Quarta e quinta feira estavam sendo normais para a maioria dos alunos, mas uma certa pessoinha possuía a cabeça completamente perturbada por uma única pessoa. Wendy havia se concentrado demais naqueles treinos, mas nem mesmo seus testes bimestrais ou o sermão de seu pai lhe importava. Tudo o que a canadense mais esperava era poder receber um singelo "sim" da mulher que tem roubado seus mais variados pensamentos.
Ela só queria receber um "tudo bem, Wendy, eu aceito sair com você." por parte da própria Sooyoung. Seria tão difícil isso acontecer? Bom, a Son se perguntava toda noite desde que a conheceu.
Quando a sexta-feira chegou, uma estranha motivação passou por ela. A canadense possuía pensamentos convictos de que ainda faria a treinadora Park notá-la com outros olhos. Bom, tudo bem, ela também ouviu sobre seus motivos, sobre sua vida formada, no entanto, aquilo não lhe era o suficiente, Wendy gostava de crer que, no fim das contas, Joy iria notar de que não seria uma má ideia tentar.
Foi por isso que ela pulou da cama e correu para o banheiro e ficou por lá durante quase vinte minutos. Para sua sorte, nem mesmo Seulgi havia acordado ainda, afinal, olhando em seu relógio, não passavam das seis e vinte. Ela iria se praguejar uma outra por ter pulado da cama tão cedo, porque agora tudo o que a Son queria era calcular como esse último dia da semana poderia acontecer, isto é, mais uma de suas tentativas.
Insistente? Eu diria que sim. Desistente? Isso eu diria que nunca. Son Seungwan até desistiu de outras coisas facilmente, mas de Park Sooyoung ela não irá desistir.
Seguindo para o depois, Wendy deixou o quarto antes das outras garotas estarem prontas. Ela não se importou com o fato do céu estar meio cinza por conta do nascer lento do Sol. Na verdade, aquilo impulsionou seus pensamentos sobre o que irá acontecer mais tarde. O silêncio dos corredores, a pequena brisa tranquila, o leve cheiro de orvalho vindo do jardim, tudo isso ajudou com que a mente da canadense se mantivesse mais confiante.
Ela passou a caminhar em direção à lanchonete, mas antes quis passar no banheiro para checar sua aparência. Simplesmente, algo aleatório, que fazia de vez em quando. No entanto, ao chegar no determinado se deparou com uma cena um pouco que, digamos, curiosa.
Deixe-me resumir a cena: Irene estava tendo uma conversa "amigável" com Yeri. Isso foi novo para Wendy. Até porque, como bem sabe, Irene nunca se deu bem com a garota do segundo ano por motivos conhecidos por muita gente, inclusive ela. Mas daquela vez tudo parecia diferente.
Então, vamos voltar alguns segundos para entendermos como essa cena aconteceu de fato.
Naquela manhã, Irene havia pulado da cama cedo também. Sua mente se mantinha ocupada por uma só coisa: o sábado. O que aconteceria no sábado? Sim, o almoço com Seulgi e sua mãe, que também é a sogra da Bae.
Ela sentia um certo receio pelo fato de ser a primeira vez em que ela encontra a mãe da namorada, receio de sua personalidade não agradá-la, receio de fazer algo que a mulher mais velha não goste. Várias coisas estavam envolvidas...
Irene só precisava de um pouco mais de confiança. Ora, parece até ironia dizer isso, quando estamos falando de Bae Joohyun, a garota que possui um ego do tamanho da beleza. E quanta beleza! Mas agora era diferente simplesmente pelo fato de ser Seulgi, uma pessoa por quem ela, cada vez mais, está nutrindo grandes sentimentos verdadeiros. Por isso, ela gostaria de fazer tudo acontecer perfeitamente!
Assim que saiu de seu quarto, caminhou diretamente até o banheiro, onde se encarou no espelho por longos minutos. Depois ela simplesmente começou a falar sozinha, discutindo com seu próprio reflexo, como se este lhe fosse responder. De longe, quem notasse, pensaria que a Bae está louca. Mas, na verdade, ela só está ansiosa, muito ansiosa mesmo!
— Uh... olá? Eu sou Bae Joohyun, mas todo mundo me chama por Irene. — sorriu, tentando demonstrar gentileza. — Por que Irene? Oh, situação engraçada: meu pai me disse que eu me parecia com uma modelo muito linda, que também se chama Irene. Então ele começou a me chamar assim desde os meus nove ou dez anos. — acrescentou um pequeno riso. — Céus, o que isso tem de engraçado, Irene? Você é patética! — bateu em sua própria testa.
A loira gostaria de exalar seu carisma, como Seulgi fez no momento em que chamou seu pai de "sogrão". Apesar de que sua tomboy também havia ficado um tanto com medo quando conheceu Jungsok, mas a diferença é que na época elas não eram namoradas. Foi um cena bastante cômica!
— Ok, vamos tentar outra vez. — respirou profundamente e ajeitou sua postura. — Olá, muito prazer em te conhecer, meu nome é Bae Joohyun, mas você pode me chamar de Irene. — estendeu a mão para seu próprio reflexo, encenando um cumprimento. — Eu provavelmente sou a namorada mais linda que sua filha teve, então... — de repente parou para analisar suas palavras. — O que? Você quer que sua sogra pense que você é a porra de uma narcisista, Irene? Ugh!
Ela bufou alto e se debruçou sobre a pia daquele banheiro, deixando com que a frustração lhe tomasse conta. Em sua cabeça, Irene só conseguia pensar naquele bendito almoço que teria com a mãe da Seulgi e no quanto ela temia estragar tudo. Não era para estar se sentindo assim, mas Bae Joohyun estava estranha, nervosa, ela não estava sendo ela mesma.
