Narrator's Point of view
Não restou muita coisa intacta na decoração do escritório de Sofia. Possessa por ter achado várias mensagens ameaçadoras de sua própria mãe no celular de sua esposa, e sentindo uma fúria jamais sentida antes em todos os seus anos de vida, Sofia quebrou tudo que encontrou pela frente, urrando de dor quando se viu ajoelhada no chão, com Paulina cercando seu corpo com braços firmes, repetindo sem cessar para que a morena pensasse na vida que gerava em seu ventre.
A dor de Sofia não era física, apesar de ela ter uma coleção de pequenos cortes em sua mão direita, proveniente do soco desesperado que deu em um de seus espelhos. Ela sentia-se destroçada por dentro, acuada como um predador ferido, seus instintos pareciam anestesiados, ela não podia crer que sua própria mãe era responsável indireta pela quase morte do amor de sua vida.
Paulina compartilhava de muitos dos sentimentos de sua irmã, toda a raiva, desgosto, decepção, incompreensão, nojo e acima de tudo, revolta. Ambas estavam surpresas também, sabiam que Laura era uma mulher difícil, não era a toa que Sofia prezava por seu anonimato e Paulina contava os dias para desprender-se dos Carson's também. Mas aquilo? Aquilo era demais para as jovens digerirem.
Após acalmar sua irmã e fazê-la dormir dando o calmante que o médico da morena lhe receitará. A própria Paulina analisou o celular, as conversas com sua mãe e qualquer pessoa que pudesse estar ciente delas, não se surpreendendo ao ver que a única que sabia, era Verônica.
A loira convocou uma reunião no mesmo instante com Vero, Cam e Boo, afirmando ter notícias de Dove, e sem deixar claro o motivo, ela conseguiu reunir os três em poucas horas. Sofia ainda dormia quando eles chegaram e foram direto para o escritório, assustando-se ao ver o estado do cômodo, todos cobraram explicações a Paulina, e a loira contou em detalhes, tudo que descobrira. Os queixos de Cameron e Booboo estavam no chão, figuradamente. Verônica era a única que não estava surpresa pois já tinha ciência das ameaças. Desolados, os meninos também sentiram vontade de socar qualquer coisa até se livrarem a fúria que sentiam, mas não era daquilo que Paulina precisava, ela precisava de mais mentes para pensar junto a ela como frear sua mãe, e não de mais gente com raiva, pois Sofia já possuía aquele sentimento por todos que estavam reunidos ali.
– Você deveria ter falado conosco Verônica, onde estava com a cabeça? — Boo falou alto com a garota, arrependendo-se em seguida. Mas estava com os nervos à flor da pele para pensar em policiar sua voz
– O que queria que eu fizesse? Dove me procurou e pediu ajuda, eu a ajudei como pude, mas ela é uma mulher adulta que sabe muito bem as decisões que toma!
– Claramente ela não sabe! Ficou assustada e fez merda, isso poderia ter sido evitado se mais pessoas soubessem o que estava se passando — Cameron também estava alterado — Sofia tinha o direito de saber!
– Eu sei, tá legal? Eu sei, mas aquela cobra agiu e porra ela fez a mãe da Dove perder o emprego! Fez vandalizarem o carro da Claire, agredirem a Sofia, por Deus! –– Verônica gritou, perdendo a compostura.
– Você está me dizendo que tudo aquilo foi obra da Laura? –– Booboo
– Sim, e Dove sabia! Enquanto ela só estava ameaçando, Dove não cedeu, mas ter tocado na Sofi foi a gota d'água para ela! Simplesmente ela não soube o que fazer, e eu fiquei de mãos atadas, o que poderíamos fazer contra a Laura? Somos tão impotentes que a própria Sofia escolheu viver longe e no anonimato, não sejam idiotas, os Carson são influentes como um inferno! Laura esteve na cidade, ela esteve aqui pessoalmente, estão entendendo a porra da gravidade?
O silêncio pairou sobre o grupo de amigos, ninguém teve coragem de dizer nada, estavam todos perdidos em seus próprios pensamentos, lutando contra seus instintos, queriam fazer alguma coisa, mas sabiam que no fundo, Verônica tinha razão, e doeu em todos admitir, que talvez Dove também tivesse.
