Uma sensação diferente passava em meu corpo, como se eu tivesse relaxado por dias. Algum peso parecia ter ido embora e pela primeira vez em anos acordei sem sentir a carga de dias cansativos e entediantes. Abri meus olhos lentamente e me sentei na cama, olhei para o lado e passei minha mão sobre o colchão, esperando sentir meu celular em algum lugar.
Quando o senti, acendi o visor e era quase quatro da manhã. Como posso ter dormido tão bem em poucas horas? Embaixo do horário, várias ligações do Jin perdidas. Arregalei os olhos e disquei o seu número. Eu não fui encontrá-lo ontem, deve estar pensando trilhões de coisas.
Obvio que ele não atendeu. Passei minha mão em meus cabelos e a desci em meu pescoço, senti ali o mesmo curativo que Yoongi fez em mim aquela noite.
Jimin me mordeu. A sensação de seus dentes ainda estavam ali, o que mais me intrigava é que eu não senti a mesma dor daquela noite. Foi diferente, foi bom...
Chacoalhei a cabeça e apertei minhas têmporas.
-Não pense asneiras Arimin! - Falei a mim mesma.
Oh Deus, eu deixei ele me morder!
Foi por uma boa causa, ele se machucou por minha culpa. Sei que me protegeu somente para não se transformarem em um ‘da noite’ caso eu morra, mas mesmo assim, aquele Garry me deu muito medo e ele apareceu para me ajudar.
-Ari? - Alguém bateu na porta.
-Oi. - Respondi.
Eu ainda estava sentada na cama, depois que Jimin me mordeu eu senti uma vertigem bem forte. Estava com um pouco de medo de ficar em pé e ainda sentir aquilo.
-Estava dormindo? - Era a Hee, ela fechou a porta e se aproximou de mim.
-Acordei agora. - Respondi.
-Ari, não pode tentar sair de casa sem um de nós. - Falou sentando ao meu lado.
-Eu sei, mas eu queria ir ver o meu amigo. - Falei.
Agora eu sei que não é uma boa ideia sair sem a companhia de algum deles, afinal, eu nunca imaginaria que pessoas como eles queriam me matar também.
-Podemos dar um jeito nisso. - Sorriu.
Olhei animada em sua direção.
-Sério? E como faria isso? - Perguntei.
Hee pode ser como eles, vampira, rápida e forte. Mas consigo ver o cuidado que eles têm com ela, como se fosse uma irmã bem nova.
-O Namjoon é o mais influenciável dessa casa, pode fazer uma cara triste e convencê-lo a te levar. - Respondeu.
-Não acho que isso vai dar certo. - Falei pensando.
-Dá sim, confie em mim. - Ela sorriu. - Não pode sair sozinha e outro louco te morder por ai.
Enruguei o meio das minhas sobrancelhas, outro louco me morder? Jimin não contou para eles que foi ele quem me mordeu? Bom, eu não me importava com aquilo, eu não estava pensando em entrar na biblioteca e gritar ‘pessoal, o Jimin me mordeu, mas estou bem’.
-Ok, posso tentar depois. - Falei e ela ficou em pé.
-Venha tomar café. - Falou e saiu do quarto.
Tomar café? Às quatro da manhã? Ok, estiquei minhas mãos para o alto e me despreguicei. Fui em direção ao banheiro e fiz minha higiene. Tomei outro banho, voltei para o guarda roupa e tentei procurar outra coisa que não fosse vestido. Mas para a minha infelicidade, só havia vestidos ali. Escolhi qualquer um na cor vermelha e sai do quarto.
Tentei me lembrar do caminho que fiz com Hoseok aquela vez e caminhei em direção ao grande salão. Mas antes de chegar lá, senti alguém me puxar para dentro de alguma sala e fechar a porta.
-Jimin?
Ele acendeu a luz do lugar, parecia um escritório. Cheirava a páginas de livros antigos e uma cortina imensa da cor preta cobria as janelas.
-Não pode contar para ninguém sobre o que fizemos. - Falou me trazendo de volta a realidade.
-Bom, isso nem passou na minha cabeça. - Olhei para ele. - Mas porque não?
-Eu não sei como te explicar... - Ele andou de um lado para o outro.
Ele parecia um pouco nervoso com a situação. Ele não queria ter feito aquilo?
