Ao passar a tarde toda dirigindo, finalmente chego ao local e saio do carro. Já estava escurecendo quando finalmente olhei a placa da entrada.
Hanekawa: -Droga, tá escurecendo... Mas esse é o local sem dúvidas.
Hanekawa: -...Tão grande... Parece um hotel. Será que ele está aqui?
Hanekawa: -...Acho que vou ter que descobrir.
Hanekawa: -...Hm... "Hotel Ruhenhein" hã... "Uma Estadia Serena Para Toda a Família". Está muito borrado....
Hanekawa: -Bem... Vamos então.
Eu adentrei no hotel, que estava aparentemente abandonado, mas ainda sim era bem bonito. Não havia energia, infelizmente, mas eu tinha um isqueiro comigo, não por eu fumar, só por precaução. Sempre o levava comigo.
Subi no segundo andar e entrei na porta da esquerda. Havia um enorme e belo piano lá, que não pûde resistir e tocar um pouco de Mozart.
Depois, eu saí e fui novamente para a esquerda, na terceira porta, a única aberta no corredor.
Era um belo quarto, com um enorme espelho, duas camas, um guarda-roupas e uma enorme janela.
Tomei um susto quando adentrei mais no quarto e ouvi o espelho rachar. Me aproximei para olhar o espelho, que aparentemente não tinha motivos para ter quebrado, depois vi que na mesa da penteadeira havia outra folha de caderno. A peguei:
"Esse era nosso lugar especial.
Ela amava esse belo quarto com seu grande espelho. Ela se perguntava o que vestiria para o jantar.
Mas agora sou apenas eu.
Eu pensei que ajudaria voltar aqui, mas não ajudou.
Só há vazio."
Fiz uma expressão esperançosa, mas ao mesmo tempo triste. Os detalhes do caderno eram iguais aos que encontrei em meu quarto. Ele esteve aqui. Mas, parecia triste...
Hanekawa: -Será que ele ainda está aqui...?
Hanekawa: -...E ele... Levou um fora? ... Ele mencionava isso no outro papel ... 'Nosso Lugar Especial'... Ele deve ter vindo com ela para cá...
Hanekawa: -...Onde ele pode estar?
Saí da sala e voltei ao primeiro andar, novamente para um corredor à esquerda, entrando na quarta porta, que era a única aberta.
Mexi nas estantes e achei um papel com um desenho feito por alguma criança:
Sorri ao imaginar que deveria ser de uma criança que esteve hospedada no hotel, então assenti com a cabeça, afirmando que encontraria seu tesouro.
Hanekawa: -Hehe, okay. Eu encontrarei seu tesouro.
Caminhei de volta ao segundo andar e entrei na sala da direita, que tinha várias mesas e cadeiras enfileiradas. Fui curiosamente até uma das mesas no canto superior da direita e olhei para baixo, vendo algo que me chamou a atenção.
Hanekawa: -Hum? ... Tem algo aqui embaixo...
Havia uma chave dourada e ao lado desta um papel:
"Você achou o tesouro, parabéns!"
(Hm... Legal! Que porta será que abre...?)
Continuei caminhando e testando a chave nas portas, sem sucesso.
Vi a porta da biblioteca e numa última tentativa encaixei a chave na porta. Virou! Entrei na biblioteca.
Assim que entrei, vi um montão de livros em várias prateleiras organizadas em ordem alfabética.
Aos lados, haviam duas mesas, na da esquerda, vi uma chave. Peguei. Era a chave do quarto 109, depois iria verificar.
Na mesa da direita, um livro...
"O Choro Despercebido."
"Você se considera gentil?
Saiba que não é você quem decide isso.
Essa decisão é feita no subconsciente."
"Mesmo se você acreditar que tem um coração frio, por dentro você pode ser sensível e emocional.
...E ELES irão tirar isso de você."
"Eles serão atraídos por sua gentileza, e irão te arrastar para longe."
Hanekawa: -Isso é algum livro de ocultismo? ... Aposto que o Paulo iria amar isso. Ele gosta demais dessas coisas para a idade dele ...
Saí da Biblioteca e fui para o tal quarto 109, observando o corredor para ver se via alguém, porém nada.
Chegando no tal quarto, observei algo brilhando em cima do armário.
