Point of View: Cher
Em todas as vezes que eu imaginei estar nos braços de um deles nunca pensei que pudesse ser tão bom, nunca pensei que pudesse ser com ele. Seus beijos por todo o meu corpo me levavam ao paraíso, não conseguia deixar de dar leves gemidos e suspiros e seu sorriso voltado para mim quando eu fazia contribuíam para que eu gostasse ainda mais. Gostava de olhar em seus olhos claros e enxergar a alegria por dentro deles. O pouco que eu conheci foi o bastante para me mostrar que amor e romance não eram a sua praia, mesmo assim em seus braços no último dia eu me senti completa e, honestamente, não me importava com relacionamentos, sentimentos ou carinho, queria estar com ele e aproveitar o sonho que eu vivia de estar com a minha banda preferida.
—Eu preciso ir, princesa. Se você quer manter isso mesmo em segredo, não podemos dar motivos para desconfianças e termos nos atrasados hoje na piscina já foi um.
—Mas eu cheguei com o Matt, acho que isso não fez eles desconfiarem.
—De qualquer maneira, eu preciso ir, baixos não tocam sozinhos.
Duff me deu um beijo e vestiu a camiseta, sorrindo para mim, mas por algum motivo seu semblante não me mostrava alegria.
—O que foi?
—Eu estou acostumado a viajar por aí com a banda, encontrar várias garotas em cada lugar, ficar com elas e é isso. Mas nós vamos embora amanhã e eu queria mais tempo com você.
—Efêmero.
—O que isso significa?
—Algo que dura por apenas um dia.
Ele abaixou a cabeça, tristonho, assim como eu também estava. Meu sonho havia se realizado e amanhã… O fim.
Point of View: Mila
Eu caminhava pelo corredor atrás dos lenços do Izzy quando ouvi Axl me chamar. Depois do que aconteceu no quarto, eu estava.meio chateada, e disposta a não magoar Janet, mas parei para ouvi-lo.
Ele não disse nada, apenas me mostrou os dedos. Eu demorei um pouco, mas analisando percebi o que ele queria mostrar. Faltava a aliança.
—Vocês dois...?
—Eu só quero uma garota na minha vida — disse ele.
Meu coração disparou. Por Deus, Axl! Eu sorri, foi inevitável. Logo fiquei séria porque não sabia como reagir. O ruivo me abraçou, me tomou nos braços e eu senti como se ele estivesse muito apaixonado.
Mas antes que eu pudesse responder qualquer coisa, Axl olhou perplexo para algo atrás de mim.
Eu me virei sem muita expectativa mas não pude acreditar no que vi. Meu coração que estava apertado bateu tão forte que o desconforto sumiu. Sorri, espontaneamente. O que Tommy fazia aqui? Não pensei duas vezes e saí correndo, pronta para um abraço, e foi assim que ele me recebeu, de braços abertos. Tommy me pegou no colo, envolvendo-me com os braços, de corpo e alma. Eu beijei suas bochechas, sua testa, seu queixo, cada centímetro do seu rosto enquanto ele sorria com a mesma alegria que eu. Como se a parte que faltava em mim agora se completasse, foi assim que me senti nos seus braços. Os poucos dias em Melbourne foram os primeiros que fiquei sem ele desde que o conheci, tudo era muito legal mas tendo sua presença as coisas simplesmente mudam, para melhor. Eu deitei a cabeça em seu ombro, ele alisou minhas costas, meus cabelos, não parecia querer soltar e eu também não tinha a mínima vontade, estava nos braços do homem mais importante da minha vida.
—Oh garota... Eu morri de saudades.
—Eu senti tanto a sua falta... Me desculpa, Tommy, por aquela discussão.
—Você não tem que se desculpar, por nada.
Só quando ele me colocou no chão é que percebi a loira do seu lado, com os olhos inchados e vermelhos por causa do choro. Eu senti um certo aperto no peito mas ele passou quando me questionei sobre o que ela fazia com o meu amigo.
—Que merda esse cara está fazendo aqui? — perguntou o ruivo, se aproximando.
—O que eu estou fazendo aqui? — disse Tommy, chegando mais perto de Axl. —Eu vou te mostrar o que eu estou fazendo aqui.