— O que eu faço? — perguntou para si mesma, esperando um sinal de Deus para iluminar sua cabeça.
Então, Deus lhe enviou um sinal, literalmente.
— Irene? — num ímpeto, a loira virou seu rosto para o lado, dando de cara com uma pessoa bastante conhecida por ela, vulgo Kim Yerim.
Ela queria enfiar a cara num buraco enorme. Independente de quem fosse, Irene não planejava ser pega por ninguém assim tão cedo, ainda mais conversando com o seu próprio reflexo feito uma louca.
Foi por isso que ela demonstrou um sorriso tímido e fraco e ajeitou alguns fios de seu cabelo sedoso.
— Yerim... oi... — gaguejou, inevitavelmente e então pigarreou. — Não é o que você está pensando... eu só estava... bem, eu estava...
— Conversando com seu próprio reflexo? — Yeri completou com um riso sarcástico. Irene franziu o cenho, um tanto envergonhada. — Não se preocupe, é normal fazer isso. Não penso que você é uma louca. — disse, se aproximando da pia e colocando um pequeno estojo de maquiagem sobre ela. — À menos que esteja fazendo algum tipo de ritual satânico.
— Hein?!
— Brincadeira. — a mais nova riu outra vez, porém Irene continuou com a mesma expressão confusa. — Aigoo... por que estava fazendo uma espécie de encenação?
— Não é nada de tão importante. Surgiu uma peça de teatro onde eu devo fazer uma cena assim. — mentiu da forma que ela sabia, mas não foi tão convincente.
Yeri entortou seu olhar, já tendo em mente de que se tratava de uma perfeita mentira mal elaborada por Bae Joohyun.
— Sei que não gosta tanto de mim, mas pode confiar na minha pessoa, Irene. — Yerim falou, demonstrando sua sensibilidade para com o problema da Bae.
Irene ponderou sobre o que a mais nova lhe disse. Parou para pensar e, talvez, Yeri poderia ser a pessoa certa para lhe ajudar.
— Certo. O que você ouviu? — perguntou, olhando diretamente para a Kim.
— Hm, algo envolvendo "sogra" e "nora". O que me fez deduzir de que você está prestes a conhecer a mãe da Seulgi e, por isso, está tão nervosa. Estou errada?
E para a infelicidade de Irene, ela não estava errada.
— Ok. Você captou tudo. Parabéns, garota esperta. — disse ironicamente e voltou a visar o espelho.
— Do que tem tanto medo, Irene? Tipo, na teoria, era pra você ser a pessoa mais confiante desse universo como sempre foi.
— Sim, eu sei, mas... — suspirou. — Tenho medo de não conseguir agradar a mãe da Seulgi. — respondeu a pergunta de Yerim.
Yeri naquele instante notava a sinceridade de Irene quando explanava sua preocupação. Tal coisa a fez se questionar em como aquilo era possível, afinal, Bae Joohyun nunca sentiu medo de nada, quero dizer, quase nada.
— Olha, Bae... — se aproximou da mais velha, mantendo um contato visual. — Não tem por que você se preocupar com isso, a única coisa que importa é o quanto a Seulgi gosta de você. E acredite, ela realmente gosta muito de você! — enfatizou o final, ganhando um pequeno sorriso da loira. — Então, não sinta medo disso, pois ao menos o coração da tomboy você já tem.
— É, verdade... — pensou.
— Além do mais, tenho certeza que você tem carisma o suficiente para se sair bem. É só utilizá-lo ao seu favor.
— E como posso fazer isso sem engasgar ou falar algo sem noção? — indagou, aproveitando o fato de estar com uma amante do teatro em sua frente.
— Primeiramente, você precisa respirar fundo e beber bastante água! — ela riu, contagiando Irene também. — Mantenha seus pensamentos positivos e seja a pessoa que você sempre foi. Não precisa criar um personagem ou algo do tipo, apenas aja como você mesma.
— Hm... — a Bae acompanhava todas as dicas da Kim, as acatando como se fossem sua vida em risco. — Ok, então eu só preciso ser eu mesma?
— Não existe segredo, Bae. Se você sentir medo, se lembre de que você é a garota que Seulgi escolheu para estar ao lado dela e isso é a única coisa que importa.
E foi então que todo o interior de Irene se tranquilizou, esvaindo o seu nervosismo e seus pensamentos negativos, tudo porque, pasmem, Yeri a ajudou com suas palavras reconfortantes. Irene passou a olhá-la com outros olhos, notando que o ódio que nutria por ela já não fazia mais sentido.
— Puxa, obrigada, Yerim... acho que eu precisava ouvir isso de alguém. — ela sorriu, tocando os ombros da menor.
— Não fiz uma grande ajuda, mas fico feliz que isso tenha contribuído para você de alguma forma, Bae. Espero que dê tudo certo com sua sogra! — a Kim sorriu de volta, mantendo aquela conexão amigável entre as duas.
Mas quando Irene estava prestes a deixar o banheiro, Yeri acabou por se lembrar de algo, algo que, por sinal, a loira poderia ajudá-la muito bem.
— Uh... Irene. — a chamou antes da mesma cruzar a porta do banheiro.
— Sim? — virou-se para trás.
— Embora ainda não sejamos grandes amigas, eu queria que me ajudasse com algo... — falava sem jeito, encarando suas próprias mãos.
Irene não entendeu bem o que a mais nova queria, mas ainda assim não recuou. — No que, exatamente?
— Nayeon está dormindo agora, então não tenho uma outra pessoa que possa me ajudar a me... — apontou para o pequeno estojo sobre a pia. — Maquiar...
