POV Josie
Encaro a menina ao meu lado, observando seu rosto paralisar, suas expressões mudando lentamente de choque para confusão para culpa. Hope olha para baixo, encarando o vazio, evitando meu olhar, mesmo tendo plena consciência de que eu a observava, e que não sairia do quarto até conseguir uma resposta que me agradasse.
- Quer dizer que Hope Andrea Mikaelson, a princesa dos góticos gosta de mim, uma... Plebeia irritante, pequena perfeição, pedaço de ninguém? - pergunto. Achava que ela não resistiria a provocação sem ficar vermelha. Estava errada. A mais baixa rapidamente se pôs a me olhar nos olhos.
- Porque está tão interessada em saber de quem eu gosto Josette? - Mikaelson me pergunta, jogando o problema nas minhas mãos. Não sei como reagir rápido, gaguejando um pouco.
- Uh... Curiosidade é normal. Não desvie da minha pergunta Hope. - digo. Sentia que a pergunta era uma bola em um jogo de batata quente. Ela ergue uma sobrancelha, se levantando. Corro para a impedir, afinal ainda precisava ficar deitada para poder se curar direito. Mesmo machucada a garota rapidamente desvia-se de meus braços. Seu sangue roxo era um dos mais fortes, perdendo às vezes para o meu, ou o de Lizzie. Ela se curava rápido. Fico em pé perto dela, já do lado oposto do quarto.
- Porque? Vai fazer alguma coisa se for mesmo você? - me preparo para lhe dar uma resposta sarcástica, mas a mesma me prensa contra a parede, fixando seus olhos azuis nos meus. Me recuso a abaixar a cabeça. A olho de volta, percebendo o quanto suas pupilas estavam dilatadas. Podia sentir sua respiração e ouvir seus batimentos cardíacos, mais acelerados que o normal. Ela se aproxima lentamente, prensando sua coxa contra meu joelho. Era a primeira vez que eu me sentia menor que Hope Mikaelson. Tinha quase certeza que meu coração havia pulado algumas batidas. Quase pulo em direção ao teto quando Lizzie abre a porta subitamente.
- Oi gente eu trouxe- Mas que droga, eu saio por uma hora e vocês já estão se pegando?! - ela fala, com baldes de pipoca na mão. Ouço passos no corredor.
- Quem tá pegando quem?! - a voz familiar de Penelope diz, logo se seguindo pela própria, sua presença invadindo o quarto. - Meu deus! Eu sabia! - ela diz, fazendo uma dança esquisita. Lizzie a olha como se ela tivesse um melão no pescoço. - Que foi? É minha dancinha da vitória, para de me olhar como se eu estivesse com uma melancia na cabeça.
- Não se preocupe, a melancia está no lugar do seu cérebro inexistente... - alfineta Lizzie. Elas não se davam muito bem, mas conseguiam chegar em um nível civilizado de aminimigas.
- Não estávamos nos pegando. - digo, me afastando de Hope, que me ergue a sobrancelha. Ela sempre fazia aquele movimento...
- O que Josie quis dizer é que ainda não estávamos nos pegando. - diz Hope, me dando uma piscada sarcástica. Reviro os olhos.
- O que Hope quer dizer é que ela gosta de mim. - falo, lhe devolvendo o sorriso.
Lizzie nos olha desconfiada, dando uma leve cotovelada em Penelope.
- O que você acha, novo shipp ou não? - pergunta, fazendo Penelope rir.
- Com certeza. Agora com licença, que eu vou conversar com a minha mais nova, recém formada amiga, Jade. - diz a morena, nos deixando.
- Eu ainda vou querer essa pipoca. - diz Hope, correndo até Lizzie, para pegar um dos baldes.
- O que aconteceu com o descanso dela? - dou de ombros.
- Hope é como um bicho selvagem e precisa de anestesia para que alguém consiga mantê-la parada. - falo, só me dando conta do que eu havia dito quando termino de falar.
- Um bicho selvagem não é mesmo? - Hope provoca.
- Você sabe o que eu quis dizer. - respondo. Lizzie ri de nós duas.
- Bom, para prevenir mais desastres, vou ficar aqui com vocês. A noite de pizza e karaokê já tá deixando as pessoas um pouco bêbadas. Além disso, preciso conversar sobre uma coisa importante com vocês duas. - ela diz, se jogando em uma poltrona. Hope volta para sua cama e me dirijo para me sentar no sofá com minha irmã, mas ela me puxa. Me sento na cama e ela se deita em cima de mim. Minha irmã nos olha, mas não fala nada. Parecia um pouco distante, como se de repente a atmosfera divertida e sarcástica do ambiente tivesse se dissipado. Hope me estende o balde de pipoca, e eu pego uma mão cheia de pequenos milhos. Eu gostava de pipoca, mas a melhor parte eram os milhos que não estouravam.
