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História The Middle 2.0 - Dezessete - História escrita por LikeFawkes - Spirit Fanfics e Histórias
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História The Middle 2.0 - Dezessete


Escrita por: LikeFawkes

Notas do Autor


Apertem o cinto.
E um beijinho para a Julianna e a Sindy.
Boa leitura ;)

Capítulo 17 - Dezessete


Fanfic / Fanfiction The Middle 2.0 - Dezessete

4 anos atrás. – Miami, Flórida.

O cheiro enjoativo de éter era predominante no quarto branco, mas, mesmo em meio àquele odor, Demi conseguia reconhecer o de pólvora mesclado com sangue impregnado em seu corpo. Conseguia contar nos dedos de uma só mão a quantidades de vezes que havia ido parar naquele lugar.

A primeira foi quando levou sua primeira bala, que por sinal estava guardada em algum lugar de sua casa. Tinha participado de uma perseguição com traficantes e sido atingida assim que saiu da viatura. Foi a primeira vez que sentiu aquela queimação e teve aquela sensação de que iria morrer. O sangue saindo de seu corpo e molhando sua farda enfatizava ainda mais aquele fato: Ela iria morrer. E talvez morresse mesmo se a bala tivesse atingido algum ponto vital de seu corpo, não o seu antebraço esquerdo. Lautner estava ao seu lado e a decisão foi dele de abandonar a perseguição e colocar a parceira de volta a viatura, levando-a até o hospital.

A segunda vez não tinha sido tão traumatizante. Já havia perdido colegas e visto muita situação difícil e ferimentos complicados, o que fez com que o tiro na canela não tivesse a devida importância que ela e Taylor haviam dado na primeira vez. A queimação era a mesma e precisou manter a concentração para ajudar os oficiais que estavam caídos ao redor do casebre que haviam explodido. A dor física era mais suportável do que a emocional de ver seus colegas correndo perigo.

Na terceira vez já havia aprendido que feridas não impedem de salvar vidas. Engoliu a dor e nervosismo pelo sangue brotando de sua coxa e se colocou de pé para enfrentar o homem que mantinha uma adolescente sob a mira de um revólver. A queimação em sua pele não era nada comparada a perda de uma vida inocente, sempre teve isso em mente.

Entretanto, ocorreu uma vez que a vida a perder era a dela mesmo.

Dentro de um estaleiro, com a visão turva e a nuca ainda latejando com a coronhada que havia recebido. Aquela tinha sido a quarta vez que havia estado ali. Anos de sossego, para então retornar com uma bala acima do quadril.

- Se tivermos sorte, não ficará uma cicatriz tão grande. – A médica disse, resgatando a mente de Demetria de volta para a sutura que realizava.

- Você acha que dá para esconder esse buraco da minha mulher? – Perguntou de volta para a médica que sorriu, mas não teve tempo em responder, porque um furacão nomeado por Selena invadiu o quarto em passos duros. – Tarde demais.

- Onde você estava com a cabeça?! – Selena bradou raivosa.

- Amor, está tudo..

- Não me venha dizer que está tudo bem. – A juíza cortou, com uma mão na cintura e outra apontando para a mulher deitada. – Droga, Demetria! Por que você não consegue simplesmente agir conforme os procedimentos normais?

Demi suspirou, abandonando os olhos da latina e olhando para a médica que parecia ter terminado o curativo.

- Qualquer coisa é só chamar. – A doutora informou com um sorriso amarelado em meio às duas mulheres. – Com licença.

Selena esperou a doutora sair e fechar a porta, para então voltar os olhos chocolates para a esposa e cruzar os braços.

- Eu só estava fazendo o meu trabalho. – Demi explicou na tentativa de acalmar a mulher, mas sabia que aquilo não seria o suficiente.

- O seu trabalho não é se enfiar dentro de um Banco sequestrado. – Bronqueou, desferindo um tapa no braço da mulher. – Você enlouqueceu? – Outro tapa.

- Ai, Selena. – Demi franziu o cenho, alisando o próprio braço atingido enquanto Selena andava de um lado para o outro ao lado do leito. – Eu estou aqui, não estou?