– Eu não acredito que ela foi capaz de algo assim... –– Paulina foi a primeira a se pronunciar depois de muito tempo
– Eu não acredito que você e Sofia vieram de uma pessoa assim –– Cameron
– Precisamos fazer alguma coisa! Isso não pode ficar impune, temos provas contra ela! As ameaças explícitas no celular de Dove, se Laura a procurou no estúdio lá tem câmeras por todo lado, temos o testemunho da Vero! Laura pode ter influência em Phoenix, mas estamos muito longe de lá! Damos um jeito, trazemos Bonnie e Claire para perto, procuramos a polícia, sei lá... –– Boo
– Nós não vamos fazer nada –– a voz cortante e fria de Sofia assustou todos ali que não tinham notado sua presença, a morena já estava ali há algum tempo –– Dove fez exatamente o que ela quis, ela me deixou. Bonnie e Claire estão bem, eu chequei isso e elas estão a caminho daqui, eu já avisei a elas sobre o acidente.
– Mas Sofia... –– Cameron tentou mas a morena o cortou antes que ele desse sua opinião sobre algo
– Dove está em cima de uma cama agora lutando pela vida, ela e apenas ela, é a minha prioridade agora. Eu não tenho tempo para pensar na psicopatia ou seja lá que inferno de transtorno mental aquela mulher tem, eu não a enxergo como minha mãe há muitos anos, e não quero pensar que por culpa dela eu posso perder o amor da minha vida, porquê isso me faz querer acabar com a vida dela, e por favor eu não posso desabar agora... –– o soluço de Sofia a impediu de continuar. Paulina correu até a irmã, abraçando-a e desejando poder tirar sua dor –– Por favor... eu estou tão perto do precipício, juro que não sei o que faço ou que tipo de pessoa me torno se a Dove nos deixar...
As lágrimas grossas já não eram mais exclusivas de Sofia naquela sala, todos desabaram ao ver a morena daquele jeito. A aura iluminada da morena havia simplesmente se apagado, seus belos olhos já não eram brilhantes e vivos, eram opacos e vazios, embolsados em olheiras escuras. Seu sorriso largo e contagiante não adornava mais os seus lábios, a mulher era o mais perfeito retrato da dor em sua essência, e sua família sofreu junto com ela.
Mas ninguém ali estava disposto a deixar Laura manipular tão cruelmente o casal, agora que tinham conhecimento das atitudes perversas da mulher, tomariam a defesa das amigas, custasse o que custasse.
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Duas semanas depois Dove teve alta da UTI, o quadro era o mesmo, estável, não oferecia mais risco de morte. Mas saber quando ela acordaria e se acordaria, ainda era uma incógnita.
O hospital entrou em contato com Sofia para avisar da transferência da mulher para um quarto, mas a morena não conseguiu vê-la no primeiro dia, passou mal e devido ao seu estado, para não pôr em risco ela e o feto, a tiraram do hospital antes que ela pudesse sequer chegar ao corredor do quarto de Dove. Cameron e Paulina estiveram com a mulher no horário permitido de visitas, enquanto Sofia ficava aos cuidados de Verônica e seus próprios funcionários.
No dia seguinte, ainda não muito mais calma, mas definitivamente fingindo muito melhor, Sofia voltou ao hospital e a deixaram ver a esposa, abriram exceção para que Paulina entrasse com ela por causa da gravidez, mas a morena não aceitou, e se encontrava abatida em frente a porta do quarto, com a mão trêmula sob a maçaneta, o coração frenético no peito, e a cabeça num turbilhão de pensamentos. Depois de respirar fundo várias vezes, Sofia finalmente abriu e forçou suas pernas a lhe obedecerem, entrando de cabeça baixa e caminhando no tato até o leito da loira, fechando os olhos ao parar ao lado da cama, respirando fundo várias vezes até tomar coragem de encarar a mulher, sentindo se possível, seu coração se partir em milhares de pedaços novamente.
Dove, sua Dove, estava coberta por aparelhos, pálida, cheia de hematomas, parecia sem vida, por mais que o monitor cardíaco mostrasse o contrário. Sofia chorou como nunca antes, agarrada a uma das mãos de sua amada, rogando a todos os céus para que ela escapasse daquilo e voltasse para ela, ou ao menos voltasse a abrir seus belos olhos.
Sofia seria capaz de viver sem Dove, mas não num mundo sem ela. Ela seria capaz de aceitar o divorcio, mas não sua morte. Ela aguentaria viver sem receber seu amor, mas não sem amá-la. Ela não podia, ela não queria, ela não suportaria.