Peguei uma cadeira e subi, encontrando um alicate lá. Ótimo! Isso cortaria os arames que eu vi anteriormente numa das portas atrás da recepção!
Me dirigi até a porta e felizmente consegui cortar os arames e entrar na sala dos funcionários.
Havia um livro em cima da mesa, que dizia que o banheiro no 107 precisava de reparos imediatos, este também continha a chave para o mesmo.
Olhei mais e ouvi o som de uma voz masculina fraca vindo de trás de uma das portas. A porta não tinha maçaneta. Droga!
Poderia ser o tal rapaz?
Corri para o 107, e encontrei uma maçaneta no chão, poderia servir?
Hanekawa: -Acho que ela pode abrir a outra porta... Afinal, são do mesmo tipo.
Retornei à sala e encaixei a maçaneta, que por sorte serviu.
Abri lentamente a porta, mas... Não havia ninguém...
Olhei em volta, tinha um alçapão que não abria, mas, não tinha tranca. Estranho...
Mais estranhamente vi um azulejo diferente perto de um mural com propaganda do livro "O Estranho Caso do Doutor Jecquel e Mister Ryde", então subi nele e ouvi o som de algo destrancar. Puxei novamente o alçapão, e desta vez, abriu.
Desci lentamente por uma escada, estava escuro lá embaixo. Ao tocar o chão, rapidamente acendi o isqueiro.
Um calafrio percorreu minha espinha.
Andei para a esquerda, na direção de algo que reluzia levemente conforme eu ia me aproximando. Uma chave! Peguei.
Andei lentamente em linha reta, até ver uma figura estranha à frente, de frente para a parede e de costas para mim. Engoli seco.
Timidamente, eu falei de forma gentil:
Hanekawa: -H-hey, você está bem? Se machucou?
Um som estranho foi emitido por aquilo que parecia com um rapaz, mas... Não parecia humano de alguma forma...
Meu coração correu, outro calafrio.
Hanekawa: -...V-Você e-está b-bem...? ...V-Você ficou preso a-aqui...?
Outro som esquisito, mas dessa vez aquilo se virou para mim, e eu empalideci. Mal conseguia formar mais palavras.
Aquilo definitivamente não era NORMAL!
Parecia com um homem, mas sem os globos oculares e com o pescoço torto para o lado. Tinha um sorriso macabro e sádico. O rosto e as vestimentas sujos de sangue, velho aparentemente.
QUE DIABOS ERA AQUILO?!
Eu paralisei por alguns breves segundos, até vê-lo se mover para frente, em minha direção.
Hanekawa: -...AAAAAAHHHHHH!
Saí correndo até a escada na velocidade da luz, mas aquilo de alguma forma me alcançou e segurou minha perna. Socorro!
Eu puxei e puxei com toda minha força, até que consegui escapar e fechar o alçapão atrás de mim.
Eu cai sentada no chão, os olhos arregalados e o coração à mil.
Hanekawa: -...paf...panff... O que... Era aquilo...? ... O que... Será que ele... queria...?
Lentamente eu me levantei e me apoiei no sofá, me preparei para ir embora, mas... Algo ainda não soava certo para mim...
(...E se ele só caiu e se machucou e queria minha ajuda...? Que tipo de pessoa eu fui...? ...O que eu faço? ...)
Fiquei com a consciência um tanto pesada, mas segui adiante para fora da sala.
Eu havia pego uma chave antes de sair, iria checar o que ela abre...
Andei bastante até achar o Bar, que era onde a chave abria. Vi um livro sobre os empregados que reclamavam do chefe que havia sumido e acabaram por beber todas as bebidas de lá.
Simplesmente deplorável...
Decidi voltar para a biblioteca, a procura de um livro. Especificamente, o de Mark Twain, O Médico e o Monstro... Vi algumas páginas faltando, poderia ser o código para algo... Guardarei isso.
Ao sair e andar um pouco, ouvi novamente aquele som perturbador. Um imenso calafrio percorreu minha espinha. Corri para o quarto ao lado e me escondi debaixo da cama, tremendo de medo.
(...Como ele saiu?!...)
Para meu desespero, aquilo adentrou no quarto, mas por sorte, não havia me visto. Ele então se sentou no sofá, mais precisamente, ele se jogou no sofá, pôs uma das mãos na cabeça e começou a chorar baixinho, agarrado com alguma coisa que parecia com uma fotografia.