Um soco de direita no lado esquerdo do rosto fez Axl cair no chão. Foi tão rápido que eu não pude nem tentar impedir. Tommy bateu sem receio, com raiva. O barulho da queda e o grito escandaloso que Janet soltou fez Slash e McKagan saírem de seus quartos. Eu não sabia o que pensar, não sabia como agir, fiquei imóvel. Os meninos levantaram Axl e ambos os três fitaram Tommy de forma ainda pior, era uma irmandade, mexeu com um, mexeu com todos.
—Por que você fez isso, Tommy? — perguntei, revezando o olhar entre os dois. Não sabia se ajudava Axl que sangrava pelos lábios ou se tentava proteger o moreno de uma retaliação.
Axl ergueu a cabeça lentamente, sendo segurado pelos braços, no meio dos dois amigos que eu não sabia se queriam evitar ou criar uma briga maior. O olhar dizia tudo. Com o mesmo autocontrole de sempre, o ruivo fitou o seu inimigo, agora oficialmente, tempestuoso e revolto. Os punhos cerrados de Axl pareciam calcular o tempo e a força com que acertariam Tommy.
—Qual foi, caroa? — perguntou McKagan. —Tu tá maluco?
—Isso, moleque, é para você crescer e virar homem.
Axl não pensou duas vezes e partiu para cima de Tommy.
Só não contava me encontrar no caminho.
Slash e McKagan seguraram suas mãos e eu levei a mão em seu abdome. Nossos olhares se ligaram. Eu consegui encontrar doçura na enorme quantidade de raiva que seus bolitas expressavam, foi o que me atraiu para ainda mais perto, segurei seu tórax com as duas mãos e ele se acalmou tanto que os dois soltaram seus braços, deixando comigo a responsabilidade de conter o ruivo problema que fervia de ódio.
—Vocês dois não vão brigar. — exclamei, virando-me para o moreno. —Você não deveria ter batido no Axl.
O toque de sua mão em cima da minha em sua barriga me fez virar novamente. Exatamente. Axl colocou a mão sobre a minha mão. Como quando Axl tinha diversos roxos e cicatrizes da briga com o próprio pai e eu cuidava pessoalmente de cada uma delas e ele me olhava grato, Axl me lançou um olhar carinhoso e convidativo, me chamava por meio do par de esmeraldas a viajar por essa época e eu... Eu tirei de lá imediatamente.
—E você, Axl, deve parar com as provocações bestas. Tommy é meu amigo.
—O que está acontecendo aqui? — perguntou Thomas, aparecendo no corredor, olhando para todos nós sem entender. —Tommy! Que bom ter você aqui. Veio ver a Mila?
—Eu não vivo mais sem ela. Ele riu, me abraçando.
Point of View: Janet
Eu sentia tanto ódio de mim mesma, maior ainda que a tristeza, abafada com a cabeça no travesseiro desejando não sair nunca mais. Talvez o que Izzy falou tenha mexido mais comigo do que as palavras de Axl. Não gostava de magoar a única pessoa no mundo que realmente se preocupava comigo, ainda mais sendo por causa de uma que há muito tempo não ligava para mim. Aceitar a proposta de Tommy não me garantia nada. Sabe-se lá qual era a sua relação com a Mila e a probabilidade de ela realmente ficar com ele era com certeza muito maior do que a de Axl voltar comigo, ainda que eu acreditasse que o motivo por ele ter terminado comigo era ela, Axl nunca foi fiel, demonstrava desinteresse há vários meses e algo me dizia que mesmo conseguindo separá-los eu não o teria de volta.
Parte da confusão que me tomava era por causa disso, mas o meu verdadeiro receio era Izzy. Tommy deixou claro que o tal segredo o envolvia, e eu não gostaria de machucá-lo novamente, mesmo que para isso eu tivesse que abrir mão de qualquer chance de ter Axl comigo.
Um barulho na porta chamou minha atenção e antes mesmo que eu levantasse para atendê-la, Slash adentrou o quarto, com a toalha de banho prendendo os cabelos acima da cabeça. Todos estavam se arrumando para o show que eu não iria.
—Você pode me emprestar um creme para o cabelo? Eu até poderia pedir para a Mila mas ela está ocupada com aquele amigo dela... Espera. — disse, espremendo os olhos para me olhar melhor. —Você está chorando?
