Estava anoitecendo. Dava para se sentir o frio da noite chegar. Era um longo caminho até ao local que Dante tinha nomeado. Olhava para todos os lados e parecia que aquele caminho nunca mais terminava. Estava uma névoa densa, me dificultando a visão. Ao longe, consegui avistar umas luzes, o que pareciam ser as luzes néon do tal bar que Dante tinha me falado. De fato, o bar era estranho, se encontrava num local muito isolado e deserto. Quem seria a pessoa que se atreveria a caminhar por um lugar desses de noite? O local era rodeado de enormes árvores, um chão lamacento, ouvia-se estranhos ruídos, que assustavam qualquer um.
- Acho que finalmente cheguei. – saquei a Blue Rose, pois não sabia o que me aguardava lá dentro.
Me aproximei do bar, ele parecia antigo e dava um pouco de medo. Procurei a porta de entrada e entrei. A porta era antiga, fazia um pequeno ruído ao abrir. Avistei um homem de óculos escuros, limpando um copo. Ele me fintou, mas ignorou minha chegada, e continuou o que estava fazendo. O local, possuía um aspeto sombrio, suas principais cores consistiam em negro, cinza e a branco e as únicas cores diferentes e chamativas estavam exatamente onde o estranho homem se encontrava, o vermelho cintilante do letreiro néon e as prateleiras cheias de garrafas dos mais diversos tipos de bebidas. Não hesitei, apontei meu revólver na cabeça do sujeito, este apenas me olhou.
- Quem é você? – indaguei, encostando a arma em sua testa – E que bar é esse? Por que esse bar se encontra logo numa floresta? Esse local cheira a morte, é isolado.
O homem me observou por trás dos óculos com grande interesse, e ele abriu um leve e quase impercetível sorriso de deleite á minha agressividade. Prosseguiu limpando o copo como se minha a ameaça não lhe intimidasse, dava para perceber que seus olhos emitiam um brilho vermelho. - Bem-vindo, garoto. - anunciou sinicamente.
- Volto a repetir… - suspirei – Quem é você? – dei um tiro no copo que se quebrou.
- Sou o Rodin. - respondeu, rapidamente pegou outro copo e com suas habilidades sobre humanas prepara uma bebida para o novo visitante, ainda que estivesse ciente do risco. Ele estava acostumado a esse tipo de situação, fazia parte do seu ramo de trabalho. - Creio que meus anúncios já deram resultado. - Então o que deseja?
- Apenas quero saber que lugar é esse. – me sento em frente do sujeito, o observando.
Preparado devidamente a bebida, depositou-a em uma delicada taça com uma pequena azeitona perante mim. Olhou para mim e desviou a atenção para preparar uma taça extra, o clima parecia menos agressivo ainda que percebesse o meu estado de alerta.
- O que te preocupa é que traga problemas para esse lugar? - ele emendou indiferente, minimamente curioso.
Ele sentiu uma enorme energia demoníaca vinda de mim, o que despertou mais a sua atenção.
- Eu tenho negócios aqui, sem contar o grande poder demoníaco presente. Não existe lugar melhor para abrir um novo bar. E não estou aqui para arrumar brigas - a luz vermelha nos olhos dele tornaram-se mais intensas e mesmo de óculos escuros, podia-se notar. - E é claro que a confusão causada por esses merdas angelicais está deixando meus companheiros infernais agitados. Como deve saber, há certos lugares que tem uma forte aproximação ou com o inferno ou o céu. E esse lugar justamente tem os dois.
- Como você sabe tanto de anjos e demônios? – questionei, guardando meu revolver e depositando minha inteira atenção para o homem.
- Eu sei mais do que imagina, garoto. - seu sorriso se ampliou mostrando nitidamente sua audácia. - Digamos que ainda não existem coisas que eu não tenha conhecimento. Tudo que for do meu interesse é claro. Além disso, lido com o inferno por isso atuo com o fornecimento de armas para aniquilação de anjos.
- Espera, você falou em armas? – dei um gole na bebida que o homem me serviu, colocando o copo no balcão de novo – Penso que tou precisando de armas para assassinar anjos mesmo. – respondi pensativo.
O homem sorriu, visivelmente satisfeito com minhas palavras. E num gesto rápido e simples fez a prateleira cheia de bebidas atrás de si ser substituídas por incontáveis prateleiras bem organizadas com as mais diversas armas, desde de armas brancas à de fogo. Todas possuíam um grande poder, não somente isso, poder das trevas. Verdadeiras armas demoníacas. - Então faremos um bom negócio garoto.