(...E agora, o que faço? Fico assistindo e esperando que ele me encontre, ou saio de uma vez e seja o que Deus quiser...? Eu não posso só ficar assistindo isso!)
Infelizmente ou felizmente, eu escolhi a segunda opção...
Saí lentamente debaixo da cama em silêncio, por sorte ele estava de costas para mim.
Eu dei curtos e silenciosos passos, seguidos de pernas trêmulas que ameaçavam me fazer cambalear para o chão a qualquer momento.
Timidamente eu falei baixo, da forma mais doce e agradável que pude, chegando lentamente por trás a fim de não assustá-lo tanto.
Hanekawa: -...Hm, o-o que foi? ... P-Por que choras...?
Ele olhou no mesmo segundo para mim, e eu senti vontade de correr, mas hesitei. Ele rapidamente escondeu a foto dentro do casaco e rugiu, ainda chorando com as lágrimas grossas e cinzas caindo.
Eu andei para trás, conforme ele foi se aproximando, mas logo senti a parede atrás de mim. Ótimo! Era meu fim... Que excelente ideia a minha de sair debaixo da cama!
Eu fechei um dos olhos e continuei falando, um pouco mais alto agora, visto que era o que me restava a fazer no momento.
Hanekawa: -...Era ela, não era? ... Na foto ...? Ela... Te deixou...Mas você não consegue esquecê-la...?
Eu já estava rezando tudo o que sabia naquele momento, e estranhamente ele parou, a dois passos de mim, e estranhamente tremeu e foi caindo de joelhos e se rendendo ás lágrimas de dor e solidão.
Depois de alguns segundos o encarando em total silêncio, ainda controlando minha respiração, não pude conter o impulso de me agachar e tentar acariciar a cabeça dele, algo que hesitei por alguns segundos, mas que executei depois ignorar os pós e contras. Já havia chegado até aqui, de qualquer forma...
Me pus de joelhos à frente dele, bem mais próxima dele, e abracei sua cabeça por impulso, ainda acariciando-a.
Eu sussurrava docemente no ouvido dele tentando acalmá-lo, e ele estranhamente não reagiu a nenhuma das minhas aproximações, que bom... Para mim, eu acho...
Hanekawa: -Ei...Shhhh...Vai ficar tudo bem... Está tudo bem agora...Desculpe, eu não...
Olhando de perto, ele parecia um homem, mas, exceto pelo pescoço pendido para o lado. Suas roupas estavam sujas de sangue e os olhos eram vazios. Sua boca que antes tinha um sorriso sádico e vazio, agora dera lugar a um rosto triste, sujo e molhado.
O encarei com um adorável sorriso meigo, e ele corou, eu fiquei sem entender direito o porquê, mas ignorei. Inclinei a cabeça para o lado, para conseguir ver o rosto dele direito, e reparei que ele não era lá um monstro horrível. Na verdade, tirando os orbes vazios e o pescoço torto, ele não era tão bizarro. Ele me encarou por alguns segundos, até que ele se aproximou e ...
Ele... Ele me abraçou!
Ele repousou a cabeça sobre meu ombro e tornou a chorar, mas... Ele me apertava contra o peito dele, de uma forma tão...Assustada.
Eu o retribuí, mas acabei caindo sentada, cansada de sustentar meu peso e o dele ainda, porém não o soltei. O acariciei novamente na cabeça e o deixei chorar o quanto quisesse, mas depois de se passarem mais ou menos 8 minutos, ele me soltou, lentamente. Ele me encarou por alguns breves segundos, depois baixou as pálpebras, e falou pela primeira vez, sussurrando de uma determinada forma que, sinceramente, me causou calafrios, mas logo sua voz fora se elevando, mas não muito, mostrando inconformação:
Homem Torto: -...Eu só...Não queria me esquecer dela...! ...É por que eu sou covarde?! É tão errado assim?! Eu não pedi para ser um fracote! ... Eu... Eu só...
Eu sabia como ele se sentia... Sabia exatamente como ele se sentia. Eu estava passando por isso também... Me senti meio responsável por consolá-lo naquele momento.
Hanekawa: -...Eu sei exatamente como se sente...