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Três meses depois, Paulina recebeu uma ligação de sua mãe e as duas brigaram como dois animais, a loira gritou tudo que estava entalado em sua garganta a anos, desde o dia em que viu sua irmã, o amor de sua vida, cruzar as portas da mansão em que viviam e não mais voltar. Toda a adolescência longe dela, toda a dor que sentiu, por ela, por sua irmã, por sua cunhada, toda a revolta que aquela situação havia causado, tudo veio a tona e a mais nova dos Carson's não suportou mais um só dia em silêncio, disse palavras duras a sua mãe sem o menor remorso, sem o menor respeito, pois aqueles meses convivendo com a dor de sua irmã fora o golpe de misericórdia para a loira reclamar sua liberdade. Cansada da passividade de seu pai e da crueldade de sua mãe, Paulina libertou finalmente as duas com aquela ligação, Laura finalmente perceberá o quanto tinha envenenado as próprias filhas, e de coração partido, ela recuou.
Dove já não tinha mais um horário de visita limitado, agora qualquer pessoa que quisesse podia acompanhá-la, obviamente, a maior parte do tempo, Sofia esteve ao seu lado.
Bonnie e Claire ficaram a par de toda a situação e por muito pouco não foram atrás de Laura, Paulina conseguiu contornar as coisas e apaziguar os ânimos, mas nenhuma das duas pôde ficar muito, o estado de espírito de Sofia as deixava doente, era dor demais para lidar. E aparentemente sem a ameaça iminente que era a matriarca Carson, elas estavam seguras em Phoenix e deixaram claro que voltariam no segundo em que Dove desse qualquer sinal de melhora. Era melhor assim, cada um estava lidando com sua dor de formas diferentes, ninguém julgava as duas por querer se distanciar daquela realidade triste e desolante.
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Mais um mês se passou, nenhuma mudança aparente ou relevante no quadro de Dove.
Sofia estava em sua vigésima quarta semana de gestação, o bebê se desenvolvia saudável em seu ventre, ela já descobrira ser um menino, já havia decidido dar a ele o nome do pai de Dove, Phillip. Todos seguiram suas vidas mas jamais deixando de lado o jovem casal separado por aquela tragédia, todos sempre se mobilizaram para estar por perto.
Paulina transferiu seu curso para uma unidade em Wisconsin, Brenna e Cameron descobriram que também seriam pais. A tragédia ganhou muita repercussão e tanto as obras de Dove quanto a marca de Sofia, cresceram em cima daquela desgraça e ambas ganharam muito mais visibilidade. Era bom para os negócios, mas não havia ninguém dando a mínima para aquilo.
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Numa tarde, depois de um almoço em família, onde estavam reunidos Boo, Cam, Verônica, Paulina e Sofia no recém terminado quarto do bebê, envolvidos naquela aura de ansiedade, decorando o ambiente, cada um dando um toque pessoal seu para aquela criança que já era tão amada, torcendo por dias melhores e que tudo estivesse em paz em sua chegada.
Eles conversavam animados, faziam piadas e brincavam uns com os outros, mas o coração de Sofia não estava ali, e ela sentiu a necessidade de voltar para perto de sua esposa, despedindo-se rapidamente e ouvindo a voz de seu peito.
Dove estava fisicamente muito melhor que meses atrás, já não precisava do auxílio de aparelhos para respirar e quase já não tinha toda aquela parafernália conectada ao seu corpo, seu velho mustang já estava completamente restaurado na garagem da morena.
O quarto de Dove naquele hospital já tinha aparência de lar, e de certa forma, era. Sofia nunca deixava de lhe levar flores, os livros favoritos da loira repousavam em cima de um pequeno armário que ficava ao lado da confortável poltrona que fora a cama da morena por tantas noites, Sofia virava muitas delas lendo-os para a outra. Também estava lá o velho violão de Dove, a morena sentiu vontade de tocar para ela, e ela o fez. Sentou-se na poltrona devagar, apoiando da melhor forma o violão sob sua coxa, sua barriga agora dificultava um pouco as coisas. Ela sorriu ao perceber isso e começou a dedilhar os primeiros acordes da que compôs algumas semanas depois do acidente, mas que nunca havia dado voz a ela.