Realmente não havia parecido uma ideia ruim quando entrou no Banco e se ofereceu para ser refém no lugar do gerente. Só percebeu que não havia sido um bom negócio quando o sequestrador a arrastou para a rua e sua equipe ficou paralisada. Uma coisa era agir imparcialmente sobre um caso, outra, completamente diferente, era ter um oficial sob a mira de um revólver. Sabia que Lautner não permitiria que avançassem enquanto estivesse naquela posição e também sabia que as chances de sobreviver eram negativas se o sequestrador conseguisse sair dali fazendo seu corpo de escudo, então tomou a decisão que parecia solucionar o problema: Se atracou com o sequestrador.

Recebeu o tiro enquanto mantinha a briga corporal, mas conseguiu imobilizar o sujeito.

- Desculpa. Eu só.. – Selena esfregou as mãos no rosto inquieta. – Você está bem? – Perguntou preocupada, sentou-se na beirada da cama que Demi ocupava e esfregou o braço que havia acertado os tapas. – Desculpa.

- Está tudo bem. Onde está Camila?

- Lá fora com a Taylor. – A juíza suspirou, analisando minuciosamente o corpo da mulher. – Tem certeza de que está tudo bem? Não está sentindo nenhuma dor?

- Tenho. Nem foi tão feio. – Disse, mostrando os pontos na lateral da barriga. – Apenas um susto. Não se preocupe.

Selena suspirou outra vez, olhando o a ferida fechada. Estava aliviada por Demetria estar bem, mas ainda permanecia em estado de nervos. Permanecia em estado de nervos constantemente, ao ponto de sentir o corpo trêmulo quando o telefone tocava. Permanecia em estado de nervos quando passava das onze da noite e Demetria não aparecia em casa. Permanecia em estado de nervos todas as vezes que a mulher saia da cama para ir até o departamento.

Todos os dias, quando deitava a cabeça no travesseiro, Selena pensava e via que aquela não era a vida que havia imaginado para viver. Chegou a pensar que a adoção de Camila fosse melhorar a situação, mas piorou. Piorou porque a sua preocupação já não se resumia apenas na segurança de Demetria. Piorou porque a preocupação havia se estendido até Camila, e, se tudo desse certo, se estenderia a um futuro novo membro da família.

Entretanto, no meio de toda a perturbação que afligia sua cabeça, predominava o laço que mantinha com Demi. Poderia classificar de amor, mas aquele substantivo tão curto parecia consideravelmente pouco para o que dividia com a mulher. Era paixão, amizade, loucura, cumplicidade, fidelidade, paz, aconchego, admiração, segurança e confiança. Talvez o amor, mesmo sendo uma palavra tão pequena e com letras tão simplórias, fosse a junção de todos aqueles outros sentimentos mesmo.

- Você precisa parar de fazer isso, Demi. – A juíza sussurrou, alisando a pele ao redor da ferida. – Eu não consigo mais viver com medo de que algo possa acontecer com você.

Demi sempre ouvia aquela frase de Selena. A juíza sempre havia deixado claro o medo que sentia por trás da profissão da Lovato, mas a mais nova nunca parecia acreditar que algo aconteceria consigo. Na verdade a maior preocupação de Demetria era a segurança e bem-estar de Selena e Camila, não a dela.

- Não vai acontecer nada comigo. – Demi disse baixo, tomando a mão de Selena entre as dela e fazendo um carinho singelo. – Confia em mim. Não vai acontecer nada.

- Como pode ter tanta certeza? – O sorriso da latina apareceu fraco, obscuro. – Para morrer basta estar vivo.

- Eu não vou morrer. – Demi franziu o cenho, irritada. – Pare de falar isso.

- Então pare de fazer idiotices. – Selena disse dura. – Entenda que as suas idiotices não afetam apenas você. Afetam a mim, afetam Camila, afetam todos que amam você.

Demi abriu a boca para retrucar, mas Swift bateu na porta do quarto e Camila apareceu correndo em sua direção para abraçá-la. Selena se levantou da cama e cruzou os braços para a cena, enquanto trocava um olhar carregado de significados com Demetria.

