Capítulo 9 - O Confronto Final (parte3)
- Não vou deixar você morrer... - decidiu-se Diva. - Eu vou te dar o meu sangue!
- É inútil, não vai adiantar - disse uma voz feminina atrás dos dois. Diva virou-se imediatamente em direção à voz.
- Você...?
Era Julia que havia chegado à ilha junto com David.
- Estudei durante muito tempo a vida dos Chiropterans - disse Julia levando uma das mãos ao bolso de seu jaleco branco e tirando um estilete. - O seu sangue foi útil para transformá-lo de humano no que é agora e pode até servir para aquietar a sede, mas não pode salvá-lo desta vez... Ele precisa de sangue humano.
Julia passou a lâmina do estilete em sua pele, fazendo uma careta pela dor e observando o sangue verter com volúpia inundando a palma de sua mão.
- Se formos rápidas, acho que ainda podemos salvá-lo. Sugue o meu sangue e dê a ele boca-a-boca - disse Julia.
- Ficou louca?! - disse Diva. - No mínimo eu arrancaria o seu braço...
- Você tem que se controlar! É a única maneira, quer que ele viva ou não?- pediu Julia.
- É claro que eu quero! Mas eu não sou como o Edward, não tenho auto-controle - disse Diva. - Nunca achei que fosse dizer isso mas... É melhor você fazer!
- Eu?! - espantou-se Julia. - Mas é que...
- Rápido! Nós não temos tempo a perder!
Julia fechou os olhos enquanto a lembrança do beijo que Edward havia lhe dado de surpresa em seu consultório. Seria um momento delicado ter de juntar seus lábios aos dele novamente. Não poderia envolver sentimentos, mesmo que fosse para salvar a vida do Chevalier.
- Vou devolver isso pra você Edward, mas não se acostume... - disse Julia antes de sugar uma grande quantidade do sangue que escorria do corte na palma de sua mão.
Ainda receosa, Julia encostou seus lábios entreabertos sobre os de Edward. O sangue escorreu dos lábios dela e passou entre os dentes, inundando sua garganta em seguida.
- Vamos Edward, agora é com você, engula... - disse Julia.
Diva e Julia permaneciam na expectativa de que Edward reagisse. Finalmente, houve um pequeno ricto em seu pescoço, que significava que ele finalmente havia engolido.
- Ele vai ficar bem? - preocupou-se Diva.
Julia levou uma das mãos ao peito de Edward e virou-se para Diva.
- Me permite?
Diva confirmou com a cabeça. Julia abriu a camisa branca que Edward usava, rasgada e manchada de sangue com facilidade, deixando seu peitoral pálido à mostra.
- Ele levou muitos tiros... São mais de quinze só na área do abdomên - disse Julia deitando sua cabeça sobre o peito de Edward. - O coraçõa está fraco, mas está batendo.
As feridas no corpo de Edward iam se fechando lentamente conforme as balas de revolver em seu corpo eram repelidas.
- Está funcionando! Ele está se curando! - comemorou Diva.
- Vamos fazer mais uma vez... - disse Julia sugando e voltando a derramar o seu sangue pelos lábios na boca de Edward.
Pouco a pouco o corpo de Edward ia se recuperando, expelindo as balas e se regenerando em seguida.
- Edward... - murmurou Diva emocionada. - Edward... Você não me deixou!
Edward abriu os olhos devagar. Sua visão estava embaçada, mas conseguiu focar o rosto de Diva.
- Diva... - ele murmurou em voz baixa.
- Edward! Você está vivo! - comemorou Diva abraçando Edwar com força. - Eu sabia que não ia me deixar...
- Não foi dessa vez que você conseguiu se livrar de mim... - disse Edward esboçando um sorriso.
- Julia... Foi o seu affair do consultório que... Cedeu o sangue pra você - explicou Diva.
Edward olhou para Julia por alguns segundos e sorriu novamente enquanto tentava se levantar para sentar-se no chão.