Meus olhos ficaram brilhando, devo estar no céu das armas ou me calhou finalmente algum pingo de sorte? Peguei duas armas, pois eu amo tiros e eu amo revolveres e coisas do tipo. E peguei uma enorme foice que me chamou a atenção, já que tenho duas espadas, mais vale variar.
- Agora sim estamos a falar bem! – sorri, baixando a cabeça em seguida, pois me lembrei que quebrei um copo e fiquei com uma arma colada na cabeça do sujeito – Me desculpe por quebrar um copo. – suspirei.
Rodin arqueou uma sobrancelha em sutil descaso, o sorriso de deboche estampava sua feição era algo novo para ele encontrar alguém como eu. Se notava em sua cara. - Você não é o primeiro nem o último a tentar me matar. Ficaria impressionado com as incontáveis vezes que virei alvo... Mas não é como se não tivesse costume, é uma das coisas interessantes do meu trabalho. Aliás, qual é seu nome garoto?
- Nero… Quem mais tentou matar você? – indaguei curioso.
- Está tão curioso em saber? Ah, você é igual a ela em muitos sentidos. Ela é do tipo que atira primeiro e depois pergunta. - Rodin riscou os dedos como se acendesse um isqueiro, na ponta de seus dedos chamas roxas surgiram e ele a usou no charuto. Depois de uma longa tragada, voltou a me olhar. - Ela adoraria se entreter com alguém como você, e é provável que a encontre por aqui.
- Interessante… - termino de beber a bebida, me levanto, guardando todas as armas novas – Gostaria mesmo de saber quem é essa pessoa.
- Pode ser que tenha a sorte de encontra-la, Nero. - agilmente organizou o balcão. Soprou a escura fumaça do charuto. - Sempre que precisar de armas e informações me procure, claro que contanto que continue eliminando anjos. Fica tudo por conta da casa.
- Uma coisa… - o olho – Eu não caço apenas anjos, caço demônios também. Os que se metem no meu caminho e os que buscam por poder ou machucar humanos. Um deles me deu isso. – mostro meu braço demoníaco – Ele se chama Berial, não entendi ainda porque ele me deu esse braço, mas já me habituei a ele.
- Isso não é realmente importante. Meus negócios são apenas focados nos anjos - mostrou um pequeno anel dourado - a morte deles me dão lucros. - observou com interesse o braço do garoto - Mas parece que esse braço é a prova de um pacto forjado, tal como uma bruxa e seu companheiro infernal.
- Pelo jeito fiz um pacto com um demônio e nem me apercebi… - olho o braço – Quando o voltar a ver, farei essa pergunta a ele. Vou embora, quero encontrar a pessoa que você nomeou, até mais! – me despedi do sujeito.
- Até uma próxima, garoto. - deu um último sorriso exultante, que mostrava estar ansioso para o meu encontro com a pessoa mistério.
Saí para fora do bar, Rodin ali ficou limpando seus copos e arrumando tudo. A névoa do local tinha sumido um pouco, o que me facilitava a vista. Seria mais um longo caminho para sair daquela densa floresta. Muitas árvores rodeavam o local escuro, a escuridão reinava por ali. Senti alguns olhos brilhantes me olharem, mas ignorei e continuei meu caminho. O chão lamacento me dificultava o andar, o ar frio me provocava dores no corpo, mas eu não ligava pra isso, apenas queria sair dali.
(…)
Finalmente saí da floresta. Cheguei na cidade. No caminho, me deparei com uma enorme loja, que vendia variados utensílios. A loja tinha um ar de modernidade, ao contrário do bar do Rodin. Tapei meu braço, como sempre fazia, não queria que ninguém o visse. Entrei para dentro, enquanto observava tudo na loja, pude reparar alguns olhos me olhando. Pessoas com trajes de vários tipos se encontravam na loja, até que avistei uma mulher estranha com um pirulito na boca. Comer dentro duma loja? Onde que isso é permitido? Pude sentir seus olhos me observarem atentamente. Aquele olhar me incomodava um pouco, tentei ignorar, mas aquele olhar me seguia. Ela rodava seu pirulito na boca, parecia uma criança a desgostar o seu doce preferido. Será que é essa a mulher ou a pessoa que Rodin me falara? Não queria arriscar em perguntar, mas de fato, ela não tirava os olhos de mim. Pude sentir uma aura obscura vindo dela, o que demostra que essa mulher não é humana. Era fora do normal, pois as outras pessoas não me olhavam tanto como ela. Seus cabelos eram curtos e negros, sua pele era branca como neve e seus olhos eram azuis. Suas roupas eram extravagantes demais, o que deixava muitas pessoas a olhando.
