História The Lights Are Still Shining - Você acalmou minha mente

Point of View: Axl

Seus olhos não demonstravam mais insegurança, seus músculos não estavam rígidos como antes expressando desconforto e ela já não falava mais tão baixo, e por que deveria?

Todo o sentimento de angustia que já me atormentava desde a conversa com Izzy sobre Janet se misturou ao ódio que foi me ver perdido nas palavras de Mila. Meus dedos tremiam como nunca antes e meu coração batia da forma mais acelerada que eu já tinha visto, exceto por quando eu estava sob o efeito de alguma coisa, e o que me deixava intrigado era que nesse momento eu não estava. Eu ainda tentava evitar pensamentos sobre a forma como a morena me deixava sem ar e atordoado quando entrei dentro de uma boate na Sunset Strip. Voltar para a casa àquela hora do jeito que eu estava não me parecia uma boa ideia, então uni o útil ao agradável e resolvi aliviar minha tensão com quem mais entendia do assunto: mulheres. Eu sabia que seria a única coisa que me ajudaria nesse momento, como todas as outras vezes.

Me sentei em um dos bancos altos no balcão, virado para a pista onde visualizei as pessoas dançando e pedi uma bebida sem olhar para o rosto do atendente. Ele rapidamente atendeu ao meu pedido e empurrou com os dedos um copo com uma dose de whisky. Eu sempre pedia a mesma coisa. Alguns casais dançavam sorridentes enquanto o pessoal que estava sozinho investia em olhares para conquistar alguém. Uma completa perda de tempo. Olhei para baixo procurando pelas minhas mãos e percebi que elas ainda tremiam constantemente, mas não me importei já que senti meu coração mais calmo.

—Axl... Você por aqui? — exclamou uma voz se aproximando de mim pelo lado. Me alegrei momentaneamente imaginando que eu nem precisaria de muito esforço para levar uma delas para a cama, já que uma veio até mim, até olhar para o lado e perceber de quem se tratava.

—Ora ora... Madison! — Não era uma boa idéia. Eu não devia me meter na vida dos outros, eu também não era um grande exemplo de pessoa, mas era difícil evitar. —Cadê o seu namorado?

—Bem, eu não nasci grudada com o Steven, cada um tem a sua própria vida. Não acha? — respondeu ela sorrindo com bobeira, tentando se mostrar confiante. —Mas sendo assim, cadê a Janet?

—Longa história. — disse simplesmente.

—Até que demorou... — comentou Madison sentando no banco ao meu lado, com um ar irônico, sem dirigir os olhos a mim. —O namoro de vocês durou tempo demais. Eu sabia que mais cedo ou mais tarde você largaria da menina. Você não é homem de estar preso.

Ela sorriu levando o canudo verde até a boca e sugou a bebida clara soltando um sorriso logo depois, direcionando seu olhar ao meu. Era uma loira de boca carnuda, com uma bunda definida e grande como poucas tinham naquela boate. Era uma garota divertida e simpática, mas era desesperada por atenção, eu conseguia ler nos seus olhos todas as vezes que Adler levava ela em casa e sentado naquele banco ao lado dela, minha opinião não mudou.

—Não fala assim, Mady, eu gosto da loirinha, meus problemas são outros. Eu sou um arrogante fodido que só faz mal pra ela. Cansei. Entendeu?

—Se você tá dizendo...

—E por que você acha que não sou homem pra namoro? Puta que pariu! Qual é o meu problema?

—Não conseguir se controlar é um deles. — respondeu a loira enrubescendo por algum motivo as bochechas claras.

—Sai dessa, Mady. Você sabe que eu sou um cara muito romântico.

—Sim, eu sei. Mas sempre estraga tudo.

—Foda-se. — esbravejei.

—Você parece estressado. — murmurou ela se aproximando do meu ouvido já que a música estava alta.

—Eu realmente tô. Mas que porra eu tenho que as pessoas conseguem perceber isso de longe?

—As pessoas não têm culpa se os seus olhos parecem derramar fogo. Oras. E essa sua grosseria, tem como não notar? 

—Você tá certa, Madison.

Levei o copo até o balcão atrás de mim e o larguei já vazio. Eu não queria imaginar o que a loira queria. Eu não queria imaginar que talvez eu também queria. Apenas me calei diante dos olhos dela.

—Vamos dançar? — perguntou tocando meu ombro. —Assim você desestressa.

Eu olhei para ela com as sobrancelhas levemente levantas, querendo passar a ideia de que dançar para desestressar não fazia o meu tipo. Ela continuou com os olhos em mim e largou também seu copo agradecendo o atendente que o pegou.

—O que você gosta de fazer para desestressar então, Sr. Rose?

—Madison... Você sabe que eu não vou dizer não. — murmurei em meia voz, provavelmente sorrindo sacana.

—Vem, vamos para um lugar mais calmo.

