6 anos atrás - Dallas, Texas.
- Merda. - Camila gemeu sentada no skate e abraçando o próprio joelho.
- Está doendo muito? - A loira indagou ajoelhada de frente para a cubana, analisando o ferimento que não parava de sangrar. - Melhor eu chamar a Lena.
- Não! - Quase gritou, segurando com força o braço da garota. - Mamá vai me matar, Gracie. Nem era para estarmos na rua.
Gracie pestanejou e olhou a rua deserta de fim de tarde. Era verão e tanto Selena, como Demi, haviam reservado algumas semanas para aproveitar as férias escolares de Camila. A primeira parada tinha sido em Chicago, onde ficaram alguns dias com a família Lovato, mas logo depois seguiram para o Texas, onde estavam hospedadas na casa dos Gomez.
Tanto Mandy quanto Selena haviam proibido Camila e Gracie de passarem do portão da residência, mas o concreto e grama do terreno impedia as duas meninas de andarem no skate que Gracie havia ganhado de Brian no último natal. Então, Gracie teve a genial ideia de pularem o muro lateral para aproveitarem o asfalto da rua, o que rendeu uma cratera no joelho de camila.
- A gente precisa chamar alguém. - A loira comentou cada vez mais apavorada com o sangue que não parava de sair da ferida da sobrinha. - Vou chamar a Priscilla. Pode ser? Peço pra ela não falar pra Lena.
Camila apenas concordou com a cabeça ainda pressionando o joelho entre as mãos. Os olhos castanhos estavam embaçados de lágrimas, mas não era por causa da dor e ardência, mas sim por causa do desespero daquela enxurrada de liquido vermelho que saía de seu corpo.
- Vocês só fazem besteira! - Priscilla resmungou, marchando até o local que Camila estava sentada. - Por que vocês simplesmente não vão jogar um dominó ou brincar de boneca?
Gracie rolou os olhos e cruzou os braços, enquanto Priscilla se agachava para analisar o joelho da prima menor.
- Porque é chato.
- "Porque é chato." - Priscilla repetiu, imitando a voz da loira. - Cala a boca, Gracie. - Rosnou, causando mais um rolar de olhos na garota. - Você só ralou o joelho, Mila? Chegou a bater com a cabeça quando caiu? O que está sentindo?
- Só está ardendo. - Camila choramingou, mostrando mais o joelho. - Não machucou mais nada.
- Tem certeza? - A mais velha tornou a perguntar, fazendo uma pequena conferência ocular pelo corpo magro.
- Ela não bateu com a cabeça, Pri. - Gracie respondeu convicta.
- Ótimo. Então, vamos levantar. - Priscilla puxou a garota para ficar de pé e a sustentou contra seu corpo. - Precisamos lavar essa ferida e fazer um curativo, okay?
- Está bem. - Camila sussurrou, mancando ao seu lado.
Priscilla soube ser discreta, entrando pelo portão dos fundos e seguindo até o banheiro porque sabia que a família estava reunida na varanda da frente. Tinha em mente que uma hora Selena veria o machucado da filha, mas se pelo menos Camila estivesse mais calma e com a ferida devidamente cuidada, aguentaria qualquer tipo de castigo. Pelo menos era isso que Priscilla esperava enquanto lavava a perna da cubana no box do banheiro.
- O que foi? - A voz de Demi se fez em eco dentro do cômodo pequeno e Camila estremeceu.
- Nada. - Priscilla disse calma, tentando lavar o máximo possível de sujeira do joelho machucado. - Camila só ganhou uma nova cicatriz radical, não é? - Pricilla sorriu cúmplice para a cubana que encolheu um pouco os ombros. - Vai ficar tudo bem.
Mas Demi não deu muita atenção para a prima de sua esposa. Deixou a garrafa de cerveja na pia de mármore e entrou no box, agachando-se para ver a pele aberta.
- Eu ganhei um igualzinho andando de bicicleta. - Demi confessou calma, causando um pequeno sorriso aliviado na cubana. - Está doendo?
