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História The Lights Are Still Shining - Eu te amo. - História escrita por tropicaiana - Spirit Fanfics e Histórias
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História The Lights Are Still Shining - Eu te amo.


Escrita por: tropicaiana

Notas do Autor


cá estou... no dia do meu aniversário, quis deixar tudo prontinho pra postar hoje.
então, esse tá pior que novela mexicana. tem um link nas notas finais (tentei fazer um esqueminha lá pra vcs não tomarem spoiler, mesmo assim cuidado, não olhem enquanto estiverem descendo e subindo kkkkk) mas é só pra vcs abrirem em certo momento do capítulo que eu avisar, é extremamente importante, de verdade, mas é mais para o final, eu aviso la, por enquanto aproveitem a leitura
amo vcs 🌠

Capítulo 67 - Eu te amo.


Point of view Axl

Los Angeles. 16h00.

Eu consegui abrir os olhos quando ouvi um barulho muito forte e o susto me estimulou a despertar. Eu continuei deitado no chão porque levantar parecia impossível, meus músculos não tinham forças para isso, minha energia estava sendo totalmente gasta pela minha mente para me imaginar com ela. Eu sentia no fundo do coração cargas elétricas que me avisavam para manter o pensamento junto com o meu amor, eu não sabia o que estava havendo, mas sentia que ela precisava de mim. Apesar de não ter disposição para sair do lugar onde eu estava há algumas horas eu me esforçava para não deixá-la morrer em meus pensamentos, e eu sabia que onde ela estivesse ela também pensava em mim. Talvez eu só estivesse ficando louco, mas era como se nossas vidas dependessem do outro, e eu só não me atirei daquela escada quando tive oportunidade porque seu sorriso me encorajou a viver aqui mais um pouco. Senti passos se aproximarem e uma sombra cobrir o meu rosto como se me trouxesse escuridão, mas eu soube quando ouvi as vozes que elas traziam o contrário. Luzes brilhantes... 

—Caralho, cara! Me ajuda aqui. — a voz de Slash foi seguida por dois braços que me levantaram do chão e me uniram aos dois corpos em um instante. Eu não conseguia enxergar nada além de borrões pretos mas consegui escorar o pescoço em um dos ombros e abraçá-los com força suficiente para que eles pudessem me carregar. —O que você está fazendo, cara?

—Esperando oito anos até o meu amor voltar para mim. Já se passaram quantos? Três?

—Tá bom. Olha só... — eu tive a impressão de ser McKagan por causa do cheiro de vodca, era como o cheiro da Melanie quando ela estava deprimida. —Faz quanto tempo que você não toma um banho?

—Você tá maluco? A Aria só não me deu banho de dez em dez minutos porque tinha um intervalo pra gente transar.

Foi quando senti meu corpo bater dentro de uma superfície molhada e a água gelada cair no meu rosto que entendi a sua pergunta.

—Então vai tomar mais um, ruivinha.

—Vai se foder!

Passei as mãos pelo rosto livrando os olhos da água e assim pude enxergá-los como se tivesse nascido de novo. Eles estavam vidrados em mim demonstrando mesmo preocupação. Deitei-me para trás na banheira porque tinha certa dificuldade em aguentar o peso do meu próprio pescoço e relaxei pela primeira vez me sentindo acolhido.

—Presta atenção. Você precisa agir como um adulto agora. — Slash se ajoelhou se aproximando de mim e segurou meu rosto com firmeza. —Eu sei que esse não é o melhor momento para você ajudar em uma coisa dessas mas acho que só você pode porque...

—Fala de uma vez. — exclamei já sentindo meus músculos arranjarem uma energia da parte mais profunda do meu coração, onde meu amor por ela morava há muito tempo, e eu sabia que era sério porque no mesmo instante as cargas elétricas voltaram com uma intensidade muito maior me fazendo sentir que ela precisava de mim. —O que aconteceu com ela? O que aconteceu com o meu amor? — eu me levantei da banheira na mesma velocidade com que meu coração disparou.

—Nós não temos notícias mas...

—Mas o que, porra?

—As chances de ela estar assim como você ou pior são de 90%. — Duff completou. Senti meu coração apertar de dor como se eu sentisse o que ela sentia, começou como leves alfinetadas, depois raios elétricos e de repente eu sentia ele romper dentro de mim e arder tanto que eu achei que não fosse suportar. —Eu não sei se você sabe de tudo que Londres significa, mas Aria garantiu que eles são como fogo e pólvora e ela pode estar mesmo mal.