Com passos elegantes, a mulher fez um rápido sinal para a atendente que devido ao modo extravagante da vestimenta da desconhecida mulher ficou encolhida, quase como se sentisse inferior a ela. Dando uma última saboreada no doce, desviou momentaneamente a atenção que manteve sobre mim, me deixando sem graça e com um sorriso claramente provocador disse:
- “Ah”, não é o lugar certo para buscar acessórios. Ao menos tenho algo mais... Desafiador por aqui. - lambeu os lábios transparecendo sua excitação - Bem, embrulhe somente aqueles dois vestidos. Atrapalhada a atendente acenou e fez o pedido, a mulher levou o pequeno pirulito a boca. Seu olhar novamente recaiu sob mim, me estudando meticulosamente. Ela notara que atraíra grande parte dos olhares para si, inclusive a minha atenção. E percebeu que ele teve uma conversa com Rodin, e sorriu mais amplamente por sentir a essência da sua bebida favorita. A jovem atendente tentou lhe avisar, mas mulher não pode conter sua atitude arrogante.
- Então, garoto - arqueou a sobrancelha desdenhosamente - admirando a visão?
- Que visão? – soltei um riso sarcástico – Andava procurando algo, estou precisando de mudar de estilo e pelo jeito não encontrei muita coisa, mas… - olho a mulher – Você não sabe mesmo ser discreta, “né”?
Sorriu em desafio, passou a mão por toda lateral do corpo até finalmente repousa-la na fina cintura. Ela deu uma olhada na própria roupa no espelho que jazia ao seu lado, visualizando o lindo vestido rosa com uma ampla fenda entre as pernas que dariam no meio das coxas e o generoso decote que se criavam uma quase total vista do abdômen e seios. Admirou o reflexo e voltou a encarar o garoto, sustentando o sorriso provocante e degustando o pirulito.
- Discreta? Essa não é uma palavra que possa sequer me definir. Mas vejo que minhas roupas tenham lhe causado desconforto, talvez seja por que - estreitou os olhos, quase mascarando-os com os óculos - a visão te deixe... Animado. Ou mesmo ficaria melhor sem elas. A mulher ouviu a atendente engasgar de espanto, e pode desconfiar que a pobre garota estava ruborizada pela atitude de extrema ousadia que testemunhara. Concluiu que as pessoas desse lugar não eram do tipo libertinas tampouco descaradas ou maliciosas. Para ela aquele jogo com direito a plateia era interessante para reafirmar sua beleza e confiança.
- Nossa… - a olhei de cima a baixo – Vejo que não consigo entender as mulheres. – olho para o outro lado – Nunca irei entender, mas pude sentir… - me aproximei da mulher, voltando meu rosto para ela – Sua energia obscura, o que demostra que você não é humana. - falei em tom baixo para que ninguém do local nos ouvisse.
Me fitando fixamente, ainda cheia de confiança, a mulher pegou suas compras, pagou a atendente que continuava corada e entregou-lhe o dinheiro. Aproximou-se perigosamente de mim, o que me fez recuar um pouco, e usando toda sua audácia sussurrou próxima ao meu ouvido, e tocando suavemente o meu rosto com a ponta dos dedos até meus lábios.
- Muito esperto, estou impressionada! - disse impetuosa - Vou te contar um segredo e que nunca se esqueça; tome cuidado com o tipo de mulher você fala, afinal o que nós, bruxas, temos de sedutoras temos de perigosas. Descaradamente roçou os lábios na minha bochecha, depositando um beijo ali. Todos os presentes ficaram chocados com a cena, a mulher sorriu abertamente e prosseguiu seu caminho até a saída. Antes de atravessar a porta, piscou e aproveitou para soprar um beijo para mim, o que me deixou paralisado.