— Oh... — Irene havia compreendido tudo e até mesmo gostou em ser reivindicada para aquele tipo de ajuda, pois ela adora se maquiar ou maquiar outra pessoa. — Tudo bem, eu posso fazer isso por você! — disse prontamente e tomou o estojo da garota. — Certo, há algum evento especial hoje? — perguntou enquanto retirava alguns itens necessários daquele estojo, encarando o rosto virgem da Kim.
— Hoje é aniversário da Saeron e eu prometi pra ela que iremos matar a primeira aula de cálculos para que a gente possa fazer um piquenique. — disse na maior naturalidade.
— Uau... você querendo matar aula? Nunca imaginei tal coisa. — ela riu.
— Pois é, mas acho que todo mundo alguma vez foge de uma aula pra fazer outra coisa. Eu gostaria de fazer isso com Saeron porque ela está se tornando alguém especial para mim. — Yeri proferia num sentido apaixonado, fazendo com a Bae suspirasse com a fofura. Elas pareciam ser um casal bonito.
— Fiquei sabendo que Saeron encenou Romeu e Julieta com você. — Irene comentou enquanto espumava um pouco de pó sobre o rosto da mais nova.
— Sim... foi quando a Seulgi desapareceu do palco pra... ficar com você... — Yeri sentiu receio em terminar aquela frase, embora tenha feito, visto que um possível clima tenso possa surgir.
E ela não estava errada, isso porque Irene parou de fazer o que fazia apenas para encarar a mais nova, sentindo uma pontada de culpa pelo que aconteceu.
— Eu sinto muito por aquilo, Yeri... naquele dia eu estava muito mal e a Seulgi foi a única pessoa que surgiu para me consolar...
— Não precisa se desculpar, Bae. Eu penso que se ela não tivesse ido atrás de você, talvez Saeron não tivesse surgido no palco, talvez muita coisa teria sido diferente, muita coisa estaria errada... talvez tenha sido melhor assim.
E de fato teria sido. Irene pensava a mesma coisa. Se ela não tivesse encontrado Seulgi no corredor do bebedouro, será que a tomboy teria se tocado de seus sentimentos e se declararia para a Bae num domingo chuvoso? Se Yeri não tivesse lhe dado um choque de realidade, Seulgi teria feito a coisa certa?
Isso só faz Irene chegar à conclusão de que as coisas só acontecem por um motivo, tudo tem um propósito, nada vem aleatoriamente. E se você mudar o rumo de algum acontecimento, a probabilidade de posteriormente outros acontecimentos derem errado é maior.
— É, você tem razão, Yeri. — Irene concordou, dessa vez contornando os lábios da mais nova com um batom não tão forte, mas marcante para a beleza da mesma. — Está ficando muito bonita!
— Eu imagino... — sorriu. — Você é muito boa no que faz.
— Ah, amor, isso já é um fato para mim! — beijou seu próprio ombro, apenas brincando.
— Aí está a verdadeira Bae Irene: confiante e cheia de luxo! — Yeri brincava, rindo junto com a mais velha. — Você e a Seulgi formam um casal tão bonito. — comentou aleatoriamente.
Irene a mirou com mais intensidade e, antes de responder, resolveu terminar de fazer um pequeno contorno nos olhos delicados da mais nova. — Obrigada. Acho que posso dizer o mesmo de você e Saeron, embora eu não a conheça muito bem.
— Espera. — a garota se afastou para poder retirar seu celular do bolso e desbloqueá-lo. — Aqui está uma foto de nós duas. — apontou o visor para a Bae.
— Oh, vocês são tão fofas juntas!
— Aigoo... obrigada... — a Kim se sentiu um tanto envergonhada.
Após finalizar o processo de maquiagem, Irene virou o corpo da garota para o espelho e a encarou através de seu reflexo. — Está muito bonita, Yeri-ssi... — disse de forma carinhosa.
— Puxa, Irene... isso ficou muito melhor do que eu faria, com certeza! — falou entusiasmada e ambas riram. — Mais uma vez, obrigada! — agradeceu, dessa vez com o corpo virado para a mais velha.
— Sou eu quem te agradece, Yeri... — segurou as mãos da Kim. — Por ter me confortado e por ser uma boa amiga para Seulgi.
— Aish..., bom, eu tento... — riu ainda acanhada.
— Você é. — prosseguiu com aquele perto, ganhando um contato visual da menor. — E eu gostaria muito de ter a mesma chance...
— Está falando sério? Quer que sejamos amigas? — arregalou seus olhos, um tanto pasma.
— Podemos tentar, não podemos?
— Sim, podemos, é claro! — ela sorriu, desacreditada. — Não sabe o quanto fico feliz em ouvir isso, Bae! — repentinamente, ela abraçou Irene de maneira fraterna.
E Irene não pode deixar de retribuir, é claro. — Isso é ótimo, Yeri-ssi, porque agora podemos nos juntar para falar mal da Seulgi.
— Ei... — se afastou do abraço, algo que assustou a Bae. — Não podemos julgar o fato dela ser lerda, isso é bullying! — mas para a sorte de Irene, aquilo foi somente para complementar sua piada. No entanto, a sessão de risos não durou por bastante tempo, pois o telefone de Yeri acabou por tocar. — Oh, Saeron está me dizendo que já está pronta. Preciso voltar para o dormitório.
— Espero que vocês não sejam pegas.
— Também espero. — organizou seu estojo de maquiagem e guardou o celular no bolso. — Amigas? — estendeu a mão para que a Bae cumprimentasse.
— Amigas. — apertou a mão da mais nova, alcançando um sorriso mutual.