Me ajoelhei ainda na banheira levando as mãos ao peito como se eu pudesse fazer a dor parar, mas simplesmente não passava, a intensidade só aumentava e eu sabia que aquilo era mais um efeito dos nossos corpos e nossos corações que estavam ligados e condenados a sofrer um pelo outro a vida inteira. Slash deu leves batidas no meu rosto como se tentasse me salvar. Lógico que batidas iriam me ajudar!

—O que tá pegando, cara? — McKagan ficou pálido de preocupação.

—Às vezes eu simplesmente sinto isso. — respondi sentindo a dor aliviar gradativamente. —E eu sei que ela precisa de mim.

McKagan se aproximou do ouvido de Slash enquanto revirava os olhos.

—A gente queria mesmo competir com isso? O CARA SENTE O QUE ELA SENTE! Imagina trepando...

—Foca na menina que pode estar realmente mal, cara.

—Tudo bem, só estava tentando alegrar... Se ela estivesse aqui ela iria rir.

—Você tem razão. — exclamei, visualizando o sorriso dela.

—Então vamos fazer alguma coisa.

—Fazer o que, cara? Você acha que depois de saber que eu transei com a melhor amiga dela ela vai me querer de volta?

—Por falar nisso, você é um escroto. — disse Slash.

—Você acha que eu sou um escroto? Engraçado porque quando a Melanie transou com você, meu melhor amigo, ela não era uma escrota.

—Você deveria me agradecer, Axl.

—Agradecer por quê? Por ter comido a minha mulher?

—Exatamente. Agora você tem algo pra alegar se ela não quiser voltar pra você por esse motivo: ela fez o mesmo.

—Mas de qualquer forma, cara, eu e a Aria passamos uma semana inteira juntos fazendo isso e... — eu parei porque o sorriso de Slash dizia tudo: ele tinha feito tanto quanto nós dois com Melanie. —Cara, eu vou te matar.

Saí da banheira e vesti uma calça jeans e uma camiseta. Eles me alimentaram com alguma coisa que encontraram pela cozinha e me deram alguns remédios para a ressaca. Slash estava mesmo se esforçando, ainda que eu soubesse que seu amor por ela não sumiria de uma hora para a outra, ele parecia conformado e determinado a me ajudar com ela. Eles eram os melhores amigos que eu tinha.

—Eu vou chamar o Izzy. — disse ele.

—O que?! Nem fudendo! — exclamei. —Ele pegou a minha namorada!

—Releva isso, cara... — disse McKagan. —Tecnicamente você pegou a Aria que também pegou ele, e que também me pegou, então todo mundo fez errado. Ainda mais que agora o Slash também vai pegar ela.

—Quem disse isso? Abre seu olho.

—Certo. Eu acho que tive uma ideia! — exclamei.

***

Ele gargalhou por alguns segundos até que parou, olhou para mim como se quisesse me intimidar e voltou a gargalhar sem previsão de uma pausa; eu ainda não havia achado a graça na situação mas permaneci sentado ao lado dos outros meninos esperando até que o magricela resolvesse falar sério.

—Já acabou?

—O que? Você só pode estar zoando com a minha cara!

—Não, Izzy. Eu estou falando muito sério.

Janet mordeu os lábios como se sentisse o peso do ambiente. Levantei-me do sofá no estúdio e me aproximei de Stradlin sentindo os olhares apreensivos dos outros como se torcessem por mim.

—Você quer ligar para aquela garota, e mais, tocando uma música que ela não quis ouvir. Acha mesmo que vou compactuar com isso? Você não cansa de ser trouxa?

—Eu preciso convencer ela a voltar! Você não entende? Eu gosto dela!

—Ela só te ferrou. — disse ele pegando no meu ombro frente a frente comigo.

—Ela é nossa amiga, cara. A nossa garota. Qual foi?

—Ela é uma vadia!

Eu colei o corpo no dele imediatamente levando o dedo ao seu rosto e encarei com ódio suficiente para que ele desempinasse o nariz.

—Mais uma palavra sobre ela e eu soco a sua cara.

Ouvi a risadinha de Slash atrás de mim e senti seus olhares debochando de Izzy. E estavam certos. Ele sabia que eu jamais deixaria alguém falar isso da minha garota e eu não estava brincando quando disse que socaria a cara dele. Ele deu de ombros.

—Certo. Quer ligar? Liga. Quer ser um otário? Tudo bem. Mas se ela não atender ou desligar na sua cara, eu vou olhar no fundo dos seus olhos e dizer com todo prazer "Eu te avisei".


Londres. 2h00.