"I found myself dreaming in silver and gold
Like a scene from a movie that every broken heart knows
We were walking on moonlight and you pulled me close
Split second and you disappeared and then I was all alone"
Sofia suspirou, sentindo o peso de suas próprias palavras naquela canção
"I woke up in tears, with you by my side
A breath of relief, and I realized
No, we're not promised tomorrow"
Uma solitária lágrima rolou por seus olhos ao final daquela estrofe
"So I'm gonna love you like I'm gonna lose you
I'm gonna hold you, like I'm saying goodbye
Wherever we're standing, I won't take you for granted
'Cause we'll never know when
When we'll run out of time
So I'm gonna love you, like I'm gonna lose you
I'm gonna love you, like I'm gonna lose you"
A voz melodiosa de Sofia soava baixa e extremamente afinada apesar da carga emocional que havia ali, seu coração pesado, tornava-se estranhamente mais leve a cada palavra cantada que deixava seus lábios trêmulos
"In the blink of an eye, just a whisper of smoke
You could lose everything, the truth is you never know
So I'll kiss you longer baby, any chance that I get
I'll make the most of the minutes and love with no regret"
Sofia sentia que já vivera aquilo que cantava, sentia que esteve perto de perder Dove e a amou loucamente como pode. Durante todos aqueles anos, flashbacks de momentos das duas invadiram a morena e ela chorou entre a melodia que seus dedos proporcionavam brincando com as cordas daquele instrumento, ela sabia que tinha acontecido exatamente daquela forma, um dia acordou feliz, e no outro, Dove a deixou.
"So let's take our time to say what we want
Use what we got before it's all gone
No, we're not promised tomorrow
So I'm gonna love you like I'm gonna lose you
I'm gonna hold you, like I'm saying goodbye
Wherever we're standing, I won't take you for granted
'Cause we'll never know when
When we'll run out of time
So I'm gonna love you, like I'm gonna lose you
I'm gonna love you, like I'm gonna lose you"
A morena sentiu o poder avassalador do privilégio que foi ter a loira em sua vida, o quão sortuda havia sido em conhecer o amor, o verdadeiro amor, e a incondicionalidade daquele sentimento lindo e louco. Sofia agradeceu silenciosamente em sua mente por cada segundo vivido, pelo primeiro olhar trocado, pelo primeiro beijo dado, pelos primeiros toques, carinhos. Por cada dificuldade superada, por ter tido uma parceira, na cama e na vida, por nunca ter andado sozinha, por ter tido e sido uma musa para alguém, por cada vez que Dove disse que a amava sem mesmo dizer uma só palavra. Pela loucura de se jogarem de cabeça naquele sentimento em que inicialmente ninguém além delas acreditava. Por ter planejado uma vida, um futuro, um destino ao lado daquela pessoa, da sua pessoa.
"I'm gonna love you like I'm gonna lose you
I'm gonna hold you, like I'm saying goodbye
Wherever we're standing, I won't take you for granted
'Cause we'll never know when
When we'll run out of time
So I'm gonna love you, like I'm gonna lose you
I'm gonna love you, like I'm gonna lose you"
Sofia deixou o violão no suporte ao seu lado e entregou-se ao choro. Ela não sabia que aquelas palavras a deixariam daquela forma, ela não sabia que um filme se passaria em sua cabeça, com imagens tão nítidas que ela poderia facilmente pensar ter vivido tudo aquilo um dia antes, e ela definitivamente não sabia que Dove houvera escutado cada palavra.
A loira não sabia o por que seu corpo não a obedecia, e em determinado momento entre as notas que sua esposa tocava, ela simplesmente havia desistido de tentar.
Depois de se acalmar, Sofia caminhou até a cama, encontrando o rosto de Dove molhado por lágrimas, ela não empolgou-se tanto, os médicos já haviam a deixado cética quanto aquelas pequenas respostas da loira, diziam ser involuntário. No fundo, Sofia não acreditava naquilo, mas não suportava mais a dor da decepção de não ver os olhos de sua mulher abertos. Enxugou as lágrimas da mulher e aproximou seu rosto do dela.
– Eu estou com saudades, meu amor –– sussurrou antes de deixar um longo e casto beijo na testa da loira
– Eu também estou com saudades, vida minha
Sofia quase morreu do susto que levou ao ouvir aquilo, ainda que aquele sussurro com palavras quase emboladas e roucas fosse baixo e de difícil compreensão, era a inconfundível voz de Dove, ainda que fraca.