Então Yeri deixou o banheiro e uma Irene bem mais leve e tranquila. Quem imaginava que alguém que ela odiou tanto a pudesse ajudar e ainda se tornar sua amiga. O coração da Bae estava finalmente apaziguado!
Mas não por muito tempo, porque uma outra pessoa adentrou no banheiro de uma forma bastante aleatória.
— Awnt! Caiu até um olho da minha lágrima... não, espera! — era ninguém menos que Son Seungwan, a qual presenciou toda aquela cena incomum ao vivo e em cores.
— Porra, garota, virou o satanás agora para me assustar assim? — ela se virou para a canadense com a mão sobre o peito, evidenciando seu espanto.
— Ya! Minha beleza te assusta, é? — falou, sarcástica.
— Sua personalidade intrusa me assusta, amor!
— Não sou intrusa, não invadi um espaço que é seu, princesinha. — lançou mais um sorriso debochado e se sentou sobre a pia. — À propósito, como eu estava dizendo, sua cena com a garota do segundo ano foi bastante emocionante, Bae. O que aconteceu? Papai Noel pediu pra você fazer isso?
— Conhece a maturidade? Então. — respondeu na mesma dose. — Vai me dizer o que você quer aqui? — cruzou seus braços um tanto impaciente.
— Uau, ela é toda matura, ela. Você merece muitas palmas, Irene. — a Son literalmente bateu palmas para loira, quem franziu o cenho confusa. — Fique tranquila, não vim pedir nada demais.
— Hm, então diga logo porque não suporto alguém que seja mais debochada do que eu.
— Sabe que grande parte desse meu deboche veio de você, não sabe, lindeza? — piscou um de seus olhos.
— Por que está flertando comigo, Son? Achei que seu lance fosse com a Joy.
— Era... — ela corrigiu, descendo seu corpo daquele mármore e se aproximando da loira. — Mas aí eu notei que existe algo que pode ser bem mais interessante. E sabe o que é? — perguntou, ganhando apenas uma expressão inerte da patricinha. — Você, eu e a Seulgi... bem juntinhas... — sussurrou próxima ao ouvido da garota.
— O-oi? — Irene se chocou com o que acabara de ouvir e se afastou imediatamente. — Nem pense nisso, Wendy!
— Céus, Irene! — a canadense começou a rir desesperadamente, apenas aumentando a carranca no rosto da loira em sua frente. — Eu estava brincando, tolinha. Honestamente, não sei quem é melhor ou pior... você ou a Seulgi...
— Aish! — deu um belo murro no ombro de Wendy, a qual parou com os risos na mesma hora. — Idiota!
— Wow... — gemeu com a dor repentina. — Beleza, Irene, não precisava disso...
— A Seulgi tem razão sobre você! É uma tapada!
— Tá bom, tá bom... não precisa se irritar. É apenas uma brincadeira, princesinha. Não penso em roubar você da Seulgi, ou roubar a Seulgi de você, nem ter vocês duas para mim... é uma brincadeira, ok?
— É bom que seja mesmo, Wendy! — apontou, sendo mais dura com suas palavras. — Vai me dizer logo o que você quer ou tá difícil?
— Aigoo! Tudo bem, mister fúria coreana! — ludibriou, embora sentisse o ombro latejando. — Apenas vamos conversar amigavelmente, Bae. Sem socos, tapas, chutes, deboche ou coisa do tipo, pode ser?
— Se você ajudar também, podemos tentar formar um diálogo normal, queridinha. — disse como se fosse óbvio. — Sobre o que você quer falar?
Wendy limpou sua garganta, ajeitou sua postura e se pôs a falar para a loira sobre o ponto que gostaria de discutir. — Sobre você e Seulgi...
Irene franziu o cenho, não entendo muito bem a finalidade da canadense. — Como assim, Son?
— Digamos que eu queira saber como foi que... vocês ficaram juntas. Tipo, quem se declarou primeiro?
— Eu. No acampamento. — ela respondeu prontamente.
— Ah, é verdade... aquele dia foi tenso. — a morena riu, recordando-se do dia em questão.
— Sim, foi. — concordou, também se lembrando da forma em que confessou seus sentimentos. — Mas o que isso tem a ver?
— A Seulgi... como que ela se declarou depois para você? — continuou com seu interrogatório.
— Hm, isso foi muitos meses depois... dois dias após o Baile de Outono, estava chovendo e era um domingo. — Irene revelava com um brilho no olhar do que acontecera há quase uma semana, como todo aquele sentimento foi mágico e continua sendo. — Ela veio embaixo da chuva e gritou bem alto que estava apaixonada por mim.
— Isso é sério? — Wendy estava mais com vontade de rir do que de ficar chocada, afinal, nunca que ela imaginaria que a própria Kang Seulgi seria capaz de algo assim. — Céus, isso é tão brega!
— Ya! — deu um outro tapa no ombro da canadense, o qual desta vez foi mais fraco. — Pode ter sido um tanto clichê, mas foi dessa forma que nós ficamos juntas! Além do mais, só eu posso chamar a minha namorada de brega!
— Por Deus, Irene! Só estou brincando, mulher. Agressão é crime, sabia?
— Wendy, o que é que você quer com todos esses seus questionamentos, hein?! Ainda não entendi seus objetivos! — falou, já impaciente, ameaçando dar seu terceiro tapa.
— Tudo bem, tudo bem... — e mais uma vez ela resmungava de dor pelo fato de Irene ter uma força bastante presente, que poucas pessoas conhecem. — Só estou perguntando sobre isso porque quero algumas dicas com a Joy...
— Ah, sim... — Irene então resolveu tranquilizar seus nervos após descobrir os reais motivos da canadense. — Achei que a Seulgi estivesse te ajudando nesse quesito...