Eu furava os meus braços por um desejo insaciável de viver uma vida diferente da que havia diante dos meus olhos. E quando aquela magia batia com meu coração e eu enxergava as luzes me levando para o lugar que minha mente desejava, um por noite, eu me sentia bem dentro de minha própria pele. Eu não tentava fugir e eu não queria fugir; eu queria estar perto deles. Eu fui afastada de mim mesma sem piedade, eu fui morta e visitei o inferno. Eu nunca tive algo pelo que quisesse lutar e eu nunca me envolvi com alguém que quisesse lutar por mim. Eu nunca fui a pessoa pela qual eles gostariam de ter em outro lugar que não na cama e eu nunca quis estar em outro lugar; os seus braços e o suor de seus corpos eram tudo o que eu tinha porque os corações eram pesados demais para que eu pudesse carregar, eu me desfazia de todos eles. Eu não era de alguém. Eu nunca tive um lugar para deixar meus pés. Eu queria tudo e não queria lidar com nada. Eu procurava o mundo e tentava pegá-lo com minhas próprias mãos. Mas eu estava perdida. Então eu conheci homens que despertaram no fundo do meu coração o rumo para que a garota que lá se abrigava conseguisse se encontrar. Eu achei que ninguém conseguiria, mas ele conhecia aquela criança machucada. Eu conheci homens que tinham o coração como o meu, que tinham a alma como a minha; eu conheci homens que aceitaram a minha liberdade e que se certificaram de não assustar a menina que havia dentro de mim. Eu conheci homens que me protegeram e que lutaram por mim como jamais alguém lutou. Eu conheci homens pelos quais meu coração entrou em briga interna porque queria se entregar. E eu já não o tinha mais comigo porque ele batia junto de cada um deles a quilômetros de distância. E era lá que minha mente também viajava cada noite em que eu me deitava e sonhava, porque eu não queria ter os deixado; eu queria ter sido de todos eles com toda a minha intensidade. Eu queria ter sido tão boa para eles quanto eles foram para mim. Eu queria ter entregado tudo o que eu sou para o homem que eu mais amei na vida, mas quem eu sou, afinal? Hoje, nada. Sempre falaram sobre o quanto eu era maluca. Sempre falaram sobre a vadia cruel que eu poderia ser. Sempre brincaram achando que minha insanidade não passaria de provocações e jogos. Bem, eles se enganaram. Eu não tinha mais nada a perder porque eu perdi tudo. Eu não tinha mais que prezar pela minha vida porque eu estava morta. Eu não tinha mais que me importar com a minha família porque ela não existia há muito tempo. A única coisa que ainda fervia nas minhas veias além do amor por aquele homem que eu nunca teria, era a vingança. Dizem que ela é um prato que se come frio, mas eu podia jurar que aquela casa pegaria fogo.

*

Com uma boa quantidade de heroína e cocaína correndo pelo seu sangue e o álcool ardendo na garganta ela não tinha mais controle sobre o certo e o errado, sempre que um pensamento surgia ela realizava sem hesitar mesmo que esse fosse o de levar o revólver consigo. Colocou um cigarro entre os lábios e acendeu soprando a fumaça e a angústia que carregava no peito ao vento. Ela não tinha nada. Ela estava vazia. Então por que se importaria?

Melanie caminhava pelas ruas enquanto se desprendia de qualquer piedade que pudesse fazê-la amenizar suas ações, o vento cortante do inverno alisava seu rosto como estímulo. Ela não temia andar sozinha porque já tinha visto o pior, e quando temeu, quem a protegeu? Aquela garota se tornou tão ruim quanto qualquer espécie de perigo que pudesse encontrar na madrugada, então por que temeria?

Entrou em casa pisando na ponta dos pés para que ninguém acordasse antes do espetáculo começar. Ela tinha muitos desejos mas apenas um objetivo para atingir até o fim da noite. Mesmo que no fundo Melanie torcesse para que seu pai a fizesse mudar de ideia, as esperanças depositadas na figura arrogante já haviam sido gastas e ela o conhecia bem o suficiente para não criar ilusões. Ela molhou a boca com um gole do uísque mais caro que Thomas guardava na prateleira, que muitas e muitas vezes esvaziou sem que qualquer um deles se preocupasse com o rumo que sua vida tomava, e conferiu a aparência no espelho com um sorriso beirando a psicopatia, onde o reflexo revelava a mistura da vadia cruel errática e nômade com a garota rebelde, impetuosa e maluca, ambas com o desejo incontrolável de buscar a vingança. Ela acendeu as luzes revelando os porta-retratos pelas estantes e armários ao longo da sala, exibindo os rostos alegres daqueles que destruíram a sua vida. Melanie, que guardava ainda um resquício de sentimento, escolheu um deles para preservar; um abraço apertado entre ela e a figura que sempre significou muito mais do que seu próprio pai; Tommy, quem ela nunca teve dúvidas ao dizer que era o homem mais importante da sua vida, mas que agora abria os olhos e percebia que tudo o que ele tinha por ela, assim como todos os outros caras, era desejo sexual e um amor egoísta e sórdido.

