História The Lights Are Still Shining - Às vezes as histórias se repetem...

“—Eu nunca a vi tão linda. — ele sussurrou em seu ouvido.

Bill empurrou um pouco dos cabelos de Melanie para o lado e beijou carinhosamente o pescoço da garota.

Quando ele levantou ela pôde se virar e realmente relaxar depois de tudo aquilo. Bill a posicionou deitada em seu braço e os dois pegaram no sono.

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POV: Melanie

Abri os olhos devagar sentindo meu corpo doer por estar no chão. A luz forte do sol que entrava pelas aberturas da casa fizeram do meu despertar lento e doloroso. Antes mesmo de abri-los por completo levei a mão ao lado na intenção de sentir o ruivo e levei um susto de imediato quando percebi que ele não estava mais comigo. Ergui o tronco rapidamente e notei que estava sem roupa, enrolei o lençol branco em mim e levantei já sentindo meu coração bater acelerado. Era como acordar nos dias seguintes da partida deles e lembrar cada manhã que ele não estava mais comigo, e me recordando de ontem à noite, essa manhã não foi diferente.

—William? — exclamei sem nenhum sinal dele, espiando os arredores da sala com nervosismo. Talvez agora eu estivesse sentindo como era acordar e não encontrar a pessoa com quem transei, como eu sempre fazia, e isso foi terrível. —Bill, onde você está?

Ele surgiu na sala com um pano de cozinha no ombro e o rosto um pouco sujo de farinha. Eu corri em sua direção e o abracei apertado de forma muito espontânea, nem eu sei por que fiz isso, mas senti uma vontade impossível de controlar e quando toquei seu corpo e senti suas mãos em mim meu medo foi sumindo devagar.

—Seu coração... Meu Deus. O que aconteceu?

—Foi ruim acordar e não te ver do meu lado.

Axl estava com enormes fios de barba envolvendo o rosto, ele me deu um beijo na testa e a cosquinha me fez sorrir.

—Você não precisa ter medo, criança. Eu não vou te deixar.

A voz do ruivo me trouxe velhas lembranças...

·

“—Gostou, Mel? — ele perguntou se cobrindo com a camisa que estava ao seu lado.

—Que horas são? Tenho que ir para a casa.

—Ei, não muda de assunto. Relaxa…

—Tá bem. Eu gostei… — ela disse olhando para ele que ainda estava sentado no chão —Agora veste a roupa logo e vamos dar um fora.

—Você que manda, Mel.

Os dois colocaram as roupas e arrumaram a bagunça na casa. A cada movimento que eles faziam seus olhos se encontravam e eles tentavam acreditar que aquilo realmente havia acontecido. Bill estava completamente apaixonado.

—Você é linda…

—Você já disse isso trezentas vezes Bill.

—E repito, você é linda.

Ele pegou Melanie pela cintura e a beijou rapidamente.

Os dois saíram da casa como se nada tivesse acontecido. Eram apenas dois melhores amigos.”

·

—Aliás, vem cá. — ele me puxou pela mão e me arrastou até a cozinha em poucos segundos. Estava uma zona. Farinha para todo lado, chocolate sobre os balcões, vidros abertos e louças sujas na pia. A bagunça era tanta que eu demorei e ver a bandeja em cima do balcão no centro. —Feliz aniversário, Srta. Mackenzie. 

O meu Deus! Levei as mãos na boca incrédula. Eu esqueci do meu próprio aniversário e ele se lembrou! Só consegui sorrir abismada, surpresa, alegre. Droga! Pulei em seu colo e fui recebida com um giro rápido em comemoração. Meu coração se encheu e esquentou me deixando realmente feliz, ainda mais feliz.

—Você está crescida… Não é mais uma garota…

·

“Ela estava linda. Melanie estava ousando de um visual mais adulto, apesar de ainda ser aquela garotinha levada.

—Que saudade, porra! — ele exclamou correndo ao abraço de Mel. —Você está cada vez mais linda, sabia?

Bill nunca esqueceu Melanie. No dia em que a conheceu no jantar, seu coração bateu mais rápido e desde então ela virou seu ponto fraco.

—1 mês longe e você acha que eu mudei? — Mel gargalhou soltando do abraço quente de Bill.

—Você muda a cada dia. — ele respondeu com um sorriso bobo no rosto.