- Pra caramba. - Camila reclamou, mas ainda estava com medo da mãe latina. - Será que mamá vai brigar?
- Vai. - Demi riu ao se levantar. - Pode apostar que vai, mas eu te defendo. - Piscou um dos olhos para a pequena que sorriu outra vez.
- Okay. - Priscilla desligou o chuveiro e deu um tapa na bunda de Camila para que a pequena saísse do box. - Vamos colocar um remédio nisso ai e fazer um curativo.
Camila sentou na tampa da privada, tentando não dobrar a perna. Qualquer movimento fazia doer ainda mais. Viu Demi se agachar ao seu lado outra vez, enquanto Priscilla procurava pela caixa de primeiros socorros no armário debaixo da pia. Gracie estava escorada no batente da porta, olhando a movimentação dentro do banheiro com o cenho franzido em preocupação e arrependimento por ter feito Camila seguir sua ideia.
- Tudo bem. – Priscilla disse, arrancando um chumaço de algodão da caixa. – Talvez arda um pouquinho.
Demi franziu o cenho e viu a mulher molhando o algodão no liquido escuro. Lembrava muito bem daquela cor e também lembrava muito bem de que não era só um pouquinho que ardia.
- Não minta para ela, Priscilla. – Demi negou com a cabeça e pegou o algodão preparado da mão da mulher. – Filha, vai arder pra caralho.
- Demi! – A Deleon arregalou os olhos com o linguajar da mulher que apenas deu de ombros.
- Estou falando a verdade. – A Lovato puxou a toalha de rosto do suporte e entregou para a cubana que mantinha os olhos arregalados. – Pode colocar na boca se quiser abafar qualquer palavrão.
- Você só pode estar bêbada. – Priscilla riu descrente e Demi fez questão de pegar a garrafa de cerveja que tinha deixado na pia e tomar um gole olhando para a mais velha que rolou os olhos.
- Okay. – Demi riu e se voltou para a pequena cubana que ostentava uma expressão amedrontada. – Vai arder demais por uns cinco segundos, talvez até mais, mas é necessário e vai fazer o machucado sarar mais rápido.
Demi sabia que aquela não era a tática mais comum de se lidar com crianças, mas foi exatamente daquela forma que seu avô havia lhe criado. O homem sempre lhe dizia o pior, por mais duro que fosse, porque, segundo sua filosofia, se você está preparado para o pior, qualquer coisa é suportável. Além do fato de que se você diz a verdade, ganha mais credibilidade.
- Tudo bem. – Camila encolheu os ombros e levou a toalha até a boca.
- Posso colocar? – Demi perguntou e a cubana concordou com a cabeça.
Fato era que Camila tinha visto estrelas com o contato do iodo contra a ferida, mas a ardência não passou de algo momentâneo. Estava esperando por algo muito pior do tipo de desejar arrancar a própria perna, mas o aviso de sua mãe lhe preparou, tornando aquilo em algo comum. A única coisa que lhe traumatizou foi o discurso incansável de Selena sobre desobediência, mas, como havia prometido, Demi ficou do lado da filha.
-x-
Tempos Atuais – Miami, Flórida.
Como diz o ditado popular: Não há nada tão ruim que não possa piorar.
Camila não teve uma vida fácil. Cubana, imigrante e, por fim, órfã. Pulando de residência a residência e retornando para o orfanato sempre que um casal adotivo desistia. Não conseguia manter um vínculo familiar, já que as pessoas pareciam ter prazo de validade em sua vida. Dois meses, três meses ou um ano. Camila teve que amadurecer muito rápido e aprender a cuidar de si mesmo muito cedo por puro capricho que o destino tinha dado a sua vida. Foi quando Demetria e Selena apareceram.
Por certo, não existem super-heróis com uma super-força voando por ai. Nossos super-heróis são outros. São nossos pais que nos fazem ficar mais altos quando nos colocam sentados sobre seus ombros, são nossas mães que curam nossas feridas com um beijo amável ou um colo confortável, são nossos amigos que nos protegem dentro da força de um abraço.
