Laylah Peverell nunca se sentiu tão traída quanto no momento em que descobriu que o jantar na mansão Dolohov não iria acontecer, e que sim o jantar seria na mansão dos Black. Sinceramente, os problemas com os Black eram muitos, mas pelo menos não teria que passar por mas um jantar na casa dos Black sozinha, suas amigas, Annelise Rosier e Astéria Dolohov, estariam lá.
Era confuso de explicar, mas toda família puro-sangue tinha contatos com outras famílias puro-sangue, até mesmo fora de seus países, isso aconteceu com os Peverell quando chegaram no Reino Unido, e aparentemente isso era mais comum do que aparentava. Pois quando chegaram na mansão dos Black eles se depararam com mais uma família puro-sangue desconhecida, até então, pelos Peverell. Os Amaterasu chegaram no Reino Unido, pelos que Laylah havia entendido, a menos de 1 ano e meio, se mudaram para lá por convite dos Black. A única coisa que Laylah não esperava dessa situação era ganhar uma amiga, mas foi o que aconteceu.
Os Black estavam fazendo aquele jantar de comemoração pela entrada em Hogwarts, não somente dos seus gêmeos, Alphard e Walburga, mas também dos herdeiros das cinco famílias. Tudo parecia muito tranquilo na opinião de Laylah, as senhoras estavam na sala conversando com tranquilidade, e os senhores estavam no escritório falando sobre negócios, ali tinha os senhores Dolohov, Rosier, Peverell, os dois Black e os dois Amaterasu, não parecia uma reunião muito tranquila na opinião da loira.
Laylah viu os olhos da primogênita dos Amaterasu em cima dela, a Peverell olhou para a garota em confusão, que levantou o queixo para a direção dos cabelos de Laylah. Sem perceber que seus fios haviam ganhado um tom lilás por seu interesse sobre o conteúdo da conversa dos senhores nos andares mais acima, a japonesa tinha o mesmo olhar de curiosidade, mas pela mudança repetida dos fios da colega. Hideko, o nome da primogênita dos Amaterasu, era muito diferente de Laylah, mas ao mesmo tempo, muito parecida. As duas eram primogênitas de famílias muito antigas e puro-sangue, as duas estavam presas por correntes invisíveis de um preço absurdo pela perfeição, cobranças imagináveis e impossíveis de serem concluídas. Talvez seja isso que Laylah e Hideko se entenderam rapidamente, mas não eram melhores amigas, mas já era um bom caminho para as duas.
— Seu cabelo, ele mudou de cor, é algo especial de sua família? — A Amaterasu soltou finalmente a pergunta que tanto queria, Hideko amava essas heranças mágicas entres as famílias, sejam visíveis ou não
— Ah sim, minhas tias também tem essa habilidade — Lay sorriu gentil para a Amaterasu que concordou, Annelise Rosier, Astéria Dolohov e Walburga Black se aproximaram de Laylah e Hideko para participarem da conversa.
— Acho muito divertido irritar a Lay, porque assim dá para ver o cabelo dela ficando vermelho — Annelise contou arrancando uma gargalhada de Walburga, as cinco meninas se sentaram em um círculo cada uma ao lado da outra. Quando Laylah procurou a irmã com os olhos pelo quintal dos Black, encontrou-a e se sentiu mais calma ao ver com quem estava. Lilianah e a mais nova dos Amaterasu, Saki, estavam juntas de Lucretia e Cygnus Black, que pareciam estar controlando a situação incrivelmente bem. — Mas não é tão difícil estressar a Lay. Não é que a Laylah tenha pavio curto, ela não tem pavio — A frase de Anne fez Laylah cerrar os olhos na direção da amiga que somente sorriu em uma falsa inocência.
— Não é que eu seja estressada, é que você tem o dom de me estressar — A garota jogou o cabelo para trás arrancando risadas das amigas. Hideko se virou para as outras quatro garotas e com animação perguntou:
— Para o que vocês estão mais animadas para Hogwarts? — As garotas pareciam pensar um pouco. Tinha tantas coisas que estavam animadas para Hogwarts, era quase impossível escolher somente uma coisa como sua favorita, ou melhor, mais esperada.
Laylah parou um pouco para pensar sobre, acreditava que no primeiro momento era poder usar sua varinha pela primeira vez, mas também estava muito interessada nas partidas de quadribol. Contudo a coisa que mais estava a deixando ansiosa era a seleção, não entendia porque de tanto mistério para com algo tão importante, aquilo não a deixava somente curiosa ou animada, a deixava temerosa, e não era exatamente um sentimento que ela gostava muito de sentir.