—Uma pena, Tommy, porque tudo o que eu sempre fiz foi confiar em você e te dar o meu amor mais puro... — ela passou os dedos pela foto, deixando uma lágrima cair, prometendo a si mesma que era a última.

Assim que o momento piedoso passou o porta-retrato foi arremessado longe, e depois dele haviam muitos e muitos para ela se divertir ao ver quebrar. O casal traíra, a filha perfeita, os três juntos para comemorar a união da família... Melanie passou a mão por toda a extensão da estante derrubando um por um ao chão se deliciando com o estrondoso barulho. Inevitavelmente foi tomada pela dor de não ter ninguém ao seu lado. A mãe enterrada, o pai negligente, o amor que fechou o coração para ela e os amigos longe demais para impedi-la de fazer o que planejava. Ela não era nada sem um bando de desconhecidos de uma banda de rock americana e a realidade doeu quando caiu sobre sua consciência, eles eram tudo o que ela — não tinha mais.

Melanie colocou o vidro de uísque na boca e ouviu as vozes desesperadas se aproximando, percebendo que o show acabava de começar.

—Huum. O espetáculo está quase completo.

—Melanie, você ficou louca? Que merda você está fazendo?! — Thomas pegou o porta-retrato quebrado em que estava a foto de Tommy e subiu um olhar assustado para a garota aparentemente fora de controle na sala, ele sabia que uma briga com o moreno nessa altura significava o fim para ela.

Melanie soltou uma risada descontrolada e encarou o pai e a mulher que surgia atrás dele com presunção.

—Fazendo uma limpeza básica. Eu acho que essas fotos que pintam uma família feliz estão batidas. Quero dizer, quando essa família foi feliz?

Ela atirou a garrafa de uísque em uma das paredes quase acertando a cabeça de Veronica, o material se despedaçou junto com um quadro com o logo da gravadora e algumas certificações que ele tinha orgulho de pendurar.

—Pelo amor de Deus, Thomas! Para essa garota!

Ele tentou se aproximar mas parou antes de atravessar a mesinha ao centro da sala porque Melanie largou, como em um gesto comum, o revólver sobre ela. Thomas sentiu o chão se abrindo abaixo de seus pés e Veronica deu um salto para trás levando as mãos na boca, temendo que qualquer ação motivasse a garota a atirar.

—O que foi? Não gostaram do meu brinquedinho? — seu semblante angelical e tristonho só poderia indicar três coisas na cabeça daqueles dois: a primeira que ela era apenas uma menina que não seria capaz de fazer nada de mau, a segunda que ela apenas enganava para confundi-los com a carinha de anjo e a terceira e por algum motivo a que mais fazia sentido, a de que Melanie estava completamente fora de si, passando por um forte transtorno de personalidade. —Não vão dizer nada? Eu queria tanto conversar...

—Melanie, eu acho que você precisa de uma intervenção...

—Você acha? Você acha que eu estou louca, papai? — ela arregalou os olhinhos e um biquinho choroso se formou em seus lábios. A parte paterna de Thomas ainda estava lá e ele sentia a dor em ver a filha como ela estava. Ele se aproximou lentamente enquanto ela parecia cair de tristeza, causando pena até mesmo na mulher que a odiava com todas as forças, e ofereceu a mão para que ela pegasse. Melanie começou a rir feito louca. —Está tentando se redimir, papai? A consciência está pesando? Vai se foder! — ela deu as costas e retomou a pose psicopata deixando Thomas desgastado no meio da sala, pegou o resto dos porta-retratos e atirou todos contra a parede, destruindo-os um por um.

—Você deveria ter levado essa garota num psiquiatra antes que ela chegasse nesse ponto!

—Você ainda pode ter ajuda, Melanie. — disse ele completando a fala da mulher.

—Porque é muito mais fácil largar uma criança, um adolescente ou um jovem nas mãos de um psiquiatra e oferecer ajuda médica do que reconhecer que vocês é que nos fazem assim! Mas você terá que aceitar, papai, porque você não me deu a chance de ser diferente, se eu sou assim é por culpa sua e você vai ter que lidar com isso! — ela atirou o último quadro na parede. —Vocês ainda não aprenderam que os comandos "Cale a boca e faça", o castigo ou os xingamentos não funcionam quando você está lidando com um jovem problemático? Você teve a oportunidade de mudar o meu caminho antes, mas agora é tarde demais.

