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História The Lion and The Badger - Coisas de Omêga - História escrita por Muffin_Paradise - Spirit Fanfics e Histórias
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História The Lion and The Badger - Coisas de Omêga


Escrita por: Muffin_Paradise

Capítulo 4 - Coisas de Omêga


CAPÍTULO 4

“COISAS DE ÔMEGA”

Começou com um leve formigamento, tão leve que por algum tempo ele achou que fosse fruto de sua imaginação: vinha do nada e sumia em seguida como se nunca tivesse existido. Mas aos poucos passou a ser mais presente e constante, mas ainda longe de ser desconfortável.

Era apenas uma sensação inusitada que lembrava a ele o leve roçar de plumas na região do seu peito, algo que se fosse mais acentuado poderia até mesmo provocar cócegas nele. Fácil de lidar e de ignorar - o mesmo não podia se dizer dos enjoos que ele estava tendo nos últimos dias, pois esses sim eram desconfortáveis, fazendo com que ele consumisse quase todos os antiácidos estomacais no qual havia trago pra Hogwarts.

Enquanto a sensação não o incomodasse, ele continuaria a ignorar e foi exatamente o que ele fez ao longo de quase duas semanas...

...pelo menos até aquela manhã.

 

Harry acordou aos poucos, sentindo um calor agradável junto com um formigamento na região de seu peito como se estivesse dormente... Era estranho, por que ele geralmente sentia isso quando dormia com a cabeça apoiada no próprio braço ou algo do tipo.

Mas nunca no peito.

Fechando os olhos, ele tentou voltar a dormir, mas a sensação persistente o mantinha acordado. Mais uma vez, não era desagradável, apenas era estranha.

Com um suspiro, ele se espreguiçou na cama de solteiro, sentindo o prazer preguiçoso causado pela maciez e calor de seu colchão e da vontade de dormir mais; tateando com a mão, ele procurou os óculos na mesinha de cabeceira, colocando-os no rosto.

Apesar das cortinas de sua cama estarem fechadas, ele soube que era manhã e que em questão de minutos ele teria de se levantar para mais um dia de aula.

Afastando a cortina de sua cama, ele notou que foi o primeiro a acordar, o que era bom pois assim teria o chuveiro todo para si – só Merlin sabia o quanto que as garotas ômegas de sua casa poderiam demorar no banho, quando ele mesmo fazia sua higiene em 5 minutos e se arrumava tão rápido quanto.

“O lado bom de ser prático...” ele pensou sonolento ao coçar sua bunda ao se levantar e se espreguiçando mais uma vez, pegando sua nécessaire, roupão e pantufas, começando a  caminhar como um sonâmbulo até o banheiro.

 

O banheiro dos ômegas da Grifinória era amplo, coberto de azulejos brancos com detalhes em vermelho, as torneiras e chuveiros feitos de metal dourado, um gabinete contendo toalhas felpudas vermelhas sempre limpas e vários espelhos.

Harry trancou a porta, tirando seu pijama e jogando-o de lado.

Uma ducha quente de manhã seria um dos pontos altos de seu dia, ainda mais considerando que teria Poções em seu primeiro horário; ao sentir a água quente tocar sua cabeça e costas, ele gemeu baixo e de olhos fechados, uma parte de si contente por poder aproveitar uns minutos a mais de uma ducha particular.

Vantagem de acordar mais cedo, apesar de que ele também adoraria poder dormir mais... Nos últimos dias, ele vinha se sentindo estranhamente sonolento, muitas vezes caindo na cama mais cedo que suas colegas.

Harry se encolheu ao sentir a água quente escorrer pelo corpo, começando a espalhar a espuma de seu sabonete com odor de pêssego (o mesmo que Cedrico mais gostava de sentir nele), relaxando ao sentir o perfume familiar.

Ele ensaboou o pescoço, os braços, mas ao chegar na região do peito, ele quase teve um sobressalto.

“Mas que...” ele pensou, sentindo-se totalmente acordado.

Olhando para baixo, ele arregalou os olhos como uma coruja.

Ele só podia estar delirando... Ou ainda estava sonhando. Sim... Isso, ele ainda estava sonhado!  Pois qual seria a explicação lógica para o que via?!

Porque ele tinha certeza que quando fora dormir na noite anterior, seu peito não estava daquele jeito... Oh não, não!

Ali não possuía nada de especial ou que merecesse demasiada atenção - mesmo que Cedrico passasse um bom tempo entretido por ali, mas isso era outro caso.