— É, do jeito dela, mas está... — concordou. — Mas dessa vez eu preciso saber como agir na frente dela e eu preciso que você seja a Joy para mim...
— Como? — franziu o cenho.
— Você sabe, Irene... você e a Joy se parecem em alguns quesitos...
— Não acho, não. — respondeu com um certo desdém.
— Olha, não me venha com esse papo grogue, porque, sim, vocês têm algumas semelhanças. Sei que sente ciúmes...
Mas Irene a cortou. — NÃO TENHO!
— Ya! Para de ser orgulhosa, mulher! Você tem e pronto! Inclusive, você tem ciúmes de qualquer garota que encoste a unha na Seulgi, Irene!
— Isso não é verdade. — cruzou os braços, formando um bico em seus lábios, como se fosse uma criancinha fazendo birra. Algo fofo de se ver.
— Oh, você é fofinha, Bae... nem parece que é tão brutinha...
— Son Seungwan! — deu um olhar fuzilavel para a canadense, quem se encolheu de medo.
— Ok, ok... — limpou sua garganta, já evitando um possível terceiro ataque por parte da patricinha. — Veja bem, vamos fingir que você é a Joy e eu estou te convidando para sair neste exato momento... — tocou os ombros da Bae para que a mesma ajeitasse sua postura para ficar de frente com ela. — E eu chego bem assim... — andejou até a porta, como se estivesse chegando naquele espaço de maneira confiante e então encontrasse sua "Joy". — Bem... — pigarreou rapidamente. — Olá, Joy, como você está bonita hoje... — mas antes mesmo de finalizar sua frase, Irene começou a gargalhar feito louca. — YA! POR QUE ESTÁ RINDO?
— Me desculpa, Wendy... mas isso foi um pouco engraçado!
— Bae Joohyun, pare de ser idiota e faça aquilo que lhe foi designado, porra! — a segurou pelo ombro outra vez, pedindo para que parasse de rir. Então, Irene cessou suas risadas em respeito. — Assim está bom.
Wendy, com toda sua determinação, voltou até a porta do banheiro e fingiu mais uma cena. Irene, por sua vez, teve que segurar sua risada com toda a força contida em seu ser. Simplesmente era impossível não cair na gargalhada com aquela canadense tão desesperada em passar por uma ridícula somente para conquistar sua deusa imensurável, vulgo Joy.
— Olá, docinho... como vai? — transmitiu um sorriso de ladino para a loira, a qual não respondeu nada pelo grande vontade de rir. — É para responder, caralho!
— Ah, tá... — Irene saiu de seu transe e pensou em alguma resposta. — Estou cansada, não quero conversar.
— Irene! É pra você me ajudar! — a repreendeu.
— Ué, você disse que nós somos semelhantes, certo? Então, essa seria a resposta que eu daria... — explicou.
— Ugh! — revirou os olhos, bufando pela ajuda nada relevante que a patricinha está lhe proporcionando. — Pode simplesmente incorporar a personagem? Por favor, eu quero muito que dê certo! — ela estava quase implorando de joelhos naquele instante.
Apesar de não ver muita importância naquela história, Irene prometeu para a canadense que iria colaborar, somente porque viu muita determinação na mesma, algo que até achou fofo.
— Ok, Wendy... vamos lá então... — ajeitou sua postura outra vez e então esperou que a canadense se dirigisse até porta para chegar em sua pessoa e fazer a mesma pergunta. "Olá, Joy! Como você vai?". — Vou bem, muito obrigada. E você, Wendy-ssi? — disse de maneira fofa, apenas incorporando a tal personagem.
— Vou bem também. — ela respondeu um tanto sem jeito. — Na verdade, vim aqui porque gostaria muito de saber se... — então sua garganta travou, já não conseguia concluir o que gostaria de falar, coisa que espantou um pouco Irene, quem pensou que ela estava passando mal. — Se... oh, céus, eu não consigo fazer isso!
— Aish, Wendy! Qual é o problema? Agora eu fiz tudo certo!
— O problema sou eu, eu não consigo fazer algo decente! Eu sou uma tapada mesmo! — bateu contra sua própria testa, escorando seu corpo sobre a pia de mármore. Wendy estava triste.
— Olha, eu concordo que você é tapada, sim, mas... — tocou os ombros da canadense, a fim de confortá-la. — Não pode desistir dessa forma. Tenho certeza que existem charmes em você que poderão conquistar a Joy.
— Você acha? — ela mirou a Bae, um pouco mais esperançosa.
— Sim, é claro, Wendy-ssi... — sorriu de forma amigável. — Agora mostre que você não é uma perdedora, ou até mesmo lerda igual a Seulgi, e conquiste aquela garota, ok?
Com aquelas palavras, Wendy notou que, de fato, não poderia desistir, assim como ela havia pensado no momento em que acordou. Ainda hoje ela convidaria Park Sooyoung para sair e tinha fé de que receberia um 'sim'.
— Quer treinar outra vez? — Irene perguntou.
— Quero. Mas você precisa me prometer que vai levar a sério!
— Prometo que vou tentar. — ela riu.
[...]
A manhã se passou perfeitamente bem. Era sexta-feira, o dia mais tranquilo da semana. Irene já não se encontrava tão nervosa pelo almoço que terá no sábado com a mãe de Seulgi, isso porque a própria Solar lhe fez questão de desmistificá-la sobre Kang Seiha, dizendo que aquela mulher possui uma personalidade acolhedora, além de ser engraçada e bastante respeitosa. Como Irene confia muito em sua irmã, tomou aquelas palavras para si e se tranquilizou melhor.