Os dois estavam diferentes. Não se tratavam mais de adolescentes, mas de jovens, mudados, maduros e crescidos.”

·

—Bonitos, não? — Axl me soltou e puxou a bandeja cheia de cupcakes enfeitadinhos. Claro, ao lado deles uma garrafa de uísque porque nenhum de nós dois vivia sem o maldito.

—Merda, William! Nem mesmo eu lembrava. É tanta coisa acontecendo... Eu te... Hum. Eu tô orgulhosa de você

—Eu também, acredite. Mas isso aqui não é nada, vamos dar uma festa para comemorar hoje à noite. Vai ser o melhor aniversário da sua vida.

—Como é que é?

—Isso mesmo. Melhor se apressar pra convidar todo mundo.

Melanie POV off

—Qual foi, cara? Tu tá com uma cara de sono... — o loiro tomou um gole do café fervente e puxou o cigarro, sentado na pequena mesa da cozinha onde a televisão falava baixinho.

—Só eu?

McKagan suspirou, jogou o cigarro aceso para dentro do café e voltou toda a sua atenção para o moreno em sua frente que brincava com um pedaço de pão com manteiga.

—Huum. Quer falar sobre ontem?

—Não tem o que falar. — Slash respondeu seco e encheu a boca querendo evitar o assunto.

—Eu avisei...

—Avisou o que, cara?

—Se ela tivesse ficado só comigo nada disso estaria acontecendo. Deve ser castigo do destino. Ela deveria ser minha.

—Ata. — o moreno revirou os olhos.

—O nome Melanie deixa ela ainda mais... Hum. — ele fez barulho na boca como se estivesse saboreando algo. —Gostosa.

—Uma pena que ela não quis você.

—Te digo o mesmo.

McKagan sorriu, Slash deu de ombros.

De repente a porta se abriu surpreendendo os dois. A loira entrou rapidamente na cozinha com um sorriso alegre estampado no rosto, apesar da noite passada não ter sido das melhores, Janet trazia nas mãos o motivo de sua felicidade.

—Loirinha... Quanto tempo? — murmurou o loiro se levantando da cadeira para recebê-la.

—Logo eu estarei convivendo com vocês ainda mais do que antes, as coisas estão acontecendo à meu favor. — exclamou ela com um brilhante sorriso, fazendo os dois espremerem os olhos. —Eles se assumiram de vez?

Janet largou um jornal sobre a mesa na página que mostrava o assunto pelo qual ela estava tão feliz. Os meninos se aproximaram e assim que colocaram os olhos sobre as reportagens tudo o que conseguiram fazer foi abrir a boca completamente surpresos. "Axl Rose parece estar com nova namorada". E ainda na mesma página algumas fotos do tumulto que o ruivo arrumou na Strip que obviamente não passaria despercebido pelos paparazzis. Axl e Melanie, aos beijos.

—Mas eu achei que... — o loiro balbuciou. —Espera. Você está feliz com isso? Que porra tá acontecendo?

—Longa história que logo todos saberão. — a loira sorriu convencida para McKagan e percebendo o silêncio fitou Slash olhando para o nada, pensativo. —O meu Deus! Me desculpa? Eu não lembrei.

—Tudo bem. Ontem eu já descobri tudo mesmo, ver os dois juntos era só questão de tempo...

—A vida vai te dar coisas boas, Saul. — disse ela, de coração.

Slash assentiu com a cabeça agradecendo com um sorriso singelo.

—E no que isso te ajuda, loirinha? — o loiro indagou.

—O pior é que eu não sei se ajuda. — disse Slash.

—Do que você está falando?

O destino às vezes pega pesado demais. Como que em uma obra tramada por ele com perfeição a porta se abriu novamente e dessa vez o que entrou deixou a loirinha em pedaços instantaneamente. Slash espiou virando para trás e logo voltou a cabeça para frente mirando o loiro com preocupação, mas como se já esperasse por isso. McKagan que estava na festa e presenciou todas as insinuações também não agiu com surpresa. Mas Janet...

—Então, é aqui que moramos, gatinha. — disse Izzy apontando para o lugar enquanto Aria passava os olhos por tudo. Não demorou para que eles vissem as pessoas nos arredores da cozinha e dessa forma o coração do magricela palpitou o fazendo soltar a cintura da morena. —Janet? O que você está fazendo aqui?