- Espera, ela disse bruxa? – fiquei paralisado uns momentos, meu rosto queimou de tanta vergonha – peguei numas vestes que tinha gostado e paguei a atendente, que ainda estava chocada com a cena que vira – Tá me olhando para quê? – minha voz estremeceu, pois estava nervoso, a mulher, apenas aceitou o dinheiro e tirou seus olhos de mim - Se ela é uma bruxa, talvez essa mulher conheça minha mãe. – pensei para mim – É isso, vou atrás dela!
Saí da loja, fitei todos os locais possíveis e vi a mulher caminhando. Corri atrás dela, berrando no meio da rua.
- Espera, preciso de perguntar uma coisa pra você!
Ela olhou-o por cima dos ombros, apesar de saber que o garoto queria o ignorou, apertou o passo sem se importar por estar sendo seguida. Colocou um chapéu para combinar com o vestido. Enquanto andava atraiu mais atenções para si, principalmente por homens que passavam.
- Você realmente pretende me seguir, não é? - indagou perversamente - Homens que perseguem mulheres nunca as terão!
- Droga! – reclamo pra mim mesmo – Não te estou seguindo para isso. Você nem faz o meu tipo! – cruzo os braços, bufando.
Ao ouvir aquilo a mulher parou, ainda sorrindo.
- É mesmo? - virou-se para olhar o garoto de frente - Deve ser por que sou muito para um garotinho como você, Cheshire. Vagarosamente andou para perto do garoto, rodeando. Então puxou-o para ficar poucos centímetros dela, quase perto para beija-lo novamente, porém se afastou rindo.
- Ah, Cheshire... Você é tão inocente se acha que vai tirar alguma informação de mim assim.
- Meu nome é Nero! – berrei bem alto, pois estava completamente irado – Não dá mesmo pra ter uma conversa com você!
- Nero? - a mulher estagnou no lugar como se lembrasse de algo muito importante. Uma brisa calma passou por ela trazendo mais lembranças. Ela continuou andando sentindo as primeiras ondas de excitação por uma luta com um adversário a altura, ou seja, eu.
- Até onde está disposto a ir para saber sobre sua doce mamãe?
Fiquei ali parado por uns momentos, a palavra mamãe me suou dentro de meus ouvidos, até minha mente. Minha mente estava um completo caos, estava confuso, frustrado por meu pai não me contar a verdade de início, por todo mundo estar me escondendo coisas, incluindo essa mulher. Dante, era o único que não escondia nada, agora ele sabe, ou talvez desconfia que sou filho de seu irmão gêmeo. A mulher conseguiu me tirar do sério, eu ignorei o facto de ela ser mais velha que eu e respondi:
- Eu sabia que você sabia algo de minha mãe. – a encarei, meus olhos mostravam ira – Nem que tenha de te enfrentar, eu farei de tudo pra saber algo de minha mãe. Meu pai não me fala e ninguém me fala, todo mundo me esconde toda a merda. – falei em tom grosseiro – Mas isso acabou, se eu tiver que te arrancar informações à força, que assim seja!
Virando bruscamente, ela me olhou sedenta e pronta para um combate em potencial. Largou as compras no chão como se não lhe fossem importantes, somente peças supérfluas. As minhas palavras, a encheram de entusiasmo, o sorriso continuou inabalável.
- Faremos dessa forma; Se você ganhar te conto tudo que quiser saber seja sobre sua mãe quanto qualquer outra coisa... - mordeu o lábio inferior e fez um gesto chamando-o para o ataque - Isso é a palavra chave, justamente que queria ouvir. Venha garoto! Tire tudo que puder de mim!
Coloquei minhas compras ali também, encostadas numa rocha. Já estávamos um pouco afastados da cidade. O local era aberto, perfeito para um bom duelo. Apenas sorri confiante, parecia que meus nervos tinham se anulado. Se eu derrotar a mulher, ela me dirá algo de minha mãe, finalmente irei saber alguma coisa dela. Não poderia estar mais radiante.
- Com todo o prazer! Let’s dance! – sorri correndo diretamente contra ela.
Peguei minhas pistolas novas, que ainda não tinham um nome específico e comecei a disparar contra a mulher. Mesmo com o meu primeiro avanço, ela permaneceu parada demonstrando não estar assustada. Estendeu a mão e com um movimento singular desacelerou o tempo quase o parando, e desapareceu nesse intervalo para reaparecer atrás de mim - Homens tão previsíveis... - gracejou puxando um novo pirulito do seu decote, com formato de cereja - Vejo que gosta do jeito difícil, Cheshire.