—A falecida não soube nem cuidar da própria filha, por isso você se tornou uma problemática.

Veronica sentiu imediatamente o ódio fervendo nos olhos da morena e soube, no mesmo instante, que jamais deveria ter falado aquelas palavras. Melanie caminhou lentamente até a loira estática atrás de Thomas sentindo o maior ódio que já foi capaz de sentir na vida, se tratando de uma garota tão rancorosa como ela, o ódio era imensurável. Com os olhos escuros e cobertos por uma nuvem negra de raiva em seu estado mais puro ligados exatamente na mesma linha que os cínicos da mulher, Melanie sentiu no fundo da alma o desprezo e ele não poderia ficar guardado; ainda que ela não fosse agredir ou humilhar outra mulher, ela sabia que tinha um recurso muito mais poderoso e eficiente.

—Eu tenho só uma pergunta antes de continuar. — disse ela, virando-se para Thomas. —Você vai deixar essa mulher falar assim do amor da sua vida, da mãe da sua filha?

Thomas abaixou a cabeça sem coragem de dizer qualquer coisa.

—Muito bem. — disse Melanie. —Você é tão desprezível quanto ela.

A garota caminhou até o balcão que dividia a sala da cozinha, tirou alguns pinos de cocaína do bolso da jaqueta de Axl, a qual ainda usava para que o cheiro a encorajasse, e despejou o pó sobre o móvel.

—Eu não acredito no que você está fazendo...

—O que foi? Não venha me dizer que nunca cheirou uma linha, papai. Os seus amigos amam, você não é diferente deles. Sabe o que eu lembro? Da primeira vez que usei. Foi a segunda vez que eu transei na vida e estava chorando porque eu me sentia mal e suja...

—Eu não quero saber disso, Melanie.

—...e ele disse que com um pouquinho passaria. Eu gostei. Seus amigos costumavam me dar na mão deles e cheirar algumas linhas em cima do meu corpo. — disse ela, passando os dedos entre os seios e o abdome, fazendo Thomas abaixar a cabeça tamanho nojo. —Você também faz isso com as meninas, papai? Que você transa com elas todo mundo sabe, agora conte sobre suas aventuras. — riu.

—Está querendo me colocar contra o seu pai, garota?

—A única coisa que eu quero é que vocês dois queimem no inferno juntinhos por terem matado a minha mãe. — respondeu ela, abrindo as gavetas no balcão na busca por uma colher. —Mas sabe, Veronica, se ele largou a "falecida" pra ficar com você, vai largar você pra ficar com outra. Eu tenho uma quantidade de amigas que transaram com Thomas suficiente pra você ficar esperta.

—Isso é mentira! — ele exclamou.

—Não é não. E sabe, papai... — ela se aproximou dele olhando  o fundo de seus olhos com desdém e nojo. —Quando você estiver com elas eu quero que você se lembre da sua filha fazendo o mesmo com os seus amigos. Eu quero que você sinta a culpa por não ter impedido que eu entrasse nesse mundo, quero que sinta a culpa de chamar as outras meninas de ninfetas lembrando que é o mesmo que seus amigos acham de sua filha, quero que se sinta mal por ter estragado a minha vida!

Thomas observou a movimentação da filha que sem qualquer resquício de receio se aproximou do pó e cheirou uma razoável quantidade. Ele sabia que esse era um vício da filha e que tal ato fazia parte do mundo em que ele vivia e que ela entrou tão cedo e com imprudência. Ele sabia que ela estava certa, que todos eles usavam e que se divertiam com meninas como ela, e a repulsa por esse costume que começou a afetá-lo fez ele derramar uma lágrima. Mas agora além de uma filha completamente fora de si, ele também tinha uma esposa furiosa. Melanie, em sua condição vingativa, sentia cada vez mais satisfação, na mesma intensidade com que ficava cada vez mais próxima da morte.

—Você acha mesmo que a culpa é minha, Melanie? Acha mesmo que quem fez você assim fui eu? Você gostava de ser assim! Acha mesmo que te transformei nisso?

—Nisso, Thomas? Você fala como se eu fosse um monstro! — Melanie caminhou até o balcão de bebidas, bebeu um gole de uma garrafa de uísque e atirou o resto na direção dos dois, quebrando-o na parede. Ainda que eles se abaixassem para fugir do arremesso, as pelo menos três garrafas que ela atirou em seguida deixaram os dois molhados com o líquido que voou por toda a sala. —Eu quero que vocês se fodam!