E assim como eles, existem também os vilões, que não merecem ser nomeados.
Para Camila, Selena e Demi eram suas heroínas e Lauren sua princesa encantada com a qual teve a sorte de tropeçar. A cubana só não sabia que havia um vilão dentro daquela equação, mas estava perto de descobrir.
Selena havia acabado de sair do banho quente e penteava os cabelos, enquanto Demi permanecia deitada na cama, fitando o lustre no teto do quarto de hóspedes da casa dos Taylor's. Suas pernas estavam esticadas e as canelas cruzadas, uma de sua suas mãos descansava sobre a barriga e a outra estava jogada atrás de sua nuca.
- Já enviei meu pedido de transferência. - Selena comentou de frente para o espelho do roupeiro. - Agora é só esperar o final do mês.
- Eles vão aceitar. - Demi espreguiçou-se manhosa e deixou de encarar o lustre para repousar os olhos na mulher concentrada no próprio reflexo. - Falou com Raven?
Selena suspirou e deixou a escova sobre a penteadeira antes de ir até a cama e se aconchegar no peito da comandante que lhe beijou os cabelos.
- Falei, mas não tenho certeza de que ela vá aceitar. Miami tem um leque de oportunidades.
- O difícil é alguém abrir a porta. Você abriu a porta para ela. - Demi respondeu a apertando levemente contra seu corpo. - Ela vai aceitar, pode apostar.
Já a juíza não estava tão confiante sobre aquilo.
A ideia de chamar Raven para trabalhar na empresa que assumiria em Dallas surgiu junto a necessidade de ter alguém de confiança em sua ausência. Raven estava praticamente formada e seria obrigada a largar o estágio. A ideia beneficiaria ambas, mas toda mudança gera receio e era por isso que Raven ainda não havia aceitado.
- Como foi o dia de vocês? - Selena perguntou em um sussurro rouco contra o pescoço da mulher, enquanto corria o indicador pela gola da camisa de Yale azul marinho que Demi usava.
- Melhor do que o previsto. - Os dedos de Demi deslizavam no braço magro da juíza em um carinho singelo. - Camila parece estar tranquila com tudo. Aparentemente fez uma ótima prova final. Não resmungou uma só vez e não parece estar com medo.
- Você está cuidando dela. Por que ela teria medo se a super-heroína dela tem tudo sob controle? - Declarou em um meio sorriso e Demi riu fraco. - Alguém entrou em contato?
- Apenas Tiffany que me ligou umas trezentas vezes querendo minha cabeça em uma bandeja de prata. Fora isso, só todo mundo. - A risada rouca da Selena bateu quente contra o pescoço da Comandante. – Parecem uns bebês que não sabem fazer nada sozinhos.
- Ninguém mandou os mimarem tanto. Agora aguente.
Demi estalou a língua no céu da boca e a sirene policial que era o toque de seu celular preencheu o silêncio do quarto. Grunhiu se esticando até o criado-mudo para pegá-lo, enquanto Selena se afastava de seu peito.
- Fale, Malik. - Três segundos e seu corpo foi bruscamente lançado para cima. - O quê?! - A postura da mulher sobressaltou Selena que imitou suas ações, sentando-se sobre o colchão. - Tá.. Eu.. Eu vou ver o que faço. - E a ligação foi encerrada.
Demi apertou os olhos fechados e esfregou a mão direita freneticamente na testa em uma massagem repetitiva. Sua cabeça rodava e seu estômago parecia estar em queda livre, mas nada comparado ao aperto insuportável que sentia no peito esquerdo. Precisou puxar o ar com um pouco mais de afinco porque o oxigênio parecia ter engatado na garganta, negando-se descer até os pulmões. Ouviu o chamado de Selena duas vezes e então fitou a latina, mantendo os olhos estreitos. A juíza sentiu o corpo gelar ao ver a boca pálida da comandante.
- Demi, fale de uma vez o que aconteceu!