-Me desculpa Jimin, eu não queria ter forçado você. Mas você estava muito ruim. - Falei e ele parou de andar. - Vai, meu sangue não deve ser tão ruim assim. - Brinquei.
Ele me encarou intensamente e pela primeira vez eu senti algo estranho entre nós. Confesso que não conversamos muito desde que nos conhecemos, sou mais próxima de Hoseok do que dele que conheci primeiro.
-Não diga nada a ninguém. - Ele falou depois de alguns segundos em silêncio.
-Não vou dizer. - Falei.
-Ótimo. - Falou, notei ele olhar em direção onde mordeu e logo saiu da sala.
Isso foi bem estranho, eu não entendi muito bem o fato dele não querer contar aos outros. Mas como disse antes, isso não me importava. Eu só queria me encontrar com o Jin e conversar com ele.
Suspirei e saí dali, quando fechei a porta e virei, trombei bruscamente com alguém. A pessoa caiu no chão, era uma garota. Ela estava usando um vestido um pouco antigo.
-Me perdoe. - Ela falou rapidamente.
Me aproximei dela e ajudei-a se levantar.
-Tudo bem, fui eu que trombei em você. - Falei. - Eu que devo me desculpar.
Ela sorriu e colocou seus cabelos atrás da orelha.
-Sou Haye. - Sorriu. - A esposa do Yoongi.
Arregalei meus olhos minimamente. Eu não havia conhecido ela ainda, pensei que não morasse aqui, mas é obvio que mora. Se Yoongi mora aqui, certamente sua esposa mora também.
-Sou Arimin. - Falei.
-Ah sim, me desculpe não ir conhecê-la antes. - Falou gentilmente.
-Não se preocupe com isso, estou longe de ser alguém que precisa ser apresentada. - Sorri um pouco sem graça.
Para falar a verdade só estava naquela casa por falta de opções. Essas pessoas simplesmente sabiam o que estava acontecendo comigo e eu vim parar aqui.
-Ari. - Hoseok apareceu no corredor.
Haye virou e juntou suas mãos em frente ao corpo e sorriu quando viu o rapaz se aproximar.
-Oi. - Falei. - Eu estou conhecendo sua cunhada.
Ele se aproximou da gente e sorriu.
-Prefiro chama-la de amiga de infância, cunhada soa como alguém que devo respeitar. - Sorriu.
-E deveria mesmo. - Ela o empurrou levemente.
Eu não sabia disso, eles são amigos de infância?
-Vamos para o salão. - Ele falou a nós duas.
Assentimos com a cabeça e o seguimos pelo o corredor. Quando entramos, todos estavam em volta da mesa, até mesmo o tio deles. Sentei-me ao lado de Hee, eles estavam bebendo alguma coisa, mas seus copos eram prateados e ficava difícil saber o que bebiam.
-Vejo que conheceu a Haye. - Hee falou ao meu lado.
-Sim, ela é muito gentil. - Falei. - E seu vestido é...
Tentei achar uma palavra para o seu vestido antigo, eu nunca fui muito fã de vestido. Mas o dela era de uma época passada e eu gostei dele.
-Haye gosta dos vestidos do século dezoito, ela não se desapega. - Hee falou.
Aquilo arrepiou o meu corpo todo, vampiros são imortais como diz a lenda. Mas há quanto tempo eles estão vivos? Eu deveria ter perguntado isso.
-Está tudo bem minha jovem? - O senhor na ponta da mesa direcionou a palavra em minha direção. - Garry é rude assim mesmo, tem uma inveja enorme dos meninos.
-Do Jimin você quer dizer né? - Namjoon o corrigiu.
-Eu estou bem, obrigada. - Respondi.
Eu não sei o que houve ali, mas meu olhar encontrou o do Jimin do outro lado da mesa. Estávamos compartilhando um segredo que somente ele sabia o porquê.
-Não tente sair sozinha novamente. - Ele falou e eu apenas assenti com a cabeça.
Apesar dele ter dito isso, eu não me senti prisioneira. Eu sinto que posso sair, mas tenho medo. Algo me diz que por enquanto ao lado deles eu estarei segura.
-Eu tenho uma dúvida. - Falei e todos me encararam.
-Pois diga. - O senhor falou.