-x-x-

Tempo atual – Miami, Flórida.

Viu a viatura parada na esquina da rua do condomínio e reconheceu o carro de Henrie à cinco metros de distância do jardim de sua casa. Girou a chave na porta e passou o trinco antes de tirar a jaqueta que vestia. Baylor lhe recepcionou com seu rabo balançante e língua para fora da boca como o de costume. Subiu a escada calmamente, encontrando o quarto de Camila escuro e escutou as risadas abafadas vindas do quarto de casal. Escorou-se no portal do cômodo e cruzou os braços, olhando Selena sentada contra a cabeceira da cama e segurando um punhado de pipoca enfrente a boca, enquanto Camila se mantinha deitada de bruços ao seu lado. Como se fosse força magnética, os olhos de Selena se desconectaram da televisão ligada e correram em direção à Demetria que as observava com serenidade.

- Hey você. – A juíza sorriu, despertando a comandante e a adolescente com quem dividia o colchão. – Chegou cedo.

Demi forçou um sorriso breve e descruzou os braços. Impulsionou o corpo em direção à cama e beijou os cabelos de Camila antes de selar os lábios nos de Selena.

- O que estão assistindo? – Perguntou, apoiando as mãos fechadas em punhos sobre o colchão e olhando para o televisor. – Bazinga. – Constatou.

- The Big Bang Teory. – Camila corrigiu com a boca cheia de pipoca e então virou-se para trás afim de olhar a mãe. – Mamá disse que o encontro não deu certo. É verdade?

Demi precisou de dois segundos para respirar e colocar a cabeça no lugar diante à questão.

- Sim. – Foi sucinta, mas engoliu em seco.

- Dinah está bem? O que vão fazer agora?

Mais dois segundos para filtrar a verdade das desculpas e uma breve recomposição de postura.

- Dinah está bem, mas ainda não sabemos o que vamos fazer. – Desviou a atenção que dava para a filha e mirou em Selena. – Eu vou tomar um banho. Se quiser já pode ir ligando para sua mãe. – Deu um beijo estalado na boca imóvel da juíza e se afastou em direção ao banheiro.

- Mas já?! – Selena gritou, mas Demi já havia fechado a porta.

- Acho que é já. – Camila respondeu, pegando mais um punhado de pipoca no balde entre as coxas de Selena e se voltou para a TV, mas a juíza piscou.

Piscou porque conhecia Demetria melhor do que a palma de sua mão. Expressões, postura e olhos. A verdade sempre está nos olhos. E os olhos castanhos de Demi eram os mais transparentes e verdadeiros que conhecia. Por esse motivo sabia que algo estava errado.

Deixou o balde de pipoca de lado e se levantou da cama. Abriu a porta do banheiro devagar, encontrando Demi enfrente ao espelho. As mãos espalmadas na bancada da pia e a cabeça pendendo para a frente. Os músculos das costas flexionados e a cicatriz na cintura exposta pelo sutiã que usava.

- Está tudo bem?

A voz de Selena sobressaltou a Comandante que se afastou da pia e correu as mãos pelo rosto algumas vezes, antes de olhá-la.

- Está sim. – Mentiu, desabotoando a calça que ainda usava.

Selena torceu os lábios, detectando a mentira e trancou a porta.

- O que aconteceu? – Tornou a perguntar observando a esposa lutar com a peça de roupa que parecia não querer sair de seu corpo.

- Nada. – Demi riu nervosa, conseguindo se livrar da calça colada.

- Demetria. – Selena cruzou os braços e ergueu uma sobrancelha, mostrando que não compraria aquilo.

Demi lançou a cabeça para trás e respirou fundo, fitando o teto. Não queria ter a conversa com Selena naquele momento, mas se a mulher descobrisse por si só seria pior. Voltou a olhar para a latina que mantinha a mesma posição autoritária.

- Abdiquei do caso. – Declarou, fazendo os braços cruzados da juíza se soltarem. – Recebi uma mensagem clara para me afastar e me afastei. – Deu de ombros. – Estou fora.