- Me trata pelo nome duma vez! – vociferei, apontando uma das pistolas para a mulher e infringindo um tiro.
Esquivou tranquilamente da bala, e sem perder tempo deu um chute certeiro na minha mão.
- Quem sabe, Cheshire. Só o chamarei pelo nome quando me provar o quão forte é. E vai precisar arrancar minhas roupas. - impulsionou o corpo para trás e prontamente para se afastar, que já emanava raiva em mim, pelas constantes provocações impostas por ela. - E se for um bom garoto lhe direi meu nome.
- Que assim seja!
Me afastei da mulher também, ela estava me deixando nervoso novamente, e os nervos afetam até os pensamentos, respirei fundo, pronto para mais uma disputa de balas.
- Sua mãe foi um desafio, nos enfrentamos tantas vezes e agora estou aqui, lutando com o filho dela. — Colocou as mãos na cintura, esperando algum ataque. Ela queria instigar-me a dar tudo de mim e ver até onde tinha controle com os poderes Umbra. Deu uma provocativa piscadela. - Seria desagradável não saber o nome da mulher que irá te ensinar boas maneiras, pode me chamar de Cereza ou Bayonetta.
Não dei nenhuma resposta, apenas pensava em uma coisa; acertar ao menos um golpe no meu adversário. Apenas me movi rapidamente, disparando novamente contra ela, dessa vez queria ter as certezas de não falhar, a olhava atentamente para ver se não ficava desprevenido e ela me ataca-se repentinamente.
Fingindo um bocejo, usou seus poderes para, dessa vez paralisar o tempo, suficiente para se induzir num proximidade perigosa. Colocou um pirulito na boca minha boca e afagou os meus cabelos.
- Buh! - exclamou antes de agarrar minha mão e lançar-me para longe - Minha roupa ainda está intacta e assim nunca vai saber sobre sua mãe.
- Veremos mesmo se não! – uma aura me envolve, me teletransporto para trás da mulher e infrinjo um pontapé, a jogando para longe – Obrigado pelo pirulito, estava com fome. – sorriu, saboreando o pirulito.
- Está melhorando! - ajeitando o vestido para limpa-lo rapidamente. - Pensei que teria que lhe dar um beijo para te fazer acordar, Cheshire! Com um leve chacoalhar de cabeça tirou algumas mechas de cabelo rebelde que caiam e atrapalhavam seu campo de visão.
Minha respiração estava ofegante, só espero que a maldita asma não atrapalhe o combate. Ignorei o fato de minha respiração estar me incomodando e apenas esbocei um leve sorriso.
- Finalmente, começou a esquentar o clima. “Uh”, pirulito de caramelo? Ao menos conhece um de meus gostos. – degusto o pirulito – Agora é que a verdadeira dança vai começar!
- Let's dance, boy! - saltando direto para parede de um estabelecimento, em seus pés pode-se ver o brilho azul e o símbolo Umbra. Bayonetta fez um sinal para que eu avançasse com tudo, sendo o mais brutal que pudesse.
Em meus pés se formou um círculo roxeado com o símbolo Umbra, corri ferozmente contra uma das paredes de um dos edifícios. Essa energia me mantinha preso nas paredes, como um íman, isso era vantajoso, pois poderia andar por todo o lugar, quer no chão, quer em algo vertical. Guardei minhas pistolas e invoquei minha foice nova. Guarda-la num selo era mais fácil, não teria de andar sempre com ela carregada, já que carregava duas espadas e mais um revolver. Dei um enorme salto, erguendo minha foice e infringindo um golpe certeiro em Cereza.
Sua boca abriu-se num "O" de surpresa, porém fora substituído por um sorriso malicioso. O vestido que tão orgulhosamente trajava rasgou-se diante de meus olhos sendo mais nada além de um retalho de pano, sem a proteção dele o feminino corpo nu estava exposto para quem quisesse ver. Bayonetta flexionou as pernas e jogando-se o mais alto que podia enquanto seus cabelos negros moldaram-se as suas curvas para, por fim, formar sua roupa.
- Ficou tão ansioso para me ver nua que nem conseguiu se controlar, Cheshire? - sacou suas belas armas, Love is Blue.
- Nem por isso. – esbocei um sorriso sínico – Só tenho olhos para uma garota, como falei, você não faz o meu género. – agarrei firmemente minhas duas novas pistolas – Power and Glory, minhas duas novas amigas. – uma pequena aura se envolveu nos dois revolveres, desaparecendo em seguida – Parece que amaram o nome e estão prontas para uma última disputa de tiroteios, veremos quem ganha. – pisco.