-Existe outro colar como aquele? - Perguntei.
A esperança de ter a minha vida de volta ainda estava viva em meu peito, se eu tiver novamente alguma coisa que me ‘proteja’ desse mundo, tudo pode ser como antes. Eu farei bom uso dessa vez, se eu soubesse que era algo tão importante jamais teria usado no pescoço onde qualquer ladrão se interessaria.
-Vou pesquisar para você. - Falou.
-Obrigada. - Sorri.
Ficamos ali um pouco conversando na mesa. Logo todos saíram e Hee me levou para conhecer o jardim junto com Haye.
-Eu soube que foi ferida Hee, está tudo bem? - Haye perguntou quando nos sentamos no banco.
-Ai meu Deus, isso se espalhou? - Hee exclamou. - Você sabe se a minha vó ficou sabendo?
-Eu acho que foi a sua vó que contou para a minha mãe. - Haye respondeu pensativa.
Elas falavam sobre família uma com a outra e uma sensação boa passava em meu peito. Mesmo não tendo ninguém, era legal ver outras pessoas compartilharem esse sentimento.
-Não acredito. - Hee escondeu seu rosto. - Diz para mim que Lana não descobriu.
Haye riu e fez uma expressão de nojo. Essa Lana parecia não agradá-las.
-Mas eu estou bem. - Hee falou soltando o ar. - Kook me ajudou.
-Deve ser legal compartilhar isso. - Haye sorriu.
-Do que está falando Haye, você tem o Yoongi. - Hee sorriu.
Haye ficou vermelha como um pimentão e apenas sorriu.
-É mesmo. - Falou.
-Como funciona isso? - Perguntei e as duas me olharam.
Uma olhou para a outra logo depois. Acho que essa é a primeira vez delas explicando, assim como Hoseok.
-Os mais velhos dos nossos clãs escolhem os nossos parceiros. - Hee começou. - No meu caso, minha vó com o tio do Kook juntaram nós dois. Confesso que no começo odiamos a ideia, mas era o que tinha que ser feito. Sou a filha mais velha e precisava cumprir com isso, mas ao invés de escolherem Yoongi por ser o mais velho, escolheram Kook, pois era o mais novo e tinha a minha idade. - Sorriu e ruborizou. - Isso foi há trinta anos.
Engasguei com a saliva e comecei a tossir. Eu precisava perguntar em que ano nasceram.
-Depois do noivado temos o ritual. - Ela continuou falando. - O casal passa a sua primeira noite juntos e um morde o outro. A partir desse momento, o sangue um do outro é a cura para todos os seus ferimentos.
Encarei os pés.
-Então a mordida para vocês é um ato intimo? - Perguntei.
-Entre nós sim. - Ela respondeu.
-E com um humano? - Perguntei um pouco apreensiva.
Hee me olhou e inclinou sua cabeça para o lado.
-Com o humano não, eles não nos curam. - Respondeu. - Amenizam nossa dor somente.
Arregalei minimamente os olhos, mas Jimin foi curado ontem, eu tenho certeza disso. Ou não foi?
-Mas e se curar? - Teimei.
-Não tem como. - Ela falou. - É apenas quando duas pessoas são ligadas, e entre um vampiro e uma humana é impossível existir.
“Era para ter amenizado a dor, não curado como curou”, a voz do Jimin ecoou em minha mente noite passada. Como isso é possível? Eu sou humana e ele é um vampiro, como posso ter curado ele?
-Preciso de água. - Me levantei e sai andando.
Agora entendo o porquê dele ter ficado daquele jeito. Corri para dentro da casa, eu precisava falar com ele. E se eu não for humana? Olhei por todos os cômodos e vi-o subindo uma escada.
-Jimin! - O chamei e subi atrás dele, eu ainda não conhecia a parte de cima da casa.
Ele virou e me encarou até se aproximar dele.
-Como eu posso ter te curado? - Perguntei.
Ele olhou para os lados um pouco nervoso, pegou em minha mão e me arrastou pelo o corredor do andar de cima, abriu uma porta e me puxou para dentro. Era um quarto todo preto, estava um pouco desarrumado. Eu pensei que o quarto de um vampiro seria algo sombrio, talvez morcegos estivessem pendurados no teto, mas era realmente um quarto de um garoto.
