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História The Middle 2.0 - Quatorze - História escrita por LikeFawkes - Spirit Fanfics e Histórias
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História The Middle 2.0 - Quatorze


Escrita por: LikeFawkes

Notas do Autor


;)

Capítulo 14 - Quatorze


Já era noite quando Demi estacionou a viatura na entrada da garagem. Sentia cada ponto de seu corpo tenso e uma latente dor de cabeça que desde cedo não passava. Suspirou, olhando as poucas luzes acesas dentro de casa. Selena e Camila provavelmente já estariam na cama.

Soltou o cinto de segurança e estalou o pescoço antes de tirar a chave da ignição e abrir a porta. O frio da noite penetrou o tecido da blusa fina que usava a fazendo estremecer levemente. Acionou o alarme quando já estava próxima a porta de casa e o cantar de uma coruja a fez repreender o agouro mentalmente enquanto subia os degraus da varanda. Estava cansada, verdadeiramente cansada e necessitada de sua cama. Soltou o molho de chave no suporte atrás da porta, estranhando a ausência de Baylor que costumava recepcioná-la com um banar de rabo sempre que chegava.

Olhou ao redor analisando o silêncio mórbido. As luzes do andar de baixo todas apagadas, com exceção das luminárias que clareavam o corredor que dava acesso aos cômodos. Forçou um pouco mais a audição e mais uma vez o canto da coruja preencheu o silêncio.

Algo estava errado.

Sentiu o coração bombear mais rápido com a intuição e ansiedade. Tirou o revólver do coldre da cintura e puxou o cão da arma por prática. Seus passos eram leves enquanto subia as escadas e seu coração doía a cada suposição que corria por sua cabeça. Chegou ao segundo andar ofegante devido a adrenalina. Tudo estava escuro, o que constatava que algo, definitivamente, estava errado.

Notou o filete de luz escapando da porta entreaberta do quarto de Camila e sentiu uma zonzeira estranha que quase lhe levou ao chão. Deu alguns passos em direção à claridade, tomando cuidado ao pisar no assoalho. Só então notou o rastro de líquido vermelho pelo chão. Vermelho sangue.

Empurrou a porta do quarto em um só gesto, encontrando o corpo de Camila ensanguentado na cama e ao seu lado a morena de olhos verdes girando um bisturi entre os dedos.

Demi acordou em um solavanco e olhou ao redor. Estava em sua cama, estava em seu quarto, havia sido um pesadelo.

Correu as mãos pelo rosto e o encontrou suado. Olhou para o lado, fiscalizando Selena ainda dormindo entre as cobertas.

Só um pesadelo.

Umedeceu os lábios e procurou estabilizar a respiração, mas parecia uma tarefa difícil.

Saiu debaixo do emaranhado de lençol e coberta para se sentar na beirada da cama. Massageou o próprio peito que doía com a respiração escassa. Precisava se acalmar. Pegou a jarra de água, que geralmente ficava sobre seu criado mudo durante a noite, e encheu um copo. A água ajudaria, a água sempre ajudava. Se levantou da cama e saiu do quarto em direção ao da adolescente que estava devidamente fechado.

Demi empurrou a porta devagar, encontrando a iluminação neon vinda das estrelas fixas no teto do cômodo. Desde criança Camila tinha dificuldade para ficar no escuro e foi uma luta para deixar a luz de seu quarto apagada até que acharam a solução nos objetos neon: A luz ficaria apagada e Camila não ficaria no escuro.

Sorriu ao notar a forma que a filha dormia. A adolescente abraçava um travesseiro enquanto o outro, que deveria abrigar sua cabeça, já estava no chão junto com o edredom. Se aproximou da cama de solteiro e pegou o celular da cubana, que lutava para não se juntar ao edredom e travesseiro no assoalho, o colocando sobre o criado mudo. Meneou a cabeça e colocou o travesseiro de volta na cama.

Camila nunca teve modos para dormir. Lembrava-se de muitas vezes acordar com as costas travadas por causa da maratona que era quando a filha resolvia fugir dos trovões e se esconder entre Selena e ela na cama de casal.

Ergueu o edredom, o sacudindo devagar, e o colocou de volta sobre a adolescente. Um suspiro cansado lhe escapou quando olhou uma segunda vez para Camila. Ela não era mais uma criança e isso não se dava apenas pelas pernas longas e temperamento forte. Seu rosto já estava quase ausente dos traços infantis e o ar de mulher adulta aparecia cada dia mais.

