Manhattan, New York
New York nunca esteve tão fria em novembro quanto está sendo este ano. Não me lembro de alguma vez que tenham comentado sobre cair neve em pleno início de novembro ou sobre como as coisas esfriaram tão repentinamente. Ontem, pela tarde, estive com Kate no Central Park e o termômetro não media menos que 15°C, tenho absoluta certa. De qualquer forma não devo reclamar dessa mudança tão repentina de temperatura, eu simplesmente estou amando essa neve tão antecipada.
— Eu não consigo entender como pode estar nevando hoje. — digo olhando pela a grande janela do estúdio, os flocos estão caindo devagar deixando as árvores com um toque natalino, mesmo que esteja um pouco longe do natal. O chão está levemente coberto por um tom branco. — É só deixar nevar um pouco mais e vamos ter fotos lindas.
— É um presságio de algo ruim. — Kate diz ainda encarando seu tablet em cima da mesa.
— Como algo tão maravilhoso poderia ser o presságio de algo ruim?
— A neve é linda, mas é fria. — ela dá de ombros. — Eu não faço ideia do que eu estou falando.
— Muito menos eu. — dou uma risada nasalada antes de me sentar na mesa e voltar minha atenção para o notebook a minha frente.
Nunca esteve em meus planos me mudar para Manhattan. Morei a vida toda em uma cidade quente e Manhattan não me lembra nada Los Angeles. Na verdade, me tornar uma fotógrafa e trabalhar em uma revista também não era minha idéia quando me formei, mas muitas vezes nos surpreendemos com nossas próprias decisões.
Pensei em muitas outras coisas que poderia fazer, mas no fim a fotografia sempre acabava me encontrando e eu sempre fui muito apaixonada por isso. Foi muito difícil me adaptar no início, principalmente porque eu estava sozinha em uma cidade enorme em que eu não conhecia absolutamente ninguém, mas quando comecei a trabalhar na NKD, ganhei não apenas uma assistente, mas também uma amiga. Kate é completamente o oposto de mim, gosta de festas e bebidas e talvez seja por isso que se deu tão bem com Lizzie, que também veio morar com a gente alguns meses depois.
Meu pequeno trabalho extracurricular durante o ensino médio como fotógrafa do jornal da escola foi apenas um dos impulsos que eu precisava, depois de me formar eu comecei o curso de fotografia e quando estava quase no fim recebi um e-mail de Mindy me dizendo que sua mãe havia adorado minhas fotos e que haviam me indicado para uma revista em New York. Foi assim que me mudei para uma cidade muito longe de casa sem saber se conseguiria ou não a vaga.
— Obrigada, Deus! — Kate quase grita e eu a encaro assustada dispersando meus pensamentos. — Meu irmão tem uma festa pra gente ir esse final de semana.
— Não posso, tenho que terminar o roteiro do ensaio de natal pra reunião de segunda. — digo voltando a atenção para o meu notebook.
— É depois do jogo da universidade em que ele estuda. — Kate diz me ignorando completamente. — Nós vamos.
— Katherine... — suspiro e levanto o olhar para encara-la.
— Brooke... — ela sorri abertamente e eu reviro os olhos.
— Tudo bem, mas só vou ficar alguns minutos.
— Perfeito! — ela bate palminhas animada. — Vamos ao jogo do Grant e depois a festa.
— E você ainda vai me obrigar a ir ao jogo? — faço um pouco de drama e ela começa a rir. — Tudo bem, mas só se você me ajudar a acabar com esse roteiro.
Depois de quase terminarmos o roteiro para segunda feira, Kate e eu terminamos mais algumas tarefas antes de voltar. Eram três da tarde quando entramos em seu carro e ela dirigiu em direção a universidade de Grant. Isso me faz lembrar que tenho que buscar meu carro em Los Angeles. Quando vim para Manhattan há seis meses eu não sabia o que esperar, Mindy não me garantiu que daria certo a vaga de fotógrafa, afinal, eu não era tão qualificada, mas decidi me abrir a possibilidades e entrei de cabeça nisso. Mesmo assim não trouxe meu carro, mas agora as coisas parecem estar indo bem então preciso dele, não posso continuar pegando carona com Kate pra tudo.
Quando chegamos ficamos esperando o irmão de Kate sentadas em uma lanchonete de frente, enquanto estamos sentadas aguardando nossos pedidos chegarem presto atenção do outro lado da rua, onde há uma garota loira e sinto a sensação de já a conhecer. Ela não se vira, aparentemente está mexendo no celular e em questões de segundos ela começa a andar na direção oposta. Talvez eu esteja ficando louca, mas eu posso jurar que conheço essa garota.
— Terra chamando Brooke. — Grant diz chamando minha atenção e me assustando um pouco.
— Oi?
— Eu disse que sua torta vai esfriar. — ele aponta para a mesa e só então percebo que há um prato com uma torta e um copo com suco bem na minha frente. — O que tinha de tão interessante ali?
— Nada, só achei que conhecia uma pessoa. — sorrio e pego o garfo ao lado do prato para começar a comer.
— Talvez você conheça, com todos esses alunos novos chegando... — ele diz antes de morder seu hambúrguer que Kate pediu antes que ele chegasse.
— Como ela te convenceu a ir? — Grant pergunta de boca cheia e Kate da um tapa em seu ombro.
— Eu sou bem persuasiva, irmãozinho. — Kate pisca e depois olha por cima do meu ombro se levantando logo em seguida. — Ei, Shawn, Taylor!
— Merda. — digo mexendo no cabelo.
— Brooke xingando, isso é novidade. — Grant ri do meu desespero.
— O que? — Kate pergunta se sentando novamente.
— Me esqueci completamente que marquei uma coisa com o Shawn hoje. — digo rápido demais.
— Você marcou um encontro com Shawn Mendes? — Kate sorri maliciosa e eu reviro os olhos.
— Não é um encontro, nós somos só amigos. — digo baixo.
— Comendo sem a gente? — Taylor pergunta ao se aproximarem e se sentarem na mesa.
— Oi meninos. — digo e em seguida coloco mais uma garfada de torta na boca. Grant por outro lado já está na última mordida de seu hambúrguer.
— Temos uma festa hoje. — Kate diz animada.
— Eu não... — Shawn começa a falar, mas Kate o interrompe.
— Sem desculpas, todos nós vamos. — ela diz. — Shawn, sabemos que você e a Brooke são os mais anti sociais do grupo, por isso virou uma questão pessoal eu conseguir levar vocês dois. E você não conseguiria lidar com o quão insuportável eu posso ser.
— Ela é muito insuportável. — Grant diz.
— Tudo bem, Brooke pode me fazer companhia enquanto fugimos da festa depois de alguns minutos. — ele diz me fazendo rir.
— Eu tenho a impressão que vou me arrepender. — digo sentindo um arrepio.
Minha intuição está me dizendo para eu ficar em casa hoje, mas Kate é muito insistente e não quero ouvir ela reclamar sobre isso durante um mês. Então começo a me preparar psicologicamente para a festa.
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