Mas o que ele via ali...

Pelas barbas de Merlin!

Se na noite anterior seu peito não havia nada demais, o mesmo não poderia se dizer do que ele via naquela manhã.

Suas aréolas estavam muito mais rosadas, destacando ainda mais contra sua pele alva, a circunferências destas um pouco maiores, ficando quase do tamanho de uma moeda de sicle... No centro, seus mamilos pareciam mais definidos, “pontudos” e entumecidos da mesma maneira que ficavam quando ele estava com frio... Ou quando Cedrico os chupava ao fazerem amor.

“Ohhh merda...” Harry gemeu involuntariamente, estremecendo ao se lembrar da língua quente e lábios macios de seu namorado explorando aquela parte de seu corpo.

Ele balançou a cabeça ao reprimir a memória e ignorando sua própria ereção em formação.

Não era hora de bater punheta, não, não, não... A situação ali era prioritária.

Ele olhou para baixo com atenção.

Hogwarts tinha poucos garotos ômegas, e Harry tinha certeza de que nenhum deles tinha peitos.

Aquilo só desenvolvia em uma fase muito específica da vida deles, uma fase no qual fazia sentido eles terem aquele “apetrecho” que até então era exclusivo das meninas desde a puberdade.

Pois essencialmente, a função dos seios era uma: amamentar.

E Harry, com toda certeza, não estava nessa fase.

Não estava de jeito nenhum. Impossível.

Mas ainda sim...

Ainda sim o que Harry notava ali no chuveiro, era que seu peito definitivamente não estava mais plano como antes e sim com duas suaves, porém, perceptíveis elevações como se fossem dois montículos revestidos de pele macia e acentuados com mamilos cor-de-rosa...

Eram pequenos, ainda estavam em desenvolvimento, mas inegavelmente era o que parecia: ele, por alguma razão, estava começando a ter peitos!

“Mas que porra é essa?!!!” ele pensou com incredulidade que beirava a indignação.

De forma hesitante, ele tocou naquela região, arfando ao sentir a textura macia e consistente sob sua palma, assim também como um choque de prazer ao se senti-los sensíveis. Com a ponta de seu indicador, ele tocou em seus mamilos, mordendo o lábio inferior ao sentir o formigamento que o fez se sentir elétrico.

“Eu acho que vou escrever pra mamãe.” ele pensou embasbacado.

Ela devia saber dessas coisas, pois além de ser sua mãe, ela era uma ômega também...

Lily sempre o ajudou e o orientou nessa coisa toda de ser ômega... Harry estaria perdido se não fosse por ela, pois seu pai, James, também tinha a mesma experiência que ele nesses assuntos: zero.

Mas esse era o mal de viver em uma sociedade em que falar sobre sexo e sexualidade era vistos como tabu: por alguma razão, as pessoas não falavam, e quando chegavam a falar, era sempre de forma apressada e desajeitada, como se aquilo fosse algo antinatural ou bizarro.

Em Hogwarts então, literalmente o lugar que mais aglomerava adolescentes cheios de hormônios, simplesmente não havia aulas de educação sexual e coisas do tipo... Muitos alunos ali faziam sexo às escondidas, mas ainda sim, todos pareciam fingir que nada acontecia.

E ai dele se perguntasse para algum professor sobre alguma dúvida que tinha... Harry preferiria morrer do que perguntar pra Profª McGonagall sobre ciclos de cio ou pior ainda, para seu padrinho e também professor, Severo Snape, o motivo de já estar desenvolvendo peitos...

Um Cruciatus com certeza seria mais agradável.

E quanto mais pensava sobre, mais Harry decidia que não iria escrever para Lily.

Seria estranho demais. O que ele iria escrever em primeiro lugar?!

“Oi Mamãe, como vai? O meu time vai super bem e estou me saindo bem como capitão, temos boas chances de ganhar, minhas notas estão boas e ah, não sei se sabe, mas eu meio que tenho peitcholas agora... Mande lembranças ao Papai por mim!”

Não. Ele não poderia. E, além disso, se ele perguntasse coisas como essa, havia o risco implícito de descobrirem que ele e Cedrico estavam fazendo “coisas” nas quais eles não deveriam fazer...

...pois Harry, até onde todos sabiam, ainda era virgem como todo ômega deveria ser, mantendo-se assim até se casar e ser reivindicado.

Ele suspirou, prosseguindo o seu banho.

Não, ele não escreveria. E não havia motivos para alarde.