- Hey. - A voz baixinha de Selena fez Demi desviar a atenção da garota deitada na cama para a mulher parada na soleira da porta. - Está tudo bem? - Demi concordou com a cabeça e foi em sua direção. - Eu acordei e não te vi. Fiquei preocupada.

- Eu tive um sonho ruim. - Disse baixo enquanto guiava Selena para o corredor e fechava a porta do quarto atrás de si. - Está tudo bem. Não se preocupe. - Sorriu fraquinho.

- Não quer falar sobre isso? - Selena perguntou cautelosa e Demi coçou a nuca. - Quer. - Constatou. - Vem. Eu vou te fazer um chá e a gente conversa um pouco, tudo bem? - Disse já puxando a mão da comandante escada abaixo. - Tivemos um dia agitado hoje.

Depois da informação de que Dinah mantinha contato com o suspeito, todos, sem exceções, foram para a casa dos Hansen. Camila se negava ficar em casa sabendo que sua melhor amiga estava sendo o possível alvo de um psicopata. Lauren se negava deixar Camila sozinha naquela situação e Selena se negava deixar Camila e Lauren sozinhas com Demetria. Não que a juíza achasse que a comandante faria alguma loucura, mas preferia prevenir do que remediar, depois do clima estranho que se instalou entre Demi e Camila, além do fato, é claro, de que Dinah era como um membro de sua família.

Milika não se opôs abrigar Harry e Louis em sua casa para prosseguirem com a investigação e segurança de sua filha. Por sua vez Dinah estava arrasada. Não havia formado um laço necessariamente afetivo com o homem com quem mantinha contato, mas se sentiu traída de alguma forma, e burra por confiar em alguém que nunca viu na vida.

A ordem da Comandante era clara; jogariam nas regras do homem que estava do outro lado da tela do computador até que ele mesmo marcasse o encontro, como fazia com cada vítima. E quando o encontro fosse marcado, seria capturado.

- De todos os pesadelos horríveis que você poderia ter, esse, com toda certeza, foi o mais horrível. – Selena comentou antes de sorver o líquido quente e suave da xícara de porcelana que segurava.

- Eu sei.

Estavam sentadas no espaço entre o sofá e a mesinha de centro. Selena se mantinha escorada de lado no estofado, seu braço descansava no assento e seu indicador corria por entre as costuras grossas do móvel enquanto encarava o perfil de Demi que tinha os olhos fixos na mesinha de centro.

- Parece que foi ontem que a adotamos. – A mais nova começou, causando um pequeno sorriso na juíza. – Você também tem essa sensação? – Perguntou, girando o rosto para Selena que concordou com a cabeça. – Eu invejo sua tranquilidade. – Selena riu.

- Não inveje. – Reclamou, dando um leve peteleco no ombro da Comandante. – Eu não sou esse poço de calmaria e você sabe muito bem disso.

- Sim, mas, mesmo assim, está conseguindo lidar com isso muito melhor do que eu. Na verdade você sempre lidou com isso muito melhor do que eu. – Ergueu os ombros em uma demonstração de indignação.

- É uma questão de equilíbrio. – Selena pegou a xícara vazia das mãos da mulher e a colocou junto a sua que repousava sobre o sofá. – Você é a explosiva, impulsiva, ciumenta e controladora. Eu preciso ser a que estabiliza isso. Se você for explosiva, eu preciso ficar calma. Se você for controladora, eu preciso soltar um pouco mais. Ferro e fogo nem sempre é a melhor solução. Principalmente quando se trata de filhos.

Demi pausou e voltou os olhos para a mesa de centro que abrigava os controles remotos dos aparelhos eletrônicos que ficavam na sala.

- Então, você também está morrendo por dentro com toda essa situação? – Perguntou e Selena concordou com um som nasal. – Mas se mostra calma? – Outra vez o som. – Então, eu posso continuar sendo a megera. – Concluiu. O que fez Selena soltar uma gargalhada rouca. – Vem cá. – Demi sorriu, puxando Selena para que deitassem sobre o tapete.

- Não. A gente vai acabar dormindo aqui. – Selena se esquivou das mãos da mulher. – Melhor voltarmos para a cama.

- Não. – Abraçou a cintura de Selena com firmeza, quase a fazendo subir em seu colo. – Eu não vou conseguir dormir agora. – Suspirou, olhando nos castanhos da Juíza. – Eu fui falar com a Chefe Adjunto hoje.