A loira estava desperta, confusa, assustada. Lembrava das ameaças, da briga, da chuva, da descoberta, do acidente. Era informação demais, mas uma coisa era certa, ela estava viva, e Sofia estava ali, ao seu lado, as coisas ainda podiam ser resolvidas.
– Meu Deus, Dove, você pode me ouvir meu amor? –– Sofia perguntou exasperada, Dove continuava de olhos fechados, sentia sua cabeça doer como uma enxaqueca insuportável. Não conseguia dizer mais uma palavra, mas sabia que não podia deixar Sofia mais nervosa, e conseguiu assentir a pergunta desesperada da morena, que notou o sutil movimento e debulhou-se em lágrimas, ela não sabia o que sentir, pensou que fosse cair dura a qualquer momento.
Num lapso de racionalidade, Sofia apertou incessavelmente o botão de emergência ao lado da cama de Dove, logo o médico da loira e dois enfermeiros apareceram correndo
– Senhora Hosterman, o que houve? –– o médico perguntou sério, checando Dove rapidamente, procurando por algo de errado, e o coração acelerado da loira denunciava que realmente havia algo ali. Sofia não conseguia afastar-se da cama, e com muita dificuldade conseguiu falar
– E-ela acordou, ela acordou! Não abriu os olhos mas chorou, e me respondeu quando eu perguntei se me ouvia, eu tenho certeza dessa vez, tenho certeza!
– Tudo bem Sofia, afaste-se... Deixe-me examiná-la –– o médico abriu um olho de cada vez da loira, apontando a luz de sua lanterna clínica às suas íris, obtendo resposta imediata das pupilas de Dove. Depois de checar mais alguns reflexos dela, a mulher finalmente conseguiu abrir os olhos, pegando a todos de surpresa –– Dove, acompanhe a caneta, sim? –– ele disse firme enquanto passava o objeto em suas mãos frente aos olhos da loira, que acompanhavam os movimentos.
Sofia finalmente caiu em si, ela acordou. Dove estava finalmente acordada!
– Okay, isso é muito bom! Muito bom Dove! Consegue falar...?
– É... difícil –– sua voz era apenas um sussurro
– Ótimo, isso é normal, absolutamente normal, consegue mexer a cabeça? –– a loira assentiu devagar –– maravilha, vou tocar alguns pontos de seu corpo, você vai assentir se sentir meu toque okay? –– novamente ela assentiu.
Sofia desmanchou-se em lágrimas, seu choro era alto, carregado de alívio, ela não conseguia conter-se
– Tirem a Sofia daqui, a mediquem e liguem para Paulina –– o médico disse firme e por mais que a morena não quisesse deixá-la, sabia que deveria, pois pela primeira vez, sentia seu filho agitado em seu ventre. Era emoção demais para ela lidar sem ajuda, Dove acompanhou com os olhos a movimentação no quarto e percebendo seu coração disparar, o médico tratou de acalmá-la –– está tudo bem, vai ficar tudo bem, agora eu preciso que foque em mim, okay? –– Dove respirou fundo e concordou.
Seu médico continuou todos os exames necessários, verificando se a moça tinha todos os movimentos do corpo, e como se fosse um milagre, ela tinha. Depois de anotar tudo e de mais alguns outros profissionais especializados fazerem uma bateria de exames na mulher, Dove finalmente ficará sozinha com o médico responsável pelo seu caso.
– Você se lembra do que aconteceu? –– ela assentiu –– lembra do acidente? –– novamente –– e de algo antes dele?
– Doutor, eu me lembro de tudo. –– ela disse simples e pausadamente
– Isso é espantoso, céus, okay... isso é muito muito bom, não se preocupe com nada agora, certo? Você precisa descansar, amanhã eu volto e teremos uma conversa –– ela assentiu
– Sof- ... Sofia –– o médico sorriu, era impressionante a conexão daquelas duas. Àquela altura, ninguém mais duvidava que se algo segurou Dove nesse mundo, havia sido aquele sentimento.
– Eu vou chamá-la, mas devo avisá-la, sua esposa está grávida e não deve ter emoções muito fortes, então, vão com calma... certo? –– ela concordou e o médico a deixou.
Dove não entendia bem o que estava acontecendo, ela lembrava do acidente, e lembrava de como apagou, e ao analisar o próprio corpo, sabia que havia estado apagada por mais tempo do que gostaria. Não podia imaginar o que havia feito às pessoas que amava passar, acima de todos, Sofia, o desespero era sufocante.