- Eu sabia que você não resistia aos meus lábios - riu Edward.
Julia e Diva deram socos de leve no ombro de Edward que gemeu baixo.
- Já está curado pra fazer suas piadinhas, não é Griffiths?
- Não me batam,ainda posso morrer... - choramingou Edward com um divertido cinismo em suas palavras.
- Eu não podia deixar você morrer... Não dessa forma fútil - disse Julia.
- Obrigado Julia... -disse Edward levando uma das mãos ao lado esquerdo de seu abdomên, como se estivesse com dor. - Os bebês! Eu preciso ir atrás dele! O Amshel!
Edward levantou-se rapidamente, mas caiu no chão novamente ainda com a mão no abdomên.
- Edward! Você está bem? - perguntou Diva ajudando-o a se levantar.
- Vá com calma Edward... Você não está totalmente curado ainda - disse Julia.
- Eu preciso... Ir atrás dele! - insistiu Edward levantando-se de uma vez e finalmente firmando-se em pé.
- Você não está sozinho nessa Edward - disse uma voz atrás dos três. Era Solomon acompanhado de Nathan, ambos novamente em suas formas aparentemente humanas.
- Solomon... - disse Edward sorrindo, feliz por eles estarem bem.
- Não vamos deixar o Amshel levar nossas princesas, vamos? - disse Nathan apoiando-se em um dos ombros de Solomon.
- De forma alguma! Eu mesma vou liquidar o traidor com minhas próprias mãos! - rosnou Diva.
- Não - disse Edward decidido. - Essa luta é minha!
- Como vai lutar assim Edward? A pequena quantidade do meu sangue foi o bastante apenas para tirá-lo do risco de morte...Você precisa de mais sangue se quiser lutar - disse Julia.
- Julia está certa Edward... - disse Solomon. - Você precisa de sangue humano.
- Não acredito no que vocês estão insinuando... Julia! Acha mesmo que eu seria capaz de... - esbravejou Edward.
- Você quer salvar as suas filhas ou quer morrer tentando?! - berrou Julia despindo o jaleco branco e o jogando no chão.
- Eu nunca havia provado sangue humano, até que você mesma me cedeu enquanto eu estava inconsciente... Acha que eu vou atacar você agora?
- Não seja estúpido Edward! Você não tem tempo a perder, anda logo! - disse Julia abraçando Edward com força e deixando seu pescoço ao alcance do lábios dele. - Não vou te largar enquanto não fizer o que tem que fazer!
Edward fechou os olhos, como medo do que estava para acontecer.
- Julia... - disse Edward abrindo os olhos, agora com as íris vermelhas e os caninos salientes. - Me perdoe...
Edward cravou os dentes na jugular de Julia. A mulher fechou os olhos e cerrou os dentes pela dor.
Pela primeira vez, Edward sentia o sangue correr com volúpia em sua boca e percorrer sua garganta, quente e com um gosto incrível, que ele nunca havia provado igual.
Já havia se passado quase dois minutos. Edward sentia medo de não conseguir parar. Quando percebeu que o pulso de Julia estava enfraquecendo, mesmo com dificuldade, Edward a soltou.
Julia cambaleou e teria caído se Edward não a tivesse segurado.
- Julia! Vocês está bem? Me perdoe... Eu não queria... - desculpava-se Edward.
- Não se preocupe, eu estou bem... - disse Julia firmando-se em pé. - Não estou acostumada a doar sangue... Vou ficar bem.
- Edward, é melhor nós irmos, Saya está sozinha com o Amshel, não sabemos o que pode acontecer... - disse Diva.
Edward pegou Julia no colo.
- O que está fazendo?! - perguntou Julia.
- Vou levar você pro David - respondeu Edward sorrindo.
- Ei! Não se empolgue, eu ainda tô aqui! - bronqueou Diva.
- Eu posso andar, Edward. Sério, não precisa me carregar no colo... - disse Julia corando levemente.