—Você é louca! — ele exclamou.

—Não, Thomas. Melanie não é louca! — a voz aguda e trêmula fez com que os três olhassem para o corredor onde a garota surgia chorando.

—Kate, minha filha! — Veronica correu na direção da loira e tentou abraçá-la percebendo o desespero no olhar da menina. Ela empurrou a mãe e se afastou deixando claro que não queria contato com ninguém.

—Vocês que nos enlouquecem! Vocês estragam as nossas vidas, é isso que vocês fazem! — Kate se aproximou de Melanie e a puxou pela mão para afastá-la das drogas. A morena ficou estática. —É isso que vocês fizeram com ela! A única coisa que realmente importa para vocês dois e esse casamento idiota que rende fama! Eu perdi o meu pai e eu mereço sim apoio, mas ela também! Ela sofre muito mais do que eu e vocês não percebem porque tudo o que querem é manter a imagem de família ajustada, que Melanie não traz, e com razão!

—Minha filha, eu não pensei que...

—Você nunca pensa em nada, Veronica!

Melanie permaneceu boquiaberta diante da situação, sentindo suas pernas se enfraquecerem por causa do efeito da mistura de todas aquelas drogas em grande quantidade. As imagens na sua frente não apareciam mais de forma nítida e cada piscadela deixava tudo ainda mais escuro, seus olhos pesavam e sua cabeça girava sem parar.

—Olhem o que vocês fizeram comigo! — a loira chorando tirou o casaco e liberou a visão de seus braços repletos de cortes, fazendo todos na sala perderem o chão. Thomas virou de costas assustado, sem querer ver; Melanie precisou de ajuda do balcão para se manter de pé porque seu equilíbrio falhava e Veronica se aproximou da filha com desespero, passando os dedos pelas cicatrizes avermelhadas como se pudesse fazê-las desaparecer.

—Kate... A sua pele... A sua pele era tão linda. O que você fez? Por que você estragou a sua pele? — a mulher chorava deixando as lágrimas caírem pelos braços da garota enquanto ela passava o rosto por eles.

—É só nisso que você pensa? — Kate empurrou-a. —Beleza? É só isso? Eu odeio você!

A loira vestiu o casaco e saiu em direção à porta com pressa, sem olhar para trás, chorando tudo aquilo que guardava a anos.

—Viu o que você fez? — Veronica gritou se aproximando de Melanie. Antes que ela pudesse falar qualquer coisa, sentindo com cada vez mais intensidade os efeitos ruins das substâncias, a mulher a empurrou. Ela caiu no chão sem que pudesse se levantar. —Sua ninfeta! Você acabou com a vida da minha filha! — Melanie tinha muito para falar, mas sabia que nenhuma palavra adiantaria, ela era orgulhosa demais para aceitar que eles mesmos quem haviam destruído a vida de Kate. A morena se calou ouvindo tudo, sentindo o mundo cair sobre a sua cabeça, se perguntando como eles poderiam ser tão cegos. —E o nosso casamento está acabado, Thomas! Não tem amor que resista a delinquente da sua filha!

Ela saiu pela porta com a intenção de seguir a filha e ajudá-la. Melanie lutava para manter os olhos abertos. Thomas olhou para a mulher na porta e para a sua filha caída no chão, como se tivesse uma escolha a fazer. No primeiro momento Melanie estava tranquila, pensando que não poderia haver chances de seu pai abandoná-la de novo. Mas percebendo a demora, o seu olhar perdido e a forma como seus gestos se mostraram divididos, soube que tudo ainda poderia ficar pior. Ele saiu atrás da mulher deixando a filha sentada no chão, matando assim o último sentimento que ela ainda tinha por dentro, se certificando de que aquela menina morreria para sempre e provando que ele jamais amou-a como uma filha. Melanie teve a certeza de que estava completamente sozinha. Seu peito doeu tanto que quase não suportava. Tudo queimava, como se visitasse mais uma vez o inferno. Ela usou sua última força para segurar o peito com força porque a sensação era de que ele fosse se partir inteiramente até que a dor se tornasse insuportável, e não faltava muito. Ela escorou a cabeça na parede de trás, batendo com força os punhos no chão, dando socos no assoalho que faziam a dor física se misturar com a emocional e assim ela gritar o mais alto que podia. O chão que tinha abaixo de seu corpo parecia uma fina camada que não a suportaria por muito tempo, o céu desmoronava sobre sua cabeça. A intensidade do amor que aquela menina sentia era tão forte quanto a dor de sempre de decepcionar por amar. Se seu próprio pai a abandonou mais uma vez, quem estaria por ela?