***

Eu tranquei a porta do hotel e logo tirei a jaqueta de couro que cobria meus ombros. Madison me esperou parada em frente a porta olhando para mim diretamente com calor nos olhos e uma expressão convencida. Todas as garotas com quem eu transava eram diferentes, todas tinham algo original e singular que divergia as outras, mas deitadas na minha cama o sentimento que eu tinha em relação a elas era o mesmo. Eu sentia uma necessidade enorme e um tesão incompreensível de dar prazer a cada uma delas e ver os olhinhos voltados para mim com amor. Uma coisa ninguém jamais tiraria da minha cabeça: quando envolvidas pelo meu corpo, entre a minha cintura ou presenteadas com o meu beijo, naquele exato momento, todas elas me amavam, todas elas se entregavam para mim e eu juro, juro que sentia o mesmo por elas. Me dirigi até Madison sentindo o calor tomar conta do quarto, me aproximei de seu rosto deixando de tocar sua boca por apenas alguns centímetros e me motivei ao sentir a respiração quente dela no meu rosto, foi como se uma enxurrada de sentimentos ruins saíssem de cima das minhas costas liberando toda a minha boa vontade para me dedicar à loira. Levei a mão em sua nuca puxando seus cabelos com força, fazendo sua cabeça se inclinar para trás. Sua boca carnuda se abriu enquanto seus olhos fecharam e seu pescoço ficou totalmente visível para mim. Eu levei a boca até sua pele abaixo do queixo e caminhei com meu nariz e meus lábios, beijando e mordendo, por toda a extensão até tocar em sua clavícula. Sua pele lisa e com alguns sinais cheirava alguma fruta que eu não conseguia identificar, mas era muito gostosa e refrescante, dando ainda mais vontade de morder e beijar toda a superfície contando cada centímetro para que nenhuma parte passasse despercebida. Vi ela se arrepiar, ficando na pontinha do pé e parei um tempo para olhá-la dentro dos olhos. Que mulher. Se era errado ou não, eu já não conseguia definir.

O rosto de Madison demonstrava bondade e conforto, como se seus olhos quisessem que eu ficasse mais calmo, e como conseguia. A minha curiosidade por descobrir logo o que seu corpo tinha para oferecer me dava um calor absurdo e fazia minha respiração ficar ofegante. Algumas veias saltaram em meus braços e eu já senti meu membro latejar por baixo da calça, querendo entrar em Madison o mais rápido possível. 

Ela beijou meu queixo passando os dentes por toda a superfície sentindo os pequenos fios da minha barba em seus lábios. Encontrei com meus dedos sua cintura por baixo da camiseta e apertei firmemente, descendo a ponta deles para dentro de suas calças tentando encontrar sua bunda, fazendo Madison gemer levemente com os lábios encostados nos meus. Rápida como ventania, ela levou as mãos no meu corpo e, da mesma forma que o vento devasta tudo pelo que passa, ela arrancou minha camiseta rasgando-a da gola às bordas. Eu não tive tempo para reclamar e me despedir da tão bonita camiseta cinza porque a vontade de deixá-la exposta da mesma forma foi maior, então levei as mãos na camisa que a cobria e abri cada botão devagar para instigar a vontade nela, seus olhinhos seguiram meus dedos e então devagar eu puxei passando o tecido da camisa pelos seus braços que se arrepiaram.

Percorri o espaço entre seus ombros e seus seios com os dedos e logo levei a boca desenhando com a língua o mesmo caminho que minha mão fazia. Abri os botões da minha calça de couro preta e tirei-a rapidamente. Ela olhou para baixo inflando os olhos para o volume na minha cueca e se aproximou do meu corpo colando seu abdômen no meu e então sem mais paciência eu a peguei no colo, ela entrelaçou suas pernas na minha cintura e me beijou intensamente, causando um calor infernal que precisava ser aliviado. Atirei Madison na cama, onde ela caiu com os braços para cima me permitindo melhor acesso e visão dos seus peitos. Antes que eu pudesse subir em cima da loira, ela levantou o tronco e se esquivou para trás colando seu tronco na cabeceira, onde parou respirando de forma ofegante e me olhou sorrindo sacana. 

—Madison... — murmurei negando com a cabeça.

—Axl...

Point of View: Mila

O som estridente da guitarra de Slash misturada ao som do baixo e da base de Izzy em Welcome to The Jungle ecoava pela casa de show e foi a unica coisa que fez Duff calar a boca desde que chegamos ao local. O fato de Axl ter faltado a passagem de som deixou McKagan estressado, repetindo diversas vezes que se desse algum problema com os microfones ou com o retorno ele não aguentaria as reclamações do ruivo e, segundo suas próprias palavras, encheria a cara dele de porrada. 

O sono dos meninos parecia ter ido embora quando eles tocaram seus instrumentos. Não era difícil perceber o amor que cada um deles tinha pelos tais objetos. Era estranho estar entre eles e não ouvir a voz grossa de Axl que sempre ordenava o que fazer com aquele ar de liderança. Os meninos pareciam confiar cegamente em Axl, já que sempre ouviam suas sugestões e ordens de cabeça aberta e acabavam seguindo. Tommy achava que isso era porque o ruivo não aceitava ser contrariado e sim, eu sabia que era verdade, mas me parecia algo maior, como se todos eles amassem o Axl e soubessem de sua incrível habilidade com a música e por isso sempre depositavam total confiança para que ele liberasse todo o seu potencial. Conhecendo Bill, era ainda mais fácil conseguir enxergar isso.