Selena piscou mais confusa do que antes, enquanto Demi soltava o próprio sutiã, para então entrar no box. Nunca houve um caso que Demi abdicasse. Nunca. Poderia ser um caso difícil beirando ao impossível, mas Demi sempre resolvia. Odiava isso na Comandante, odiava o fato da mulher nunca saber quando declinar uma missão particularmente difícil e perigosa. Por esse motivo entrou no box atrás da mais nova e desligou o chuveiro, ganhando de volta a sua atenção.

- Que mensagem? – A latina perguntou próxima ao rosto da mulher que nada disse. – Eu perguntei que mensagem, Demi.

Demi não precisou responder verbalmente porque seus olhos eram transparentes. Verdadeiros. O vinco formado entre as sobrancelhas da juíza se suavizou para dar lugar ao choque da compreensão.

- Tem uma viatura na entrada da rua e David está lá fora de vigilância. – Soltou de uma vez, enquanto Selena absorvia suas palavras em silêncio. – As avaliações de Camila começam na semana que vem, o aniversário está próximo e não quero que ela saia da normalidade pela milésima vez na vida. Vamos apenas redobrar a segurança, esperar até que ela vá para Connecticut e então nós iremos para Dallas, okay?

Selena ainda não tinha conseguido processar todas as informações e ainda não sabia muito bem o que dizer, mas confiava em Demetria e por isso respondeu:

- Okay.

-x-x-

- Na próxima aula faremos a revisão de nossa avaliação. - A voz alta e forte do homem causou sons de cadernos sendo fechados e zíperes sendo abertos. - Aconselho não faltarem. - Cadeiras sendo arrastadas e uma pequena aglomeração de alunos na porta de saída.

Lauren permanecia sentada em sua cadeira, esperando pacientemente a multidão se dissipar. Seu polegar deslisava pela tela do celular e sua cabeça descansava tediosamente na mão esquerda.

- Laur? - A universitária ergueu os olhos verdes para o chamado e encontrou Normani com um brilho de diversão no rosto. - Vai ficar ai?

Lauren piscou como se tivesse acabado de acordar e olhou ao redor, notando que a sala já se encontrava vazia. Se espreguiçou devagar antes de se levantar e jogar a mochila por sobre o ombro.

- Em que mundo você está, garota? - Normani riu, caminhando ao seu lado.

- Por quê? - Lauren franziu o cenho, quando ganharam o corredor da universidade.

- Sua cabeça estava longe durante a aula inteira, olhando esse celular ou para a janela que parecia muito mais interessante do que o senhor Stwart. - Falou, equilibrando os livros que carregava em mãos. - E olha que é o senhor Stwart, se é que me entende.

Lauren puxou o canto da boca em um sorriso forçado e ajustou a alça da mochila no ombro. Aquela era de fato a aula que mais gostava e que mais era participativa, e talvez o fato de ter passado absorta durante todo o horário, tivesse ganhado alguma atenção desnecessária.

- Eu não estava longe, Mani. - Negou, com os olhos grudados na tela do celular.

- Então você ouviu que o seu queridinho não dará mais aula aqui a partir do semestre que vem? - Normani jogou e os olhos verdes voaram surpresos ao seu encontro. - Foi o que pensei. - Concluiu, passando a frente de Lauren para pegar uma mesa livre no restaurante universitário do campus.

Lauren e Normani eram amigas desde os seis anos de idade, quando os Kordei haviam comprado uma casa ao lado das do Jauregui. A vizinhança não era muito simpática e não existiam muitas crianças de suas idades para que as duas pudessem brincar. Tudo começou com o encantamento e interrogatório de Normani sobre os olhos de Lauren, estendendo-se até dez anos depois, com as duas chorando no aeroporto porque os Kordei haviam se divorciado e Normani teria que se mudar para a Flórida com sua mãe.

Eram almas gêmeas e se não fossem, fingiam ser. Haviam passado juntas por todos os conflitos e experiências na adolescência, e não queriam que aquilo acabasse. Por esse motivo se inscreveram nas mesmas universidades, dizendo ir para onde as duas passassem. Lauren havia conseguido vaga em Yale e Normani em Stanford, mas ambas haviam conseguido ingressar na universidade de Miami, e foi para lá que resolveram ir.