Sofia retornou ao quarto, junto a Paulina. Cameron, Boo e Vero olhavam pelo vidro, sabiam que teriam tempo, aquele momento era apenas das duas. E assim que deixou Sofia ao lado do leito de sua esposa, ela também deixou o casal a sós, juntando-se aos amigos por fora do vidro. A morena não conseguiu se conter, com a cabeça afundada no colchão ao lado da mão livre de Dove, ela chorou tudo que precisava, e apenas quando se acalmou, ousou encarar a mulher, não podia crer no que seus olhos viam.
– Oi –– Dove sussurrou tentando dar seu melhor sorriso
– Oi –– Sofia finalmente depois de meses, abriu um sorriso verdadeiro
– Sof eu... preciso explicar tanta coisa, eu estava voltando para casa e... –– ela ainda tinha bastante dificuldade em falar, suas cordas vocais pareciam presas
– Shh, não fala nada! Por favor, só me deixe olhar pra você! Céus você voltou! Voltou para mim, para nós! –– Sofia lembrou de algo importante, seu filho, o filho delas! E arrumando a postura, aproximou-se da cama, levando a mão de Dove até sua barriga, sorrindo e chorando ao mesmo tempo ao sentir seu filho agitar-se ao toque, como se soubesse quem o tocava. Ele nunca fez aquilo, pouquíssimas vezes Sofia o sentiu mexer na realidade. As duas choravam como crianças, e do outro lado do vidro daquela janela, mais quatro pessoas choravam abraçadas sem pudor. Dove era um milagre, e eles não poderiam estar mais gratos.
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Dove precisou passar por meses de fisioterapia para recuperar completamente os movimentos de seu corpo, seus músculos haviam passado tempo demais em inércia, mas sentia-se melhor a cada dia. A notícia de que havia acordado, assim como seu acidente, atraiu muita visibilidade ao casal. O trabalho de ambas ganhou destaque internacional, apesar de nenhuma das duas ter voltado depois de tudo, precisavam de tempo. Dove voltou para casa, Sofia e ela conversaram quando ambas tiveram condições psicológicas para aquilo, a loira contou toda a verdade, apenas para que sua esposa confirmasse no final que já sabia de tudo, ambas ainda não tinham decidido o que fariam a respeito de Laura caso ela voltasse a atormentá-las, mas depois de tudo,as duas haviam prometido que não iriam esconder mais absolutamente nada uma da outra, sem mais segredos.
Sofia achou que fosse morrer quando seus lábios voltaram a encontrar os de Dove, depois de tudo, parecia a primeira vez novamente, e de fato, era. A morena era grata, havia recebido uma nova chance, e daquela vez se recusava a deixar que Dove fosse o amor que ela deixou ir.
Dove não se sentia muito diferente da amada, jurou que jamais voltaria a omitir algo dela, que qualquer coisa que tivesse de passar, passariam juntas, como prometeram a anos atrás, seria elas contra o mundo, sempre.
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Totalmente recuperada a tempo de acompanhar as semanas restantes da gravidez de sua esposa, Dove fazia todas as vontades da morena, iria buscar uma pedra da lua pessoalmente se assim a outra lhe pedisse, e Sofia adorou ser mimada daquela forma.
Paulina estava morando na casa do casal, temporariamente, apesar da casa ser enorme, a loira não pretendia manter-se ali por muito tempo, ela só precisava se estabilizar na cidade, mas assim como sua irmã anos atrás, Paulina tinha suas próprias reservas e não demorou para já achar apartamentos de seu agrado, mas foi convencida por Dove a adiar a compra até que seu sobrinho nascesse.
Quando a bolsa de Sofia estourou no meio da madrugada e a mulher entrou em trabalho de parto, todo mundo entrou em pânico, a comoção foi geral e a família das jovens lotaram a sala de espera do hospital, incluindo Bonnie e Claire, que estavam na cidade desde que Dove acordara. Não foi rápido, eles ficaram se corroendo por cerca de de sete horas até que o pequeno Phillip viesse ao mundo, o pequeno quase fez Dove desmaiar quando o encarou pela primeira vez, ela foi quem o pegou no colo e o levou até sua esposa, que também debulhava-se em lágrimas de emoção, ela não podia crer que estava ali, com as três pessoas mais importantes de sua vida, ao seu alcance, pois sabia que sua irmã estava a sua espera, finalmente o coração da morena sentiu paz.