— Acho que para mim são os salões comunais — Annelise contou. Fazendo as meninas olharem para ela com descrença — O que foi? Hideko me contou que em Hogwarts uma história cometa que os salões são muito aconchegantes, devem ser belíssimos também! — Logo se defendeu. Fazendo a Amaterasu cerrou os olhos na direção da Rosier que deu de ombros, isso arrancou uma risadinha da Peverell que pensou mais um pouco, mas chegou a conclusão da pergunta;
— As aulas de feitiços, defesa contra artes das trevas e, principalmente, duelos — Laylah abriu um sorriso animado só com a ideia de poder fazer essas aulas em específico — Me parecem as mais animadoras, aprender a como usar feitiços ofensivos ou defensivos é uma das coisas mais interessantes de se aprender, com certeza — Hideko concordou com a cabeça, logo dizendo a parte que mais estavam animadas para Hogwarts
— Também estou animada para as aulas de feitiços, com certeza será uma das aulas mais interessantes de se aprender — A Amaterasu sorriu com a ideia, estava tão curiosa para saber como eram as aulas em Hogwarts — Mas confesso que também estou interessada na aula de transfiguração e de Herbologia.
— Herbologia? — Walburga resmungou desacreditada, Laylah também fez uma careta para Hideko que deu de ombros — De todas as matérias interessantes você escolhe Herbologia? — Annelise riu concordando com a Black
— Gosto de herbologia — A voz de Lucretia se fez presente. A morena chegou se sentando entre Walburga e Laylah — Não é uma aula ruim, o professor é incrível.
— Não é boa também! — Cygnus passou segurando uma bandeja de sanduíche, se abaixando para oferecer, sendo dispensado por Laylah e Hideko, sendo facilmente aceito por Annelise, Astéria e Walburga, a frase do garoto arrancou uma gargalhada das garotas e uma olhada brava de Lucretia. Cygnus se levantou para chamar os meninos que correram na direção do Black mais velho
— A gente não vai jantar daqui a pouco? — Astéria perguntou olhando para Cygnus que deu de ombros logo respondendo com delicadeza;
— Eu não estou na cozinha para saber, Dolohov! — A garota fechou a cara e mordeu o sanduíche com força, arrancando uma risada alta de Laylah e Walburga — Mas acredito que eles estão demorando muito lá em cima, sabe sei lá o porquê, então tia Mel mandou entregar os sanduíches.
Isso fez Laylah gelar, ela não sabia o que eles estavam falando lá em cima. Mas a Peverell tinha a impressão que a cada reunião dos patriarcas puro-sangue as cobranças em cima de Laylah pareciam aumentar cada vez mais, toda vez que pensava em sua seleção os seus sentimentos pareciam entrar em desespero e se desnortear. A herdeira dos Peverell não era como Hideko que tinha uma segunda escolha, ela só poderia ir para um único lugar, o único que um herdeiro puro-sangue mereceria, a famosa casa de Salazar Slytherin, ser uma das cobras, ser uma filha de Salazar. Assim mostrando que ela merecia o lugar que nasceu, o lugar que estava, aquele posto que nunca deveria ser questionado se era de Laylah ou não. Se não acreditavam que ela merecia a primogenitura, a platinada provaria a sangue e fogo que merecia aquele posto e que não havia outra pessoa melhor para carregar a primogenitura dos Peverell
[ … ]
Quando o jantar começou tudo parecia de, certa forma, tranquilo, Laylah reparou como todas as cinco famílias eram absurdamente diferentes. Os Rosier se sentaram à mesa logo após dos anfitriões, que no caso, foi uma discussão enorme para saber quem iria sentar em qual lugar, sendo finalizada por Pólux que se estressou com as crianças Black e escolheu ele mesmo os lugares. Laylah, sua família e os Dolohov se sentaram juntos, logo após a confusão dos Black se dissiparam entre eles, e por último os Amaterasu, primeiro os pais e depois as crianças por ordem de nascimento. Arcturus se levantou segurando a mão de Melanie e segurando uma taça de vinho em sua mão livre, deu um sorriso quase imperceptível para a esposa que devolveu com um sorriso tranquilo. O Black levantou a taça sendo acompanhado pelos senhores e proferiu com o orgulho transbordando em sua voz.
— Toujours pur! — Os senhores levantaram as taças em brinde iniciando o jantar, não passou despercebido por Laylah os crianças Black movendo os lábios junto de Arcturus falando “Toujours pur” com uma admiração nos olhos que era impossível não dar um sorrisinho. O homem se sentou, sendo arrumado pela esposa que o fez sorrir minimamente novamente. O silêncio tomou a mesa por alguns poucos minutos, até Irma Black, não suportando o silêncio que se estourou na mesa enquanto comiam, se virou para os futuros estudantes de Hogwarts e perguntando gentilmente;
— Como está o coração? Esse momento é um dos mais importantes para um jovem bruxo — A Black era expressiva e tinha um sorriso cativante nos lábios — Eu estava uma pilha de nervos para conhecer Hogwarts. — Irma contou com um sorriso animador, Orion olhou de uma forma infeliz para tia que sorriu para o garoto — Ah querido, sua vez irá chegar, fique tranquilo!