- Ele pegou a Lauren. – Disse crua, fazendo a expressão facial de Selena fraquejar e sua respiração se tornar mais escassa.
- O quê? - A juíza riu incrédula. - Você não pode estar falando sério. - Mas o rosto de Demetria não vacilou. – Não. É mentira! - Selena exclamou, já sentindo o sangue subindo para o cérebro, mas Demi permanecia em silêncio na tentativa de fazer o próprio corpo parar de tremer. - Demi! - A juíza gritou se colocando de pé no meio do quarto. - Você tem que fazer alguma coisa!
Demi abriu a boca para falar, mas engoliu em seco quando duas batidas na porta ecoaram no cômodo. Camila apareceu na fresta, apoiando-se na maçaneta com um sorriso leve no rosto, mas quando viu os rostos das duas mulheres, franziu o cenho.
- Aconteceu alguma coisa?
A comandante engoliu em seco outra vez e desviou o foco para Selena que lhe fitava com os olhos agitados.
- Volte lá e resolva isso, Demi. – Foi a única coisa que a juíza disse.
-x-x-
Lauren sentia as pálpebras dos olhos pesadas e o corpo mole. Demorou um pouco para notar o aperto em seus pulsos e a dor nos ombros, demorou mais ainda para entender que a dor era devido ao peso de seu próprio corpo, sustentado por seus braços amarrados acima da cabeça. E então, notou que algo cobria sua boca.
- Acordou rápido. – A voz masculina fez o coração de Lauren disparar e os olhos verdes serem revelados. – Olá, senhorita Jauregui.
Lauren ignorou o sorriso doentio no rosto do professor e olhou ao redor, em busca de algo que a pudesse tirar dali, mas aquilo só serviu para desesperá-la ainda mais. Sabia que estava em uma espécie de porão, o silêncio do local úmido e as paredes de concreto lhe avisavam isso. Sua respiração estava agitada, assim como seus olhos. Com um pouco mais de consciência percebeu que era uma fita que cobria seus lábios e que as pontas de seus pés, igualmente amarrados um no outro, conseguiam tocar o chão, dando alívio para seus braços cansados. Gotas de suor brotavam em sua testa quando percebeu que não havia nenhuma saída a vista.
- Me perdoe pela situação. - O professor falou confortavelmente sentado em uma cadeira de madeira de frente para a universitária. - Não estava em meus planos que isso acontecesse, mas tenho que concordar que não é tão ruim assim. Eu meio que matei dois coelhos com uma porrada só.
Lauren engoliu em seco, olhando horrorizada para o homem de óculos de lua e pele rosada.
- A sabedoria é a ruína do homem, senhorita Jauregui. - Stwart se levantou da cadeira e deu alguns passos calmos até Lauren que tremia em meio as tentativas de fazer algum ar chegar até seus pulmões. - No seu caso, senhorita. Foi exatamente o que aconteceu. - O homem segurou o rosto da jovem com a mão direita e a obrigou olhar em seus olhos. - Eu poderia muito bem deixá-la ir, mas esses seus olhos verdes não sabem mentir. Soube quem eu era no instante em que me viu no jardim dos Hansen, não foi? - Lauren puxou a cabeça para trás com raiva, fazendo seu rosto sair da mão do homem que sorriu débil. - Uma enorme tragédia perder uma mente tão brilhante como a sua no ramo da psicologia, senhorita, mas sabe qual a parte boa nisso tudo? - Stwart se aproximou ainda mais, ao ponto de seu nariz encostar no da jovem. - A parte boa é que vai ser a primeira vez que vou foder alguém com esses seus olhos.
-x-x-
O departamento estava um verdadeiro caos. Demi conseguiu ouvir os gritos de Louis assim que as portas do elevador se abriram diante ao andar da homicídio. Alguns suspiros de alívio foram soltos ao avistar a comandante, mas alguns olhares curiosos eram lançados ao reconhecer a juíza Gomez e a filha em seu encalço. Por sua vez, Demi não se importou com os olhos que lhes acompanhavam. Apenas marchou até o local de onde vinha os gritos do detetive Louis, encontrando Liam e Zayn o impedindo de sair do corredor.