Ela se calou incrédula com a cena. Aria abriu a boca e fitou Stradlin percebendo que isso não significava coisa boa. Mas o que poderiam fazer? Tarde demais... A verdade é que a situação seria provável e até esperada se viesse de Axl. O ruivo nunca foi fiel e ela sabia disso. Mas jamais chegou a imaginar que tal atitude viria de Izzy, ainda que eles não tivessem uma relação consolidada, ela confiou nele quando deixou o amor florescer em seu coração, ela se entregou mais uma vez, e novamente quebrou a cara.

—Vim falar com você, mas acho que você está ocupado.

—Eu... — ele abaixou a cabeça e coçou os olhos percebendo que nada poderia fazer.

—Axl e Mila se acertaram e Janet está feliz com isso. Tem como entender? — disse o loiro mostrando a revista.

—Eles se acertaram? — questionaram os dois em coro.

Assim que viram as fotos e se depararam com o casalzinho impossível aos beijos no meio da avenida foi inevitável deixar que a felicidade aparecesse em seus rostos e espontaneamente, alimentados por uma vontade natural e incompreensível, eles se abraçaram e comemoraram juntos a conquista tão esperada por ambos, os amigos que estiveram com eles durante todo esse tempo e foram testemunhas de seus amores e seus sofrimentos não poderiam estar mais felizes. O sentimento era de dever cumprido.

—Bem, era só isso. Eu estou indo embora. — Janet disse olhando seriamente para aquele que deveria ser seu amor. Ela se aproximou e antes que passasse pela porta ainda olhou o fundo de seus olhos. Se tinha uma pessoa que deveria estar comemorando junto com ele era ela, e nada poderia doer mais do que ver alguém em seu lugar, alguém que era tão vadia quanto o seu primeiro e já antigo problema.

—Jan... — murmurou ele.

Ela saiu do apartamento ignorando o olhar entristecido do moreno e deixou todos extremamente sem jeito.

—Que parada estranha tá acontecendo? — perguntou Duff.

—Melhor nem comentar. — respondeu Slash.

***

Melanie desceu do táxi na frente do apartamento e sentiu o coração apertar, não sabia como seria vê-los pela primeira vez como Melanie, se eles a aceitariam ou não e como reagiriam à verdadeira garota que ela era. Dentro dos clássicos coturnos e de jaqueta de couro ela entrou na recepção do hotel, mas antes que pudesse fixar seus olhos em qualquer coisa a imagem da menina loira chorando em sua direção tomou toda a sua visão e a sua preocupação, fazendo em um gesto involuntário com que ela segurasse em seus braços e freasse os passos rápidos e desesperados de Janet.

—O que aconteceu? Você...

Os olhos dela se dividiram em ódio e tristeza. Era confuso confiar na menina que, querendo ou não, roubou seu namorado e sabendo que ela era a melhor do seu mais novo problema, então era ainda pior. Mesmo querendo convencer seu coração de que Melanie não tinha culpa alguma, um resquício de rancor ainda lhe dava vontade de descontar toda a sua insatisfação ali mesmo.

—Nada. — secou as lágrimas tomando um caráter ainda mais duro e irritado. —Vocês são todos farinha do mesmo saco.

—Vocês quem?

—Você, Aria, Izzy, Axl... Todos egoístas e sem coração.

—Eu não tô entendendo. Digo, achei que você tivesse superado essa minha história com Axl, até disse que torcia por nós. — Melanie juntou as sobrancelhas e soltou os braços da menina pensando que talvez seus problemas com ela não tivessem acabado.

—E eu torço, mesmo porque assim seria mais fácil de Axl aceitar a minha relação com Izzy. Mas parece que ele não está mais se preocupando com isso.

—Como assim? O que aconteceu?

—Sobe, Melanie.

A morena não pensou duas vezes e seguiu pelas escadas chegando logo no andar desejado. A porta já estava aberta e ela nem precisou entrar para entender sobre o que Janet estava falando, e mesmo gostando incondicionalmente daqueles dois, sua garganta secou e os olhos naturalmente cerraram diante do projeto de casal no meio da sala, tamanha surpresa fez com que ela entrasse lentamente mirando os dois e deste modo todos perceberam de cara a sua insatisfação.

—Isso é sério? Vocês dois?