Homem Torto: -...*snif*...
Hanekawa: -... Eu também era assim ... Chorava e me lamentava por ele ter me deixado... E mais ainda por não conseguir tirá-lo da minha mente. Mas um dia... Eu parei de chorar no canto do meu quarto... Simplesmente porque...Eu estava só, sempre... E ninguém viria me abraçar, me confortar e me dizer que tudo ficaria bem...
Homem Torto: -......
Hanekawa: -...Sempre foi assim ... Mas, a diferença entre mim e você... É que meu coração está despedaçado, cinzento... E seco. Minhas lágrimas simplesmente não vêm mais... Até elas se cansaram de mim...
Meu tom de voz foi gradualmente baixando, assim como meus olhos, que fitavam o vazio.
Um semblante triste era tudo o que eu tinha, mas este era sempre disfarçado por um sorriso vazio, que enganava a muitos, para não dizer todos.
Minha voz era triste, mas também seca. Isso pareceu incomodar o rapaz, já que este parara de chorar, e lentamente ergueu as pálpebras, parando para me fitar, mas eu não o olhava nos olhos, encarava o chão entre mim e ele, em total silêncio. A franja cobria meus olhos, portanto, o contato visual dele não fazia diferença.
Eu o fitei, depois de um tenso silêncio, ergui a cabeça lentamente e tirei um lenço do bolso do meu vestido. Me aproximei um pouco dele e passei o lenço delicadamente por seu rosto, limpando a sujeira, as lágrimas e o sangue deste. Passei lentamente o lenço sobre seus olhos, para não o machucar de alguma forma, depois forcei outro sorriso adorável.
Ele me encarou com o semblante sério, bem no fundo, preocupado, mas eu não acreditava que era preocupação, não queria acreditar que era.
Ele de fato não era tão bizarro, agora que já havia me acostumado mais com os olhos dele, ele de fato não era feio. Para ser sincera, ele até que era bonito.
Depois de um tempo com um encarando o outro, ele se aproximou de mim e puxou minha cabeça para seu peito, e me abraçou gentilmente.
Fiquei paralisada por alguns segundos, simplesmente surpresa. Lentamente eu senti um nó na garganta e uma dor quase insuportável no peito. Meus olhos se enchiam rapidamente de lágrimas que eu insistia de não deixar cair, mas elas pareciam ter vontade própria. Instintivamente eu pus a cabeça em seu peito de forma mais confortável e segurei sua manga do casaco com as mãos, acanhada e assustada, me rendendo ao que eu havia prendido no último mês.
Ele me abraçou mais forte e repousou a bochecha sobre minha cabeça (visto que a cabeça dele era torta devido ao pescoço inclinado) e naquele momento, eu me sentia segura, amparada.
Ele acariciou-me gentilmente na cabeça, sussurrando baixinho no meu ouvido e me acalmando.
Homem Torto: -...Shhhh... Tá tudo bem... Está tudo bem... Eu estou aqui.
Hanekawa: -...Snif...Eu sou tão fraca... Eu nem... n-nem pûde amá-lo! Por que??? Por que?! ...Eu só...Não queria que ele... Fosse embora...Que...Me deixasse SOZINHA! ...Snif...
Homem Torto: -...Eu sei, eu sei... E olhe, você não é fraca... A prova disso é que você permaneceu aqui...Comigo...
Hanekawa: -...Snif...
Homem Torto: -E, é tão ruim assim ser um fracote?
Hanekawa: -...H-Huh? ...
Homem Torto: -...Eu acho que... Amar é algo lindo... Mas, não são todos que têm essa sorte infelizmente... É uma pena... Esse rapaz não sabe a mulher maravilhosa que tinha consigo...
Hanekawa: -...Mu-Muito obrigada...Você é muito gentil...
Homem Torto: -...Duke... Meu nome é Duke MacGahan. E a doce dama se chama?
Hanekawa: -...Ha-Hanekawa... Tsuba-basa...
Duke: -Que nome amável. Combina com você.
Hanekawa: -…Fico muito agradecida...
Duke: -...Eu é quem agradeço.
Hanekawa: -...Duke...
Duke: -Sim?
Hanekawa: -...Obrigada...Por ficar do meu lado... Por não ter ... Me deixado só, e por não...ter me... matado...