- Vai quebrar seus dentes assim. - retruca Hope. Jogo um milho nela. - Está começando uma guerra Josette Saltzman? Não quer mexer comigo. - desvio o olhar para Lizzie, que tem a mesma ideia que eu, e começamos a jogar pipocas em Hope, que se encolhe. Primeiro acho que ela está desistindo, mas logo ela ergue a cabeça com as mãos cheias de pipoca. A brincadeira dura por alguns minutos, mas logo Lizzie fica seria de novo.
- Lizzie, está tudo bem? Você precisa de seus remédios? - pergunto, me referindo a suas crises de bipolaridade. Ela balança veementemente a cabeça. Porém, sua voz parece relutante quando ela começa a falar.
- Meninas, o que eu vou falar agora precisa ficar entre nós. Tudo bem? - Hope e eu assentimos. - Há uma semana, recebi uma carta. Da Bélgica. - ela faz uma pausa, como se decidindo se falaria ou não o que queria. - A carta está assinada. Como... Caroline Forbes. - ao ouvir o nome de minha mãe me levanto subitamente, fazendo Hope soltar um grunhido de dor.
- Desculpa. - digo, voltando a minha posição anterior. Hope posiciona a mão em seu abdômen. Volto minha atenção para Lizzie, que parecia perdida em pensamentos. - Lizzie? O que a carta diz?
- Pegaram o papai. O pai de Penelope também. Estão vivos, mas infectados. A mãe dela e mamãe perguntaram se estamos bem e seguras... Querem saber onde estamos. - ela conclui.
- Sabem que pode ser uma armadilha, não é? - Hope se pronuncia.
- Mas pode não ser. - responde Lizzie.
- Ela está certa. - falo. Por mais que o medo de ser uma armadilha fosse grande, a vontade de que fosse verdade era maior. Queria ver minha mãe. - Você respondeu a carta? - pergunto.
- Ainda não. Precisava pensar um pouco antes.
- E não falou comigo até agora? Sabe que precisamos responder a carta o quanto antes! Cada segundo conta enquanto elas estão em perigo! - falo, irritada pelo fato de minha irmã ter mantido um segredo por tanto tempo.
- Não falei porque sabia que você ia ter essa reação JoJo. Não sei se devemos arriscar. - ela responde.
- Não, não devem. Se falarem para elas que estamos aqui, vão estar colocando a segurança de todos em risco. Já sabemos que o governo tem uma lista dos sangue-roxo que estão a solta. - interrompo Hope, chateada por seu egoísmo.
- Se fosse Klaus ou Hayley, você não hesitaria em abandonar tudo e todos para vê-los! - solto, sem pensar. Ela se irrita.
- Mas eu não colocaria a segurança de todos aqui em risco para ir ver "minha mamãezinha"! - responde. A encaro com raiva.
- Falem baixo, querem que os outros ouçam? Penelope não pode saber. - avisa Lizzie. Ela pensa por um minuto. - Mas, talvez... Um minuto, preciso achar MG. - Sai do quarto, voltando um minuto depois. - Ótimo. Temos gasolina o suficiente para dirigir até a Bélgica. - ela fala.
- Está maluca? Não podemos dirigir até a Bélgica! - falo. - Fica em outro continente!
- Eu sei. Estudei geografia. Não estou falando disso. Já sei o que faremos. Vou mandar um recado para "Caroline" dizendo que saímos de Mystic Falls em segurança. Vou dizer que Penelope e Jade estão conosco, ninguém mais. Elas vão conosco na viagem. Jade tem o mesmo tipo sanguíneo que eu, e é forte, então preciso dela. Penelope pode receber sangue de qualquer uma de nós. Levaremos o jipe. Ficaremos escondidas, marcaremos um ponto de encontro. Sem riscos, simples. - Lizzie explica seu plano.
- E para onde vamos gênio? Já disse que não podemos ir para a Bélgica.
- Ah, mas é muito melhor que a Bélgica. Hope vai adorar. - ela diz, bancando a misteriosa.
- Fala logo Saltzman. - retruca Hope, tentando esconder a curiosidade. A loira ergue as sobrancelhas e mexe as mãos como se fosse um vilão de desenho animado que estivesse planejando algo maligno.
- Nós vamos para Nova Orleans.
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