PRÓLOGO
Nós estávamos no mesmo céu pelo menos
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No dia treze de outubro, o dia que Park Jimin nasceu não foi um dia comum. As nuvens densas cobriam totalmente o céu da pequena e pacata cidade de Sul. Os animais corriam atrás de abrigos e pessoas trancavam-se em suas moradias para proteger-se da fúria da natureza.
Os raios que cortavam os céus eram acompanhados de trovões ensurdecedores. As folhas das grandes árvores se chocavam umas com as outras, resultado da ventania desproporcional para àquela época do ano.
Os gritos de dor de uma mulher conseguiram ser mais altos que os trovões do lado de fora. Seu marido ficará apreensivo no corredor no momento que a parteira chegou a sua casa. A mulher já de idade empurrou a porta do quarto e pediu apenas que sua irmã entrasse, impedindo a entrada de qualquer homem. Naquela época era normal.
O marido então, na companhia da solidão escutava os gritos de sua mulher ecoar pela casa já não silenciosa, mas por um segundo os gritos cessaram dando início a um choro alto. Lágrimas grossas escorreram por seu rosto ao ouvir o choro de seu primeiro filho.
— Ele nasceu. É um menino muito lindo, parabéns. — A senhora abriu a porta do quarto no momento que ouviu passos alarmados no corredor.
Joohung abaixou o olhar e olhou as mãos ainda úmidas da mulher e suas vestes sujas de sangue. — Sua mulher e seu filho estão saudáveis. — O ar que nem mesmo notou prender, saiu rapidamente entre seus lábios em um longo suspiro aliviado.
— Eu posso vê-los?
— Mas é claro. — A mulher moveu-se para o lado de ele pode ver Haemin deitada na cama com alguns lençóis sobre seu corpo. A face suada sorria abertamente ao fitar seu marido.
— Venha vê-lo meu amor. — Chamou-o suavemente.
Seus passos foram tão rápidos que nem mesmo notou quanto olhava o rosto miúdo no colo de sua mulher. Permitiu sorrir quando o recém-nascido agarrou o dedo da ômega e pressionou suas gengivas em volta.
— Ele é um ômega. — A senhora disse atraindo a atenção dos pais. — Ele é estranhamente esperto, mas é claramente um ômega. — Haemin permitiu seu sorriso alargar e lágrimas escorreram por seu rosto suado.
— Oh meu amor. — Riu entre as lágrimas e beijou a têmpora do bebê.
E foi naquele momento que Haemin e Joohyung perceberam que seu primogénito era diferente. E que provavelmente ele sofreria por sua diferença.
As pálpebras mexeram-se para logo revelarem grandes olhos, cada um com uma cor tão intensa e linda. Um violeta negrume, para um cinza escuro que se assemelhava a mais pura prata.
— Tão precioso. Meu pequeno Jimin. — Haemin chorou mais intensamente e Joohyung sentiu o olhar curioso de seu filho fitar à si.
— Ele..
— Ele tem heterocromia total e.. — Rolou os olhos para o recém-nascido que encarava à sua mãe. — Tem grande probabilidade de ele ser linhagem pura. — Ela permaneceu os olhos em Haemin que sorriu tristemente e afirmou.
— Está me dizendo que meu filhote é um lupus? — Joohyung elevou a voz ainda olhando para Jimin que o encarou.
— Amor, fique calmo.
— Como eu posso ficar calmo se meu filhote irá sofrer como você? — Gritou aquelas palavras fazendo Haemin encolher-se com a voz tensa do marido. — Me desculpa, eu-.
A porta do quarto se bateu quando Joohyung saiu do quarto furioso, tanto pelo futuro incerto de Jimin quanto por ter gritado com sua esposa.
— Ele não queria gritar com você. — Haemin sorriu triste para a cunhada e lhe entregou o recém-nascido para que ela pudesse limpá-lo.
— Eu sei que não. — Tentou se endireitar e sentiu um pouco de dor ao movimentar-se. — Ele está apenas com medo que Jimin passe pelo que nós passamos.
— Por favor, deixe-me ajudá-la. — A senhora prestou-se auxiliando Haemin até a banheira.