Duke: -...Não creio que teria sido capaz disso... E ... Por favor, não chore...
Eu: -...Desculpe...
Duke: - (Ele secou gentilmente meus olhos e tornou a me encarar, com o rosto mais preocupado ainda) ...Não se desculpe... Desculpe-me por tocar no assunto... Vem cá...
(Ele me abraçou forte novamente e eu repousei a cabeça sobre seu peito, chorando como uma garotinha assustada. Ele afagava minha cabeça e sussurrava coisas doces no meu ouvido. Ele parecia saber exatamente o que dizer. Talvez por ser ... o que ele gostaria de ter ouvido quando era ele assim ... Sozinho.)
(Ele era tão confortável... E me fazia sentir tão...segura... Eu me sentia relaxada e com sono, já que não havia dormido muito bem nas últimas noites. Eu tive medo de dormir...E quando eu acordasse fosse tudo apenas um sonho... Então ele sussurrou mais uma vez, como se tivesse lido meus pensamentos)
Duke: -...Pode dormir tranquila...Eu ficarei aqui, e cuidarei de você...Se permitir-me tal honra, é claro...
Hanekawa: -...Só não...Me deixe... Sozinha...
(Foi o último sussurro que consegui dar. Eu estava demasiadamente cansada pelas noites mal dormidas e pelo grande esforço dos últimos dias. Caí em sono profundo mais rapidamente do que imaginava...)
Duke: -...Shhhh... Durma bem, minha princesinha...
(Duke: POV ON)
(Ela dormindo parecia um anjo...Um doce anjo que veio para mim, iluminando minhas trevas e me trazendo luz.
Eu delicadamente a pus no colo e lentamente me levantei, para não acordá-la. Andei até a cama e a coloquei devagarinho, depois a cobri até o pescoço, já que fazia frio lá.
Ela rapidamente se aconchegou na cama, mas parecia procurar alguma coisa. Ela pegou meu braço, e com uma força muito maior do que a que imaginei, ela me puxou e me apertou pelo pescoço, como um bichinho de pelúcia. Céus! Isso dói...
Não ousei me mover até ter certeza de que ela encontrou uma boa posição, então me virei para ela lentamente e a abracei de conchinha. Era a primeira vez que o fazia com uma mulher, e a sensação era tão boa! Me sentia responsável pela segurança e bem estar dela, estranho...Porém, incrível.
Coloquei queixo sobre sua cabeça delicadamente e fechei os olhos, respirei fundo e em poucos minutos, adormeci tranquilamente.)
(Duke: POV OFF)
Passaram-se alguns longos e confortáveis minutos de calmaria. O som da respiração calma de ambos era o único ruído presente no local.
De repente, o ranger da porta se abrindo fez com que ambos abrissem os olhos no mesmo instante. Ela, nem se moveu, para não assustá-lo ou preocupá-lo de que havia acordado. Ele, lentamente saiu da cama, beijou a bochecha dela e afagou sua cabeça gentilmente, pensando que dormia calmamente. Andou em direção à porta, mas antes que pudesse tocar na maçaneta, a voz doce e calma da garota o chamou:
Hanekawa: -...Duke? ... Onde você vai?
Duke: -...Eu ouvi a porta do hotel abrir. Vou descer e verificar o que é. Deve ser apenas o vento...
Hanekawa: -Eu irei com você. (Disse já me levantando da cama, mas este me parou, me repreendendo antes que eu pudesse me aproximar.)
Duke: -É melhor você descansar... Não precisa se preocupar.
Hanekawa: -...Não, eu estou bem. Vamos logo.
Duke: -......
Relutante, ele abre a porta e me deixa passar, logo em seguida fazendo o mesmo e fechando a porta atrás de si. Ele fez questão de andar na frente e bem devagar para não fazer barulho. Então não era mesmo o vento...
Ele olhou para baixo e viu um rapaz loiro caminhando para o corredor da esquerda, e então ele recuou rapidamente e se voltou para mim sério e falou sussurrando:
Duke: -...Faça silêncio. Vamos nos esconder no alçapão do porão...
Hanekawa: -...Por que?
Duke: -Provavelmente ele não deve ser tão amável como você... E não quero te pôr em risco, quem sabe que tipo de cara ele é ...