-Não grite isso para a casa toda. - Me repreendeu.
-Jimin, eu não sou humana? Meu sangue te curou. - Falei um pouco assustada.
Ele passou sua mão nos cabelos.
-Claro que você é humana sua louca, se não fosse estaríamos todos mortos. - Falou. - E justamente por ser humana não entendo porque seu sangue me curou.
-Você já foi curado dessa forma antes? - Me aproximei dele. - Já mordeu outro humano?
-Há muito tempo, e não fui curado. - Respondeu.
Pareceu não ser uma época agradável para ele.
-Talvez seja por eu ser a última da linhagem humana de vocês. - Falei e ele me encarou.
-Isso, faz sentindo. Faz sentindo! - Falou andando de um lado para o outro.
Ele estava perdido tanto quanto eu, e olha que é ele quem entende das coisas aqui e não eu.
-O que fazemos? - Perguntei e ele parou.
-Vamos falar com o meu tio. - Pegou em meu pulso novamente e saiu pelo o corredor.
Ele tinha essa mania de me puxar para todo o lugar que ia, mas eu não iria reclamar disso agora, minha preocupação era outra. Fomos até o fim daquele corredor, entramos em uma sala e quando ele abriu a porta, seu tio estava sentado atrás de uma mesa enorme.
-Tio, podemos conversar? - Jimin perguntou fechando a porta.
Fiquei parada no canto.
-O que aconteceu? - Perguntou olhando para mim e logo para Jimin.
Ele começou a explicar ao tio desde o momento que apareceu no bosque, contou sobre Garry e até mesmo que começaram a brigar. Contou a parte do rubi e seu tio pareceu horrorizado ao saber que um vampiro usou isso em outro. E finalmente a parte em que me mordeu e foi curado.
Isso o pegou de surpresa, ficou em pé e Jimin finalizou a história com a nossa conclusão, por eu ser a última na linhagem humana isso possa ter acontecido de alguma forma.
-Pode ser. - Ele falou. - Venha aqui minha jovem.
Olhei para Jimin e ele me deu sinal para obedecê-lo. Caminhei até ele e parei em sua frente, pegou em minha mão e com a sua unha gigante cortou o meu dedo.
-Ai. - Reclamei.
Foi até a mesa, abriu uma gaveta e de lá tirou um colar. Na ponta havia uma pedra vermelha, Jimin se afastou.
-Porque tem um rubi tio? - Perguntou um pouco indignado.
-Não o usei em ninguém. - Sorriu. - Não se preocupe querido.
Ele se aproximou de mim e tocou na pedra. Contorceu seu rosto em dor, seu dedo ficou todo queimado, Jimin olhava aquilo apreensivo. Ele sabe muito bem como é a dor e em um nível maior, ele foi perfurado por isso ontem.
-Venha aqui Ari. - Falou e pegou em minha mão.
Pegou meu dedo cortado e deixou meu sangue pingar em seu ferimento. Ah, agora eu entendi, se seu ferimento curar será mesmo por eu ser a última da linhagem. Jimin se aproximou quando ele olhou para seu dedo, eu fiquei olhando também e sequer piscava.
-Não curou. - Jimin falou baixo.
-Sim, não curou. - O senhor falou.
-O que isso quer dizer? - Perguntei enrolando meu dedo cortado no vestido.
O tio de Jimin voltou para a mesa e sentou nela, levou sua mão no queixo e pareceu pensar.
-Só há uma explicação. - Falou para si mesmo.
Jimin e eu nos aproximamos juntos. Nós dois estávamos igualmente curiosos para saber.
-Me deixem encontrar uma forma de explicar para vocês. - Falou suspirando. - Ari querida, acho que sabe sobre a ligação de dois jovens vampiros... - Falou e eu assenti com a cabeça. - Vocês dois estão ligados.
Jimin deu um passo para trás.
-Mas como isso é possível? - Perguntou.
Isso também me pegou de surpresa, como posso ter alguma ligação com o Jimin?
-Jimin, você sabe que é a da geração principal da nossa família. - Ele olhou para o sobrinho que o ouviu em silêncio. - Você é Park e sabe muito bem quem foram os Park’s. Você é o último deles e você Arimin é a última do lado humano.
-Mas tem os outros. - Falei.