Durante a tarde, onde o tempo se passou mais rapidamente, Irene se juntou com Seulgi em seu almoço e até mesmo aprendeu a se acostumar com a presença de Wendy alí. As três não trocavam farpas, como antes, pois, aos poucos, elas estão aprendendendo a conviverem como boas colegas, ou até mesmo amigas. Mas o motivo principal para a canadense ter optado se sentar com as namoradas era somente e unicamente por uma mulher chamada Joy. Ela revelou que ainda se encontrava um tanto nervosa, embora tivesse treinado com Irene no banheiro. Seulgi, por sua vez, contou algumas piadas para descontrair a cabeça de seu amiga e então aquela conversa se transformou num momento agradável para todas elas.
Assim que o sinal que anunciava o fim das aulas bateu, Seulgi e Wendy correram para a quadra pois era dia de treino. Já Irene e Solar foram para a sala de prática ensaiar para uma dança que estava prevista para apresentarem no último baile do ano. Todas tinham suas tarefas para fazer. Bom, com exceção de Moonbyul, quem se prontificou para ficar no quarto, comendo porcarias e jogando conversa fora com a outra colega, vulgo Jeongyeon.
Já no ginásio, a tomboy se trocou devidamente para começar o treino e então esperou Wendy surgir para que pudessem ir juntas para o centro. Notando em como a canadense estava um pouco mais elétrica do que o costume, ela não pode deixar de fazer piadas sobre a situação da mesma. Seungwan parecia estar mesmo bastante apaixonada por Sooyoung.
— É hoje? — a Kang jogou uma pergunta aleatória para a Son no momento em que elas se juntaram às outras garotas.
— É o hoje o quê? — franziu o cenho.
— Que você vai declarar seu amor eterno para a Joy. — explicou.
— Tomara que sim. Mas, por favor, não exagere, gata.
— Acha que estou exagerando, Wendy? Querida, você ficou falando disso a noite ontem no dormitório, ficou beijando o travesseiro como se fosse a Joy... e agora não quero nem imaginar o que ficou fazendo no banheiro... — Seulgi dizia como se estivesse debochando da menor.
— Você quer saber o que fiz no banheiro, Kang? Bem, a Irene estava lá comigo também e posso dizer que foi bem produtivo... — jogou uma isca grande para a tomboy, a qual captou bem.
— Oi? — falou, desacreditada. — Ok, Son, você só diz isso para me provocar.
— Na verdade, não. Abri um concurso para ver quem beijava melhor, você ou a Irene e advinha só... agora estou confusa... — ria de maneira maléfica.
— Wendy! — a pegou pela gola da camisa.
— Ya! Tomboy! Não sinta ciúmes! — ofegou pelo aperto em seu tecido. — Você beija melhor, é claro!
— Sua cachorra, pare já com essa brincadeira de mau gosto! A Joy é a única pessoa com quem você deve flertar! — Seulgi declarava enquanto ainda a segurava pelo colarinho.
Quem visse de longe, pensaria que as duas estão prestes a saírem no soco, como a própria treinadora Park imaginou.
— Wendy e Seulgi, por favor parem de brigar!
Na hora, Seulgi a soltou, mas manteve seu olhar mortal para a canadense.
— Te pego na saída, tampinha!
— Desculpa, gata, mas eu tô me guardando para a minha Joy. — lançou uma piscadela para a Kang e em seguida riu.
[...]
Entre passos ensaiados e improvisados, Joohyun se destacou muito bom em sua proeza. Sendo uma ótima center, a loira nunca deixava a desejar. Foi por isso que ganhou um pelo fanclube por seu talento flexível, ao mesmo tempo que ganhou um hateclube, que são apenas pessoas que invejam seu grande brilho natural.
Mas Bae Joohyun nunca sequer ligou pra isso.
Vocês se lembram daquela vez em que Irene aproveitou seu charme para meio que usar o professor Lay em sua artimanha contra, ou à favor, de Seulgi? Bem, após aquela simples cena, ambos riram plenamente. O professor Zhang confessou para a Bae dias depois sobre como ficou com medo em apanhar da tomboy por sua causa de sua força já conhecida.
A questão é que Lay é intensamente gay e isso é bastante explícito para quem o conhece. Irene deixou aquilo armado para com o mais velho porque sabia que Seulgi a visitaria após seu treino.
Estou citando esse fato porque no ensaio de hoje, Lay contou com a ajuda de seu namorado, que também é coreógrafo, vulgo Luhan. Inclusive os dois se conheceram numa academia de dança, se apaixonaram e estão juntos há mais de três anos. Um romance lindo de se ver.
Foi um pouco cansativo, mas também divertido, então valeu a pena. Irene foi muito bem elogiada por Luhan, quem a encorajou a seguir o rumo de dançarina. A Bae até cogitou isso, mas ainda alimenta ser uma grande modelo algum dia. Bom, não que ela não possa ser as duas coisas, até porque Bae Joohyun possui muitos grandes potenciais.
Estando ela convicta de que precisava de um banho, Irene se sentou um pouco sobre o piso e encostou suas costas na parede, passando a ingerir uma boa quantidade de água. Seus fios loiros estavam grudados na testa e o coque que havia feito já precisava ser arrumado outra vez. No entanto, isso a deixava mais atraente aos olhos das outras garotas.
Ao seu lado, sua irmã se juntou no mesmo estado. A diferença é que Solar não coloca tanto força quanto Irene, bem porque a Kim não se vê muito bem dançando. Ela só entrou nessas aulas para fazer algum tipo de exercício e passar seu tempo.
— Nossa, hoje a aula foi um hit! — comentou, se referindo ao fato delas terem dado muito de si naquele dia.