— Muito obrigada.
— Não há pelo agradecer, fico feliz de participar em seu momento. — Haemin sorriu para a mulher quando a mesma desabotoava suas vestes, deixando seu corpo nu enquanto a banheira enchia.
— Amor? — A voz de Joohyung surgiu atrás da porta e a parteira curvou-se em uma pequena reverência e saiu do banheiro. — Posso entrar?
— Eu não estou em minha melhor aparência. — Ela riu quando olhou o reflexo de seu corpo no espelho que tomava toda a parede em frente à banheira. O suor que fazia sua pele brilhar e seu cabelo grudar em seu corpo não eram uma das coisas mais atraentes que ela já viu. O sangue que escorria por suas pernas após a placenta descer não chegava nem perto da definição da palavra.
— Por favor.
— Pode entrar alfa. — Ela apoiou-se no balcão da pia e fitou seu alfa entrar no banheiro, olhando-a de cima a baixo.
— É a pessoa mais linda que eu já vi na vida. — Haemin sorriu e ergueu a mão, chamando-o em sua direção.
— Depois de Jimin. — Joohyung encostou seus narizes e olhou os olhos albinos de sua esposa.
— Ele tem seus olhos.
— Pelo menos um deles. — Ela sorriu com a lembrança da diferença extremamente bela de seu filhote.
— Peço perdão por elevar minha voz com você... Eu... — Ela o interrompeu.
— Eu entendo que você esteja assustado alfa, mas, por favor, se controle. — Andou calmamente até a banheira e permitiu ser ajudada.
— Me perdoe. — Ela negou e sorriu quando ele a ajudou a sentar.
— Está tudo bem, vamos tentar de novo. — Ele grunhiu e ela riu. — Não me quer mais?
— Eu sempre irei querê-la, mas você está com dor e nosso filhote acabou de nascer. — Ela beijou o nariz do alfa.
— Não agora, bobinho.
Alguns anos mais tarde a cena se repetiu quando a senhora Park engravidou de seu segundo filho, porém dessa vez o seu marido não permaneceu sozinho.
— Mamãe ficará bem papai. — Jimin confirmou ao balançar seu corpo para frente e para trás com as mãos em suas costas.
Ele sorriu para seu filho e afastou uma longa mexa pálida do rosto igualmente pálido.
Alguns meses depois de seu nascimento Jimin foi diagnosticado com alguma falha rara na produção de melanina, resultando na hipopigmentação de sua pele, cabelos e olhos. Aos poucos ele parecia ainda mais com Haemin, mas não era como o albinismo dela, ou vitiligo, era mais como se seu corpo não produzisse melanina o suficiente, resultando assim a mudança da família para uma área mais afastada do centro do sul, quase invadindo o território norte.
— Mamãe é forte, certo? — Ele sorriu com a pergunta de seu filhote.
— Sim, mamãe é muito forte.
Jimin acabará de completar três anos, ele era muito esperto para sua idade o que deixava claro sua linhagem pura. A mente avançada da criança era um tanto quanto assustadora.
O filhote sorriu para seu pai e tremeu quando outro grito de sua mãe ecoou pela casa, porém diferente da outra vez, não estava chovendo.
Joohyung sorriu gentil e pegou Jimin em seu colo, beijando a testa com algumas pintinhas. Era adorável quando ele se mostrava forte mesmo que, claramente estava tão assustado quanto.
— Você sabia que no dia que você nasceu estava tendo uma tempestade?— Joohyung olhou pelo corredor até observar o tempo limpo através da janela. — Parecia que o mundo iria acabar.
— Os deuses estavam bravos?
— Parecia mais como se eles estivessem festejando com todas as suas forças e acabaram não as medindo. — Sorriu para o filho que o olhava intensamente. — Eles estavam felizes que alguém tão único e belo nasceu que presentearam a nós a felicidade de poder tê-lo como filho.
Jimin sorriu abertamente e encostou o pequeno rosto no torso de seu pai. — Ele nasceu. — Joohyung ergueu a cabeça quando a tão conhecida parteira abriu a porta. — Ele é lindo, parabéns, ambos estão saudáveis. — Permitiu-se sorrir quando Sooyeon usou as mesmas palavras.
