História The Last Second (KakaSaku) - Prólogo

8 meses atrás 

Tudo parecia perfeitamente pacífico na vida de Kakashi Hatake. Há quatro anos seu namoro com Mei é o mais feliz possível, o entendimento, a compreensão e o amor são incrivelmente reais. Inclusive ele estava nesse momento em uma loja de jóias, escolhendo um anel de noivado. Estavam mais que prontos para dar esse passo. 

Morador de Michigan, tinha uma rotina tranquila, ao menos por enquanto. Como jornalista, já viu e noticiou muitas coisas que ele próprio precisou de muito estômago e sangue frio pra conseguir passar. Agora ele havia recebido uma promoção da ABC News, a emissora que trabalhava, passaria a ser âncora do jornal em horário nobre. Não tinha possibilidade dele estar mais feliz do que nesse momento. O reconhecimento de todo seu esforço e competência. 

— Quero ver aquele de Turmalina, por favor. – se possível os olhos da atendente brilharam mais intensamente. Turmalina era uma pedra definitivamente bem cara e não era tão comum para anéis de noivado. 

Estava difícil pra ele exatamente escolher um, tanto que sua cabeça já estava doendo. Na verdade, a muito tempo já estava com essa dor de cabeça recorrente. Pelo visto teria que passar no médico. Mas agora não era uma simples dor de cabeça, ele notou quando sua vista escureceu e o olho direito simplesmente ficou paralisado. Isso definitivamente não é normal, principalmente quando curvou-se de dor, ajoelhando no chão com as mãos na cabeça. 

A moça que o estava atendendo percebeu a situação e acabou chamando a emergência. Não teria como ele dirigir até um hospital naquele momento, principalmente depois desses sintomas. Após um pequeno período de tempo, sua cabeça começou a doer violentamente. Sentia o pulsar da dor nas têmporas. Sentia-se cego nesse momento e o desespero começou a tomar conta dele. 

Por sorte, os paramédicos não demoraram a chegar. Mesmo que para Kakashi o tempo tenha parecido vinte quatro horas e não vinte minutos. Já dentro da ambulância, parecia ter escutado algo como "pressão muito alta", "morfina", "aura?". De fato, mal conseguiu responder seu próprio nome. A consciência ia o deixando aos poucos e isso de fato o assustava. 

Não saberia dizer quanto tempo depois acordou e diretamente em uma cama de hospital. A cabeça não mais doía, nem seus olhos. Ele só teve certeza de que não foi uma alucinação porque Mei estava ao seu lado, com a cabeça deitada sobre sua mão. 

— O que aconteceu comigo? – por mais que tenha sussurrado, a mulher ouviu e acordou do seu breve cochilo. 

— Meu amor, você está bem? 

— Estou, mas o que aconteceu? – Mei suspirou, não sabia exatamente o que tinha acontecido, apenas informações superficiais, mas não as esconderia dele. 

— Bom, pelo que parece você começou a passar mal em uma loja e chamaram a emergência. Aparentemente seus sinais vitais não estavam respondendo, mas você reclamava de dor de cabeça. – a compreensão das palavras foi o fazendo lembrar desse acontecido. — Você tem uma condição que atinge apenas de dez a quinze por cento da população mundial, se chama enxaqueca com aura. Hoje você teve o auge de alguns sintomas. O médico disse que traria mais informações depois de você acordasse. 

— Eu me lembro de dor muito minha cabeça, mas o restante é um borrão. – Kakashi acionou o botão pra chamar a enfermeira. Estava tudo tão bem, o que estava acontecendo agora? 

— Está tudo bem, senhor Hatake? – a enfermeira entrou já questionando o paciente. Ouvindo seu coração, checando os sinais vitais. Não esperou a confirmação do homem, seguiu dizendo. — O médico já vem falar com o senhor. 

— Okay. Obrigado. 

Algum tempo depois o médico adentrou o recinto, ou melhor, a médica. 

— Olá senhor, Hatake. Meu nome é Shizune Lee, sou a médica de plantão. Como se sente? 

— Confuso, doutora. Lembro de sentir muita dor de cabeça e meu olho doer, depois acordei aqui e foi isso. 

— Bom, o que foi identificado inicialmente é que o senhor tem um tipo de enxaqueca que é um pouco incomum, é enxaqueca com aura. Porém fizemos uma ressonância magnética pra confirmar e o resultado acabou de sair. Eu não tenho boas notícias, senhor Hatake. 

Um calafrio passou por si ao ouvir tais palavras. Sentiu a mão da namorada apertar a sua, meio que em um ato inconsciente de ambos. Deus, o que estaria acontecendo? De repente, a vida estava puxando seu tapete. Por que? 

— Nós observamos uma massa no lobo occipital, de grau dois. Esse local em específico é o responsável por sua visão. Nós precisamos fazer uma biópsia para confirmar se é maligno ou benigno. 

— Espera, espera. O que significa essa massa? Por favor, doutora, seja específica. – a compreensão das palavras lhe parecia absurda demais para o que ele estava pensando, queria confirmar o mais claramente possível para ele ter certeza de que não estava vendo coisas onde não tinha. 

— Senhor Hatake, essa massa ao que tudo indica se trata de um tumor. Eu sinto muito lhe dar a notícia assim, mas quanto antes pudermos iniciar o tratamento, melhores são as chances de melhora. 

Kakashi ficou estático. Era isso mesmo? Câncer? O chão foi removido dos seus pés assim que ela confirmou. O restante das informações foram um borrão. Ele ia morrer? Assim? Aos 33 anos, no auge da sua carreira, relacionamento e felicidade? Onde estava a justiça nisso? 

Por um momento, se deixou levar pelo desespero e decidiu que esperaria pela morte. Não conseguia de forma nenhuma ser otimista. Esse papo de esperar pelo melhor nunca colou com o Hatake. Ele era realista demais pra isso. Talvez se tivesse prestado um pouco de atenção ao que a médica disse, saberia que talvez pudesse sim se recuperar, mas que isso dependeria exclusivamente dele. 

— Bom, não podemos marcar a biópsia pra hoje porque o senhor ainda está se recuperando e precisa se alimentar. Mas para amanhã é possível. 

— Tudo bem, pode ser. 

De que adiantaria se preocupar se faria hoje ou amanhã? 

— Eu vou pedir para servirem seu jantar e depois disso você entrará em jejum. 

Mei ao seu lado nem parecia estar lá. Seu silêncio era sepulcral, o que de imediato fez um alerta tocar em sua cabeça. A ruiva não tinha a capacidade de ficar em silêncio em nenhum momento, que dirá depois de uma notícia dessas. 

— Amor? Fala alguma coisa. 

— Eu... Eu não sei o que dizer. 

— Não te culpo, eu também não sei. – de uma coisa Kakashi tinha certeza: tempos turbulentos estão por vir. 

A questão que mais martelava em sua cabeça era: teria força suficiente pra suportar a tempestade?