Eles, recém tendo lidado com a loirinha inconformada, sabiam que com Melanie não seria diferente, e eles sabiam o motivo disso, sabiam que não era uma simples implicância porque ela mais do que ninguém os apoiava não importando quais fossem suas escolhas, mas que quando outro coração estava na jogada, e principalmente um que ela mesma já magoou tantas vezes, a história mudava. Melanie não conseguia aceitar tamanha indecisão, ainda que ela mesma fosse indecisa, não entrava em sua cabeça como Izzy podia lutar tanto por Janet e desistir na primeira dificuldade, ainda mais sendo ela boba já que o ruivo nada tinha com a vida deles. Aria abaixou a cabeça sentindo no fundo a dor de mais uma decepção, quer dizer, não decepção de ter passado a noite com ele porque essa com certeza foi incrível, mas a de perceber que talvez tivesse apenas sendo usada como forma de escape, como segunda opção, como a ajuda que Izzy queria parar tirar a loira e as responsabilidades de sua cabeça. Com o coração ingênuo bem lá no fundo e fraca sobre os vícios que recentemente tinha deixado junto com a amiga, soube logo que a insatisfação de Melanie tinha razão e foi estranho perceber que em uma das primeiras vezes ela quem estava sendo a voz sábia da história.

—Bom dia pra você também, doce... Melanie? — a voz aguda e viva de Duff fez o clima tenso sumir devagar. Assim que ela se virou para observá-lo deu de cara com o moreno sentado na mesa e assim outro clima quase foi criado.

—Bom dia, doce McKagan. Bom dia, Slash. Eu só vim fazer um convite.

—Do seu casamento com Axl? Muito obrigada mas não quero. — respondeu o loiro sarcástico.

Melanie expôs um olhar confuso. De onde tirava isso? Ela e Axl nem... Slash arqueou as sobrancelhas sorrindo levemente para a moreninha e foi assim que ela notou o jornal debaixo de suas mãos. Ela se aproximou já imaginando do que se tratava e o ódio pela imprensa não poderia ser maior nesse momento.

—Que droga! Será que eles não podem parar de mentir?!

—Bem, vocês estão se beijando nas fotos, qualquer um acharia que estão namorando. — disse Duff.

—Namorando? Não me conhecem!

Slash sorriu observando seus trejeitos, gestos e expressões. A morena estava mais leve, ainda mais verdadeira e assim tão encantadora que qualquer um dentro da sala se hipnotizava. Slash entendeu rapidamente sobre o charme daquela menina e soube a razão de ter conquistado o coração de Axl ainda na adolescência. Ela não era duas pessoas. Era só uma. Sendo Mila ou Melanie. Mas tendo revelado toda a verdade e tirado o peso de suas costas, a sua criança interior tão reprimida por seus traumas dava as caras e resistia nos seus últimos atos. Slash não estava curado. Seus olhos se renderam ao veneno da moreninha e a menina levada que era a doce e maldosa Mackenzie.

—Qual é o convite, Mel? — indagou Izzy.

—O da minha festa de aniversário hoje à noite.

Todos arregalaram os olhos e logo sorrisos tomaram os rosto de Aria e Stradlin.

—Caramba! Eu quase me esquecia... — disse ele, analisando a amiga da cabeça aos pés. —Você cresceu mesmo, Srta. Mackenzie, não é mais aquela garotinha. Da última vez você fazia 17 anos... Feliz aniversário.

—Obrigada. — respondeu ela ainda decepcionada.

Assim que Melanie olhou para trás se surpreendeu com o corpo moreno e alto diante de seus olhos. O sorriso que Slash abriu fez com que também sorrisse e não precisou que um tomasse a iniciativa para um abraço, os dois simultaneamente demonstraram a mesma vontade. Slash levantou a moreninha tirando seus pés do chão e abraçou apertado.

—Feliz aniversário, Mila. Você merece o melhor.

—Eu até achei que vocês...

—A gente se acertou, Aria. — respondeu Slash. —Ela e Axl foram atrás de mim ontem e me explicaram tudo.

Os olhos da morena brilharam de felicidade.

—Enfim as verdades sendo reveladas... — disse Izzy.

—Nem todas, não é? — Melanie alfinetou-o. Slash e Aria, os únicos que também entendiam sobre o que ela falava, abaixaram a cabeça sem graça. Izzy engoliu em seco. —Mas tudo bem. Vejo todos vocês às sete.

