“Depois das duas da manhã, apenas vá dormir. As decisões tomadas depois desse horário são decisões erradas.” — Ted Mosby
Minha cabeça dói tanto quanto meu corpo. O gosto na minha boca é o pior gosto existente e sinto como se eu tivesse caído de um prédio de vinte andares. Mal consigo me mexer na cama sem gemer de dor e não demora para que eu saiba qual o motivo de tanta dor e mal estar. Há uma cabeça pesada em minha barriga e outra cabeça pesada deitada em meu peito me deixando com falta de ar.
Forço minha mente para tentar me lembrar o que aconteceu na noite passada e tudo parece um borrão para mim. Tento empurrar os corpos abraçados a mim para o lado para eu conseguir me levantar e não consigo. Ao invés de conseguir me levantar eu volto a me deitar devida a dor de cabeça e o enjoo que estou. Mas antes disso consigo ver que estou apenas com uma camiseta masculina, os dois deitados na cama comigo estão sem camisa.
Brooke, o que foi que você fez?
Doze horas antes
Ver aquela cena me deixou enojada. Não era difícil imaginar que Nash faria isso, afinal eu não acreditei nele quando ele disse que os dois não estavam juntos. É claro que ele tem todo o direito de fazer isso, é um homem solteiro, mas por que ele tentou se reaproximar de mim pra fazer isso. E com ela.
O que você esperava Brooke? Nash claramente só se importa com ele mesmo e quer se vingar de mim. Talvez o amor que ele dizia sentir virou ódio depois do término e ele quer me ver sofrer mais um pouco. Mas era tão óbvio que isso aconteceria que as vezes eu mesma me impressiono em como eu sou burra.
— Eu vou chamar a Lizzie. — Maia diz e eu desperto de meus pensamentos.
— Não.
— Claro que sim. Você está a dez minutos chorando e não diz uma palavra. — ela se aproxima da cama em que estou sentada e se abaixa para ficar mais perto e olhar meu rosto. — Eu vou arrancar os olhos daquela vaca.
— Eu odeio ele. — digo voltando a chorar. — Eu quero ir pra casa agora.
— Não dá pra te colocar em um avião agora, Brooke.
— Então eu vou pra um hotel.
— Não tem nenhum hotel com vagas. É ano novo. — por mais que eu queira sumir daqui eu sei que isso é verdade.
— Maia... — resmungo limpando as lagrimas. — Eu preciso ocupar minha cabeça com outra coisa.
— Tipo...?
— Grant.
— O que?
Me levanto da cama e saio do quarto deixando Maia para trás provavelmente sem entender o que eu quis dizer. Desço as escadas pulando os degraus e ando rápido até o lado de fora tentando encontra o rosto familiar de Grant. Não demora para que eu o encontre com Matt conversando perto da piscina.
— Onde você estav...? — Grant não termina sua pergunta já que eu tomo seu copo de sua mão e bebo o líquido que tem dentro. O gosto é horrível e eu faço careta quando engulo, não consigo evitar engasgar devido ao gosto forte.
— Você acabou de perder a aposta. — Matt diz.
— Foda-se a aposta, eu preciso de mais. — digo entregando o copo a Grant ainda fazendo careta.
— Vamos começar com algo um pouco mais fraco. — Grant diz.
— Tem que ser forte, Grant. — digo.
— Você está bem, Brookzinha? — Matt pergunta se aproximando.
— Estou ótima.
— Não parece. — Grant puxa meu rosto me fazendo olhar pra ele. — Você definitivamente não está.
— Foi você quem disse que eu preciso me divertir e beber e sei lá mais o que. — digo me afastando. — Quer saber, esquece. Eu consigo sozinha.
Dou as costas para os dois e caminho de volta para dentro indo para a cozinha para procurar algo para beber e ficar completamente louca em alguns minutos.
Eu posso estar sendo completamente irresponsável e muito idiota por estar fazendo isso apenas porque estou com raiva. E eu sei que isso não vai dar certo e eu vou passar muito mal amanhã e que essa não sou eu, mas no momento a única coisa que me importa é conseguir parar de pensar no Nash e naquele projeto de gente.
Pego uma garrafa de whisky que está em cima da bancada e bebo direto do gargalo, mas engasgo em seguida com o gosto forte. Como as pessoas bebem isso? É nojento. Tenta de novo, Brooke. Pego a garrafa mais uma vez e bebo novamente, mas dessa vez mais devagar. Continua nojento.
A bebida mal pousa em meu estômago e eu já sinto a queimação e o enjôo, eu sei que amanhã eu vou estar muito mal, então é melhor que eu beba tudo que eu puder hoje pra assim não me arrepender por pouca coisa.
Deixo a garrafa de lado e abro a geladeira procurando algo que não tenha um gosto terrivelmente horrível como isso que acabei de tomar, mas só encontro um monte de cerveja e outras coisas coloridas. Decido então voltar para a vodca e só sair da cozinha quando eu tiver terminado completamente a garrafa e estiver a beira de cair de bêbada.
E isso não demora a acontecer.
Não sei quanto eu tomei, mas não parece muito, a garrafa ainda está cheia, mas minha cabeça está rodando. Me escoro no balcão para tentar sair da cozinha, mas me desequilibro e começo a rir de mim mesma, mas me recomponho ao ouvir uma voz feminina.
— O que aconteceu? — olho pra frente e vejo Lizzie. — Grant me disse que você não estava bem.
— Estou me divertindo. — digo passando por ela e a deixando na cozinha.