- Com a Shay? – Selena perguntou com um pequeno sorriso e Demi concordou. – Como ela está? Não a vejo desde sua condecoração.

A comandante sorriu fraco. Shannon Mitchell havia sido uma verdadeira mãe dentro do departamento de polícia. Tudo o que sabia era graças àquela mulher e não tinha vergonha em admitir aquilo.

- Ela está bem, na verdade. Parece que vai ganhar mais uma patente. – Subiu a mão esquerda pelo braço despido de Selena, o acariciando devagar. – Eu perguntei se seria possível acelerar meu afastamento.

Ainda não sabia se aquela era a decisão certa e nem havia sugerido para a latina antes, mas não via uma outra forma de dar à Selena a paz e segurança que ela sempre pedia. Os segundos em silêncio pareceram minutos e Demi se sentiu desconfortável sob o olhar avaliativo de Selena.

- Você está falando de aposentar?

- Estou. – Soltou o ar, brincando com a alça fina da camisa que a mulher usava como pijama. – Mas acho que ela não gostou muito da sugestão.

Selena se afastou um pouco de seu rosto para prestar atenção no que Demi falava.

- Por quê?

- Não estou nem na idade mínima e me afastar agora seria dar mais do que metade do meu salário para o governo. – Demi fugiu dos olhos da Juíza e focou no tapete. – Shay disse que quer me erguer a Major.

- Ual. - Selena piscou sem demonstrar emoção. - Outra promoção.

- Isso não significa que eu vá aceitar. - Demi contrapôs ao olhar de volta para os castanhos da latina. - Ela só me mostrou o que posso perder me afastando agora. De qualquer forma, eu preciso saber a sua opinião sobre isso.

- Minha? - A juíza perguntou rouca.

- Sim. Você é minha mulher e a minha decisão implica na sua vida também. Implica na nossa vida.

A juíza suspirou, relaxando o corpo. Não esperava por aquele assunto naquele momento, tão pouco expor uma opinião sobre. Se fosse por si própria, ou seja, completamente egoísta, diria para Demi entrar com o processo de reforma o mais rápido possível. Isso resolveria dois terços de suas preocupações, entretanto..

- O que você pensa em fazer quando sair da polícia? - Selena indagou com os olhos fixos nos da Comandante. - Presumo que não tenha pensado nisso. - Os castanhos de Demi vacilaram e ameaçaram voltar para o tapete, mas a juíza segurou delicadamente o queixo desenhado, sustentando os castanhos com os seus. - Eu queria muito poder te falar para largar tudo, mas não posso fazer isso. Bem ou mal, o departamento é a sua vida. E a sua vida é a minha vida. E devo dizer que o termo Major Lovato me causa ainda mais orgulho e soa ainda mais sexy. - Confessou com um olhar travesso que fez Demi sorrir de lado.

- Você não está ajudando. - Apontou com um sorriso sem jeito.

- Pediu minha opinião e esse é o meu mais sincero ponto de vista. - Ergueu uma das mãos para colocar a franja da mulher atrás da orelha. - Agora, a decisão final é apenas sua. Independente do que escolher, nós iremos te apoiar.

Demi respirou fundo sentindo um formigamento gostoso no peito. Ainda não estava certa para qual caminho correr, mas saber pela boca de Selena que estaria amparada lhe fazia muito bem.

- Você sabe que se eu continuar, a nossa vida não vai ficar mais fácil. - Disse calma. - E eu não quero que tenhamos uma outra briga ao ponto de uma de nós duas sair de casa novamente.

- Isso não vai acontecer. - Selena respirou fundo e piscou os olhos com força, repreendendo-se pelo que deixou acontecer semanas atrás. - Confesso que eu estava sobrecarregada, mas durante o tempo que passamos separadas eu percebi que somos melhores juntas. Mesmo com todo o desafio que temos ao viver nesse meio, você nunca permitiu que Camila e eu fôssemos atingidas.

- Eu permiti que você fosse atingida. - Demi sussurrou com olhos culpados.

- Não. - A juíza negou séria. - Você me salvou. É diferente. Não se coloque uma pressão que não existe.

Demi negou com a cabeça.

- Eu tenho a impressão de que estou fazendo tudo errado. - Confessou o que estava asfixiado dentro da cabeça fazia tempo. - Estou estagnada no mesmo lugar. O Capitão foi uma prova concreta de que não estou conseguindo comandar meus oficiais devidamente. Eu não deveria ter aceitado o posto de Comandante, muito menos ter retirado Taylor da Narcótico. Além de me fazer infeliz, ainda estou fazendo minha detetive definhar entre as paredes da Homicídio. Eu não sei se mereço uma patente maior.