“E talvez não seja nada demais...” ele pensou ao esfregar os braços com a esponja, minimizando a situação. “Talvez seja só um surto de crescimento ou algo desse tipo...”

Sim, deveria ser isso.

Ele tinha 15 anos, seu corpo ainda estava mudando como o de todos os adolescentes hormonais. Alguns cresciam a barba, outros ganhavam alguns centímetros de altura, outros mudavam de voz e ele... Bem... Ele estava com aquilo.

“Normal...” ele bufou, tentando parecer despreocupado.

Mais pra frente Hermione o ajudaria a comprar sutiãs e enquanto isso, ele usaria seus moletons mais largos. Se alguém notasse, ele apenas agiria como se nada tivesse acontecido, como se aquilo não fosse nada demais, porque obviamente, não era nada demais.

Estava tudo okay. Era apenas...

Apenas coisas de ômega.

...

...

...

Alguns dias depois...

 

– Para a Poção do Morto-Vivo você irá precisar de... Losna... Raiz de Asfódelo em Pó... Vagem Sudorífera...Cedrico parou de recitar, olhando para o lado – ...Eeee?

Harry fechou os olhos ao saber que era sua deixa, fazendo uma careta ao se concentrar.

Era tarde de quarta-feira, ambos estavam na biblioteca de Hogwarts, sentados em uma mesa afastada dos demais e rodeados por diferentes livros que abordavam o terror escolar de Harry: Poções.

Se antes Harry tinha dúvida, agora sua certeza era oficial: ele odiava Poções.

Para ele, Poções era um inferno em que cada ingrediente tinha de ser preparado/cortado/amassado/espremido de uma forma nada menos do que perfeita para depois ser misturado, cozinhado em uma determinada temperatura, mexido em um sentido exato por um número exato de vezes com a colher... E a pior parte era que mesmo fazendo tudo isso, ele ainda tinha a proeza de fazer dar errado.

Mas Snape havia dado um ultimato: ou ele melhorava seu desempenho em Poções, ou sua posição como capitão do time da Grifinória já era.

E era por isso que ele estava ali, quebrando a cabeça ao tentar memorizar os ingredientes utilizados, as propriedades deles, a forma que deveriam ser trabalhados e o como se chegavam ao resultado da poção a ser feita.

Harry também teve certeza que só não chegou a jogar o livro na janela, por que seu “professor particular” era competente.

O grifinório agradeceria de joelhos por Cedrico ser tão inteligente e acima de tudo paciente: o lufano explicava as coisas para ele da mesma forma que explicaria para a criatura mais burra do mundo – e era exatamente o tipo de metodologia que o mais novo precisava naquele momento.

– Raízes de... – Harry respondeu incerto – Raízes de...

– Quase lá... Vamos, amor, você sabe essa! – Cedrico incentivou, esfregando sua mão nos ombros do menor.

– Pera, só um momento... Tá na ponta da língua... – ele levantou seu dedo indicador, abrindo somente um olho ao fitar Cedrico – Raízes de... Valeriaana?

O rapaz mais velho sorriu de forma brilhante.

– Na mosca! – ele disse, beijando rapidamente a bochecha do menor – E o que deve se fazer para extrair mais sumo da vagem?

– Ah essa eu sei, amassar com a faca ao invés de cortar e espremer.

– Exato!!! – o lufano respondeu entusiasmado, abrindo o capítulo seguinte no livro – Acho que já podemos pular para o próximo...

– NÃO!!! – Harry disse horrorizado.

– Harry...

– Vamos deixar pra próxima, por favooor...

– Haaary...

– Own, Ced... Estamos aqui há quase duas horas!!! – ele disse em um tom manhoso, encostando a bochecha no braço musculoso do rapaz mais velho – Já deu por hoje.

– “Já deu por hoje”? – Cedrico o imitou de forma cômica.

– Yep. Se ouvir falar de poções mais uma vez, eu caio fora daqui nesse exato momento. – ele murmurou.

O lufano sorriu em derrota, sabendo que era inútil discutir.

Com um suspiro, ele fechou a enciclopédia de Poções, vendo o livro flutuar de volta para a estante enquanto Harry se aninhava ainda mais perto si, a cabeça encostada em seu ombro, enquanto o abraçava pelo braço.

– Quer que eu te acompanhe até a Torre da Grifinória? – ele ofereceu.

– Hmm... Agora não... – Harry sussurrou ao fechar os olhos, entrelaçado os dedos dele com os do alfa – Quero ficar mais um tempinho com você.