Jimin tinha muitos primos por essa casa, como ele pode ser o último de não sei quem?
-Eles são apenas primos. - O senhor falou. - Cada um veio de um galho de uma única árvore. Jimin veio do tronco principal.
Ótimo, ele estava falando de árvores genealógicas?
-Está falando isso porque o meu pai é neto da... - Jimin falou e parou no meio da frase.
-Isso. - Seu tio respondeu. - A Arimin também é da geração dela.
-Dela quem? - Perguntei.
-Tem como desfazer isso? - Jimin perguntou.
Eles não vão me responder?
-Tem sim, um de vocês tem que morrer. Você sabe como funciona isso Jimin. - Seu tio falou. - Mas não se preocupem com isso, nada pode acontecer entre vocês.
-Nada vai acontecer entre nós! - Jimin falou firme.
Me assustei com a sua firmeza, eu sei que não sou tão bonita assim, mas eu não sou de se jogar fora. E outra, eu nunca pensei em ter algo com esse garoto frio.
-Ele tem razão, nada vai acontecer! - Falei.
-Então, qual é o problema? - Seu tio perguntou abrindo os braços. - Ou vocês gostaram da sensação?
Ele estava se referindo de quando Jimin me mordeu? Jimin e eu ficamos em silêncio, olhei para ele pelo canto dos olhos, ele gostou? Aliás, eu gostei?
-Ai meu Deus, vocês gostaram! - Seu tio exclamou.
-Não! - Dissemos juntos.
-Ótimo, então esqueçam isso e não contem para ninguém. - Ele falou e voltou para trás da mesa.
Virei e caminhei para fora da sala. Logo Jimin saiu atrás e fechou a porta, parei e olhei para ele.
-Vamos esquecer isso. - Falei e ele raspou sua garganta.
-Vamos. - Concordou e saiu andando.
Porque ele não respondeu seu tio? Ele gostou? Comecei a andar, para falar a verdade não foi ruim, foi bom. Eu não sei explicar...
-Para com isso Arimin! - Falei alto e alguém pulou ao meu lado de susto.
-Credo, você fala sozinha? - Namjoon perguntou.
-Às vezes. - Respondi suspirando.
Olhei para Namjoon e sorri, ele me olhou um pouco confuso. Essa poderia ser a minha chance de pedir a ajuda dele.
-Nam! - Cheguei perto dele.
-Nam? - Ele exclamou confuso.
-Vou te chamar assim. - Sorri.
-O que você quer? - Perguntou se afastando um pouco.
-Nam, meu melhor amigo quer muito falar comigo. - Fiz uma expressão triste, Hee falou que ele é influenciável, então eu precisava tentar de tudo.
-Você não pode sair Ari. - Cruzou seus braços.
-Vem comigo. Você não é o mais forte? - Sorri.
Esse é o ponto fraco dos homens, ser chamado de forte por uma garota, espero que seja dos vampiros também.
-Não sou, Jimin é! - Falou em seguida.
Ok, ele foi muito sincero.
-Por favor, Nam! - Juntei minhas duas mãos. - Eu só quinze minutos e já voltamos.
Ele pareceu pensar um pouco, suspirou e me encarou.
-Vai ser bem rápido! - Falou e eu assenti com a cabeça.
Fiquei bem animada, Hee tinha razão, Hoseok pode ser o mais afetuoso, mas Nam era o mais sentimental. Jimin e Yoongi são os estressados e Taehyung e Jungkook são plenos, falam somente o necessário. Fomos em direção à saída e ele se aproximou de mim.
-A gente vai de carro? - Perguntei olhando em volta.
-Carro? Eu sou um vampiro. - Respondeu sorrindo. - Aonde vamos?
Olhei confusa em sua direção.
-Espera.
Peguei meu celular e enviei uma mensagem para o Jin.
Jin, me encontre na praça em frente ao café.
Olhei para Namjoon.
-Pronto. - Falei e ele se aproximou.
Uma tontura imensa me dominou, ah não. Logo aparecemos na praça e eu me sentei correndo no banco.
-Poderia ter avisado. - Exclamei.
Uma vontade imensa de vomitar tomava conta de mim.
-Foi mal. - Sorriu.
Namjoon sentou ao meu lado e minutos depois Jin apareceu, ele caminhava rapidamente.