Eu limpei o rosto, sentando-me na cama.
—O creme está ali, pode pegar. — Apontei.
Slash pegou o pequeno frasco mas insistiu em me olhar como se só fosse sair do quarto quando eu respondesse.
—Axl terminou comigo.
—Olha... Você não deve ficar triste, amanhã nós vamos embora e temos que aproveitar essa última noite. Se arruma, vamos para o show, eu gosto muito da sua companhia, loirinha.
Algumas lágrimas escorreram simplesmente por saber que eu era importante para alguém dentro da banda. Slash virou-se para sair do quarto, mas eu não podia deixar a confusão que eu sentia guardada. O chamei. Ele me olhou, atencioso.
—Você não acha que tem alguma coisa muito estranha acontecendo aqui?
—Você está falando sobre a briga no corredor? — Ele riu. —Nada que eu não esperasse do Axl.
—Estou falando de algumas coisas que eu notei durante a briga. — Ele se aproximou, se interessando cada vez mais na conversa. —A Mila é apenas uma funcionária. Tudo bem que ela tem amizade com eles e agora parece que está com você, mas... Vocês pagam o salário dela, tem contrato, regras, é um trabalho. Certo?
—Certo. Mas e daí?
—Você não acha que ela age com mais intimidade com alguns do que realmente parece ter, ao nossos olhos pelo menos. Ela faz exigências como se tivesse esse direito. Eu conheço vocês há mais de um ano, assim como Adriana, e nós duas não fazemos nada perto do que a Mila.
—Você está se referindo sobre ela ter dito que o Axl precisa aceitar o Tommy de boca fechada, porque ele era seu melhor amigo? Eu também percebi e estranhei. Mas nós sabemos que a Mila é um tanto arrogante, ela tem esse tom.
—Mas não é só isso, Slash. Tem algo muito estranho acontecendo, dentro desses corredores.
—Você está sabendo de alguma coisa, Janet?
Slash se sentou na cama, me olhando com os olhos arregalados.
Eu não podia dizer que Tommy havia me falado sobre um segredo, mesmo porque eu nem sabia qual era esse segredo. Mas uma decisão já estava tomada. Eu não iria deixar que Tommy usasse ele para destruir qualquer coisa que houvesse entre os três.
—Eu não sei, mas estou atenta.
Ele se levantou, me olhando um tanto confuso.
—Eu vou ficar de olhos mais abertos. Obrigado, loirinha.
Point of View: Tommy
—Tem certeza que não quer ir no show? — perguntou Mila, maquiando-se em frente ao espelho do quarto.
Eu até gostaria de ir para matar a saudade dela, mas precisava falar com Thomas e quando ninguém estivesse no hotel seria o melhor momento para fazê-lo sentir ódio do homem que outrora magoou sua filha da pior forma e que hoje é um rockeiro completamente perverso, violento, viciado e com diversas manchetes escandalosas em seu nome, além das passagens pela polícia por drogas, invasões e agressão física.
—Tenho, estou muito cansado da viagem.
Ela me encarou desapontada. A franjinha balançando em cima da testa juntamente dos olhos grandes e chamativos me deixavam cada vez mais apaixonado e o tempo que passei longe dela parecia nem fazer mais sentido, eu existia quando a tinha comigo.
—Eu fiquei um pouco surpresa que você veio hoje sendo que amanhã vamos embora. Que motivo te trouxe até aqui, Tommy?
—Saudade. — Eu sorri, tentando não demonstrar que o motivo era outro.
—Sabe... — disse ela, aproximando-se de mim na cama, delicada como há muito eu não via. —Eu fiquei muito feliz de te ter aqui, mas não posso fingir que gostei do que aconteceu no corredor, você não deveria ter batido no Axl. Por que você fez isso?
—Ora, porque ele me provocou, é um moleque.
—Eu sei que ele já te provocou algumas vezes mas hoje não deu tempo nem de ele falar... Eu não entendi realmente que motivos você teve para fazer isso.
—Foi apenas pelas provocações. Eu teria outro que não ele ter me provocado muitas vezes?
—Não, é só que...
—Tem algum outro motivo que eu não sei, Mila?