- Espere ai. - A Jauregui apoiou as mãos no encosto de uma cadeira pertencente à mesa. - O que foi que você disse?

A morena rolou os olhos e puxou a carteira de dentro da bolsa antes de começar a falar.

- Professor Stwart não vai mais dar aula aqui. Parece que conseguiu ingressar em uma universidade na Califórnia, não entendi muito bem. Não que isso seja horrível para você, já que vai para Yale e não iria ter aula com ele de qualquer jeito. Quem se fode na história é só eu e somente eu, em ambos os lados. - Gesticulou, olhando a face inexpressiva de Lauren. - Vai me falar o porquê da cara de enterro ou não?

A de olhos verdes torceu a boca e puxou a cadeira para se sentar. Normani tinha aquela mania de falar sobre algo e já enganchar a sua conclusão certeira. O que finalizava qualquer tipo de discussão que julgava ser irrelevante. Lauren se sentia um pouco mal por tentar Yale novamente, mas sabia que a amiga também estava empenhada em ir para Stanford ou Harvard. Normani compreendia o desejo de Lauren em voltar para Nova Iorque e já havia deixado claro que também voltaria quando pudesse.

- Ainda não sabemos se vou para Yale mesmo. - A Jauregui disse antes de qualquer coisa e Normani rolou os olhos. - Não consigo falar com Camila desde ontem. - Soltou após respirar fundo. - Só recebi uma mensagem dela dizendo que ficaria sem celular, que estava tudo bem e que me ligaria depois, mas.. - Pausou, encolhendo os ombros.

- Você já ligou para ela? - A pergunta da Kordei teve um pequeno aceno negativo em resposta. - Por que você não liga?

- Porque ela disse que iria me ligar. - Respondeu óbvia.

- Então pare de ansiedade. - Ralhou, fazendo a Jauregui coçar a cabeça com os olhos baixos. - Vai querer comer o quê?

- Não estou com fome. - Disse com um pequeno bico nos lábios e Normani se levantou da cadeira que estava sentada.

- Pois você vai comer. Nem que eu lhe soque hambúrguer goela abaixo. - A Kordei mal havia falado e o celular de Lauren começou a tocar sobre o tampo da mesa, com a foto da pequena Gomez-Lovato piscando na tela. - Pronto. Agora pode abrir aquele teu sorriso de idiota apaixonada enquanto pego nosso almoço.

Lauren riu da amiga e de si mesmo antes de pegar o aparelho e atender a chamada.

- Hey, me desculpe por não ter telefonado antes. Eu meio que estava em aula, então… - Camila sussurrou rapidamente, andando de um lado para o outro dentro do banheiro onde havia se trancado.

- Tudo bem. - A voz de Lauren parecia tranquila para Camila, o que a fez relaxar um pouco. - Por que está sussurrando?

- Ah. - Camila olhou os azulejos à sua volta e então para seu reflexo no espelho sobre a pia de mármore. - É que eu não posso explicar por aqui. Talvez Louis possa.

- Louis?

- Sim. Hã.. - Camila abaixou a cabeça e coçou a testa com dois dedos. Se sentia exausta física e mentalmente. - Eu só liguei para avisar que está tudo bem. Só estou preocupada com Dinah. Tentei entrar em contato com ela, mas não consigo falar com nenhum telefone.

- Camila.. - A voz risonha da Jauregui preencheu a linha. - Eu não estou entendendo nada do que você está falando.

- É que eu não posso explicar por aqui. Não é seguro. Confia em mim. - A latina suspirou, batendo levemente a testa contra a parede gelada. - Tente ver se Dinah está bem e diga que estou bem, okay? E veja com Louis quando você pode vir me ver para que a gente possa conversar.

- Camz..

- Lauren, eu não posso explicar por aqui. - Camila riu sem humor. - Eu te explico quando você vier.

- Você não está em casa?

- Não posso explicar por aqui. - Sussurrou a frase outra vez com os olhos fechados em um pedido mudo de desculpa.