- Me deixe passar, Payne! - O detetive gritou pela milésima vez, sobressaltando ainda mais Camila que era envolvida por um abraço lateral da mãe latina.
- Você está com a cabeça quente, Louis. - Liam disse calmo. - Não vou deixar você sair daqui.
- E quem é você para me deixar fazer alguma coisa?! - Outro grito. - Me deixem passar!
- Não.
No segundo seguinte que Liam respondeu, Louis lhe acertou um soco no rosto. O Tenente sentiu o sangue ferver, mas Malik o segurou, enquanto Demetria já tinha imobilizado Louis de frente para a parede e algemado suas mãos para trás.
- Se acalme, Detetive. - Demi sussurrou com pesar, para Louis que parecia ter perdido as forças.
- Ele vai matar a Lauren, Comandante. - Louis ofegou e um soluço trêmulo rompeu de sua garganta. Demi suspirou, afastando o homem da parede e precisou de dois segundos para se recompor diante do rosto banhado em lágrimas do homem.
- Não vai. - Demi disse baixo, limpando o rosto bonito do detetive com os próprios dedos. - Confie em mim. Vai ficar tudo bem. Payne? - Procurou pelo Tenente que logo se colocou ao seu lado. - Leve Louis para a sala de interrogatório e não o solte.
- Comandante… - O detetive começou a argumentar, mas Demi logo o cortou.
- Não vou deixar você no caso nesse estado, Detetive. - Disse dura o entregando nas mãos de Liam. - Queremos resgatá-la, não fazer uma operação suicida. – E deu as costas para entrar em sua sala. – Onde está a senhorita Kordei?
- David foi buscá-la. – Zayn respondeu, entrando na sala da comandante e encontrando Ally, Harry, Taylor e Tiffany espalhados pelo local.
- Ela disse algum nome ou alguma característica? – Demi ignorou o pequeno grupo de pessoas com olhares apreensivos e fechou as persianas.
- Não. – Ally foi quem respondeu. – E pelo que eu percebi, ela está em estado de choque.
- Ótimo. – Demi bufou e jogou os cabelos curtos para trás.
Camila ainda não tinha se manifestado desde que soube do ocorrido. A única palavra que havia emitido foi "okay". A ficha ainda não havia caído e talvez seu cérebro pensasse que aquilo tudo era uma grande piada, mas não era. Viu o desespero de Louis, viu a expressão assassina de sua mãe e via a preocupação que Selena lhe olhava, assim como todos os outros dentro daquela sala, mas não parecia real. Lauren não podia estar em poder de um psicopata, podia? E se estava, por que estava? Ele não selecionava suas vítimas a dedo? O que Lauren tinha a ver com seus métodos de caça? Lauren estava bem até algumas horas atrás. Havia falado com ela e ela estava segura. Que espécie de buraco negro havia se aberto para a realidade mudar tão bruscamente?
- Senhorita Kordei. - A voz de Demi despertou Camila das divagações, fazendo-a focar na jovem garota conhecida que entrava na sala. – Hey, como você está? – A comandante não se importou em abraçar Normani que soltou um pequeno soluço em reposta. – Okay.
- Aqui. Beba um pouco, sim? – Ally apareceu ao lado das duas com um copo de água que Normani aceitou de bom grado. – Senhorita Kordei, eu sei que você passou por um momento difícil agora a pouco, mas eu preciso que a senhorita fale o que viu. – A legista foi curta e grossa, porém doce. – Quanto mais rápido sabermos quem a levou, mais chances temos de resgatá-la antes que o pior aconteça.
Normani não precisou raciocinar, na verdade não conseguia. A imagem do homem arrastando sua melhor amiga para a picape ficava se repetindo diante de seus olhos a todo instante.
- George Stwart. – O nome saiu dos lábios da garota que quebrou-se em um choro novamente.