Do outro lado do oceano cinco rapazes se preparavam dentro de um estúdio para salvá-la. Cinco rapazes ensaiavam uma música juntando a parte que cada um fez para ela. A letra que dizia tudo o que Axl não conseguiu dizer, o solo que uma vez Slash tocou para homenageá-la e todos os outros arranjos compostos por todos eles e as energias positivas de amor que ela deu a eles em certo momento e que agora eles iriam retribuir, mesmo sem saber exatamente como ela estava, eles podiam sentir que aquela menina precisava deles como nunca.

—Você sabe que lá é de madrugada e que ela pode estar em uma boate, não sabe? — perguntou Slash, não querendo mais decepções.

—Eu estou sentindo que ela precisa de mim... Só... Só façam isso por mim, e por ela. — respondeu o ruivo.

Melanie pegou uma colher com dificuldade, a seringa no bolso e os papelotes que precisava, preparou a substância misturando a heroína e a cocaína e com os dedos não muito firmes mas com muita certeza furou o braço sentindo seu corpo imediatamente estremecer e seu coração se perder em uma batida rápida e outra lenta, exatamente como a confusão que ela sentia. Ela se escorou para trás na parede quando ouviu o telefone tocar. Óbvio que ela não iria atender, mas como obra do destino ou das luzes brilhantes que ainda estavam pelo ambiente o aparelho estava no armário ao lado dela e tudo que ela precisava fazer era esticar o braço. Algo a guiou para que fizesse aquilo, e quando percebeu o telefone estava em seu ouvido.


(Agora eu preciso que vocês entrem no link do youtube que está nas notas finais, deixem as duas abas abertas, é muito importante, mais importante do que qualquer coisa nessa fanfic. na sinopse diz que ela é sobre uma música, então...)


—Oi. — disse ela, a voz grogue.

—Oi, minha menina veneno... Eu te amo e isso é pra você.

A voz fez com que seu coração despertasse da condição dolorosa para uma mais razoável e o assobio fez com que seu corpo estremecesse em uma sensação inexplicavelmente mágica, como se só o fato de tê-lo através do telefone fizesse um pedacinho de seu coração viver. Melanie não tinha nada, nada além daquela linha telefônica e a linha de telepatia que se estabelecia entre os dois para que, além de ouvir sua voz, ela também sentisse seu corpo e seu coração junto ao dela, do jeito que ela morria de saudades de sentir. Ela largou a seringa e a colher ao lado mantendo a atenção somente na voz que parecia afastá-la de todo o mal. Mas ele não estava com Aria?, ela se questionou. De qualquer forma, seu coração se preencheu e agora tudo o que ela pensava era nele.

Derramei uma lágrima, pois estou sentindo sua falta

Ainda me sinto bem o suficiente para sorrir

Garota, eu penso em você todo dia agora

Houve um tempo em que eu não tinha certeza

Mas você acalmou minha mente

Não há dúvida de que você está no meu coração agora

Ela soube naquele instante que se tratava da música que ela não quis ouvir, da música que ele outra vez já quis tocar em sua homenagem mas que por estar com o coração fechado ela fugiu. E ela soube que agora essa não era mais a sua condição. Ela soube que seu coração não poderia estar fechado porque ele, aquele homem cuja voz a mantinha viva, tomava ele por inteiro.

Eu disse: Mulher, vá devagar

E tudo se resolverá por si só

Tudo que precisamos é apenas de um pouco de paciência

Eu disse: Docinho, não tenha pressa

E vamos ficar bem juntos

Tudo que precisamos é apenas de um pouco de paciência

Patience… A sua música. Melanie segurou o telefone junto ao ouvido e deixou que aquele som guiasse seus olhos para onde seu coração desejasse, e eles viajaram para encontrar os rapazes dentro do estúdio, calados e admirados, apenas ouvindo Axl cantar com todo o seu amor, aquele que não cabia em seu peito e que por isso derramava em lágrimas em seus olhos e na emoção de sua voz. Melanie se sentiu amada e pela primeira vez gostou disso.

Sento aqui nas escadas

Pois prefiro ficar sozinho

Se eu não posso te ter agora, eu esperarei, querida

Às vezes fico tão tenso

Mas não posso acelerar o tempo

Mas você sabe, amor, existe mais uma coisa a se considerar

Melanie deixou também uma lágrima escorrer de seu rosto, aquela que prometeu que nunca deixaria, a lágrima do mais profundo, puro e intenso amor. Porque ela o amava, e ela o amava mais do que qualquer coisa, tudo o que ela tinha dentro de seu coração era o amor por aquele homem e foi a reciprocidade desse sentimento que a manteve acordada por mais alguns minutos, ela sentia que não estava bem mas precisava ouvir a música até o final, tudo o que ela ainda precisava fazer na vida era ouvir aquela música até o final.