- Hã.. Tudo bem. - Lauren falou um pouco incerta. - Logo estarei ai. Seja lá onde você estiver.

Camila sorriu e mordeu o lábio inferior.

- Obrigada.

Os planos de Demetria se resumia a ficar isolada em sua própria casa, sem meios de comunicação ou saídas desnecessárias, coisa com a qual Selena concordava, mas que duas pessoas não permitiram: Taylor e… Taylor.

A alegação do casal era de que a casa dos dois era um local mais desconhecido e seguro para as três ficarem, além de ter mais pessoas para as protegerem. Demetria não pôde se opor, já que a segurança de Selena e Camila era sua prioridade. Selena se sentia mais segura perto de rostos familiares e de confiança. Já Camila não estava com medo, o que a incomodava um pouco quando via as feições tensas dos mais velhos.

O fato era que para Camila era normal viver vigiada, controlada e em constante segurança. Havia crescido entre algemas e armas, táticas e equipes. Não se lembrava muito bem de sua infância no orfanato, mas se lembrava de que sempre havia sido assim a partir do momento em que foi adotada pelas duas mulheres. Demi a levava para o colégio e Lautner a buscava, Swift a levava para almoçar e Selena para as compras, ou vice-versa. O fato era que nunca estava sozinha. Nunca. Além do fato de treinar constantemente com pessoas com o triplo de seu tamanho nos tatames do departamento de polícia e ver oficiais montando e desmontando armamentos pesados em sua frente. Definitivamente não estava com medo. Não exatamente porque estava acostumada com aquele meio agressivo, mas sim porque confiava na sua equipe, na sua família.

Entretanto, existiam pessoas fora daquela sua rotina com quem se preocupava. Para ser mais exato, duas pessoas: Dinah e Lauren. Por esse motivo precisou se trancar dentro do banheiro de seus padrinhos, com seu aparelho celular que deveria estar desligado, para então estabelecer contato com sua namorada.

-x-

- Demi, você tem certeza de que não vai mais se envolver nesse caso? – A detetive Swift perguntou devagar, para a Comandante sentada ao seu lado no sofá da sala. – Estamos a cada dia mais perto, o cerco está sendo fechado e..

- Não estamos a cada dia mais perto, Taylor. – Demi a cortou, a olhando de maneira serena. – Ele está a cada dia mais perto, não nós. – Corrigiu. – Ele nos vê. Ele sabe quem eu sou, sabe quem você é. - Estreitou os olhos para um ponto isolado na parede. - Nós achávamos que lutávamos contra as sombras quando não sabíamos quem eram os mandantes ou donos de cargas roubadas e casas de tráfico, mas, na verdade, nós tínhamos nomes, rotas, fichas. O que temos agora? Nada.

Os olhos azuis de Taylor desceram para a própria barriga a qual acariciou inconscientemente. Compreendia o temor de Demi porque desde o momento em que descobriu que um ser crescia em seu ventre pensava em como conseguiria lidar com aquele serviço e a maternidade. Como seria deixar Lautner sair da cama e não ter a certeza de que ele voltaria, de como teria que dobrar a proteção com seu filho porque pessoas são vingativas e apáticas. Compreendia Demi e não poderia julgá-la. Ninguém podia.

- Estou com medo. – A detetive confessou em meio a um suspiro.

- Não precisa ter. – Demetria pousou uma das mãos sobre as que cobriam a barriga da loira. – Nós estamos juntos nessa. Não vai acontecer nada com a gente.

Taylor balançou a cabeça em uma leve concordância, entretanto uma coisa ecoava em sua cabeça.

- Mas vai acontecer com outras pessoas.

-x-

- Eu já disse que odeio o seu carro hoje? – Lauren perguntou, sentada no banco do carona.

- Lauren, não começa. – Normani retrucou enquanto voltava a girar a chave na ignição, mas o motor não respondia. – Droga.

- Eu odeio o seu carro.