Penso em ir para o quarto vomitar e chorar, mas a música do lado de fora me chama mais atenção. Ao sair pela porta dos fundos sinto a brisa suave da madrugada fazer meus pelos do braço se arrepiarem, mas por mais estranho que pareça, eu me sinto muito bem.
Nem parece que eu estava chorando por um idiota a algum tempo atrás.
— O que aconteceu com você? — uma voz conhecida pergunta ao meu lado e eu viro meu rosto encontrando Nash com um copo de bebida na mão. Ele não parece bêbado, mas está estranho e eu devo estar muito bêbada.
— Vai embora. — digo um pouco grogue.
— Você está bêbada, Brooke? — ele pergunta me puxando e me fazendo ficar de frente pra ele.
— E daí? — pergunto puxando meu braço. — Estamos em uma festa, né? Podemos beber e beijar quem quisermos. — alfineto.
— Você vai ir pro seu quarto e...
— Você não vai me dizer o que fazer. — digo firme. — Você não é meu namorado. Por que não vai beijar a sua namorada enquanto eu acho alguém pra eu beijar?
Droga, Brooke, isso parece ciúmes. Por que não consigo parar de falar besteira?
— Do que você... — ele para a frase no meio. — Você viu?
— Eu ainda não estava bêbada, então sim, eu vi vocês dois. — digo bebendo mais um gole da garrafa.
— Não era o que parece.
— Me poupe. — digo rindo. — Você é tão idiota... idiota. — minha voz começa a ficar baixa e eu sinto que estou ficando cada vez mais bêbada. — Vocês dois... vocês dois se merecem.
— Me deixa explicar.
— Por que você continua partindo meu coração? — pergunto mas tapo sua boca com minha mão para não ouvir sua resposta. — Não quero ouvir.
Empurro a garrafa de vodca no meu perto e não me preocupo em checar se ele segurou ou não antes de lhe dar as costas e sair dali tentando fugir dele e de seus olhos azuis que eu gosto tanto de observar. “Cool For The Summer” começar a tocar em volume exageradamente alto e eu simplesmente amo essa música.
O álcool em meu organismo me faz ficar animada e patética ao mesmo tempo, por isso me imagino voltando e beijando Nash até eu me cansar, mas ao invés de fazer isso eu foco na música e começo a dançar ao invés de fazer alguma besteira.
Apesar de tudo parecer estar rodando e eu estar rindo por nenhum motivo, eu consigo dançar sem cair no chão. Tento esquecer de Nash e de todos os problemas que ele vem me trazendo desde que eu comecei a falar com ele no ensino médio. Eu nunca deveria ter feito aquela brincadeira estúpida, pelo menos assim ele não teria motivos para chegar perto de mim e nunca teríamos nos apaixonado. E ele nunca teria me machucado tantas vezes.
Sou despertada dos meus pensamentos quando sinto duas mãos grandes me puxando para trás e me virando de frente para ele. Grant está sorrindo e dançando desengonçadamente comigo. Bom, pelo menos não vou passar vergonha sozinha. O moreno está mais bêbado do que antes e não parece perceber que eu estou pior que ele, mas eu também não estou ligando com isso.
Quando olho para o lado vejo que Nash está ao lado da morena que eu tanto detesto, sinto meu estômago embrulhar ao lembrar do que eles acabaram de fazer. Nash parece estar discutindo ou algo do tipo e ela está segurando seu braço como se não quisesse que ele saísse. Então em questão de segundos ele está olhando para mim e eu posso estar sendo uma pessoa muito infantil, mas eu quero que ele sinta o que eu senti tantas vezes e eu vou colocar a culpa de tudo isso no álcool.
Passo meu braço pelo pescoço de Grant o puxando para mais perto e dançamos juntos quando a música “Friends” de Marshmello começa a tocar. Grant me puxa para mais perto e aperta minha bunda me fazendo rir. E eu não faço ideia do porquê estou rindo. Olho mais uma vez para Nash e ele está parado nos encarando.
Parece que alguém não está gostando do que está bendo.
Em um impulso de uma bêbada puxo o rosto de Grant e colo nossos lábios, sua língua invade minha boca no segundos seguinte me deixando um pouco surpresa por sua reação. Eu esperava que ele me empurrasse ou algo do tipo, mas imagino que estamos bêbados demais pra isso.
Grant puxa meu cabelo e eu mordo seu lábio sentindo o gosto da bebida que ele bebeu agora a pouco. Nos afastamos quando o ar se faz necessário e ele está sorrindo. Quando o refrão da música chega sinto meu corpo encostar em algo, imagino que seja a parede, mas na verdade é só Matt. Descanso minhas costas em seu peito e puxo Grant pra perto me mexendo no ritmo da música. Viro meu rosto para trás e puxo Matt de forma apressada, beijando seus lábios rapidamente. Grant aproxima seu rosto do meu pescoço onde deixa uma série de mordiscadas leves.
O que eu estou fazendo?
Essa não sou eu.
Mas não consigo parar.
E eu não quero parar.
Eu sei. Isso é errado. Eu não estou sendo melhor que o Nash ao estar me agarrando com seu amigo no meio da festa, mas eu estou bêbada demais e magoada demais para me preocupar com o que é certo e com o que é errado no momento. Eu só quero não me preocupar com nada e é isso que vou fazer.
Quando abro os olhos novamente vejo que estávamos do lado de dentro, eu não estou entendendo muito bem a situação, não consigo ouvir ou falar nada. Tudo parece flashs e borrões. A última coisa que me lembro é da cama macia nas minhas costas e algumas vozes.
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