Hanekawa: -...Okay, okay...
Duke: -...Ótimo...Vamos.
Ele segurou minha mão delicadamente, suas mãos estavam frias, mas ainda sim, pude sentir carinho vindo delas. Ele me puxou levemente, para que andássemos lado-a-lado, pro caso do rapaz voltar, ele disse, que seria mais seguro assim.
Entramos naquela sala do gerente novamente e depois, descemos pela escada escura. Ele desceu primeiro, e ao chegar perto do chão, pelo que parecia, ouvi o som de ferro cair. Gelei. Graças à Deus ele avisou estar bem. Ele me esperou lá embaixo, e então eu desci lentamente, já que já não conseguia mais enxergar nada, como antes.
Ao chegar perto do chão, ele me puxou e me pôs no chão, depois disse que o penúltimo degrau havia cedido, e que eu poderia me machucar com as pontas de ferro que ficaram.
Novamente, escuro, já que eu fechei o alçapão atrás de mim, definitivamente não havia luz. Tateei pelo meu isqueiro, por sorte o achei e tentei o acender. Acendeu, que bom.
Andamos até o final do corredor e ele pediu que eu ficasse atrás de algumas caixas à direita, assenti e fiquei observando em silêncio de lá. Ele ficou de frente para a parede, como na primeira vez que eu o vi, e então o som de passos vindo de cima acometeram o local. Um calafrio percorreu meu corpo naquele momento.
O mecanismo do alçapão foi acionado e logo a porta foi aberta, imediatamente apaguei o isqueiro e fiquei olhando para a escuridão, com os ouvidos ávidos para qualquer som.
O tal rapaz então começou a descer as escadas, e meu sangue esfriava cada vez mais.
O rapaz se machucou na escada, mais precisamente, no penúltimo degrau. De fato havia se quebrado. O rapaz deu um leve grito de dor e caiu no chão, ficara gemendo de dor por alguns minutos até conseguir por fim se levantar.
Ele acendeu um isqueiro também, mas ele de fato era um fumante, já que tinha cigarros em seu bolso.
Ele caminhou lentamente cambaleando, até o fim do corredor, quando viu levemente a silhueta de alguém encarando a parede. Ele ergueu o isqueiro para ver melhor enquanto se aproximava, e fez a mesma coisa que eu havia feito horas atrás, o chamou. Não ia prestar, eu sabia que não ia...
Um som estranho foi emitido por ele, da mesma forma que antes, e a mesma cena se repetiu.
Eu já estava esperando que ele corresse ao ver Duke se virando e indo em sua direção, mas... Não foi isso o que aconteceu.
Quando Duke se virou para ele, o rapaz empalideceu e deu um passo para trás. Quando Duke se aproximou, o rapaz sacou uma pistola do bolso. Essa não!
Imediatamente minhas pupilas se dilataram, meu coração acelerou e eu deu um super salto por cima das caixas e me atirei na frente de Duke, bem no instante do altíssimo "BANG!"
*Splash*
Hanekawa: -...Huh! ...
A bala havia atravessado meu braço esquerdo não muito gravemente, mas o sangue havia se espalhado pelo chão em uma quantidade um tanto assustadora.
Quando ergui minha cabeça a procura de Duke, sinto um leve vento por trás de mim, e depois, mais dois tiros. Alguém me agarra bem no momento desses tiros, e eu sinto uma lágrima descer do meu olho direito. Quando viro os olhos para meu ombro, a cabeça de Duke estava apoiada sobre este. De seu lábio inferior descia sangue escuro, e eu não conseguia enxergar do seu nariz para cima, pois seu cabelo cobria os olhos.
Ele sussurrou brevemente, com um tom um tanto chateado, como se fosse uma leve bronca que ele estivesse me dando.
Duke: -...Tolinha... Não devia ter se atirado na minha frente... Perdoe-me... por não ter pego a primeira bala... Seu braço...
Hanekawa: -...Duke...P-Por q-que...
Duke: -...Você é especial demais para... Receber isso em meu lugar...
Hanekawa: -....... (Eu já não conseguia mais formar palavras na minha mente para poder reproduzir. Eu sentia o aperto dele se enfraquecendo gradativamente...)
Duke: -....
Hanekawa: -...DUKE!