-Uau. - Nam falou ao meu lado.
Olhei em sua direção confusa e me levantei, corri até Jin e o abracei.
-Você não apareceu ontem, pensei que tivesse acontecendo alguma coisa. - Jin falou e se separou de mim.
-Me desculpe... Eu...
-Lee Arimin! - Jin me cortou. - Está usando um vestido?
Sorri, uma sensação de conforto tomou o meu peito. Ter Jin ao meu lado brincando comigo me trazia a vida normal de novo.
-Pra você ver. - Sorri. - Jin, esse é o Namjoon.
Puxei Jin até Namjoon que ficou em pé rapidamente.
-Muito prazer. - Namjoon esticou sua mão.
Quando ambos foram se tocar em um cumprimento, segurei a mão de Jin. Os dois me olharam confusos.
-Rubis. - Bati na pulseira de Jin.
-Ah. - Jin tirou rapidamente a corrente do braço. - Desculpa.
-Tudo bem. - Nam sorriu sem graça.
Nos sentamos novamente no banco.
-Vai me contar essa história de caçador ou vou ter que descobrir sozinha? - Perguntei.
-Eles são os caçadores da família Kim, eles vem de uma geração enorme de caçadores. - Quem falou foi Namjoon.
Jin pareceu um pouco surpreso.
-Não sei nada sobre os meus antepassados, somente o que meu pai me contou. - Jin falou e olhou para mim. - Ari, ele me falou sobre você. Falou que viu uma garota que usava a pedra de Ni Mira.
Namjoon se levantou rapidamente.
-Como sabem sobre Ni Mira? - perguntou.
-Quem é Ni Mira? - Perguntei confusa.
-Ela foi alguém muito importante na geração dos vampiros. - Nam falou e voltou a sentar. - Nada demais.
Ele pareceu muito apreensivo para não ser nada demais, mas eu não iria insistir nisso. Virei e olhei para que Jin continuasse.
-Ele pediu que eu analisasse a pedra de perto, e nos tornamos amigos. - Continuou falando. - Sabíamos que não era normal você carregar aquilo no pescoço, afinal, você era uma humana que não demostrava perigo nenhum, mas sabíamos também que algo iria acontecer com você.
Nada mais me deixa mais confusa depois do que ouvi na mansão deles, mas um alivio passou por mim, cheguei a pensar que Jin não fosse mesmo meu amigo e se isso fosse verdade eu não sei o que faria.
-Jin, eles não são ruins. - Falei. - Estão me protegendo, apesar de ter um interesse para isso. - Falei olhando para Namjoon e ele desviou seu olhar.
-Que interesse? - Jin perguntou.
-Eu sou um equilíbrio. - Respondi e ele arregalou seus olhos.
-Tem mais, certo? - Jin olhou para Namjoon.
-Não, ela é a última. - Nam respondeu.
Jin se levantou e passou suas mãos nos cabelos.
-É por isso que tudo isso está acontecendo? - Jin perguntou em seguida. - Ela está sendo perseguida e atacada.
-Sim, estão tentando nos destruir dessa forma. - Nam falou.
-Eu não estou brincando! - Jin se exaltou.
-Nem eu! - Namjoon ficou em pé.
Levantei-me do banco e me aproximei dos dois que se encaravam sem piscar. Eu conseguia entender o Jin, ele estava preocupado comigo, muitas coisas poderão vir atrás de mim justamente por ser o equilíbrio do clã mais forte que existe. Isso também me deixava um pouco nervosa.
-Fiquem calmos. - Falei colocando minhas mãos nos ombros deles.
-Ari, fique comigo. - Jin pegou em meu pulso. - Nós te protegeremos.
Namjoon segurou meu outro braço um pouco desesperado.
-Nem pensar! - Nam exclamou. - Sei que os caçadores Kim possuem habilidades o suficiente para mantê-la segura, mas eu tirei ela de lá e vou leva-la de volta.
Notei uma expressão surpresa passar pelo o rosto do Jin, ele pareceu gostar das palavras de Namjoon, foi como se Nam estivesse reconhecendo um trabalho de anos.
-Tudo bem. - Jin soltou meu braço facilmente.
-Tudo bem mesmo?- Nam perguntou gentilmente.
-Tudo sim. - Jin sorriu.