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– Ele é lindo, não é? –– Dove perguntou retoricamente, abraçando Sofia por trás enquanto a morena velava o sono do filho no berço, haviam chegado do hospital a poucas horas, a morena deveria estar de repouso, se sentia exausta ainda, mas não conseguia parar de admirar aquela criança. Desde o primeiro instante o achou a cara de Dove, mesmo ainda sujo e inchado, agora, dois dias depois, o achava ainda mais a cópia de sua esposa, era como tinha que ser, a fertilização havia sido com os óvulos da mulher, e sua genética era incrível.
– Ele é você em versão bebê! –– sorriram satisfeitas
– Obrigada!
– Pelo que?
– Por tudo isso, Sofia você é o meu sonho que se tornou real –– ela soltou a morena, apenas para segurar suas mãos, virando-a para si, ganhando sua atenção e olhando em seus olhos –– Esteve ao meu lado, nunca desistiu de mim, nem de nós, até quando eu menos merecia o seu amor, você estava lá, e agora me dá isso –– apontou com a cabeça para o berço e ambas se perderam olhando para a criança –– Vocês são o meu mundo. –– Sofia tinha lágrimas nos olhos quando voltou a olhar a mulher
– Eu te amo.
– E eu te amo!
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Aos poucos, todos foram voltando às suas rotinas, Sofia encontrou novamente sua inspiração para criar seus desenhos e peças exclusivas, e dividia sua atenção entre seu filho, esposa e trabalho. Dove fazia o mesmo, tentando encontrar um ritmo confortável no trabalho frenético, dando prioridade aos clientes que já tinham contrato antes de seu acidente, e continuaram com ela após sua recuperação. As duas ainda precisavam lidar com a perda de sua privacidade, já que agora sempre chamam atenção quando vistas em público, a fama tinha seu preço. O anonimato de Sofia havia ido para o espaço, assim como o pavor que tinha de sua mãe. Laura ainda era uma incógnita, mas suas filhas não tinham mais medo, ainda que sua imagem tenha ficado conhecida, Sofia continuou mantendo-se conhecida por todos apenas como Lauren Hosterman, tinha ainda mais orgulho de carregar o nome de sua esposa agora. Junto ao seu reconhecimento, Sofia havia recuperado o contato com várias pessoas de seu passado, ao qual ela havia renunciado para viver o seu amor, não se arrependia de forma alguma das decisões que tomara, mas ficou feliz de seus amigos de infância a terem procurado novamente, havia basicamente crescido com muitos deles, e tê-los de volta, lhe dava a sensação de ter controle de sua vida novamente.
Sofia nunca pronunciou-se quando a descoberta de que ela era filha dos Carson's veio à tona na mídia, e depois de algum tempo, eles pararam de tentar arrancar algo dela.
Dove estava feliz por sua esposa, e não precisou recuperar ninguém de seu passado, pois não precisou afastá-los.
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Dove havia respeitado o espaço pós maternidade de Sofia, ambas se dedicaram de corpo e alma ao filho e a estabilizarem novamente suas vidas, mas quase três meses depois do nascimento de seu pequeno, a loira não aguentava mais, precisava ter sua esposa de volta, por completo, e aproveitou-se da ausência dela enquanto estava fora à trabalho, para usar Paulina de cúmplice, deixando seu filho nas mãos seguras de sua tia, para finalmente ter a casa inteiramente para ela e sua mulher.
A loira se virou como pôde para armar um jantar romântico e deixar tudo pronto antes da volta da morena, e conseguiu, mas Sofia percebeu que a outra estava aprontando assim que passou pela porta da frente e notou o silêncio.
Sofia foi surpreendida por Dove, numa recepção calorosa, regada a beijos e cantadas baratas. O prato favorito de Sofia fora o menu da noite, no cômodo a luz de velas, elas pareciam adolescentes outra vez, aquela noite, nenhuma delas dormiu.
(...)
– Você continua me dando trabalho, Carson! –– Dove riu, acariciando as costas nuas de Sofia, sorrindo ao sentir depois de tanto tempo, a mulher entregue a ela daquela forma
– Ainda não terminamos Dovey, só deixa eu me recuperar –– a morena encarou Dove com um brilho diferente nos olhos, para em seguida gargalhar da cara de espanto de sua esposa.
– Assim você vai acabar me matando mulher
– Só se for de prazer
– Que isso! Gostei, continua — ambas riram e ficaram em silêncio um momento.