As garotas trocaram um olhar rápido e entendedor entre elas, qual delas iriam responder à pergunta da Sra. Black. Laylah foi a que se arrumou para olhar na direção da senhora Black, que abriu um sorriso encantador para a garota.
— Fiquei muito feliz em receber minha carta, Sra.Black — A Peverell contou com um olhar rápido para o pai que também a escutava — Estou muito ansiosa para Hogwarts!
— Estou, na verdade, curiosa — Hideko contou com um ar pensativo e uma certa curiosidade nos olhos negros — Conheço bastante Mahoutokoro, quero muito ver se Hogwarts é tão grandioso quanto Mahoutokoro.
— Pode ter certeza que Hogwarts será tão grandioso quanto Mahoutokoro, querida — Melanie sorriu para a Hideko que deu de ombros em descrença, arrancou uma risada da Senhora Black. Laylah sabia que uma hora ou outra aquela conversa maldita cairia naquele assunto, era óbvio que o assunto tinha sido puxado para trazer somente aquele aviso, todos os patriarcas pareciam querer deixar claro suas opiniões sobre as casas, que sempre haveria somente uma casa e todo aquele assunto. — Mas, meu maior medo na minha época foi a seleção.
— Hum, minha seleção foi até que realmente rápida — Kratus comentou bebendo o vinho de sua taça. O homem recebeu um apoio silencioso de Cygnus.
— O comunal da Sonserina se mantém o mesmo? — Armand Rosier perguntou diretamente para o mais velho dos Black que se animou em contar aos senhores como estava a famosa masmorra da Sonserina.
Aquela pressão maldita no peito de Laylah parecia aumentar a cada momento em que aquela conversa se alastrava. Pareciam que aquelas amarras invisíveis e incorpóreos estavam se tornando tocáveis, se igualavam a um alarme frequente em seu ouvido que ela tinha somente um lugar para ir. Parecia prolixo, mas os sentimentos de Laylah estavam sendo prolixos, a todo momento em que pensava em Hogwarts, suas emoções pareciam a sufocar como uma corda. As lembranças de todas as repreensões que Laylah recebeu por coisas mínimas que ela fez, por mais que Lucian fizesse algo errado, ele nunca seria repreendido, mas a primogênita dos Peverell era repreendida pela mínima coisa que fizesse de errado. Mas ela indo para seu lugar, talvez tudo isso mudasse, talvez as pessoas, ou melhor, seu pai, a vissem como merecedora do título que vinha com ela. Mesmo sentindo essa esperança, uma vozinha em sua cabeça a dizia para não colocar tanta expectativa nessa ideia.
— Acredito que todos vocês irão nos orgulhar na Sonserina — Laylah ouviu o Arcturus soltar em forma de aviso, Laylah levantou o olhar para a Amaterasu que cerrou os olhos na direção do senhor principal dos Black. As duas trocaram um olhar rápido e depois olharam para suas mães. Laylah sentiu uma calma instantânea ao olhar para sua mãe. O olhar de Calíope Peverell era quase como se falasse "não importa para onde vá, você será brilhante em qualquer casa" junto de seu sorriso doce, parecia que as tais amarras tinham sido afrouxadas de sua alma, mas Laylah pecou em mover seus olhos para o seu pai.
Aquele olhar que tinha um único claro aviso para a primogênita, como ela já tinha pensado antes; Faça o que eu te criei para fazer, você nunca teve uma segunda opção. Laylah sentiu toda aquelas amarras voltarem com força, sua garganta fechou e, abaixando sua cabeça, viu os seus fios ficarem cinzas. Laylah foi criada para ser algo muito maior do ela mesmo sabia, ela ouviu isso muitas vezes, mas e se ela não conseguir ser tudo isso? E se ela não fosse para a Sonserina? E se ela não for… Laylah respirou fundo e silenciou seus pensamentos.
Mas o que a jovem Peverell não sabia era que toda a criança puro-sangue que tinha que lidar com essas mesmas correntes invisíveis, correntes de seus destinos que foram traçados por seus pais. Elas não tinham uma opção, nunca tiveram, e séria assim com várias nuances em suas vidas. Mas existia uma esperança, a esperança de que em Hogwarts tudo fosse diferente, de que em Hogwarts o Toujours pur não as tocassem.
A liberdade esteve no bico de uma coruja, essas crianças só ainda não aprenderam sobre a tal famosa liberdade. Mas, com feitiços, varinhas, poções e, talvez, objetos amaldiçoados, eles encontrariam seus caminhos e suas liberdades
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