-Ok, vocês dois não iam se matar agora a pouco? - Perguntei olhando para eles.
Estavam quase se mantando e de repente um concordando com o outro como se fossem amigos há anos. Eles me olharam novamente confusos.
-Mas posso ir visita-la? - Jin perguntou.
-Claro que não! - Nam exclamou. - Não deixamos caçadores entrar em casa.
-Tecnicamente não sou ainda. - Jin falou. - Eu só treino e a primeira pessoa que ataquei foi a amiga de vocês.
Seria muito legal se Jin pudesse ir me visitar, ter alguém que pertence a minha vida normal seria maravilhoso.
-Não posso fazer isso. - Nam falou.
-Não precisam saber que irei. - Jin falou. - Só me deixe vê-la e logo saio.
-Hee e Jimin sabem quem você é! - Nam falou.
-Eles não precisam saber que irei. Na verdade ninguém precisa, é só você ajudar eu entrar e sair sem ninguém ver! - Jin falou.
Namjoon olhou para mim e logo em seguida olhou para Jin. Ele deve ter percebido que isso era importante para nós. Jin é como um irmão para mim e Nam sendo sentimental como é viu isso.
Suspirou e bagunçou seus cabelos.
-Tá bom. - Falou.
Jin sorriu e olhou para mim. Nos despedimos e logo fomos embora, quando ‘aparecemos’ em frente a mansão, Nam segurou meu braço.
-Ninguém pode saber Ari, ninguém mesmo! Eu seria deserdado por isso! - Falou um pouco desesperado.
-Não vou dizer a ninguém, isso é importante para mim Nam! - Falei.
Ele assentiu com a cabeça e quando fui sair andando ele me segurou novamente.
-Passa o número dele... - Corou um pouco. - Sabe... Vai que... Vai que tem uma oportunidade perfeita para ele entrar.
Murchei meus olhos, isso foi bem suspeito. Apenas sorri e peguei meu celular, passei o número do Jin a ele e entrei. Pensei em ir para o meu quarto, mas o nome que citaram agora pouco estava martelando em minha cabeça. Então decidi ir para a biblioteca, comecei a olhar livro por livro. Claro que se fosse ver todos passaria anos ali, aquilo era enorme.
Quando pensei em desistir, viu um livro cujo titulo era ‘Passadas gerações’, o tirei da estante e caminhei até o sofá, me sentei ali e abri o livro, era bem velho, todos ali devem ser.
-Como era o nome mesmo? - Perguntei a mim mesma. - Ni Mira... Ni... Aqui.
Achei alguma coisa que citava o nome dela.
‘Ni Mira achou melhor esconder seu bem mais precioso e esse foi o seu maior pecado, pois jamais imaginava que estava escondendo de si mesma o que mais amava. Cansada de procurar nos confins do mundo, deixou ser engolida pela escuridão e amaldiçoou...’’
-Quem está ai? - Alguém falou e eu pulei no lugar.
Fechei o livro e fiquei em pé.
-Sou eu. - Respondi colocando o livro atrás de mim.
Era Taehyung.
-Oi Ari. - Sorriu. - Está lendo?
-Não, só foleando as páginas. - Respondi indo até a estante. Coloquei o livro ali de uma forma que ele não notasse qual era.
-Ah sim. - Respondeu.
-Bom vou ir dormir. - Sorri para ele sai da biblioteca.
Não sei por que, mas eu não queria que ele visse qual livro eu estava lendo. Pelo o jeito que Namjoon agiu quando Jin citou o nome dessa mulher, deve ser algo bem importante. Fui para o quarto e tomei um banho quente, já era quase oito da noite, o tempo parecia voar quando estava nessa casa. Coloquei mais um vestido de Hee. Deitei na cama, mas não consegui dormir, minha mente estava naquele livro. Sai da cama e caminhei em direção à porta.
-Eles devem dormir não é mesmo? - Perguntei a mim mesma.
Abri a porta e vi o corredor totalmente vazio e silencioso. Caminhei nas pontas dos pés e fui em direção à biblioteca. Entrei e fechei aquela porta imensa, virei e quando fui andar me assustei com alguém deitado no sofá.
-Ahh! - Exclamei.
A pessoa levantou e me olhou, o cabelo cinza brilhou com a luz da lua.