- Shh. - Selena pousou o polegar sobre os lábios de Demi, mantendo os olhos fixos no dela. - O que aconteceu com o Capitão não mostra sua falta de competência, mostra que você é invejada, sabe o porquê? Não consigo enumerar com os dedos das minhas mãos a quantidade de vezes que você foi eleita a policial do ano. Não existe ninguém mais capacitado do que você para assumir o posto de Major. - Sussurrou próxima do rosto da mulher. - Em relação a sua detetive, ela não ficaria longe de você nem que pedisse. Se ela não estivesse do seu lado, seria Lautner. Não se coloque uma culpa que não existe. E não se esqueça que ela está grávida. Como seria a vida de uma grávida dentro da Narcótico? Não precisa me responder.

Demi riu baixinho e Selena sorriu satisfeita com aquilo.

- Você sabe mesmo o que me dizer. - Brincou, a enlaçando pela cintura.

- Claro que sei, sou sua mulher. - A mais velha deu de ombros e riu quando uma das mãos de Demi subiu pra sua nuca, a puxando para mais perto.

- É, você é.

- Uhum. - Foi o que Selena conseguiu dizer antes da boca da Comandante se juntar a sua.

As duas se beijavam em uma dança lenta, sem pressa ou desespero. Selena sugava o inferior de Demi com precisão, aproveitando-se do sabor e maciez que a boca tinha, enquanto a mais nova lhe apertava as costas e cintura em uma massagem leve que mostrava nitidamente suas intenções. A juíza sorriu quando concedeu a passagem da língua da comandante para dentro de sua boca, embora os anos tivessem passado, o desejo que ardia entre as duas nunca havia se apagado, pelo contrário.

Selena já estava pronta para subir no colo da mulher, mas em um erro de intenções, Demi girou o corpo a fim de deitar a juíza no chão, mas acabou por chocar o ombro na mesa de centro, o que fez o beijo que as duas compartilhavam se quebrar para dar lugar a um gemido de dor.

- O quê que foi? - Selena perguntou rindo já com as costas deitadas no tapete.

- Eu odeio essa mesa. - Demi choramingou se ajeitando sobre o corpo da Juíza que abafava a risada rouca com as duas mãos. - Do que você está rindo? - Cutucou as costelas de Selena a fazendo se contorcer em cócegas. - Hein?

- Para! - Pediu, estapeando as mãos da Lovato. - Vai ficar sem brincar hoje. - Avisou ainda entre risadas.

- Okay. Eu paro. - Ergueu as mãos em rendição, segurando o riso enquanto assistia Selena ainda tentar se recompor.

- Você é uma tarada. - Acusou ainda com ar risonho.

- Você não pode me culpar. - Sussurrou, correndo a mão pela lateral do corpo de Selena. - Eu tenho uma mulher muito linda, sexy e gostosa. - Disse com um sorriso malicioso.

- Okay, Major, eu já entendi. - Selena jogou uma das pernas por cima do quadril da mulher, a puxando para baixo.

- Você tinha razão. - Demi sussurrou, arrastando a boca até a orelha de Selena, onde chupou o lóbulo devagar. - Major é ainda mais sexy.

Selena sentiu um arrepio percorrer o corpo e suspirou, colocando ainda mais força na perna que prendia a comandante em seu corpo.

- Eu sempre tenho razão. - Disse débil, sentindo os beijos de Demi descer por seu pescoço.

- Eu sei.. - A Lovato sussurrou, correndo uma das mãos para dentro da blusa de Selena e arranhando levemente a barriga lisa em direção a barra do short. - Se for gemer, geme baixinho, doutora. Não podemos fazer muito barulho.

-x-x-

Demi ouvia uma voz ao longe se misturando com seu sonho, mas não conseguia entender de onde vinha. Sentiu algo balançar seu braço e abriu os olhos para em seguida piscá-los ao encontrar dificuldade em mantê-los abertos diante da claridade que vinha da janela.

- Mãe? - A voz ficou mais clara e Demi abriu os olhos com dificuldade, encontrando Camila debruçada no braço do sofá.

- Camila? - A comandante tentou se espreguiçar, mas paralisou ao se deparar com Selena abraçada em sua cintura. Ainda estavam no tapete da sala, mas, pelo menos, estavam vestidas. - Que horas são? - Olhou ao redor procurando algum relógio.