Cedrico acenou com a cabeça, beijando com ternura a testa de Harry, vendo este bocejar e se apoiar ainda mais em seu corpo.

– Você está muito dorminhoco de uns dias pra cá... – ele disse com um tom de diversão, olhando também para a barra de chocolate que Harry tinha no bolso de seu moletom – ...E comilão também.

– Eu sei... Mione, hmm... Mione me disse a mesma coisa...

– Está dormindo bem a noite? – ele indagou preocupado. – Ou comendo direito?

– Sim, sim... Eu tô comendo bem... E só tô com sono mesmo... – Harry deu de ombros – Mas se preocupa não que ainda não cheguei no ponto de dormir em pé que nem foi com Ron...

– Ron já dormiu em pé?

Harry deu uma risadinha baixa.

– Ron dormiria até em cima da vassoura em pleno voo se fosse possível.

Cedrico riu também, se ajeitando para envolvê-lo em seus braços em uma posição mais confortável, seu nariz e no topo da cabeça dele.

Os dois ficaram por alguns minutos em silêncio, ouvindo o som abafado dos cochichos dos outros estudantes ao lerem, penas riscando nos pergaminhos e livros voltando para as estantes.

O rapaz mais velho fechou os olhos, apertando suavemente Harry em seus braços, enquanto fazia uma de suas coisas preferidas quando estava com ele: cheirar seu cabelo.

Há exatos dois anos antes, em meio a um temporal em plena partida contra a Grifinória, ele havia salvo a vida de Harry quando este caiu da vassoura; ao pousar no chão com ele em seus braços, ele teve conhecimento de duas coisas: a primeira era de que Harry caiu porque havia se apresentado naquele exato momento como um ômega... E a segunda era que Harry era seu ômega.

Seu verdadeiro par.

Era algo raro de acontecer, tão raro que muitos até duvidavam que existisse. Reconhecer sua alma-gêmea apenas pelo cheiro parecia ser tão real quanto amor à primeira-vista ou tão fantasioso quanto os contos de Beedle. Mas bastou que ele sentisse o cheiro doce de caramelos com cerveja amanteigada para saber que não haveria outro ômega no mundo para ele se não fosse Harry.

Harry nasceu para ser seu.

Não de uma forma possessiva e doentia como a conotação pudesse sugerir, e sim da forma mais pura e romântica que havia: eles pertenciam um ao outro, eram destinados a ficarem juntos.

Cedrico respirou mais uma vez, sorrindo apaixonado.

O cheiro de Harry ainda era mesmo, mas nos últimos dias parecia melhor se possível: mais harmônico, mais caloroso e gentil, causando nele uma sensação similar a de voltar para casa depois anos de ausência ou de receber uma manta aquecida quando com frio.

Harry cheirava como... Como se fosse lar.

O cheiro dele o fazia ter vontade de segurá-lo nos braços, de protegê-lo e de cuidá-lo da mesma forma que um alfa deveria fazer com seu ômega.

– O seu cheiro... – ele disse baixinho – Seu cheiro está tão maravilhoso, amor...

Harry sorriu, acariciando o antebraço dele.

– Está usando perfume?

– Nops... – Harry respondeu de forma preguiçosa, comendo o chocolate e mastigando devagar – ‘cê sabe que não gosto...

Cedrico sorriu, inclinando a cabeça e beijando o pescoço dele.

– Bom, pois  eu gosto do seu cheiro. – ele respondeu. – Só seu...

– Só do meu cheiro?

– De você por inteiro!!!

Harry riu baixinho, se aconchegando ainda mais nos braços fortes dele enquanto era acariciado. Em momentos como aquele, ele quase ronronava como um gatinho tamanha a satisfação que sentia.

“Tão bom...” ele pensou.

Havia vezes em que tudo o que ele queria fazer era ficar perto de seu namorado, de estar em seus braços sentindo seu calor e cheiro. Havia vezes em que um simples abraço conseguia ser tão ou até mais íntimo e prazeroso do que quando eles faziam amor.

– Eu acho que já sei porque você está tão sonolento por esses dias... – o lufano prosseguiu em um tom brincalhão.

– Hm...

Ele se aproximou do ouvido dele como se fosse um segredo.

– Deve ser puxado ter que organizar minha festa surpresa de aniversário! – o herdeiro dos Diggory sussurrou.

Como se tivesse recebido um balde de água gelada, Harry de imediato acordou, arregalando os olhos e largando o chocolate.

– Ced!!! Isso era... Como você... – ele balbuciou ao olhar para o mais velho.

