa, mas viria com Ayla. Qual o problema com você, Grier?
— Se você encarar mais profundamente ela vai derreter. — Shawn diz ao meu lado e eu o encaro.
— Não acredito que ele está aqui... — digo deixando o copo de suco de lado. — E com ela.
— Talvez você devesse falar com ele. — Shawn sugere. — Ele deve ter uma ótima explicação.
Olho mais uma vez para Nash, mas dessa vez nossos olhos se encontram. Ele estava nos encarando. Não consigo decifrar seu olhar, mas seja lá o que for, ele não tem o direito de reclamar por eu estar aqui com Shawn. Fala sério, com tantas pessoas ele foi trazer logo essa... Ah! Ele poderia ter trago até a Maia que eu não me importaria tanto.
Nash se levanta e Ayla o encara antes de se levantar também. Ela me encara quando me vê e eu tento me controlar para não descer do salto e não ser nada culta. Nash caminha até nós com sua cara nada amigável e Ayla vem atrás como um cachorrinho. Já falei o quanto odeio essa garota?
— Oi, lindinha. — Ayla diz se aproximando e eu me levanto do banco do bar.
— Não fale comigo. — digo e ela não parece se incomodar. — O que você pensa que está fazendo — pergunto encarando Nash.
— O que você está fazendo aqui? — Nash pergunta. — E com ele.
— Oi pra você também, Nash. — Shawn diz.
— Já que meu namorado não quis vir comigo para trazer a sanguessuga de peruca eu tive que vir com meu amigo. — digo e Ayla praticamente rosna.
— Vem. — ele diz segurando meu braço da forma mais delicada possível e me puxando para longe de Shawn.
Penso em puxar meu braço e ser rude, mas eu não vou fazer meus pais passarem vergonha porque a filha deles está com ciúmes. Eles não merecem isso.
Nash me puxa até o banheiro masculino e tranca a porta antes de se aproximar de mim de braços cruzados. Nash Grier, é agora que eu te mato?
— Eu não acredito que você veio com essa garota. — digo. — Você já se esqueceu que ela tentou matar o Cameron? Meu irmão, seu melhor amigo.
— Eu posso explicar, amor ?
— Não me chame assim — digo cruzando os braços também. — Tente se explicar.
— Meu pai pediu que eu viesse com ele, na verdade, ele ordenou, não me deu escolha nenhuma e eu precisava de um par.
— E você não pensou em me chamar? — pergunto um pouco alto demais. — Você sabe que eu venho todo ano nessa festa idiota.
— Na verdade, eu não sabia. — ele suspira. — É a primeira vez que venho, meu pai está mais empolgado do que nunca agora que está acabando meu último ano. Mas o importante é que ele não me deixou chamar alguém. Ele simplesmente chegou na minha casa e disse que eu tinha que ir com ele, que esse ano ele participaria da festa em Los Angeles e que ele conhecia uma pessoa, filha de um empresário e que ela tinha que me acompanhar, que seria bom pros negócios dele.
— Olha só que coincidência, era a garota mais insuportável do mundo.
— Eu não trouxe ela por livre e espontânea vontade. — ele diz passando aos mãos por meus ombros. — Diferente de você, que trouxe o Mendes.
— Shawn é meu amigo, eu não sei por quê você implica com ele assim. — digo. — Como eu disse antes, Shawn não tem segundas intenções, diferente da lambisgoia lá fora.
— Eu não gosto do jeito que ele olha pra você, eu sei que você é a mulher mais linda do mundo, mas ele tem que entender que você é minha. — ele diz me puxando para perto. — Não se preocupe com a Ayla, eu só tenho olhos pra você.
— Ainda assim não gosto dela. — resmungo e ele ri nasalado.
Nash coloca uma mecha do meu cabelo atrás da minha orelha antes de colar nossos lábios de maneira calma. Sua mão se apoia em minha cintura puxando meu corpo ainda mais, e eu passo meus braços por seu pescoço o abraçando entre o beijo. Isso é viciante, eu me sinto viciada.
Viciada em Nash Grier.
— Eu gosto de você. — digo quando Nash separa nossos lábios devida a falta de ar. — Eu gosto muito de você.
— Eu sou completamente apaixonado por você. — ele diz me fazendo sorrir.
— Nash, eu tenho um pressentimento ruim sobre ela. — digo me referindo a Ayla, me afasto um pouco, mas ele ainda permanece segurando minha cintura. — Ela quase matou o Cameron, o que mais ela é capaz de fazer? Eu não confio nem um pouco nela.
— Eu sei. — ele diz. — É a última vez que vamos ter contato com ela, prometo.
— Infelizmente, não hoje. — digo. — Não quero causar problemas com seu pai, então vamos ficar assim até o fim da festa.
— Infelizmente. — ele resmunga e andamos para fora do banheiro.
Shawn está no mesmo lugar, assim como Ayla. A morena está nos escutando com um olhar que não sei decifrar, mas sei que ela me odeia muito e nem tem motivos. Seus olhos descem para nossas mãos dadas e ela revira os olhos. Caminhamos devagar até eles e Nash me solta para que ele possa voltar para sua mesa e Shawn e eu para a nossa.
— Estou de olho. — Nash diz olhando para Shawn.
— Eu também. — digo e dou um sorriso para Ayla que revira os olhos.
— Valsa! —Ayla diz animada. — Vem, vamos dançar. — ela puxa Nash que não tem tempo de dizer não.
Bufo sem paciência para aturar isso.
— Tudo bem lá dentro? — Shawn pergunta assim que Nash e Ayla se afastam e começam a dançar no meio da pista.
— Sim. — sorrio.
— Vem, vamos dançar também.
Shawn não me dá tempo de dizer não ou arrumar qualquer desculpa, sinto-o me puxar para o meio da pista e ele agarra minha cintura colando nossos corpos. Encosto minha cabeça em seu peito enquanto acompanhamos o ritmo lento da música. Nessa posição consigo ver Nash nos encarando, ele dá um meio sorriso e eu não consigo evitar sorrir também.
Não acredito que estou completamente apaixonada por esse idiota.
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