— Ele é como eu e a mamãe, ou ele é como o papai? — Jimin questionou sendo carregado.
— Ele é um ômega, ele não é puro. — Ela olhou para o senhor Park que sorriu aliviado e apertou ainda mais Jimin quando entraram no quarto.
— Oh meu amor, venha cá. — Haemin chamou por Jimin quando ele foi posto no chão.
O pequenino filhote correu rapidamente tropeçando em suas próprias pernas ao tentar subir na cama. — Se acalme filhote. — Seu pai o ergueu e colocou ao lado de Haemin.
— Veja! Ele não é lindo? — Os olhos diferentes brilharam, quando o pequeno bebê parecia dormir no colo de sua mãe.
— Ele é lindo, mamãe. — Seus olhinhos brilhosos percorreram pelos cabelos escuros e pela pele levemente mais escura que a sua, ele franziu o cenho. — Ele não é como nós, mamãe.
— Não meu querido, ele é como o papai.
— Ele parece mais com você. — Joohyung sentou-se na cama e colocou um dedo na mão do recém-nascido, que apenas ficou parada no mesmo lugar, completamente diferente de Jimin quando nasceu.
— Obrigada. — Ela sorriu.
— Como ele se chama? — Jimin sentou-se sobre suas pernas e inclinou seu corpo para olhar melhor os traços do seu irmãozinho.
— Jihyun.
— Quatorze anos depois —
— Jimin! — O ômega ergueu a cabeça quando ouviu uma voz conhecida.
— Gi. — Sorriu para o amigo que corria em sua direção.
— Bom dia senhora Haemin, senhor Joohyung! — Curvou-se para os pais do melhor amigo quando subiu na varanda da casa. — Olá Yun. — Bagunçou de leve os cabelos escuros de Jihyun que franziu o nariz e empurrou sua mão, resmungando um "pare de tocar meu cabelo."
— Hoje eu vou fazer uma festa lá em casa, é aniversário do Namjoon hyung. — Olhou para os olhos cinza de Jimin que afirmou esperando que ele continuasse. — Senhor e senhora Park, Jimin pode ir? — Os dois ômegas olharam penosamente para os adultos.
— Mas é claro, se ficar muito tarde para você voltar pode dormir lá, querido. — Haemin aproximou-se de Jimin e beijou o topo de sua cabeça. — Não se esquece de seus supressões e sem bebidas por-.
— Porque elas inibem o efeito dos supressores. — Afirmou rolando os olhos e ficou na ponta dos pés para beijar a testa de sua mãe. — Obrigado.
Ambos os ômegas subiram as escadas para que pudessem separar a roupa para festa, já que Jimin tinha pijamas na cada de Yoongi.
— Eu soube que Namjoon convidou alguns lupus. — Yoongi cochichou baixo com um sorriso de lado.
— Pare com isso, nem teve seu primeiro heat. — Falou tão baixo quanto.
— Não quero ter minha primeira vez em um heat. — Falou seriamente. — Honestamente eu quero que em minha primeira vez eu esteja.. Lúcido.
Jimin afirmou, ele não entendia em partes mas pelo que aprendeu em sua escola era comum muitos dos ômegas terem sua primeira vez em heats incontrolados.
— Entendo.. Mas com alfas de linhagem pura? Tem certeza sobre isso? — Questionou sobrando a blusa e logo em seguida uma calça jeans.
— Por que não?
— Eles não são grandes demais? — Coloco a roupa dentro de sua mochila e foi atrás de seu tênis.
— Está se referindo a que? — O tom malicioso de Yoongi fez Jimin colocar a cabeça para fora do closet e o olhar com os olhos semicerrados.
— Ambos.
— Não sei, nunca vi um nu. Namjoon também é lupino, então com certeza eles são.
— Boa sorte para sua primeira vez então. — Yoongi riu preocupado.
⊹⊱❅⊰⊹
— Jimin, Jimin, Jimin! — O ômega virou a cabeça quando o amigo lhe tocou o braço repetidas vezes.
— Isso machuca. O que foi? — Viu Momo se afastar dizendo que precisava ir ao banheiro, mas precisamente fazer xixi, já que o álcool em seu corpo começava a fazer efeito.