- Hora de levantar ou eu vou me atrasar. - A adolescente avisou seca antes de se erguer do sofá e sair do cômodo.

Demi bufou com o mau humor matinal da filha e voltou com os olhos para a mulher dormindo em seu peito.

- Amor? - Escovou os cabelos que tampavam o rosto de Selena, ganhando um resmungo manhoso. - Acorda. Acho que perdemos a hora. - Beijou a testa da mulher que suspirou.

Selena se espreguiçou contra o corpo de Demi e se poiou nos cotovelos, olhando ao redor.

- Eu disse que iriamos acabar dormindo aqui. - Acusou rouca.

- É eu sei, eu sei. Você sempre tem razão. - Deu um beijo rápido e estalado no rosto da latina e se levantou, correndo para o banheiro.

Camila olhou outra vez para o relógio no alto da parede da cozinha, constatando que perderia a primeira aula. Já tinha adiantado boa parte do café da manhã. O café de suas mães já estava passando na cafeteira e havia arrumado uma tigela de bacon com ovo mexido. Cogitou pegar o ônibus escolar em algum momento, mas só de imaginar os adolescentes de sua escola lotando um coletivo e transbordando hormônios antes das oito da manhã já lhe causava coceira. Não tinha sido uma boa experiência quando, finalmente, conseguiu convencer suas mães de lhe deixar usar a condução escolar. Depois da segunda tentativa, voltou atrás, dizendo que o perigo urbano não se comparava ao dano psicológico que sofreria se continuasse indo para o colégio dentro daquele ônibus.

- Oh, você já passou o café. - Demi constatou com um pequeno sorriso ao entrar na cozinha e se deparar com o cheiro familiar. - Obrigada.

Camila apenas ergueu o canto dos lábios em um breve sorriso forçado sem lhe dirigir o olhar. Ainda estava brava com o que havia acontecido no dia anterior, o que fazia o clima entre as duas ficar desagradável.

Demi se serviu de uma xícara de café e puxou uma cadeira, sentando-se de frente para a cubana.

- Acho que começamos errado ontem. - A comandante levou a porcelana até os lábios e bebeu do líquido quente, observando os olhos de Camila vagarem pela mesa. - Queria me desculpar. Eu passei dos limites na forma que falei com você e com.. hã.. sua..

- Namorada. - Camila completou em voz baixa antes de tomar um gole grande de seu achocolatado.

- Isso. - Demi franziu o cenho e desviou os olhos para a própria xícara. - E então?

- Está tudo bem. - Camila sorriu um pouco mais aliviada. - Ontem foi um dia pesado e a senhora não estava esperando a notícia. Queria pedir desculpas também por não ter te contado antes. Eu só estava esperando o momento certo. - Gesticulou, segurando o garfo. - Não queria que descobrisse assim.

- Acho que esse é um bom começo, então. - A mais velha deixou um sorriso brincalhão surgir nos lábios que causou um riso contido na adolescente. - Fique sabendo que isso não livra sua namorada das minhas ameaças.

- Eu nunca pensei que ela escaparia. - Camila meneou a cabeça divertida.

- Ai que ótimo. Café! - Selena comemorou entrando apressada na cozinha e empurrando a blusa social preta para dentro da saia bege que ainda estava com o zíper traseiro aberto. - O que vocês ainda estão fazendo aqui? Demi, ela vai perder a primeira aula!

- Eu já perdi. - A cubana avisou, jogando a cabeça para trás para a juíza lhe beijar a testa. - Mamãe estava me dizendo que amou a Lauren.

Demi bufou sob o olhar divertido das duas mulheres.

- Sua mentirosa. - Puxou o prato das posses da adolescente e levou uma garfada até a boca. - Você ainda está me devendo a história completa disso, porque eu não me recordo de algum momento onde vi as duas juntas para que isso acontecesse.

- Não seja inocente, Demetria. - Selena disse entediada, se servindo de uma generosa xícara de cafeína. - Até parece que nunca foi adolescente. Sempre dão um jeitinho de fazerem as coisas sem o conhecimento dos pais.

- Quero saber da história inteira. - A comandante apontou o garfo para as duas. - Inteira.

- Acho que a história inteira pode nos traumatizar, amor. - A juíza avisou, girando nos calcanhares em direção ao armário para pegar seu adoçante. - Eu prefiro continuar leiga. Não quero imagens tenebrosas na minha cabeça.