– Achou que não sabia né? – ele riu baixo, colocando suas duas mãos atrás da nuca em uma pose confiante.

– Sim, por que era pra ser uma surpresa! Que droga! – Harry bufou irritado.

Na semana seguinte, Cedrico iria fazer 18 anos.

Por ser o último ano dele em Hogwarts, Harry planejou uma celebração especial para ele, uma no qual ficaria marcada na memória deles. Foram dias preparando os convites pros amigos mais próximos deles, assim como ter de arranjar a comida e o local onde pudessem se reunir sem que tivessem problemas.

Mas que agora não era tão surpresa assim.

– Você achou mesmo que eu não notei você e Cho cochichando por aí? – ele piscou de forma charmosa – Fora que Ernie também deu com a língua nos dentes no nosso último treino.

– Urgh, eu só não te mato porque eu te amo, mas puta merda...

– Relaxa, relaxa... Eu prometo que faço cara de surpresa quando for o momento. – ele riu baixinho.

– Você é impossível, sabia disso?!

– Eu sei! – ele se inclinou na direção dele, levando as duas mãos até a cintura do menor enquanto o beijava com suavidade, sentindo o gosto doce de sua boca.

Ao se separarem Harry bufou, ainda parecendo um pouco frustrado.

– Mas se serve de consolo... – o lufano murmurou em um tom mais comedido, respirando fundo ao se recostar na cadeira –...Eu meio que precisava mesmo de algo desse tipo pra distrair...

Harry voltou a olhá-lo.

– Aconteceu algo? – ele indagou com um semblante confuso.

– Sim. Advinha... – Cedrico disse ao fitá-lo. – Papai escreveu pra mim.

Harry ficou calado, sua testa se franzindo.

– Oh... Entendo. – ele murmurou.

E como ele entendia.

Seu sogro, Amos Diggory podia ser um tanto... Difícil de lidar.

– Bem, e o que ele quer dessa vez? – ele perguntou com cautela.

– Ele está enchendo o meu saco para que eu me candidate a um estágio no Ministério depois que me formar em Hogwarts. – Cedrico disse, passando a mão nos cabelos de forma impaciente – Mesmo eu dizendo pra ele que não quero... Que eu quero ser um curandeiro e tudo mais.

Harry segurou a mão dele em sinal de conforto.

– Achei que depois de ter ganhado esse torneio, ele iria me deixar em paz. – ele olhou para Harry. – Pelo menos por um tempo...

– Aahhhh, mas ele deveria. Graças à ideia “brilhante” dele em ter te convencido a se inscrever, por pouco eu não perdi você... Tudo por aquela merda de troféu e “honra e glória”. – Harry disse de forma ressentida, se lembrando do sufoco que passou ao ver seu namorado arriscando a própria vida em um torneio idiota.

Harry parou, lambendo os lábios ao ver que fora insensível.

– Desculpa... Ele é seu pai... Sei o quanto você ama ele. – Harry disse ao acariciar a mão dele.

– Eu sei... Ele pode ser um...

– Um cuzão controlador...?

– Exato! – Cedrico cochichou – Quer dizer, eu sei que ele quer o melhor pra mim. Mas...

– Mas?

– Mas as vezes ele me sufoca. E Merlin, quando ele começa a falar de todas as coisas que posso ter ou fazer caso seja um dia o Ministro da Magia, ele não para! Tipo, literalmente!

– E com essa coisa do Torneio, ficou ainda pior. – ele completou o raciocínio.

– Sim! As vezes parece que é ele quem venceu, ele quem é famoso ou ele que quer ser Ministro... Eu sou tipo a marionete dele. – Cedrico revirou os olhos.

Harry ficou imóvel ao observá-lo.

– Acho que esse é o lado ruim, não é? De ser o “garoto de ouro”... – ele disse com suavidade. – ...ou o “campeão” de Hogwarts... As pessoas sempre esperam mais e mais de você. Seu pai principalmente.

O jovem alfa sorriu de maneira cansada.

– Eu só queria ser o Cedrico. – ele respondeu com honestidade. – E não essa pessoa perfeita que inventaram... Que serve de pôster pra pregar nas paredes e dá autógrafos... Ou pra ser o que querem que eu seja. Só queria ser o suficiente.

Harry sorriu para ele, entrelaçando os dedos nos dele.

– Você é o meu Cedrico. – o ômega disse baixinho. – E sempre será. E é mais que o suficiente para mim.

O rapaz mais velho sorriu, seus olhos cinzentos ficando brilhantes.