—Posso te dar um beijo de presente, doce Mel? — McKagan não perdia a oportunidade...

—Quem sabe?

***

—Esse! Humm. Não. Espera. Que tal essas? — o ruivo coçava o queixo observando o balcão de vidro enquanto o atendente já revirava os olhos. —Eu não sei, porra. Eu quero algo que fique bonito no dedo dela mas que não a assuste quando eu abrir a caixinha, se é que me entende. Me ajuda!

—Mas eu disse cem vezes ao senhor que esse modelo é o mais adequado para essa circunstância. — ele apontou para um dos pares.

—Ela gosta de jóias, cara, isso não vai agradá-la.

—Então leva essas e aquele lá. — o homem apontou para outra prateleira que guardava um brilhante colar que Axl não conseguia imaginar em outro lugar que não no pescoço dela.

—Certo! Se ela vai ser minha namorada além de alianças ela precisa de algo que a faça brilhar assim como seus olhinhos.

—É a moça do jornal?

—Jornal? — o ruivo perguntou confuso.

—Acho que o senhor precisa ler a edição de hoje.

***

—Meu Deus! Como nós ficamos lindos...

—Lindos? Eu odeio a imprensa! — exclamou Melanie.

Axl gargalhou jogando o jornal em cima do sofá. Cada vez mais funcionários passavam pra lá e pra cá pela casa carregando caixas de bebidas, caixas de doces, aparelhos de som e limpando para que tudo ficasse organizado.

—Convidou todo mundo?

—Eu acho que sim. Os meninos, Janet, David, Wall, Del, West, os caras do Crüe, Tyler e Perry, Bach e Rachel, Mustaine...

—Hetfield?

—Eu não sou amiga dele. — Axl revirou os olhos. Tinha uma enorme vontade de conhecê-lo. —Não desanime, Axl. Eu acabei convidando duas pessoas que, eu acho, você vai gostar bastante.

—Sebastian Bach já me animou. — ele sorriu. —Quem são?

—Bowie e Jagger me telefonaram... Até me surpreendi quando vi que eles estavam juntos. Me desejaram um feliz aniversário, lembraram de Londres e eu pensei "por que não?". Eles disseram que se chegarem na cidade a tempo estarão aqui.

Quando Melanie terminou de falar Axl estava boquiaberto.

—Isso é sério?

—Tá surpreso com o que? O fato de eles me telefonarem ou me telefonarem juntos?

—Os dois estarem juntos não é surpresa pra ninguém. Você sabe que o Bowie me bateu, não sabe? Você sabe por quanto tempo eu fiquei com o olho roxo, Melanie?

—Ninguém mandou você fazer a louca e tentar bater nele.

—Ele deu em cima da minha namorada!

—Ele é o Bowie. O David Bowie. Ele pode tudo.

—Você já transou com eles, não transou? — ele a olhou contrariado, se sentindo intimidado pelos veteranos. Mackenzie começou a rir. —Melanie, eu vou ficar muito frustrado... Eles devem transar melhor do que eu!

—Ninguém faz isso melhor do que você. — riu.

—Viu, Melanie? Você realmente transou com eles... Você transou com os seus heróis da infância. Jagger, Bowie, Tyler... Eu nunca transei com Stevie Nicks ou Debbie Harry.

—Relaxa, ruivinho. — ela apertou sua bochecha. —Transou comigo.

Axl se tranquilizou sentindo a caixinha em seu bolso.

Horas mais tarde...

Coloquem pra tocar agora. A primeira é Blitzkrieg Bop. Boa leitura! 

Nada poderia representar mais a volta daquela menina do que o som no último volume tocando Blitzkrieg Bop. Izzy sentiu um frio tomar sua barriga quando percebeu que a noite trazia mais lembranças do passado do que ele previa. Axl ao seu lado não só sentia que parecia, mas que aquela era uma noite do passado. Os dois olharam para seus corpos simultaneamente como se transmitissem seus pensamentos e quisessem se certificar de que eram mesmo adultos e não mais dois adolescentes, mas olhando um ao outro eles não conseguiam dizer que não estavam em 1977. A nostalgia foi tão grande e intensa que eles sorriram. A música os fez lembrar de quando Melanie corria pelos corredores da escola, e agora, isso já fazia quase 11 anos.

