Capítulo 4
Alicia não soube o que fazer, seu coração implorava para seguir em frente e beijá-lo, mas sua consciência dizia que não era o certo pois logo depois que tudo isso acabar, eles nunca mais se veriam e ela não é uma mulher que fica com as pessoas só por ficar.
Se virou olhando-o nos olhos, porém logo desviou por causa da profundidade e emoções que seus olhos castanhos passavam.
- Vou ficar com insônia. - Diz se afastando rapidamente se dirigindo para o quarto, deixando Michel parado sem conseguir fazer nada pois não estava acreditando que foi negado! Agora é questão de honra tê-la!
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Michel não conseguiu dormir. Ficou pensando em uma tal loira de olhos claros mais lindos que já havia visto. Ela não se comparava com nenhuma outra mulher que havia visto na vida. E não apenas pela beleza, mas sim por seu coração grande e por sua delicadeza. Realmente é uma pessoa maravilhosa, mas que para ele não pode ter, pois sua vida é mais complicada do que disse a ela. Se contasse todos os detalhes de sua vida, sabe muito bem que ela nunca olharia para ele da mesma maneira: com compreensão e delicadeza.
Foi dormir quando o céu já estava claro e acordou depois de duas horas. Queria fazer uma surpresa para Alicia e fazê-la esquecer do dia anterior, queria a amizade dela acima dele, além de seu corpo perfeito.
Foi para a cozinha depois de tomar um banho rápido e se arrumar com apenas uma calça de moletom, estava calor em Everglades e por tal motivo nem colocou uma camisa. Começou a fazer o café da manhã para se desculpar com Alicia, mesmo achando que não tinha nada para se desculpar, mas sabia que mulher sempre espera o melhor do homem e achava mesmo que essa atitude é a melhor depois da noite de antes.
Fez café, suco de laranja natural, omeletes, bacon, torradas, colocou condimentos de todos os tipos, além dos vários tipos de seriais que havia comprado.
Depois de uns 10 minutos quando já estava pronta, Alicia chega na cozinha coçando um dos olhos e se assusta ao ver a mesa posta, não conseguindo segurar o sorriso largo.
- Bom dia, rainha do sol! - diz sorrindo abertamente olhando diretamente em seus incríveis olhos azuis. Ela o olha envergonha.
- Bom dia, Michel. Nossa! Estamos comemorando algo?
- Apenas comemorando seu perdão. - Ela o olha sem entender. Logo ele se trata de explicar. - Por ontem. Não queria que você se sentisse desconfortavel comigo, confesso que desejo você. Como não né? Você é linda, seus olhos parecem o oceano do Caribe e seus cabelos sãos raios de sol. - Diz tudo isso a olhando fixamente e quando fala de seus cabelos, toca-os, querendo tocar muito mais, e de preferência seus lábios. - Mas me desculpe. Percebi que você não quer nada e vou te respeitar, porém saiba que estarei aqui para ser seu amigo e se você quiser algo a mais, estou aqui também. Afinal... será semanas ou até meses de convivência. - Respira fundo depois de falar tudo o que estava sentindo. Alicia o olha fixamente com a boca entreaberta, Michel se sente tentado em beijá-la, mas sabe que se fizer isso, ela achará rápido demais e talvez nem sua amiga queira ser.
Depois de quase um minuto se olhando fixamente, que pareceu horas, Alicia fala algo. - Como sabe que meus olhos são a cor do oceano de Caribe? - diz seriamente o que faz Michel rir, o que faz ela se derreter por sua risada grossa e seu sorriso maravilhoso.
[- Como sabe que meus olhos são a cor do oceano de Caribe? - diz seriamente o que faz Michel rir, o que faz ela se derreter por sua risada grossa e seu sorriso maravilhoso]
- Sim, fui à trabalho. E devo dizer que seus olhos têm mesmo a cor do oceano. Alicia sorri abertamente. - Então, me desculpe?
- Claro, como você disse, teremos que passar muito tempo juntos e ficar em um clima de tensão não é bom. E eu também quero ser sua amiga, não quero morar com um estranho. Por isso que devemos conversar mais, estamos aqui há mais de uma semana e não conversamos sobre a nossa vida, que tal aproveitar esse lindo café da manhã para fazer isso? Mas sabe o que eu acho? - diz tranquilamente.
- Não, me diz.
- Que devemos comer no quintal!
- Uma boa ideia, nem sei porque não pensei nisso antes. - Diz com um sorriso discreto, meio envergonhado.
- Bobagem, vamos lá! E hoje você irá comigo no orfanato?
- Com certeza! Quero ver aquelas crianças maravilhosas.
Ela sorri lindamente um pouco envergonhada e não falando mais nada, começa a pegar as coisas para colocar na mesa do quintal de trás da cabana, Michel a ajuda. Logo os dois sentam para comer. Um silêncio meio tenso para no ar, mas ele decide quebrar depois de uns minutos percebendo que ela não ia começar uma conversa.
- Então, o que você quer saber da minha vida? Vamos nos conhecer melhor! - diz seriamente.
- Ótimo! Vamos falar primeiro de profissão. Da aula do que e onde se formou? - sorri docemente.
- Me formei em Columbia University, em Nova York. Sou formado na Escola de Artes e fiz a pós-graduação lá também em Artes e Ciências. Dou aula de artes no Ensino Médio em uma escola particular em New York.