— De fato. — Irene concordou, fechando seus olhos para sentir a brisa do ventilador pairar sobre seu rosto.
— Aigoo... agora eu só quero tomar um banho e morrer na minha cama!
Então Irene abriu seus olhos repentinamente, se levantando em seguida. — De jeito nenhum, Sol! Temos uma coisa para fazer!
— Hein?! O quê? — disse meio confusa.
— A Wendy vai convidar a Joy para sair hoje! Precisamos gravar esse momento! — falou como se fosse a coisa mais importante do mundo.
O que de fato era para as duas garotas.
— Isso é serio? — se levantou animada. — Não podemos perder então! — puxou a menor pelo braço até a saída da sala de prática, mas no caminho elas trombaram com Moonbyul, a qual estava vindo buscar sua namorada. — Amor?
— Oi... — deu um rápido selinho na garota lilás e as encarou confusa. — Para onde estão indo?
— Amor, Wendy vai convidar a Joy para sair hoje. Precisamos ver a maloqueira dando uma de romântica. Vamos. — com a outra mão, Solar puxou Moonbyul também.
E lá se foram as três correndo em direção ao ginásio, loucas para acompanharem aquele evento de suma importância, que só poderiam presenciar uma vez na vida.
Quando chegaram na grande quadra, entraram pelos fundos e esperaram que aquele treino acabasse de vez. Assim que viram as outras garotas caminharem em direção ao vestiário, as três foram para a arquibancada e então Irene puxou Seulgi pelo braço.
— Ow! — a tomboy resmungou, assustada com o puxão repentino. Mas logo notou que se tratava de sua namorada. — Oi, princesa... que surpresa você por aqui...
— Primeiro você me beija, Seulgi, depois você fala. — ela resmungou em forma de brincadeira, sendo puxada pela mais alta para um beijo apaixonado cheio de intenções, mas que fora interrompido por outras duas pessoas.
— Tá bom, comedoras de buceta, temos uma missão aqui, certo? — Solar se colocou entre as namoradas, apoiando-se no ombro de ambas.
— Uma missão? — Seulgi franziu o cenho.
— A gente vai gravar a Wendy convidando a Joy para sair. — Moonbyul explicou, se pondo ao lado de sua irmã.
— Caralho, até tinha me esquecido disso.
— Cadê a Wendy? — perguntou Irene.
— Ela ficou por último. Aparentemente, deve estar tomando coragem para falar com a Joy. — a tomboy respondeu.
— Então vamos ficar escondidas atrás da grade e observar tudo. — disse Solar e todas assentiram.
Elas caminharam até a grade, abaixando-se para ficar com o corpo coberto pela pequena mureta de tijolos que sustentava aquela grade de metal. E ali as quatros aguardaram o grande momento começar, com a câmera já aposta, é claro.
— Vamos lá, tampinha... — Seulgi comentou, botando fé de que sua amiga iria conseguir.
Do outro lado do ginásio se encontrava Wendy, a qual deixou claro para Seulgi e Irene de que hoje seria o dia em finalmente conseguiria um 'sim' de sua musa, a deusa Afrodite, a mulher de seus sonhos. Exagerada? Um pouco. Mas ela liga? Não também.
Wendy observava as costas da Park enquanto pensava em como poderia abordá-la. Em todas as vezes que tentou, apenas ganhou um não. Mas o que poderia fazê-la ganhar um sim agora? Bom, isso ela teria que descobrir.
Não iria desistir, não poderia desistir, ela iria conseguir! Wendy se encontrava confiante e, por isso, nada poderia dar errado!
Até que sentiu seu celular apitar.
Observou o visor e notou que tratava de uma mensagem de Seulgi.
Seulgi
[Não vai dizer merda, tampinha]
Coisa típica de Kang Seulgi, quem vive a zoando. Mas naquele momento ela sentiu medo de estar sendo observada. No momento em que a canadense olhou para o lado, na hora Seulgi abaixou sua cabeça para não ser pega.
— Ugh! Idiota, ela pode nos ver se você continuar apontando seu cabeção aí! — Irene a repreendeu.
— Ela não me viu, porra!
— Mas poderia ter visto! — rebateu zangada.
— Vocês duas querem parar de brigar? Temos que fazer silêncio, inferno! — Solar contradisse as namoradas.
— Isso mesmo, amor, bota moral. — falou Moonbyul.
— Cala boca, Moonbyul! — as três disseram ao mesmo tempo, o que fez com que um bico surgisse nos lábios da Kang menos corajosa.
Voltando para Wendy, a mesma ainda divagava em seus pensamentos. Precisava tomar uma atitude logo antes que Joy virasse seu corpo para ir embora. Aproveitando o fato da mesma estar ocupada com alguns papéis em sua mesa, a Son se aproximou sutilmente, percebendo que a mais velha estava um tanto estressada.
— Oh, meu Deus! Isso é o cúmulo da burrice, não é possível! — ela ouviu Joy resmungar enquanto corrijia algumas provas.
— Uh... Joy? — Wendy a abordou com um certo receio, tendo medo de levar uma patada.
— Ah, olá, Wendy... — a Park a respondeu sendo um pouco menos rude, mas não com a mesma gentileza de sempre. — Desculpe, eu só estou corrigindo algumas provas que meu pai passou antes de tirar sua licença...
— Estou vendo que a situação está um pouco difícil aí... — ela comentou, tentando descontrair aquele momento.
— Não sabe o quanto! Estou lendo tantas respostas absurdas aqui, que sinto vontade de me jogar do décimo andar do prédio onde moro!
— Não faça isso! Seria uma grande perda para a humanidade. — a canadense viu naquele momento uma bela deixa para dar um belo flerte.