- Me deixe fazer isso... Não vai me fazer sentir menos culpado, mas... Vai me dar um conforto - respondeu Edward.
Os cinco contornaram a casa. Edward avistou David próximo a um dos helicópteros e andou até ele com Julia no colo.
- Maldito! O que fez com ela?! - gritou David apontando sua arma para Edward ao perceber Julia em seu colo.
- Ei, acalme-se! Acho que já levei tiros demais por hoje! - disse Edward.
- Tudo bem David... Edward não é inimigo - disse Julia descendo do colo de Edward.
- E isso no seu pescoço? Ele te mordeu não foi? E você me diz que ele não é inimigo!
- Eu mordi... Sou um canalha por isso - lamentou-se Edward.
- Eu praticamente o obriguei - explicou Julia. Ele precisava de sangue... Teria morrido se eu não o tivesse ajudado.
- Eu preciso ir agora... Muito obrigado Julia, por tudo - disse Edward acenando com a cabeça e correndo em alta velocidade até Diva e os outros.
- Posso sentir o cheiro deles... Amshel está à leste da praia - disse Diva fechando os olhos e aspirando o ar ao seu redor.
- Diva, precisamos da sua permissão pra atacar o Amshel, afinal... Ele é um dos nossos, é seu Chevalier também - disse Solomon.
- Mas que tolice... Ele roubou as minhas filhas! Não tenham dó dele... Nem do James - respondeu Diva.
- James?
- Ele está com Amshel nessa... Eu também sinto isso - lamentou-se Diva.
- Logo James... Ele parecia te amar tanto, vivia só pra você, não posso acreditar! - espantou-se Nathan.
- As coisas mudam Nathan, e hoje é o dia do acerto de contas - disse Edward.
Eles correram em alta velocidade na direção leste da praia e chegaram rapidamente onde Saya e Hagi estavam numa batalha contra Amshel e James em suas formas Chiropterans.
Amshel estava prestes a golpear Saya no pescoço com suas garras depois de jogá-la no chão e James havia imobilizado Hagi no chão.
- Eu sempre tive vontade de arrancar esse seu lindo rosto do resto do seu corpo - riu Amshel quando ia golpeá-la. Numa fração de segundos, Edward lançou-se à frente dela e agüentou o golpe de Amshel com um de seus braços que também haviam tomado a forma Chiropteran.
- Edward... - espantou-se Saya - Você está vivo!
- Eu não acredito... Como pôde ter sobrevivido? - rosnou Amshel
-Saya, eu sempre chego bem na hora, não é? Agora saia daqui, rápido! - disse Edward forçando suas garras contra as de Amshel.
Saya afastou-se dos dois e juntou-se à Diva enquanto Solomon e Nathan cercaram Amshel para ajudar Edward.
- Você está bem? Ele te machucou? - preocupou-se Diva.
- Feridas superficiais, mas já estou bem - respondeu Saya enquanto pegava sua espada do chão. - Precisamos pegar os casulos enquanto Edward distrai o Amshel.
- Saya! Cuidado! - gritou Hagi.
James lançou-se sobre Saya derrubando-a no chão, forçando sua bruta carapaça sobre ela.
- Saia de cima de mim! - berrou Saya tentando livrar-se do monstro.
Diva andou até Saya e pegou a espada dela.
- Diva! O que vai fazer?! - perguntou Saya enquanto se debatia em vão.
- Eu mesma faço isso, James... - disse Diva passando a espada com força em um dos braços de Saya.
- Aaaaah! O que está fazendo?! - berrou Saya.
- Era toda uma estratégia não era? Minha rainha... Vamos, acabe com ela agora! - Rosnou James alegremente enquanto segurava o pescoço de Saya com uma das patas monstruosas. - Corte a cabeça dela!
-Eu vou matar... - disse Diva sorrindo perversamente enquanto levantava a espada no ar.
- Diva... Eu não acredito... - disse Saya fechando os olhos.