Lauren havia telefonado para Louis durante duas horas, mas o celular do primo só caia na secretária eletrônica. Esperou algum retorno, mas não houve nenhum. Ainda não sabia onde ou o que estava acontecendo com Camila, mas, pelo menos, sabia o endereço de Dinah para se certificar de que a garota estava bem e explicar, de alguma forma, que Camila também estava bem, porém incomunicável. Pensou que seria uma boa ideia se Normani lhe desse uma carona, já que Louis havia monopolizado a caminhonete nos últimos dias, mas não levou em consideração que o carro da amiga era uma pequena bomba prestes a explodir.

- Se você falar mal do meu carro mais uma vez eu juro que chuto essa sua bunda branca para fora dele, Jauregui. – Normani ameaçou irritada, olhando de soslaio para a outra que ergueu as duas mãos em rendição.

- Olha, por que você não liga para um mecânico ou seguro? Embora eu não ache que isso aqui tenha algum seguro. – Disse risonha e ganhou um olhar estreito da morena. – O quê? Eu não falei mal dele. – Riu.

- Só cala a boca, Lauren. – A morena pegou o celular e abriu a porta do motorista, sendo seguida pela garota de olhos verdes.

- Olha só, a casa de Dinah é logo ali na frente. – Lauren explicou, colocando as mãos nos bolsos do moletom cinza que usava. – Já volto, okay? - Normani concordou com a cabeça, levando o celular até a orelha.

Lauren já estava acostumada com aquela rua arborizada e repleta de casas coloniais. Já havia perdido a conta de quantas vezes tinha levado Camila até ali, quando ainda mantinham os encontros escondidos de todos. Nunca havia passado da sala das Hansen, mas, mesmo assim, a casa lhe era extremamente familiar.

Parou enfrente ao imóvel e olhou para onde o carro de Normani estava enguiçado, conseguindo ver a amiga gesticulando ao celular. Encolheu os ombros e subiu a pequena escada de acesso à varanda, apertando a campainha quando a alcançou. Nenhuma resposta.

Tentou olhar o interior da casa através dos vidros que contornavam o batente da porta, cobrindo a visão periférica com as mãos, mas não conseguia ver nenhuma movimentação no interior. Tocou a campainha novamente e nada. Olhou com a testa franzida para a porta fechada e suspirou frustrada, então girou sob os calcanhares para ir embora, mas uma figura parada no meio do jardim lhe fez saltar no mesmo lugar.

- Jesus! – Lauren levou a mão até o peito, sentindo o coração disparado em meio ao susto.

- Olá, senhorita Jauregui. – O homem sorriu com as mãos guardadas dentro dos bolsos da calça jeans. O cabelo bem aparado e a barba rala no rosto rosado.

Lauren sorriu fraco e desceu as escadas devagar.

- Professor Stwart. – Ela o cumprimentou, confusa. – Não sabia que o senhor morava por aqui.

Normani encerrou a ligação e olhou para onde Lauren havia ido, estranhando encontrar a figura conhecida que conversava com a amiga.

- Oh, eu não moro. – Ele riu, olhando para a casa atrás de Lauren. – Vim apenas visitar um amigo.

Lauren estreitou brevemente os olhos para a palavra "amigo". Pelo que sabia, Dinah morava apenas com a mãe. E pelo que sabia também, a Hansen mais nova estava diretamente ligada com o psicopata da cidade.

"Alguns psicólogos dizem que um em cada cem pessoas é um psicopata."

"Sete vítimas em Manhathan e sete em Seattle."

Os olhos verdes dançaram em direção a uma picape cinza parada na calçada com a placa de Nova Iorque.

"Professor Stwart não vai mais dar aula aqui. Parece que conseguiu ingressar em uma universidade na Califórnia."

"Quando psicopatas se deparam com um muro que os impedem de prosseguir com suas vontades, eles simplesmente o derrubam."

- Ah sim. – Lauren engoliu em seco e sorriu amarelado, sentindo o coração bater mais forte contra seus tímpanos. – Bom, eu já vou indo. – Ela disse dando alguns passos para ganhar a rua. – Até mais.

Mas a mão forte que a puxou de volta e o pano que entrou em contato com seu rosto a impediu de continuar.

- Tenho uma ideia melhor, senhorita Jauregui. – O professor sussurrou, enquanto a universitária amolecia em seus braços.


Notas Finais




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