— Eu acho que eu me apaixonei! — Os olhos escuros de Yoongi mantinham-se vidrados em uma parte mais distante. Seguindo seu olhar Jimin encontrou um alfa alto de cabelos castanhos claros que ria abertamente ao lado de Namjoon. — Me dei mal.
Jimin riu quando o alfa virou a cabeça na direção dos dois e Yoongi deu as costas tão rápido que bateu o braço no balcão de mármore. — Está tudo bem? — O loiro questionou quanto o semblante doloroso tomou o rosto de Yoongi.
— Diz para mim que ele não me viu. — Jimin tocou as costas do amigo e olhou para direção do alfa.
— Ele não está mais ali. — Voltou a olhar para o ômega que pressionava o braço dolorido. — Oh! — Jimin sorriu para o alfa que surgiu entre as pessoas e tomou o outro lado de Yoongi. — Boa noite.
— Boa noite. — Ele respondeu com o timbre grave.
Jimin abaixou o olhar e viu Yoongi encolher e morder o lábio inferior enquanto o olhava pedindo socorro.
— A Momo está demorando, vou ver se ela está bem. — Jimin piscou para Yoongi e o alfa notou.
— Não! Jimin! — Gritou sussurradamente e estremeceu quando o alfa falou novamente.
— Você está bem? Sua frequência cardíaca está acelerada. — Ele deitou a cabeça tentando observar o rosto do ômega tremulo.
— E-e-eu estou bem. — Tirou a mão do braço revelando a vermelhidão do impacto.
— Está machucado. — Ele endireitou sua postura quando Yoongi fez o mesmo. O pálido engoliu seco ao se dar conta do quão alto o alfa era.
— Isso não vai rolar, você vai me partir ao meio. — Yoongi sussurrou e o alfa lhe olhou questionativo. — Ah quê? Meu Deus nada! — Mastigou a bochecha por dentro de boca.
— Eu posso tocá-lo?
— O quê? — Os olhos arregalados do ômega encantador eram adoráveis.
— Quero te levar até o sofá, sinto dizer que essa casa é sua. — O alfa olhou em volta e parou o olhar sobre a figura estranhamente tímida.
— Ah claro, pode sim. — Permitiu que o alfa lhe tocasse e sentiu a mão grande e quente tocar suavemente seus ombros e guiá-lo pela sala principal. — Como sabe que a casa é minha?
— Namjoon hyung me disse que essa casa pertencia a Min Yoongi e, bem, seu cheiro está por toda parte. — Ele inalou mais profundamente e sorriu de uma forma adorável. — Cheire a... Amora. — Abaixou o olhar para Yoongi que corou e olhou para suas mãos.
— Eu posso? — Yoongi questionou e o alfa grunhiu baixinho, afirmando.
Yoongi apoiou a mão na coxa do alfa e inclinou seu corpo para frente, pressionando seu nariz na glândula aromática do alfa. — Caramelo e... Canela. — Esfregou a ponta do nariz na pele quente quando o alfa o aromatizou.
— Me chamo Taehyung, Kim Taehyung. — Ele iria tocar a mão pequena e pálida em sua perna, porém parou antes. — Posso?
— Pode.
Jimin sorria no topo da escada quando viu os dois estranhamente próximos. Yoongi costumava ser bastante restrito com a aproximação de outros alfas que não sejam Namjoon ou seu pai.
— Me desculpe. — Uma voz pediu quando sentiu um corpo trombar com o seu. — Eu não te vi. — Jimin ergueu a cabeça e sorriu para o alfa.
— Esta tudo bem, a culpa foi minha por parar no meio da escada. — Moveu-se para o lado oposto esperanto que o alfa de cabelos escuros seguisse seu caminho, mas o mesmo apenas lhe fitava interessado.
— Como se chama? — O alfa desceu o olhar discretamente pelo corpo pequeno. Passou a língua nos lábios ao olhar a boca carnuda do ômega à sua frente.
— Jimin. — Murmurou e olhou para os dedos do alfa que lhe tocaram o pulso.
— Prazer meu nome é Dokgoo.
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