[ DOMINGO ] / Primeira impressão da cidade.
Abro os olhos lentamente sentindo arder contra a luz do sol que passa por uma fresta da janela, olho para o relógio do celular, tentando focar meus olhos para os números quando se acostumaram com a claridade consegui ver, já se passavam das onze da manhã "merda" pensei, "o café da manhã já era..." - Eu começaria uma nova rotina de tudo em minha vida assim que me mudei para França para morar com meus pais, já que com a minha tia não estava mais dando certo, ela era um pouco... Exagerada mas enfim, com essa mudança comecei a regrar tudo, desde os horários até o que comer mas era óbvio que eu não conseguiria seguir corretamente, como tudo em minha vida - levantei da cama esfregando os olhos, ergui os braços me espreguiçando, sentada pensando em o que fazer nesse ultimo dia de férias, "dar uma volta pela cidade seria uma boa" levantei, escovei os dentes, tomei um banho, coloquei a roupa mais confortável que tinha e desci para a sala, - a casa era de dois andares, o clima era frio mas as vezes conseguia vestir uma regata, uma saia e por falar em roupas eu precisava de algumas novas, para a escola - encontrei a mamãe e papai sentados na mesa da sala de jantar, meu pai como sempre lendo o jornal ela arrumando a mesa do café da manhã que perdi...
-- Bom dia bela adormecida - Disse meu pai
-- Bom dia - respondi bocejando.
-- Querida, vai querer esperar pelo almoço? - Perguntou mamãe
-- Na verdade eu quero dar uma voltinha pela cidade, conhecer melhor onde eu vou passar os três anos do meu ensino médio e quem sabe o resto da vida...
-- Volte logo, vou fazer seu prato preferido!
-- voltarei o mais rápido possível - sorri e despedi.
"Está tão calmo aqui na rua, será que é sempre assim?" - pensei - Tomarei meu café da manhã na cafeteria aqui perto, pareceu bem simpática quando passamos de carro por ela. Caminhando um pouco cheguei, ela era meio rustica, do jeito que gosto, me sentei em uma mesa com a cadeira um pouco maior que as outras e peguei o cardápio, era tudo muito diferente do que eu conhecia, eu estava com muita fome, chamei o garçon e fiz o pedido, comecei a olhar tudo em volta, o parque pertinho dali, as lojas, o "mercadinho de tudo", parecia um bom lugar para se morar e enfim chegou o pedido, um café cappucino e dois creps, peguei o café com as duas mãos, envolvendo-as na xícara e assoprei, quando desviei meu olhar para o lado na mesa, vi um menino, da minha idade aparentemente, cabelo platinado, tinha um estilo vitoriano, estava escolhendo algo no cardápio quando se vira em minha direção e eu consegui ver seus olhos, era incrível, ele tinha heterocromia, por alguns segundos eu o encarei, mas desviei o olhar, olhando para meu café e bebendo, senti minhas bochechas arderem, queria poder cavar um buraco e nunca mais sair de lá, por fim, terminei e fui diretamente ao caixa, consegui esbarrar justamente na mesa do menino e a mesa balançou, segurei rapidamente a xícara, que por sorte estava vazia, olhei para ele com os olhos arregalados e pronunciei "desculpe" sem que nenhum som saísse da minha boca, ele sorriu e quando percebi que ele ia dizer alguma coisa eu corri para o caixa e levei a mão ao meu rosto tentando esconder a minha cara de envergonhada, saí pela outra porta, me distanciando ao máximo dele para evitar qualquer outro tipo de constrangimento.
Após esta cena clichê de filme, eu resolvi fazer um passeio pelas ruas, até decidir o que comprar de roupas para as aulas, entrei em uma loja, era magnifica, as roupas eram lindas, resolvi experimentar algumas, ouvi uma voz bem suave perguntar:
-- A senhorita gostaria de ajuda para ver alguma roupa especifica?
Congelei na hora, aquela voz era tão calma e ao mesmo tempo tão firme, quando sai do provador eu vi um menino, de cabelos negros, traços finos, quase igual aquele da cafeteria, porem ele não tinha os olhos coloridos, respondi:
-- Não obrigada, já me decidi, vou levar estas.
-- Tudo bem, volte sempre.
Peguei as sacolas e sai da loja, andei um pouco mais e resolvi sentar no parque, não tinha muitas pessoas por lá apenas umas crianças, alguns adolescentes, um cachorro vindo em minha direção... Gritei, ao perceber que realmente tinha um cachorro vindo em minha direção e bem, não era um simples cachorro, era quase um monstro! Logo atrás pude ver um garoto de cabelos avermelhados correndo e gritando:
-- Dragon, quieto! Junto!!
Fiquei observando-o enquanto o cão colocava o focinho nas minhas sacolas, minha expressão era visivelmente de pânico, até que o garoto pegou o cachorro pela coleira e o tirou de perto, ele ficou parado em frente a mim e disse:
-- Desculpe pelo Dragon, ele normalmente não me desobedece.
-- Deveria tomar mais cuidado - Retruquei sem pensar duas vezes.
Ele me olhou como se estivesse pensando, "o que você disse?"
-- Olha, não é culpa minha se ele gosta de correr atras de tábuas... - Ele riu e deu meia volta.
-- Tábua? - Fiquei me perguntando se ele havia zombado mesmo de mim ou se era apenas a minha imaginação, eu mal sai para conhecer a cidade e é isso que me acontece? Okay, acho que por hoje chega.
Levantei indignada, com as sacolas na mão olhando para baixo tentando esconder o meu nervosismo, consegui ouvir o latido do cachorro um pouco longe e o garoto dizendo: "pega rapaz!", por fim quando estava quase saindo do parque esbarrei em alguém, cai no chão e pensei, "era só o que me faltava", já sem ter o que fazer, tentei levantar pedindo desculpas, mas quando ergui a cabeça vi uma mão esticada na minha cara, levantei um pouco mais e vi um garoto de olhos verdes e cabelo loiro, peguei na mão dele e então senti o puxão educado e suave dele me erguendo, ele pegou minhas sacolas e entregou-me, fiquei fitando-o por alguns segundos e suas bochechas coraram:
-- Você está bem? - Perguntou um pouco tímido.
-- S-Sim, eu é que peço desculpas, nem estava olhando para a frente.
-- Que isso, eu é que deveria ter prestado atenção antes de sair derrubando as pessoas, ainda mais uma menina como você...
-- ... - Fiquei surpresa com esta ultima frase, dei um sorriso envergonhado e disse - Bom, eu vou indo agora, até mais.
Até mais? Eu nem sabia o nome dele e digo praticamente que nos veremos de novo... Ponto para Hammara!
-- Até, então. - Disse ele.
Consegui finalmente chegar em casa, o almoço estava pronto, subi para o quarto, larguei as compras e desci para a sala de jantar, para tão pouco tempo muita coisa aconteceu, amanhã ainda será uma nova história...
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