Eu disse: Mulher, vá devagar

E tudo vai ficar bem

Você e eu precisamos de um pouco de paciência

Eu disse: Docinho, vá com calma

Pois as luzes continuam brilhando intensamente

Você e eu temos o que é preciso para conseguir

"As luzes ainda estão brilhando intensamente…"

Nós não vamos fingir

Nunca vou quebrar isso

Porque eu não aguentaria

O solo da guitarra a fez sorrir, como um sorriso no meio do inferno, as vozes de McKagan e Izzy e até mesmo as de Steven puderam ser ouvidas, e ela não poderia se sentir mais satisfeita. Todos eles estavam lá por ela, ela não estava sozinha.

Mas aquela menina não estava completa, a música garantiu que ela ficasse bem por cinco minutos, dando a ela a chance de se sentir tranquila antes de deixar o tronco cair ao chão. Ela não estava mais naquele ambiente. Sua mente se esvaziou deixando com ela apenas as memórias daqueles garotos que fizeram dos últimos meses os melhores de sua vida. Deitada no assoalho daquela casa sem que ninguém pudesse ajudá-la de uma forma mais precisa, sem que ninguém pudesse oferecer socorro, ela ouviu os últimos trechos da música pelo telefone.

E as ruas não mudam mas, querida, apenas os nomes

E não tenho tempo para joguinhos

Terei um pouco de paciência...

Porque eu preciso de você

Sim, mas eu preciso de você

Eu preciso de você

Eu preciso de você

Nesse momento.

Antes que seus olhinhos se fechassem ela ainda conseguiu sussurrar:

—Eu te amo, William.

O telefone caiu ao chão assim como a sua mão que o segurava fazendo com que o aparelho desligasse. O silêncio trouxe escuridão aos cinco rapazes. Axl chamou-a algumas vezes pedindo para que ela respondesse mesmo fora do telefone, mas ela não disse nada, e como poderia? Não estava acordada, não estava mais ali. Melanie só estava em seu coração.

Axl olhou para os garotos completamente aterrorizado, Slash e McKagan rapidamente se aproximaram e ele olhou no fundo dos olhos de cada um com os seus avermelhados que avisavam tamanho sofrimento que viria pela frente.

—Ela disse que me ama. Vocês ouviram, não ouviram?

—Se ela disse que te ama por que te deu outro vácuo, seu idiota? Ela não disse nada, só te fez de trouxa de novo! — gritou Izzy, arremessando o violão longe por causa do ódio de ver o amigo sofrendo de novo.

—Eu não ouvi nada… — disse Slash.

—Eu também não. — todos eles disseram com tristeza.

Axl correu até o telefone para discar o número da mansão novamente, mas dessa vez o número nem mesmo recebia a chamada. Ele olhou para todos dentro da sala deixando lágrimas escorrerem de seus olhos como se não fossem parar.

—Tem alguma coisa errada! Eu ouvi! — Axl chorou feito criança.

Seus joelhos caíram no chão quando ele voltou a sentir o aperto em seu coração, uma dor absurda incendiou todos os seus sentimentos por ela como gasolina e fogo, a dor no fundo da sua alma foi maior do que qualquer pensamento e tudo o que ele conseguia ver diante de seus olhos era o mundo sem ela, as imagens de possíveis dias posteriores passavam em sua mente fazendo com que ele desejasse morrer, e tão forte era a dor que poderia matá-lo. Como seria seu mundo sem Melanie?

—Ela precisa de mim. Ela precisava de mim agora! — ele gritou.

—Deixa de ser trouxa, Axl. Pelo amor de Deus! — Izzy sacudiu sua cabeça no chão, mas nada poderia fazer o ruivo desistir.

—O Tommy! Eu preciso ligar para o Tommy.

Aria discou o número rapidamente e deu nas mãos de Axl quando ele já chamava. O moreno jogado no chão de sua casa correu para atender esperando que fosse ela.

—A Melanie. Você precisa salvar a Melanie!

Tommy, lembrando do modo como ela saiu de sua casa, não pensou duas vezes antes de largar o telefone e sair correndo.


Notas Finais


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Link: https://youtu.be/Gn_erkeExCY


não vou nem dizer nada mas quero que vocês me digam


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