—Ouviram minhas sugestões para músicas? — perguntou McKagan chegando com sua regata dos Sex Pistols, o colete de couro, as botas altas e um cigarro no canto da boca.

—Na verdade foram as sugestões da aniversariante. — Axl exclamou ainda abalado pela energia.

—Não vai me dizer que a pequena Melanie...

—Eu acho que nunca vi ela sem a camiseta dos Ramones até ela chegar em Los Angeles. — disse Izzy.

Axl imediatamente teve lembranças...

·

“Entrando no pátio da grande escola de ensino médio, Bill avistou Jeff e Mel sentados em cima de uma mesa no pátio, eles estavam com um dos pés em cima da mesa e rostos mal-humorados como se estivessem informando que aquele lugar era deles e quem pensaria em se aproximar de dois rebeldes? Ela estava linda. A franja mal feita caída na testa dava um charme incrível. Vestia uma calça preta rasgada e remendada, um coturno e uma camiseta mais comprida dos Ramones. Jeff estava com uma camisa preta aberta até o peito e um casaco jeans com um lenço marrom no pescoço. Se Melanie parecia uma delinquente punk rocker e Jeff o filho de Johnny Thunders então eles eram um belo casal que botava medo. Por um momento Bill pensou “Que diabos eu to fazendo vestido com uma calça jeans, cinto e camisa social?” mas agora não tinha mais jeito.

—Bom dia! — Bill disse se aproximando dos dois.

—Bom dia flor do dia. — respondeu Jeff com um leve sorriso debochado. —Está atrasado.

—Verdade, tenho que entrar para a aula agora.

—Nada disso, baby. Você vai matar aula comigo e com Jeff. — exclamou Melanie arqueando as sobrancelhas enquanto tirava o pé de cima da mesa.

—Ma-matar aula? Ah, me desculpem mas eu não posso. — ele respondeu franzindo levemente os lábios.

—Larga dessa, Bailey, vamos! — acrescentou Jeffrey dando um soco com força no ombro de Bill.

Bill realmente não podia, mas estava tentado com aquele convite.

—Podem pelo menos me dizer para onde vamos?

—Surpresa! Você vai amar. — respondeu Mel pulando da mesa na frente de Bill o deixando sentir o cheiro de cinza na camiseta.

—Certo. Vamos.”

·

—Tão vendo?! Nós somos perfeitos um para o outro!

Axl e Izzy reviraram os olhos.

A casa estava lotada de pessoas de todos os tipos, estilos, idades, figuras que mais pareciam místicas, medievais, futurística e até intergaláticas levando em consideração a criatura alta e de silhueta fina, o rosto afilado, os cabelos bagunçados e os olhos esfumados em vermelho brilhante que sarandeava pela sala de olhos nas garotas que dançavam ao som de Billy Idol. Atrás de Bowie outras figuras também deixavam a casa de Axl parecer um circo colorido. Strippers montadas dançando pole dance, e ao que parecia até Sebastian Bach bêbado se dependurava em um dos postes jurando que era a Madonna, traficantes faziam seus trabalhos pelos cantos, palhaços maquiados puxavam garotos e garotas que sucumbiam ao desejo de dançar e se acabar na música agitada, Jagger enrolava um cordão de pluma em seu pescoço e se juntava as dançarinas mostrando as coxas em uma fila, todos abraçados e bêbados. A Strip inteira parecia estar descobrindo a vida luxuosa e maluca de roqueiros já consagrados, exagerados, megalomaníacos e alegres.

—Alguém viu a Melanie? — Axl se encorajou a perguntar.

—Serve aquela?

A gritaria começou quando na porta traseira que ligava à piscina surgiu a moreninha carregada nos ombros por Mustaine e Adler, com uma garrafa de Night Train, a bebida barata que fazia sucesso na banda e que Steven a deu de presente para que ela se sentisse como eles, nessa altura ela estava apenas com o sutiã de renda preta e a saia toda molhada por se jogar na piscina com os dois. Tomou um gole da bebida e a levantou para cima gritando algo sem sentido que fez todos brindarem e gritarem em resposta.

Axl se aproximou e pegou a menina veneno pela mão com ousadia, a fazendo descer, os dois sorriram um para o outro e em poucos segundos todos pararam para prestar atenção.