A noite passada não saía da minha cabeça. Ser boazinha nunca fez parte do meu perfil e então por que eu estava sendo com Axl? O pedido de Izzy de esconder a verdade dele alegando que ele ficaria extremamente puto já não fazia mais sentido para mim, já que puto ele estava sempre. E francamente, a burrada que eu cometi de chamar ele de William deveria ser o suficiente para ele me olhar com outros olhos e perceber que no mínimo alguma semelhança eu tinha com a Mel. Mas não tive como saber se algo mudou em sua cabeça porque ele simplesmente saiu correndo do Rainbow. De qualquer forma, aquilo não duraria por muito tempo a menos que ele quisesse se fazer de desentendido e evitar o que já estava óbvio há muito tempo. Eu posso ter mudado fisicamente. Meu jeito pode ter mudado, minha voz, meu rosto, mas é difícil acreditar que tenha mudado o suficiente para que ele não conseguisse me reconhecer.

Sentei em cima do balcão no bar da boate e os meninos vieram até mim também sentando ao meu lado e nos bancos por perto. Duff me lançou um olhar sorridente que me instigava a sorrir para ele da mesma forma e então quando eu percebi já estava mergulhada em seus olhos.

—Já podemos ir embora? — perguntou Slash interrompendo meu momento de olhar com Duff parecendo propositalmente.

—Isso quem tem que me dizer são vocês. — respondi sorrindo. —Ficou tudo pronto?

Duff lançou um olhar seco para o moreno e voltou a olhar para mim com um sorriso simpático tocando os olhos. Dai-me paciência.

—Só esperem um pouco, Madison tá vindo me encontrar. — pediu Steven olhando para a porta procurando pela tal menina que deveria ser sua namorada.

E como se tivesse chamado por ela, a garota loira adentrou o local e dando passos pequenos atravessou a pista devagar. Eu ainda não tinha conhecido Janet, não sabia se todas as namoradas deles eram glam como a de Steven era. Ela vestia uma meia calça arrastão com coturnos e uma saia preta rasgada, acompanhada de uma blusa preta com desenhos um tanto estranhos e brincos enormes estavam pendurados em suas orelhas. Ela se aproximou de nós sorrindo sem jeito e beijou Steven na boca segurando os cabelos amarelados para que não se intrometessem.

—Parece que todo mundo aqui tem sorte pro amor menos eu. — murmurou Slash batendo os dedos na madeira do balcão próximo às minhas pernas.

—Acho que você se esqueceu de mim. — disse Izzy. —Mas o que foi?

—Jennifer me ligou ontem de noite me dizendo aquela famosa frase.

—"Podemos ser só amigos" — disseram todos eles em unissomo revirando os olhos.

Eu não sabia quem era Jennifer mas devia ser importante para Slash já que ele expressou certo desconforto ao falar dela e certamente ficou triste com a ligação da garota. Madison sentou no colo de Steven e o envolveu com um de seus braços enquanto me olhava com certa curiosidade escapando pelos olhos.

—Acho que elas não gostam dos guitarristas. — comentou Izzy pensativo, com os olhos apontados para algo imaginário ao meu lado.

—Bateristas e vocalistas devem ser os preferidos delas. — disse Duff. —São os únicos que elas querem para namorar. Puta merda. Eles são os únicos que elas gostaram o suficiente para namorar. A gente deve ter algum problema.

—Fala aí, Mady, você que namora o baterista. São bons ou não são? — perguntou Izzy pondo os pés em cima do banco que estava sentado.

—E você, Mila, já ficou com algum membro de alguma banda? — acrescentou Duff.

Eu podia falar sobre como foi experimentar alguns vocalistas e alguns guitarristas e até bateristas, mas geraria mais assunto e eu não queria que eles soubessem o que de fato eu era em Londres, mesmo ardendo de vontade de contar, preferi guardar para mim.

—Eu particularmente gosto dos guitarristas. — respondi simplesmente mordendo a ponta do dedo indicador imaginando que Slash e Izzy me olhariam com sorrisos sacanas.

—Eu achei que eu era mais importante pra você. — murmurou Duff zombando. 

—Sobre os bateristas e vocalistas, seria mais fácil perguntar para a Adriana. — disse Slash escondendo o rosto com as mãos ao terminar de falar.

Todos riram feito doidos e apenas Madison e Steven ficaram sérios, o loiro definitivamente não gostou da brincadeira.

—Quem é Adriana? — perguntei dirigindo meus olhos para Slash ao meu lado.

—Ex-namorada de Steven que o Axl comeu e colocou os gemidos dela na música.

Inacreditável, mas por alguma razão, não me surpreendeu. Eu tornei a gargalhar junto com eles e vi Steven me lançar o mesmo olhar puto que lançou para os meninos anteriormente. Madison corou as bochechas parecendo virar um pimentão vermelho.

—Todas as suas namoradas te traem, Stee... — disse Izzy.

Steven cerrou os olhos para o magricela, fez uma careta parecendo criança e então respondeu virando o rosto para Madison:

—Menos essa aqui.