– Eu gosto de ser o seu Cedrico. – ele respondeu, acariciando a mão do menor. – De ser seu.

Harry respirou fundo, encostando a cabeça no ombro dele.

– Eu vou te apoiar no que você decidir... – ele falou baixinho. – Seja curandeiro ou ministro, eu tenho certeza que você será brilhante!

Cedrico sorriu, sentindo um calor em seu peito.

– Da mesma forma que eu sei que você será o melhor apanhador de todos os tempos! – ele respondeu, apertando o corpo de Harry contra si.

O garoto de cabelos escuros sorriu.

– Promete uma coisa?

– O que quiser.

– Só me avise antes se você decidir ser o Ministro... – ele disse de bom-humor – Preciso me preparar psicologicamente pra ser chamado de “primeira-dama” ou algo do tipo e ouvir discursos chatos.

Cedrico riu baixo, suas bochechas ficando coradas.

Sentindo-se mais leve, ele envolveu o braço ao redor de Harry, virando-se pra beijá-lo mais uma vez.

– Obrigado. – Cedrico sussurrou, colando sua testa com a do menor.

– Pelo quê?

– Por tornar minha vida tão boa... Por me fazer respirar. – ele o olhou nos olhos – Não imagino o que seria de mim sem você... Sem seu apoio.

Harry o beijou na boca e na bochecha.

– Eu te amo.

– Eu também de amo! Muito!

– Muito muito?

– Muito muito!!!

Cedrico o abraçou, plantando beijos no pescoço dele e fazendo-o dar risadinhas; por fim, ele se levantou da mesa, pegando a mochila dele e a bolsa de Harry.

– Janta comigo hoje? – ele ofereceu, estendendo a mão para o pequeno.

– Claro que sim! – Harry deu uma risada baixa, se levantando da mesa e abraçando o braço do rapaz mais velho, mas não largando o chocolate – Estou morrendo de fome!

– E quando é que você não está com fome?

Harry riu.

– Bom ponto! Espero que tenha coxas de frango hoje a noite... Eu estou doido pra comer coxas de frango!!!

...

...

...

– Ah qual é... – Harry bufou frustrado – Vamos, caralho, não tenho a manhã inteira!!!

Franzindo o cenho, ele voltou a forçar o zíper de sua saia plissada do uniforme, apertando o máximo que pode para fechá-la.

Era manhã, quase todos os ômegas da Grifinória já haviam saído do dormitório para mais um dia de aula e Harry era o último que faltava se vestir.

“Talvez não seja nem minha... Talvez os elfos tenham trocado na lavanderia...” ele pensou ao soltar a peça, afastando-a para verificar a etiqueta na esperança que estivesse uma explicação lógica. Todas as roupas dele eram encomendadas sob medida e possuíam suas iniciais bordadas, indo desde o par de luvas de inverno até seus pijamas e calcinhas.

Ah, lá estava a etiqueta.

H.P.J

Ele piscou confuso ao ler suas iniciais e ver que de fato era dele, a mesma peça que ele usou na semana retrasada e que até então cabia perfeitamente.

“A não ser que...” ele pensou ao se virar para o espelho.

Nas últimas semanas, ele havia adquirido uma obsessão nada saudável por tortinhas de abóbora, devorando várias seguidas durante o jantar assim como contrabandeava umas para seu dormitório.

Culpa do estresse, ele dizia a si mesmo.

Seus deveres como capitão do time aliado com seus trabalhos escolares e tutoria em Poções estavam deixando-o ansioso além do normal. Mas talvez o que mais o deixava ansioso era o sexo, ou melhor, a falta deste.

Era maravilhoso ser beijado por Cedrico, de o sentir segurando sua mão ao caminharem juntos, de ter o braço forte dele ao redor de si ao sentarem em um banco durante o intervalo entre as aulas, de viver cada minuto em que estavam juntos da forma mais romântica e doce possível.

Mas as vezes, principalmente nos últimos dias, o que mais Harry queria era cheirar o cangote de seu alfa e se embebedar com o seu odor, queria beijá-lo da forma mais obscena possível, abraçá-lo, queria ele por inteiro, entre suas pernas, dentro de si, fodendo-o com força, puxando-o pelo cabelo e chupando seu pescoço, ombros...

Só que eles não podiam.

“Pelo menos não por agora, amor...” Cedrico o havia dito, explicando que eles não podiam se arriscar em serem pegos.

E consequência disso, Harry descontava sua frustração em tortinhas de abóbora e sapos de chocolate.