—Ei, damas e cavalheiros presentes nessa noite tão... Hum. Extravagante... É justo avisar que a festa não tem hora para acabar, a noite está só começando, e como vocês estão na festa de uma Guns N' Roses — Axl disse olhando para a Melanie e sua animação nítida. —o que não falta é birita, coca e foda!

Todos levantaram seus copos aos berros de alegria e a festa se coloriu ainda mais com a meia luz, as luminárias coloridas, as roupas brilhantes e o glitter. Os palhaços assopravam chamas fazendo a sala tomar uma cor alaranjada, os isqueiros acesos contribuíam e os cigarros eram pontinhos no meio de todo mundo. Pobres, ricos, famosos, conhecidos, desconhecidos, todos unidos cantando e dançando assim como faziam nos bares da Strip, aliás, foi exatamente de lá que saíram. Pessoas que talvez nunca tinham se visto na vida mas que dividiam a mesma história de depravação e a mesma ânsia pela vida e o desejo pela felicidade. Óbvio que Axl não deixaria de convidar aquelas que o ajudaram na noite passada, e lá estavam eles, contemplando Melanie e o ruivo que dançavam com todo mundo no meio da enorme e espaçosa sala, hoje cheirando a cigarro, perfume forte, fumaça artificial e álcool. 

—Ei loirinho... — McKagan sentiu duas mãos cobrirem a sua visão, por mais que o cheiro dela fosse conhecido e a voz doce muito familiar, ele ainda custou a lembrar quem poderia ser e assim ela saltou em sua frente com um enorme sorriso. —Sentiu saudades?

—Cher?!

Os dois se abraçaram calorosamente e ainda que o espaço fosse curto Duff a girou em seu colo demonstrando a verdadeira alegria que sentia em ver que ela cumpriu o que prometeu na noite passada e voltou para visitá-los. A baixinha deu logo um selinho em seus lábios e deixou o loiro sem palavras.

—O que você faz aqui parado?

McKagan apenas apontou para o meio da pista vidrado nos dois que dançavam e, ainda que a agitação fosse constante, chamavam a atenção de todo mundo ao redor.

—Uau... Eles são tão...

—Bonitos juntos? — perguntou McKagan

Cher fez que sim com a cabeça boquiaberta e sem que eles se dessem conta, Janet, Izzy, Aria, Steven, Adriana, Matt e Slash pararam ao redor deles para também observarem o aparentemente futuro casalzinho.

Os olhos negros da moreninha admiravam única e exclusivamente o rosto do ruivo que não fazia diferente dela. Suas mãos seguravam a cintura fina e alegre da garota que rebolava sem parar. Não dançavam sensualmente ou com alguma conotação sexual como sempre faziam, dessa vez foi natural, com o único objetivo de se divertir e assim suas crianças interiores que tanto gostavam de conversar puderam se revelar como as duas melhores amigas que eram. Nada poderia quebrar a corrente daquelas duas vidas que estavam ligadas há muito tempo e que não se separaram nem com quilômetros e quilômetros de distância, mesmo que o ódio tomasse seus corações, nem mesmo ele conseguia impedir que um chamasse pelo outro nas noites frias. O olhar de Axl cruzaria o universo para encontrar o dela. O sentimento não tomava apenas o coração de Melanie, mas ela por inteira. E dessa forma tudo o que conseguia fazer era se entregar para o momento nostálgico que ligava o passado e o presente em uma corrente de amor forte demais para que pudesse ser rompida.

·

“—Gosta dela, Bailey? — perguntou Jeff olhando para o ruivo que estava vidrado na dança da garota.

—Que? E-e-eu? Claro que não. — respondeu Bill virando rapidamente o pescoço para prestar atenção em Jeff.

—Calma, só perguntei. — Jeffrey explicou olhando para Mel dançando com uma das mãos no cabelo —Tenho que arrumar uma garota para você transar.

—Cala a boca, Isbell. — ordenou Bill levantando do sofá para olhar algo na estante.

Jeffrey deu de ombros.