Ela me mirou como alvo e atirou sem hesitar, nisso parou o tempo e disparou simultaneamente em diferentes direções utilizando esse método sem deixar ponto cego. E no último ato soprou um Infernal Kiss como um ataque bônus caso eu conseguisse escapar da cadeia de balas. Feito isso virou as costas e caminhou pelas paredes, esboçando um sorriso.
- Boa sorte, Cheshire!
- Se fosse você, tomaria atenção em tudo. – sorriu confiante.
Sorri apenas, me esquivei de todas as balas, automaticamente invoquei uma barreira protetora que me protegeu do último ataque da bruxa. Disparei contra todas as direções, tentando não deixar nenhum espaço aberto para que ela escapasse.
Bayonetta formou um círculo com a perna que a envolveu num obscuro escudo, então sua projeção astral emergiu infligindo uma cabeçada contra mim, antes de retornar e sair ilesa do tiroteio. Me provocou uma pequena dor, mas ignorei, estava radiante pois tinha um pequeno trunfo na manga. Ela arrumou os curtos cabelos negros, olhando de relance para mim.
- Que garoto malvado, Cheshire!
- Como falei, toma mais atenção. – um monte de espadas de cristal rodeiam a mulher – Não sou apenas um Umbra, sou um Sparda! Summoned Swords! – as espadas acertam e acabam quebrando o escudo da bruxa, uma das espadas infringe um pequeno corte em seu rosto.
Tocou o ferimento, me olhando com desdém. Com o poder da sua aura sombria fechou o corte, e asas apareceram em suas costas em reposta a sua agressividade.
- Você precisa aprender a tratar uma dama, Cheshire. Fez um encantamento com os cabelos para me incapacitar, o bastante para me dar uma sequência violenta de chutes com Wicked Weaves.
- E você deveria me respeitar uma vez na vida, Cereza. – retruco sua resposta, mostrando um pequeno sorriso – Não me subestime, não é por acaso que enfrento anjos e demônios.
Se surpreende com o fato e eu lhe chamar de Cereza, talvez eu lhe tivesse trazido alguma memória. Fixa seus olhos nos meus, buscando traços do que realmente queria saber. Não havia dúvida, eu sustentava um dos Olhos do Mundo. E por um segundo lembrou de si mesma, na mesma idade, quando ainda não sabia exatamente sobre seus poderes.
- Nero... - apontou as duas pistolas relutante para mim.
Não entendia o motivo de estar fraquejando dessa forma, talvez estivesse se tornando algo que não queria. Expulsou esse pensamento, atirando impensadamente contra mim, me deixando surpreso ao nomear meu nome. Será que consegui despertar alguma memória valiosa? Será que ela se lembrou de minha mãe? Será que seu nome, Cereza lhe trás memórias do passado? Algo me dizia que sim e que eu estava pronto de encontrar alguma pista sobre minha mãe. Mantinha a esperança acesa de alguma vez saber algo sobre minha mãe. Acho que merecia saber depois de tanta coisa ruim que me aconteceu. Esse sentimento me corroía por dentro, me deixava confuso, me tirava o sono, me fazia doer a alma, me torturava a cada dia que passava. Era uma enorme angustia que vivia dentro de mim, memórias rondavam meu cérebro de novo. Quando era criança, olhava todas as crianças, com seus pais. Agarrando as mãos deles, eles sorriam para a criança e esta sorria de volta. E eu, apenas sentindo aquela dor, me perguntando onde estavam meus amados pais, lágrimas escorriam por meu rosto, mas não apagavam a dor que sentia dentro de mim. Meus pais adotivos morreram também, cuidaram de mim um tempo, mas não era o mesmo amor, amor dos meus pais de sangue. Mas uma coisa é certa, minha mãe pode ter morrido ou não, mas meu amor por meus pais, nunca morrerá. Olhei para Cereza confuso, tentei conter a tristeza que senti no momento e as memórias que rolaram em minha mente. Ela atirava alguns tiros contra mim, mas nenhum deles me acertava. Essas falhas repentinas, as notei desde que nomeei seu nome, será que ela tem algo em comum comigo? Será que ela perdeu seus pais como eu? Me pergunto, será que ela no fundo entende minha dor? Meu desespero? Minha angustia?
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.