Harry já digitava o nome no notebook em seu poder, enquanto Taylor e Tiffany intercalavam a atenção entre a tela do aparelho e a universitária.
- Como disse? – A comandante franziu as sobrancelhas e Normani se sentou exausta em uma cadeira que Ally oferecia.
- George Stwart. Nosso professor na faculdade. – Riu em meio as lágrimas porque aquilo não podia ser mais bizarro. – O meu carro quebrou e Lauren foi sozinha até a casa, mas eu vi. Era ele. – Disse, soando incoerente demais para a compreensão dos outros.
- Que casa, Mani? – Harry perguntou ainda digitando no notebook.
- De Dinah. – Normani soluçou. – Lauren queria falar com ela, saber se estava tudo bem. – Sua voz ficou mais fraca e então encolheu os ombros.
- O filho da puta estava atrás de Dinah e como não achou, pegou uma substituta. – Demi concluiu com o olhar perdido, mas acordou quando um furacão saiu porta a fora. – Camila!
Selena preferiu não ir atrás quando viu a esposa correr atrás da filha que já estava quase alcançando o elevador. Demi puxou a adolescente pela cintura, a tirando do chão e a colocando com facilidade dentro de uma das cabines privadas que tinha por ali.
- Déjame ir, mamá!
- Não. Você precisa ter calma agora. – Demi explicou com o coração na mão ao ver o desespero de Camila andando de um lado para o outro como uma onça enjaulada.
- Yo no tengo que mantener la calma! Todo esto es mi culpa! La envié a ir a hablar con Dina! La llevé a ese bastardo! – Camila falava rápido enquanto gesticulava com brusquidão.
- Olha, você sabe que eu não te entendo assim. – A comandante disse cautelosa, tomando o rosto já banhado em lágrimas da filha. Odiava ver Camila chorar mais do que qualquer outra coisa no mundo. – Respira.
- La matará, mamá. – Camila soluçou, sentindo um buraco doloroso crescer no meio de seu peito. - Y es mi culpa.
Demi suspirou, desistindo de qualquer compreensão e abraçou a cubana o mais forte que pode. Podia não entender o que a filha falava, mas conhecia muito bem o sentimento de ter alguém que amava naquele tipo de perigo.
- Eu sei que está doendo, meu amor. Eu sei, mas você tem que ser forte. – Disse em voz baixa enquanto Camila lhe apertava de volta como se sua vida dependesse daquilo. – Eu vou procurá-la e vou fazer de tudo para que ela volte. Eu prometo que farei tudo que estiver ao meu alcance.
- E se não conseguir?
A comandante ouviu a pergunta e seu coração se partiu mais uma vez. Se afastou do abraço e segurou o rosto da filha com as duas mãos.
- Eu farei qualquer coisa, okay? – Disse séria, olhando nos olhos da mais nova. – Mas..
- A senhora não precisa falar. – Camila cortou com os lábios trêmulos. – Eu sei que devo estar preparada para o pior. – Sua voz saiu embargada. – Eu pedi que ela falasse com Dinah. – Confessou por cima do choro. – Ela foi lá por minha culpa. Isso tudo é minha culpa, mãe.
Demi não estava preparada para aquilo, suspirou pesadamente e voltou a abraçar Camila que enterrou o rosto em seu pescoço, mas o momento não demorou muito porque Selena apareceu na porta da cabine com o rosto alarmado.
- Harry conseguiu localizar a casa do tal professor e Zayn já pediu que preparassem uma viatura. – Falou apressada e a comandante acenou com a cabeça.
Selena acariciou os cabelos de Camila e a puxou para seus próprios braços para que Demi fizesse o que tinha que ser feito. A Lovato aproximou o rosto do de Camila para que os olhos da garota colassem nos seus.
- Não foi sua culpa. Não quero que pense nisso. – Demi disse calma, ganhando um aceno duvidoso. – Eu prometo que farei qualquer coisa. Amo vocês.
E com um beijo na testa de Camila e um nos lábios de Selena, a comandante partiu.
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