Ele observou seu reflexo, segurando a saia com uma mão para que caísse sob seus pés e levantando o suéter largo até o umbigo.

Não havia nada de diferente... Sua barriga ainda era relativamente plana, sua cintura ainda era pequena, por volta dos 60 e poucos centímetros.

Desde criança ele sempre fora meio magricela e não havia mudado muito após ter se apresentado como ômega, apenas acentuando o que ele já tinha.

Mas então... Porque aquela porcaria não fechava?!

– Já está pronto Harry? Temos aula com a Professora Minerva daqui a pouco, antes do café... – Hermione disse ao se aproximar dele, ela penteando o cabelo, já vestida com seu uniforme.

– Ainda não, por que essa merda não quer fechar!!! – ele disse ao respirar fundo e se virar para amiga, segurando a peça.

– Ué, por que não?

– Acho que deve ter encolhido na lavanderia ou algo assim... – ele disse ao dar de ombros e olhar para a peça a procura de qualquer sinal. – Usei ela semana passada e essa bosta já tá pequena!

– Uhhhhh uuhhh, alguém está ficando gooordo... – Lilá Brown cantarolou ao passar por ele.

– Eu não estou ficando gordo!!! – Harry rebateu, olhando para Hermione – Eu não estou, estou? – ele perguntou em voz baixa.

Hermione olhou para ele.

– Pra mim você parece okay... – ela disse com um sorriso – Ás vezes acontece de ficarmos inchados... Eu fico antes de ter meu cio, mas depois passa.

Harry balançou a cabeça com as sobrancelhas unidas.

– É... É isso... Só estou inchado... – ele disse ao voltar a se olhar para o espelho, considerando as palavras.

– Ou talvez seja por causa de um “surto de crescimento”... – ela murmurou, apontando com o queixo para o suave volume que Harry debaixo do suéter – Quer ajuda pra fechar?

– Hm, sim...

– Vira de costas... Isso... Agora, solte todo o ar que você respirou. – ela disse, segurando o fecho da peça.

Harry fez o que ela ordenou, sentindo o aperto da saia em sua cintura ao ser fechada, causando nele uma sensação similar de usar um espartilho apertado.

– Uffaa... – ele disse quase sem ar, aliviado por já ter calço as sapatilhas e não ter precisão de se abaixar – Valeu, Mione! Te devo uma!!!

– De nada. Caso queira que eu abra os pontos pra folgá-la um pouco só dizer... Não sou boa em costura, mas dá pro gasto.

Harry assentiu ao colocar aos mãos na cintura ao voltar a se olhar pro espelho pra conferir o resultado.

Naquela manhã ele usava um suéter de Cedrico, aquela peça de roupa sendo obviamente grande demais para seu tamanho delicado, mas ainda sim perfeita pra si: era muito confortável de se usar, o deixava quentinho naquele clima frio de Outono e, principalmente, cheirava como seu alfa.

Harry desconfiava que mesmo quando seus sutiãs chegassem dos correios (ainda era estranho pensar que ele teria de usar sutiã, apesar dele já ter se “acostumado” com o fato de ter peitos), ele ainda usaria aqueles suéteres e moletons maiores que si – era quase um caminho sem volta.

Fora que Cedrico o dissera que ele ficava lindo ao usá-los...

– Vamos? – Hermione perguntou já com sua bolsa nos ombros.

– Vamos!!! – Harry disse com um sorriso animado, abraçando-a pelos ombros.

Ron os esperava na porta da sala comunal, com uma carranca impaciente.

– Finalmente! Porque demoraram?! Já estão servindo o café-da-manhã há cinco minutos! – ele disse em um tom sério. Ron levava assuntos de comida mais a sério que as próprias aulas.

– Harry teve uma emergência no guarda-roupa. – Hermione disse. – E bom dia pra você também!

– “Emergência de guarda-roupa”? Que desculpa é essa?!

– Coisas de ômega, Ron... – Hermione revirou os olhos, os três começando a descer as escadarias moventes em direção ao Grande Salão Comunal.

– “Coisas de ômega...” – ele remendou de maneira cômica com uma voz aguda – Se eu tiver perdido minhas panquecas com bacon, a culpa vai ser de vocês dois...

– Mas será que você só pensa no café-da-manhã e na sua barriga?! –  a garota disse indignada.

– Lógico que não! Eu penso no almoço e no jantar também! –  ele se defendeu, fazendo com que Harry risse.