Ele estava quase caindo, mas eu rapidamente me virei e o segurei com toda minha força. Meu braço ferido cedeu, estava doendo demais, mas me manti firme, da melhor forma possível. O coloquei lentamente no chão e olhei para o meu braço ensanguentado e respirei fundo. Sem pensar duas vezes, enfiei as unhas no buraco da bala, retirando-a após alguns breves segundos de dor insuportável, que pareciam infinitos e agonizantes segundos. Fiz o meu melhor para não gritar, soltando apenas gemidos leves.
Retirei a bala e a taquei no chão, caindo sentada logo após, suando e com os olhos arregalados olhando para o chão. Duke devia estar me encarando boquiaberto, afinal, não deveria imaginar que eu era tão sangue frio assim.
Depois de alguns segundos me recompondo, me ergui de joelhos e fiquei do lado de Duke, que de fato, estava intrigado. Me abaixei e sussurrei da forma mais agradável possível, a fim de tranquilizá-lo ao máximo do que eu iria fazer a seguir:
Hanekawa: -...Peço que me perdoe se doer demais... Mas preciso remover as balas... Só... Não vá para a luz ou muito menos para a escuridão! Tá...?
Eu estava tentando parecer o mais calma do que realmente podia, mas as diversas lágrimas em meu rosto demonstravam o quão desesperada eu estava. Eu só... Não queria que ele... Morresse.
Suas feições ficaram mais amáveis e gentis, e ele estendeu o braço e acariciou meu rosto suavemente secando algumas lágrimas que caiam repetidas vezes. Eu segurei e apertei sua mão, tentando não cair em mais lágrimas, mas não podia evitar que estas caíssem sobre ele.
Duke: -...Confio em você. E eu... Irei ficar bem, não se preocupe...
Hanekawa: -...Desculpe...
Novamente respirei fundo e fiz uma expressão séria, repetindo a ação executada minutos antes em mim mesma de enfiar as unhas nos buracos de bala e arrancá-las de lá.
Ele gemia de dor, e eu segurava sua outra mão e a apertava, até por fim, conseguir retirar as duas balas. Ele também suava, mas parecia bem mais aliviado quando acabei. Ele me fitou dando um sorriso cansado e doce, e eu acariciei seu rosto e beijei sua testa, pedi que ele descansasse e me levantei lentamente, com o cabelo nos olhos, me virando para o rapaz.
Senti dor de cabeça, mas não importava mais sentir dor ou não. Novamente, aquela antiga voz falou comigo:
Voz Misteriosa: -Você não vai deixar ele ferir quem te ajudou quando todos te odiavam, não é?
Hanekawa: -Nunca...
Voz misteriosa: -Você não vai deixá-lo impune... Irá?
Hanekawa: -JAMAIS!
Fiz um sorriso sádico e o fitei, meus olhos formigavam e meu sangue estava quente, não, estava fervendo. Sentia que minhas unhas estavam crescendo e meus dentes igualmente, mas naquele momento, nada importava apenas... Matar.
Minha voz estava ameaçadora, minha postura era de predadora. Eu o fitava bem nos olhos, como se visse de fato sua alma.
Eu sentia minhas orelhas doerem e meu cabelo parecia mudar de cor, mas novamente, eu não ligava.
O rapaz parecia apavorado, mas desta vez, não ousei dar a ele a chance que sacar a arma e disparar. Eu era mais rápida, eu me sentia mais forte. Eu pulei para cima dele, e aí, eu já não podia mais me controlar. Eu pulei em seu braço e o ... Arranquei. O rapaz gritava, mas eu não ligava nenhum pouco, apenas o fitei e joguei seu braço no chão.
Eu queria mais.
O rapaz havia caído no chão recuando, estava apavorado. Isso me deixou mais excitada ainda. Ele recuava desesperadamente procurando por alguma coisa pelo chão, visto que sua arma havia sido arremessada para longe.
Ele pegou um cano de ferro, o mesmo que havia se partido da escada anteriormente, e o atirou em minha direção, mas eu o peguei facilmente e o atirei para outro lugar com força. Agora sim eu havia me irritado.
Hanekawa: -Acha que pode comigo?!
Eu o fitei com um olhar psicótico e continuei a me aproximar mais rapidamente.