Camila cobriu o rosto já rosado com as mãos enquanto Demi ponderava sobre o assunto.

- Okay, vamos lá. - Demi cruzou os braços sobre a mesa, olhando diretamente para a filha. - É verdade aquilo sobre você ter a beijado primeiro?

- Ai meu Deus, eu não estou ouvindo isso. - Selena gargalhou alto, mexendo a colher na xícara.

- O quê? - A comandante ergueu os ombros. - Eu fiquei curiosa.

Selena ouviu o toque do telefone vindo da sala e levou a porcelana até os lábios, andando para fora da cozinha.

- Só não se animem tanto na conversa ao ponto de Camila perder a segunda aula também. - Avisou, sumindo no corredor.

Demi revirou os olhos.

- Então? - Tornou a perguntar com os olhos fixos no rosto rubro de Camila.

- Eu a adicionei no facebook no primeiro jogo do departamento que ela foi. - Confessou, fugindo dos olhos da mãe. - Começamos a conversar, trocamos números de celular e conversamos mais. Hã.. - Camila entrelaçou os dedos uns nos outros, sentindo o coração pular inquieto dentro do peito. - Então, eu pedi para que ela me buscasse na escola. - Demi franziu o cenho com a história e a mais nova notou o que a deixou confusa. - Eu tinha dito pra vocês que ia passar a tarde na Dinah. - Contorceu o rosto aguardando o pior, mas só o que ganhou foi um suspiro longo da Comandante. - A gente saiu umas duas vezes, na terceira eu a chamei para assistir a um filme no cinema e então a beijei. - Ergueu os ombros com um sorriso amarelo.

- Bom. Eu deveria imaginar que Dinah era cúmplice também. - Demi se afastou da mesa e encostou as costas no descanso da cadeira calmamente. - Por um lado eu estou profundamente magoada em saber que você vem trocando bactéria com outra pessoa, por outro estou orgulhosa de você ter herdado minha perspicácia.

- Você e mamãe amam me constranger. - Camila fechou os olhos com força e balançou a cabeça em negação.

- A diversão dos pais é constranger os filhos. - A mais velha riu.

Camila abriu os olhos e viu Selena surgir do corredor com uma expressão absorta olhando o telefone sem fio que estava em suas mãos.

- Mamãe? - O chamado a despertou, fazendo com que olhasse para as duas que ocupavam a mesa e lhe olhavam com semblantes preocupados. - O que foi?

- Hã.. Era Sarah. - Informou e notou sua voz sair rouca. Limpou a garganta para falar novamente. - Sarah Presley. - Franziu o cenho e engoliu em seco antes de encarar os olhos de Demi. - Vitor foi assassinado essa madrugada. - Demi se levantou as pressas e correu para abraçar o corpo trêmulo de Selena. - Ela disse que foi uma emboscada. - Sua voz saiu embargada contra o pescoço da Comandante.

Demi sabia que o promotor era uma pessoa jurada de morte a cada dois meses, mas estava acostumada a vê-lo resolver tais problemas. Uma viagem para fora do país e até mesmo para fora do continente sempre dava tempo para que a força nacional capturasse quem quer que fosse que ameaçasse Vitor. Entretanto, embora tenha sido um choque a notícia, Demi estava um pouco acostumada com aquela situação, já que havia perdido muitos oficiais sob sua supervisão. Já Selena não e Demi sabia disso. Além do fato da juíza ser muito mais íntima da família Presley do que a Comadante.

- Shh.. - Demi alisou as costas da latina e lançou um olhar para Camila que estava branca feito vela. - Ligue para a Raven, Camila. Depois para a sua madrinha. Avise que não vamos trabalhar hoje. - Pediu para a adolescente que já se levantava da cadeira.

A cubana se aproximou das duas e pousou a mão sobre a de Selena que ainda segurava o telefone.

- Mãe? - Chamou baixinho em um pedido mudo para que Selena soltasse o aparelho, mas a latina ainda estava em choque.

- Deixe Camila pegar o telefone, meu amor. - Demi sussurrou, fazendo com que a juíza afrouxasse o aperto no aparelho. - Isso. - Observou a filha sair da cozinha, discando os números que havia pedido para telefonar. - Você ainda quer que eu a leve para o colégio?

Selena passou os braços por cima dos ombros da mulher em um abraço forte e balançou a cabeça de um lado para o outro.

- Quero vocês comigo.

- Tudo bem. - Demi a apertou com mais força. - Nós vamos ficar com você.


Notas Finais




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