-O que está fazendo aqui? - Jimin perguntou.
-Eu não consegui dormir e pensei em pegar um livro para ler. - Falei.
Eu não estava mentindo para ele, tecnicamente eu não iria conseguir dormir mesmo pensando naquele nome. E eu queria mesmo esse livro para continuar lendo.
-Que livro? - Perguntou.
-Ah, qualquer um! - Exclamei.
-Há livros aqui que não deve mexer. - Falou um pouco frio.
Suspirei e olhei para o lado, pela forma como Namjoon agiu sobre essa mulher, certamente esse era um livro que eu não deveria mexer.
-Você é sempre assim? - Perguntei. - É só um livro.
-E você é sempre irritante dessa forma? - Ele falou. - Vai perder um braço se dizer qual livro quer?
Suspirei, caminhei em direção a estante e sorteei qualquer livro. Eu sei muito bem que ele negaria o livro que quero.
-Não pode. - Falou e eu me assustei quando o vi atrás de mim.
Levei minha mão em outro livro.
-Não também. - Falou.
Suspirei e fechei os olhos. Virei e coloquei minhas mãos na cintura.
-Você está mentindo para mim. - Falei. - Pra quê existe uma biblioteca se não podemos ler os livros?
Ele sorriu de lado e respirou fundo.
-Você não pode ler. - Falou enfatizando o ‘você’.
O olhei indignada. Como assim não posso ler? Estou nessa casa enorme onde todos parecem saber tudo sobre mim, onde tem essa biblioteca enorme que posso descobrir sozinha e não posso ler nada?
-Qual é dessa ligação? - Perguntei. - Os opostos se atraem?
-Eu não faço ideia do que está falando. - Jimin falou um pouco irritado.
Claro que ele não conhece esse ditado, ele deve ser dos anos de mil setecentos e lá vão bolinhas.
-Eu disse para esquecer aquilo. -Falou.
-Eu esqueci! - Falei levantando as mãos. - Você que falou de novo, aliás, você não me agradeceu por salvar a sua vida.
Para falar a verdade, eu não estava esperando nada dele. Foi minha escolha deixa-lo me morder, e outra, foi ele quem me salvou lá e eu nem o agradeci. Mesmo que tenha feito isso por interesse, ele me salvou de qualquer forma.
-Agradecer? - Deu um passo em minha direção. - Aquilo foi desagradável.
A biblioteca estava escura, somente a luz da lua entrava. Estávamos no canto da biblioteca, eu conseguia ver boa parte do seu rosto.
-Desagradável? Não pareceu quando fechou o buraco do seu abdome. - Exclamei. - Foi desagradável para mim que quase desmaiei depois.
Ele passou sua mão novamente no cabelo. Notei que ele faz isso quando está irritado. Ele a tirou do seu cabelo e apoiou-a na estante de livro um pouco ao lado da minha cabeça.
-Não pareceu desagradável pra você na sala do meu tio. - Falou.
-Você também não respondeu ele! - Rebati perplexa.
-Porque eu... - Falou e se aproximou um pouco mais.
Meu coração começou a bater rápido demais, a sensação dos dentes dele passou novamente pelo o meu corpo. Eu não disse nada na sala do tio dele, porque eu gostei...
Eu adorei a sensação.
Quando dei por mim, estava com as mãos em seu peito. Jimin estava bem próximo.
-Eu não gostei. - Ele falou baixo enquanto se aproximava de mim.
-Eu também não. - Falei no mesmo tom.
Seu rosto estava perto do meu pescoço, senti sua mão em minha cintura me puxar um pouco. Fechei meus olhos, eu não sei o que deu em mim, mas eu ansiei por aquilo. Eu queria que ele mordesse de novo! Senti sua respiração bater em meu pescoço e logo seus dentes encostarem em minha pele. Levei minha mão eu sua nuca e ele tirou sua outra mão da estante e a colocou em mim junto com a outra.
Eu queria...
-Jimin? - Alguém entrou na biblioteca.
Jimin desapareceu do nada. E meu coração gelou.
-Arimin? - Era Hoseok. - O que faz aqui?
Minha respiração estava pesada demais para formular alguma resposta a ele. Ele ia me morder de novo? Não...
Eu ia deixa-lo me morder de novo.
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