“Oh merda, talvez eu não devesse rir...” ele pensou, sentindo-se um pouco sem fôlego.

Harry descia as escadas de maneira quase que cômica, a saia apertada restringindo seus movimentos e até mesmo sua respiração.

“Se descer já é difícil, imagino quando eu for ter que subir...” ele pensou, olhando para cima ao ver a profusão de escadarias que se moviam, já imaginando a tortura que seria chegar até a Torre da Grifinória.

“Vou ter sorte se conseguir passar o dia inteiro vestido nisso! Maldita hora que fui inventar de ficar inchado!” ele amaldiçoou mentalmente, levando a mão até sua barriga.

Tomara que Hermione estivesse certa e ele voltasse ao normal quando...

Quando...

Harry piscou os olhos ao se relembrar do que sua amiga lhe dissera no dormitório: “As vezes acontece de ficarmos inchados... Eu fico antes de ter meu cio.”

“...antes de ter meu cio...”

“...meu cio...”

Harry piscou os olhos aturdido ao ouvir o eco das palavras de Hermione, repassando as últimas semanas em ordem cronológica em sua cabeça: o ultimo cio que ele teve fora quando ele ainda estava em sua casa... Há mais de um mês atrás.

“Não...” ele pensou “Não pode ser...”

Harry parou no meio dos degraus, ficando atrás de seus amigos.

– H-Hermione? – ele disse em uma voz hesitante.

– Sim? – ela perguntou ao se virar.

– Que dia é hoje? – ele indagou, sentindo o coração bater quase que com violência no peito.

– Terça-Feira.

– Não, falo dia do mês.

– Ah... Hm, 25 de Outubro. Por quê?

– V-você... Uh, você tem certeza?

Hermione sorriu confusa para ele.

– Ah não ser que o calendário mudou, eu tenho certeza. O que foi Harry? Esqueceu de fazer algum trabalho? Eu avisei pra você se atentar aos prazos!

– Ora, Mione, as vezes a gente esquece, ué! – Ron interveio, dando de ombros.

– Isso é uma desculpa esfarrapada Ron! Eu já avisei pra você também que responsabilidade é uma coisa... – ela tagarelou.

Harry permaneceu parado, suas sobrancelhas unidas, sua boca ficando entreaberta como se ela tivesse acabado de dizer algo absurdo e inacreditável ao invés da data daquele dia.

Mas para Harry, o que ela havia dito era absurdo e inacreditável. Não pela data em si, mas pelo o que ela implicava.

Pois se Hermione estivesse falando a verdade – e por Merlin, ele desejou que ela estivesse enganada, louca, perdida no tempo, qualquer coisa – isso significaria que ele estava com seu cio atrasado em quase uma semana!

Desde que ele se apresentou como ômega, seu cio nunca atrasou um dia sequer, sempre vindo conforme a data prevista.

E agora... Agora ele havia atrasado em quase uma semana inteira!

Não... Não... Deveria haver alguma explicação plausível para isso!

Tinha de haver!!!

Talvez alguma alteração ou desequilíbrio hormonal, o mesmo tipo que fez com que seus seios começarem a se desenvolver antecipadamente...

“...Ou dos meus enjoos... Do meu cansaço... Dessa minha fome descontrolada...” a mente dele começou a pontuar aqueles pequenos detalhes, deixando-o ainda mais aterrorizado.

– Harry...? – Ron disse ao olhá-lo, fazendo Hermione parar de tagarelar – Você está bem cara?

Harry estava branco como mármore, seus olhos arregalados como os de uma coruja.

“Não é possível...” ele repetia a si mesmo “Eu não posso... Não... Isso é impossível!”

Não era! Não era, não era, não era!

Harry arfou, sentindo tudo ao seu redor girar, a saia apertada o impedindo-o de respirar apropriadamente enquanto que tudo parecia ficar um borrão indefinido.

– HARRY!!! – seus amigos gritaram ao vê-lo desmaiar nos degraus, Ron sendo rápido suficiente ao segurá-lo e evitar que ele machucasse.

Os rostos horrorizados do alfa ruivo e de sua amiga ômega foram a última coisa que Harry viu antes de cair na inconsciência.


Notas Finais


* voz de narrador de televisão *
Será que a ficha do nosso grávidinho finalmente irá cair?
Será que Cedrico irá pirar ao saber que será papai?
Será que James Potter irá matar seu genro?
Será que o pau vai quebrar?

Isso muito mais nos próximos capítulos de 'The Lion & The Badger', sua novela favorita do Spirit! :P


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