O peguei pela gola da camisa com uma força brutal e o olhei no fundo dos olhos e mordi seu pescoço brutalmente, sentindo o sangue dele começar a jorrar como um chafariz.
Ele gritava loucamente de desespero, mas na segunda mordida, ele havia se calado... Para sempre.
Arranquei sua cabeça de uma vez e a joguei fortemente contra a parede, estourando-a.
Eu ofegava levemente enquanto olhei brevemente para a poça de sangue e vi o reflexo de Duke um pouco distante e atrás de mim.
Me virei de cabeça baixa para Duke, que havia levantado a um tempo parecia, desfiz o olhar de ódio e fiz um olhar preocupado, assustado talvez, ele me olhava de maneira surpresa, e estava totalmente em choque. Eu compreendia totalmente.
Eu ergui as mãos e baixei a cabeça para fitá-las. Estavam cobertas de sangue, assim como meu vestido e meu cabelo. Olhei para o lado, para um espelho com pouca luz, que vinha do isqueiro que estava ainda aceso no chão, e vi... Um monstro.
Meus olhos eram de felino, vermelhos sangue, que estavam gradualmente indo para um amarelo-dourado. Meus dentes pareciam com os de um tigre, minhas unhas, enormes, lembravam sabres afiadíssimos. Minhas orelhas lembravam as de um gato, meu cabelo estava branco, e vermelho logicamente, e meu rosto... Estava coberto de sangue.
Eu parecia um monstro.
Eu pus as mãos na boca e andei para trás, retomando a consciência do que havia acabado de fazer. Caí para trás, tropeçando em algo. Um corpo, sem a cabeça.
Engatinhei rapidamente para trás, encostando na parede e olhando para o lado, vendo restos do que parecia... A cabeça esmagada.
Apavorada, seria pouco para descrever como eu estava.
Eu me encolhi sobre meus joelhos e escondi minha cabeça entre eles, as orelhas abaixadas.
Eu chorava assustada e tremendo, apenas ouvindo passos vindo em minha direção, e logo, alguém tocando em minha cabeça suavemente.
Rapidamente olhei para cima para ver Duke, me olhando preocupado enquanto se abaixava perto de mim.
Duke: -...Calma, calma... Não vou te machucar...
Hanekawa: -...Eu... Eu sou um monstro!
Duke: -...Não, não é.
Ele acariciou minha cabeça e minhas orelhas, me abraçando apertado e me confortando em seus braços. Então ele... Não tinha medo de mim?
Eu o apertei contra o corpo fortemente, chorando e tremendo com medo, aflita. O que eu... Fiz?
Hanekawa: -...O que eu... F-Fiz? O que eu fiz?!
Duke: -...Calma, calma... Você estava apenas se defendendo...
Hanekawa: -...Eu... Eu o matei... Eu... S-Sou um mo-monstro! Um monstro! Um monstro...
Duke: -...Então ambos somos monstros...
Hanekawa: -...Huh...? ...C-Como assim?
Duke: -...Eu também já matei alguém...
Agora eu havia ficado chocada. Imediatamente o olhei nos olhos e o perguntei gaguejando surpresa.
Hanekawa: -...J-Jura?
Duke: -...Sim...Mas... Eu achava que ele merecia sabe...
Hanekawa: -...P-Por que?
Duke: -Ele era um cara tão... Triste... A família despencando, os pais doentes de cama, a namorada o deixou e seus sonhos foram para o lixo... Acho que fiz um favor.
Hanekawa: -…Não acho...
Duke: -Hã? Por que?
Hanekawa: -...O mesmo acontece comigo... Eu sinceramente já pensei em suicídio mas... Acho que não valeria a pena simplesmente desistir assim ...
Duke: -.......
Hanekawa: -Sei que não foi sua culpa. Você só queria acabar com o sofrimento dele ... Eu queria ter o conhecido ele antes... Seria de grande ajuda...
Duke: -...Foi minha culpa sim... Porque ele ainda sofre... Quero dizer... Não mais...
Hanekawa: -Como assim?
Duke: -Acho que é meio que possível você conhecê-lo sabe...
Hanekawa: -...Não estou entendendo...
Duke: -...Fui eu... Quem cometeu suicídio.
Hanekawa: -?!
Cena 1
Alçapão - Hotel Ruhenhein
Duke
Fim
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