—Cabaço…

Bill foi olhar um boneco na estante mas virava e mexia e ele dava uma leve olhada em Melanie. Ela é linda, pensou enquanto dava um sorriso de canto. Mel mexia o corpo para os lados enquanto fazia um biquinho com a boca. As mãos da garota em alguns momentos iam até os cabelos e voltavam até a altura dos ombros onde ela mexia para trás e para frente. Bill tentava não olhar, mas sua atenção era chamada para a bunda de Melanie que rebolava levemente enquanto ela mexia a cabeça.”

·

—Você tá dançando como naquelas vezes...

—E você tá babando como naquela vezes.

—Eu tô falando sério... — disse Axl. —Seu rosto, seu corpo, tudo, parece que voltamos para os anos 70.

—Eu também tô falando sério.

Axl achou que estava ficando louco mas a segurança da moreninha sobre ver o mesmo que ele o tranquilizou. O clima era mesmo surreal. Anormal. Magnífico. Os corações ligados como um só e as almas dançando como na primeira vez. O chão parecia tremer, as luzes piscavam como se algo divino, celestial, extraordinário acontecesse dentro daquela casa. As energias se concentraram nos dois como se pretendessem algo, as luzes brilhantes pareciam querer uni-los ainda mais e por mais incrível que pudesse parecer, dessa vez eles não dificultaram, se aceitaram e seus corações estavam abertos para o que quer que aquele absurdo significasse.

A história precisava seguir seu curso...

—Izzy, você tá legal? — indagou Aria percebendo que algo acontecia com o magricela que encarava os dois sem piscar.

—Tem alguma coisa estranha...

—Estranha por quê? Eles estão lindos juntos...

—A história está se repetindo.

“Ela tem um sorriso que parece trazer à tona memórias da infância, onde tudo era fresco como o brilhante céu azul”

Axl enlaçou os dedos na mão da moreninha e a levou disfarçadamente pelo meio das pessoas até o canto escuro debaixo da escada que por milagre estava vazio. Melanie e William. O destino conseguiu uni-los mais uma vez e Axl sabia que não poderia perder a oportunidade de ficar para sempre com ela, com o amor da sua vida.

—Minha doce criança…

Ela olhou no fundo dos olhos verdes do seu amor e deixou que toda aquela sensação a consumisse. As coisas tremiam, as pessoas tremiam dançando sem parar, eles tremiam com a energia que envolvia seus corpos e tudo naquele instante pareceu estar exatamente alinhado para favorecer e alimentar ainda mais o amor já enorme que havia dentro deles.

Quando em Lafayette William sempre ardia de vontade de tocar os lábios dela, deixando de fazer todas as vezes… Mas agora ele não precisava mais. Segurou seu rosto acariciando as bochechas clarinhas e rosadas da menina veneno e a beijou suavemente, devagar, como um primeiro beijo, como duas crianças lidando com a tensão de dividir o amor que já não cabia mais dentro do coração e por isso precisava ser aliviado nos corpos.

Ela sempre foi mulher demais para ele. Mulher com alma de menina. Menina com marra de mulher. E a beijando tudo o que conseguia pensar era em como a queria, queria muito, mais do que podia calcular, o coraçãozinho do pobre Bill parecia explodir de amor e a boca vermelha da garota em seus lábios, beijando com carinho e travessura, era a única forma de não fazê-lo chorar, porque o amor queria tomar forma de lágrimas, tamanha emoção ele jamais havia sentido em outro momento.

Melanie soube assim que o destino os dava a chance de um primeiro beijo, como não tiveram.

·

“—Eu sei que te prometi e queria muito ter cumprido a promessa mas eu não consegui, fui idiota.

—Eu te amo, Bill. — ela disse enquanto uma lágrima escorria por sua bochecha. —Eu me preocupo. Drogas? Olha para você… Não precisa disso.

Bill passou os dedos pelas bochechas de Melanie e lentamente levou seus lábios até a boca da garota, dando um selinho devagar e molhado.

—Posso saber o que está acontecendo aqui? — perguntou Jeff sorrindo.

Bill e Mel se olharam sorrindo enquanto abaixavam a cabeça.

—Rolou… — respondeu Mel voltando a encarar Bill.”

·

—Sem querer atrapalhar os pombinhos, mas tem convidados esperando por vocês. — disse Izzy arqueando as sobrancelhas.

Axl e Mila, ou seria mais justo dizer Melanie e William? — sorriram um para o outro percebendo que o magricela fazia a mesma coisa.

—Tudo bem. Nós já vamos.