—O quê?! É claro que não! — exclamou. Mentia bem como ninguém, mas dessa vez falhou. Apesar de ficar irritado por saber que ela mentia para mim, olhando em seus olhos escuros e vendo ela se arrumar na minha frente eu só conseguia me encantar ainda mais.
—Se tivesse você iria me falar, não iria?
—É claro que sim.
Point of View: Izzy
Axl suspirava de ódio. Eu mal conseguia olhar em seu rosto porque a vontade que eu tinha era de socá-lo, mas a indignação pela mesma cena nos uniu e a raiva pelo que acontecia diante de nossos olhos era maior do que a que eu sentia por ele. Enquanto a banda e as meninas estavam em volta do cabeludo recém chegado e da morena no seu colo na recepção, ouvindo os mais diversos relatos do que os dois haviam feito em Londres, eu e o ruivo olhávamos tudo de longe e compartilhávamos da mesma vontade de tirá-la do colo dele.
—A Melanie não mudou nada. — disse ele. —Quantas vezes ela trocou a gente por aqueles namoradinhos dela? É igualzinho!
—Para quieto, Axl! — exclamei, segurando a perna que batia contra o chão freneticamente com nervosismo, que já me deixava nervoso. —Deixa ela, pô. Você ouviu o que ela disse hoje, talvez ela nem seja mais a nossa Mel.
—Eu não me conformo com isso. Mas tudo bem.
—Ela nos trocou.
—Pois é. — respondeu. Eu o olhei de canto. Axl tramava coisas absurdas algumas vezes. —O que você acha de pegarmos ela no colo e tirarmos ela de lá? Aí nós contamos sobre Lafayette, fazemos ela lembrar da nossa amizade e isso acaba. Ele está com a mão na perna dela. NA PERNA DELA! Izzy!
—Você é chato, puta que pariu!
—Ela está babando no ovo do cara. Olha aquela puxação de saco! A banda toda amando ele falar. Qual foi?!
—Ela. Não. É. Sua. Namorada.
—Ela é a nossa amiga.
—Vamos. A van chegou.
Axl como se unisse o útil ao agradável se levantou rapidamente da poltrona e caminhou logo até onde eles estavam, para entrar logo no carro. Eu faria o mesmo se não sentisse alguém me puxando para trás na caminhada.
—Olha para mim, Izzy, me ouve, é muito importante.
—Janet! O que houve?
—Preste atenção. — disse ela, pegando nas minhas mãos, firme. —Convence o Tommy a ir nesse show.
—Como é que é?
Ela me olhou cansada, como se não tivesse muito tempo para insistir.
—Você vai me agradecer mais tarde se fizer isso. Só. Faz. É muito importante. — quase implorou.
—Mas por quê? Eu não estou entendendo!
Janet apenas me empurrou para frente me obrigando a ir na direção de todos eles. Eu não estava entendendo nada, não sabia por que motivos era tão importante, mas os olhinhos ainda chorosos e com uma capacidade gigante de me convencer me fizeram obedecer o seu pedido.
—Tommy! — exclamei, me aproximando. —Você vai conosco, não vai?
—Humm. Não, vou ficar para descansar.
Eu olhei para a loira no meio do pessoal e ela ainda me fitava, insistindo para que eu o fizesse ir. Algo me dizia para fazer sua vontade, mesmo magoado.
—Acho que vai ser uma boa se você for. Não acham, pessoal?
—Não. — disse Axl.
—Izzy está certo. Vamos, Tommy! — disse Mila, segurando em seu braço.
—Você nunca nos viu tocar, venha e diga o que acha. — exclamei.
—Eu já vi vocês tocarem... Em Los Angeles.
—Viu? Ah, vê de novo.
—Eu realmente não posso.
—Ótimo. Vamos, galera. — disse Axl, indo em direção a van.
—O que tem de tão importante para fazer que não pode ir? — questionou Mila. Agora eu também queria saber. —Vamos, por favor, depois você descansa.
Tommy suspirou, olhou para trás, olhou para Janet, o que me intrigou, ele estava mesmo contrariado e até um tanto irritado, mas parecia fazer todas as vontades da moreninha, mesmo que por pressão.
—Tudo bem.
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