- Nossa! Posso te fazer uma pergunta? - Michel apenas concorda. - Por que você não da aula em faculdade? Você tem pós-graduação e da aula em escola de Ensino Médio?
- Tem dois motivos: o primeiro é que eu amo dar aula no Ensino Médio e o segundo é que tenho que ter doutorado para dar aula na Universidade, pelo menos a que eu quero. Ano que vem eu vou começar meu doutorado e poderei trabalhar onde me formei. Na verdade sempre quis dar aula em Universidade, mas para isso preciso trabalhar para conseguir pagar o doutorado. - Diz a olhando com um sorriso de lado. - Infelizmente não nasci rico.
- Mas essa universidade é a melhor de New York!
- Sim, mas consegui uma bolsa para me graduar lá, só o mestrado que paguei e confesso que foi difícil! Tive que trabalhar muito enquanto me graduava, mas deu tudo certo. Ainda consegui passar como o primeiro da turma, mesmo trabalhando 8 horas por dia. - Diz sorrindo envergonhado. - Mas e você?
- Me formei em Artes Cênicas na Julliard. Foi muito difícil para mim pagar também, mas como você, consegui bolsa e também desde os 15 anos trabalho na TV, mas com papeis bem pequenos. Mas nunca é tarde para conseguir alcançar seu sonho, agora que consegui o que queria: ser uma atriz renomada. E tenho 23 anos. Nunca é tarde para conseguir o que tanto quer. E falando em idade, quantos anos você tem?
- Eu tenho 28 e estou impressionado com sua idade, você parece muito madura para sua idade. E não, isso não é ruim! - diz sorrindo quando vê a cara de pensativa dela. - E parabéns pelo seu sucesso, soube que foi indicada para o Oscar. Vi muitos filmes com você, é uma ótima atriz.
- Muito obrigada! Tenho certeza que você é um ótimo professor também. - Fala sorrindo abertamente pelo elogio vindo de um homem tão bonito.
- Isso já é com meus alunos. - Diz rindo fazendo-a rir também. - Mas e sua família? - Percebendo que Alicia ficou triste com essa pergunta, Michel tenta concertar. - Se não quiser falar, tudo bem.
- Não. Tudo bem. Eu sou órfã, meus pais me deixaram na porta de um orfanato no Brooklyn quando eu tinha um ano de idade, não lembro nada e nunca consegui ser adotada. Fiquei no orfanato até completar 18 anos, estudei em escola pública, mas graças à Deus consegui uma bolsa na Julliard e fui morar sozinha. No começo foi difícil porque não tinha dinheiro para me sustentar, mas a diretora do orfanato sempre dava uma mesada para todos os órfãs que completavam a maioridade. Agradeço a Sr. Smith sempre, graças à ela consegui alcançar meu sonho de ser atriz. Logo depois de uns meses consegui um emprego e consegui me sustentar sem a sua ajuda pois sabia que muitas outras crianças precisava do dinheiro. Por isso que quando viajo para outros lugares, sempre vou à orfanatos. A metade do que eu ganho eu doo para orfanatos, mas principalmente para o qual cresci. Apesar de tudo, fui criada com muito amor. - Diz com os olhos marejados , Michel limpa seu rosto quando uma lágrima cai de seus lindos olhos.
[- Diz com os olhos marejados , Michel limpa seu rosto quando uma lágrima cai de seus lindos olhos]
- Nossa, meus pêsames, Alicia. Sei um pouco o que é não ter pais porque meus pais sempre me ignoraram a vida toda, eles são importantes empresários que nunca tiveram tempo para dar atenção à seu filho mais novo. Inclusive eles me deserdaram, por isso eu não tinha como pagar a faculdade.
- Meu Deus, Michel! Quantos anos você tinha?
- 15 anos. Ia para um orfanato, mas eu fugi e morei por um ano na rua, mas estudava, só de noite que não tinha onde dormir. Mas quando fiz 16 anos comecei a trabalhar e consegui um lugar para eu morar. Desde os 15 anos eu não falo com meus pais e com nenhum irmão.
Ela esta com os olhos marejados novamente. - Nossa, eu não sei como você conseguiu. Deve ter sido muito difícil passar tantos anos sozinhos, pelo menos no orfanato eu tinha pessoas que me amavam e que ainda mantenho contato. Mas por que você foi deserdado?
- Além de eu não querer namorar uma garota que eles escolheram pois era filha de um importante cliente, eu namorava uma menina com condição social mais baixa que a nossa.
Alicia olhou-o boquiaberta e colocou as mãos na boca.
- Me desculpe falar, mas seus pais são pessoas péssimas!
- Eu sei, mas não me importo mais com eles e nem com meu irmão mais velho e minha irmã. Para mim, eu sou órfã também, só nunca tive ajuda de ninguém. - Diz cabisbaixo. Alicia levanta segurando a mão de Michel para ele levantar também e o abraça fortemente, querendo fazer ele entender que estaria ao seu lado em tudo.
- Saiba que estou com você, Michel. Quero muito ser sua amiga.
- Eu também, Alicia, eu também. - Diz a abraçando fortemente também sorrindo abertamente.
Ele realmente esperava que essa amizade pudesse se tornar algo a mais.
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