— Aish... Wendy... só você mesmo... — ela sorriu, pela primeira vez em horas.
— Já te falei sobre o quanto adoro seu sorriso? — continuou com aquele flerte, sentando-se de frente para a mais velha.
— Na verdade, não... mas vou guardar seu elogio com muito carinho, obrigada...
— Se eu tivesse a chance de contemplá-lo ao vivo todos os dias, pode ter certeza que eu o faria...
— Wendy...
— Me desculpa, eu sei que estou cruzando a linha mais uma vez, mas é que é impossível não pensar nisso, Joy. Você simplesmente mora nos meus pensamentos e eu não consigo parar de pensar em como quero te conhecer de verdade. — ela elevou ainda mais suas palavras chaves no instante em que mirou a treinadora com tamanha sinceridade que esquentou o coração de Joy. — Sei que minha insistência pode ser irritante, mas ela também tem um lado...
— E qual seria? — perguntou, se sentindo interessada naquele mero papo de sua aluna, deixando um pouco a caneta de lado.
— Posso te falar relaxar, se você quiser. Veja só quantas coisas estão na sua mesa, apenas esperando para que você lide com elas. — apontou, fazendo uma observação considerável. — Querendo ou não, precisa de algo para distrair sua mente. Eu posso fazer isso se você deixar, Joy.
— Ainda não sei... — encostou em sua cadeira.
— Pois pense bem porque pode ser uma oportunidade interessante para nós duas... — Wendy argumentava, agora bem mais confiante do que antes.
— Por que todo esse seu interesse em mim, Wendy? — aquela pergunta era necessária para Joy, a qual era bastante criteriosa para seus pretendentes, que não eram poucos.
— Porque eu realmente gosto do fato de que você é uma incógnita muito difícil de ser decifrada e é exatamente isso o que me atrai em você. Todo o seu mistério só me faz pensar que quanto mais eu posso descobrir, mais eu vou te achar incrível.
Aquela resposta foi inexplicável para Joy. Em tantos anos de cortejo que ela recebeu por outras mulheres e homens, nunca ninguém havia sido tão sincero, direto e objetivo como Wendy.
— Então você nunca irá desistir de mim, é isso? — arqueou uma sobrancelha, aproximando sua face à da mais nova sobre a mesa.
— Eu tenho seu não, Joy, mas eu seria capaz de escalar milhares de montanhas para alcançar o seu sim. — disse convicta, algo que a Park admirou.
— Faria isso mesmo? — lançou um olhar diferente para a canadense.
— Você vale a pena. — respondeu com um sorriso.
— Wendy... — já não sabia mais como rebater aquela garota, o jeito seria ceder, o que não era algo ruim para Joy. — Tudo bem... para onde pretende me levar?
E foi aí que Wendy entrou em pane pela enésima vez. — Então... você aceita?
— Amanhã, às quatro da tarde. Pode ser? — foi logo ao ponto, estando certa de que aquele encontro aconteceria.
Ela assentiu. — Qual lugar? — perguntou, ainda meio aérea.
— Eu quero que você me surpreenda, querida. Quero sentir a intensidade do seu 'querer'. — tocou o rosto da canadense e se abaixou para deixar um beijo em sua bochecha rechonchuda. Logo recolheu as provas sobre a mesa e passou a dirigir para a saída do ginásio. — Não se atrase, Wendy-ssi... — piscou para ela e desapareceu de vez.
E ali foi deixada uma Wendy completamente em choque. Aquilo queria dizer que ela finamente conseguiu seu sim. Son Seungwan tinha um encontro com Park Sooyoung para o próximo sábado, que, no caso, seria o dia seguinte.
Wendy poderia estar mais feliz do que aquilo? Obviamente podia, pois tudo o que ela poderia fazer era encarar o nada, tentando assimilar os últimos acontecimentos de sua vida.
Sim, ela iria sair com Joy no de amanhã! Isso não é um sonho, Wendy!
E para a "sorte" dela, mais pessoas estavam ali para lembrá-la disso.
— Wendy! — de repente o grito de Seulgi ecoou por todo o ginásio, fazendo a Son olhar para trás e a notar correndo em sua direção. — Você conseguiu, tampinha! — sem ao menos esperar, Seulgi a agarrou e ergueu no ar.
— É isso aí, maloqueira, meus parabéns! — Solar também a congratulou.
— Ya... me põe no chão, tomboy! — ficou um pouco tonta e confusa assim que sentiu o solo outra vez. — O que estão fazendo aqui?
— Viemos te apoiar, meu amor. — Irene explicou.
— Na verdade, a gente veio gravar o seu momento com a Joy para depois rirmos da sua cara. — mas Moonbyul estava ali para entregá-las.
— QUÊ? VOCÊS NÃO FIZERAM ISSO!
— Fizemos e ficou perfeito, maloqueira! — Solar gargalhou, sendo acompanhada das outras três.
— Isso não se faz! Isso é bullying!
— Aish... deixa disso, tampinha! — a tomboy passou um braço em volta do ombro da menor. — Vamos até à lanchonete comemorar sua conquista. Você finalmente irá sair com a Joy!
— Hm... é mesmo... — a canadense estava com um bico em seus lábios pelo fato das quatro terem gravado seu momento com Joy, mas só pela demonstração de apoio, se sentiu mais tranquila. — Você paga? — perguntou para Seulgi.
— Tá me achando com cara banco, é?
— Exatamente, tomboy. Você é a minha Sugar Mommy, sabia? — puxou a Kang pelo braço, deixando as outras três para trás.
— Ei! — e, é claro, havia ativado uma Irene plenamente incomodada também.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.