Suas respirações se acalmaram, Sofia repousava tranquila sobre o peito de Dove, enquanto a loira fazia um cafuné em seus cabelos, a morena acompanhava o contorno da tatuagem da costela da outra
– Quase morri quando me disseram que você tinha coberto, passava horas olhando a minha no espelho e me perguntando onde eu tinha errado... — admitiu e Dove engoliu a seco
– Eu sinto muito por...
– Shh, eu sei! — interrompeu Sofia — eu sei, só estava comentando algo que não tinha dito antes ...
– Hm, Sofi — Dove chamou atenção da outra depois de uns minutos de silêncio
– Sim?
– Quando eu acordei, ouvi você cantar uma música... eu procurei em todos os lugares na internet e não a encontrei...
– Nem encontrará, é uma composição minha ... — deu de ombros — compus algum tempo depois do acidente
– Você pode toca-la para mim de novo?
– Agora?
– Por favor...?!
– Ahn, okay...
Sofia não fez a menor cerimônia, levantou-se da cama completamente nua e foi até o violão de Dove, que estava no suporte no canto do quarto do casal, tomando-o em suas mãos e voltando para a cama. Os olhos de Dove não deixaram o corpo de Sofia um só segundo, e a mulher quase desistiu da ideia, sentindo seu corpo esquentar novamente ao encarar a morena, mas controlou seus impulsos. Dedilhando os primeiros acordes do arranjo que lembrava de ter feito no hospital, Sofia começou, já emocionada desde as primeiras palavras, cantou estrofe a estrofe, alternando o olhar apenas entre os acordes e os olhos úmidos de sua mulher. A letra novamente arrancou lágrimas das duas, e largando o violão no chão, Sofia apenas recebeu Dove em seus braços, tomando-a para si novamente, elas se entregaram ao sentimento mais puro e intenso que já sentiram na vida, e tinham plena certeza de que era recíproco.
Naquela noite, Dove tomou uma decisão, renovaria seus votos com Sofia.
-
Dove planejou uma surpresa para Sofia, e empenhada pediu novamente a mulher em casamento depois de um jantar que ofereceu com toda a sua família reunida, obviamente, Sofia aceitou. Daquela vez a loira quis dar a Sofia tudo que não puderam ter na primeira vez que se casaram, e como os pais de Sofia pareceram finalmente terem aberto mão das duas e deixaram-nas viverem em paz, Dove quis uma grande festa, com todos os amigos de sua esposa, incluindo os que ela a muito não via, tal como os seus próprios velhos amigos, aquilo virou um evento, e as duas deixaram nas mãos de Paulina e Brenna, que ficaram meses planejando a festa perfeita.
(...)
– Porque infernos você está tão nervosa? –– Verônica caçoava de Dove, que andava de um lado a outro no quarto em que se preparava para a cerimônia, dali, era possível ouvir o burburinho do lado de fora do grande salão lotado –– não é como se você não tivesse casado antes, e pior, com a mesma mulher!
– É diferente agora! –– Dove ralhou, tomando de uma vez uma dose de seu uísque preferido, tentando aliviar a tensão de seu corpo.
– Porque seria diferente?
– Não sei Vero, só é!
– Você é muito emocionada mesmo! –– Dove revirou os olhos, vendo uma das moças contratadas por sua cunhada, fazer os últimos ajustes em seu vestido, enquanto outra estava pendurada agora em seu cabelo.
No quarto ao lado, junto a Paulina, Sofia estava igualmente nervosa, também não conseguia parar quieta, e as pobres moças da equipe de maquiagem precisavam segui-la para lá e para cá o tempo todo.
– Sabe quando foi a última vez que te vi agitada assim? –– Paulina riu e Sofia só a olhou esperando que a mesma continuasse –– Na noite do baile de formatura, e adivinhe só, pelo mesmo par de olhos –– Sofia sorriu lembrando-se do dia, era uma de suas lembranças preferidas, pois foi a primeira vez que dançou com Dove, a primeira vez que a beijou, e a primeira vez que deu-se conta de que estava apaixonada como nunca antes, agora, quase onze anos depois, continuava a mesma boba apaixonada, e adorava a sensação
– Quem diria que eu me casaria com a brigona do baile...
– Quem diria, huh? Eu bem que avisei
– Ah cala essa boca –– as duas riram
– Anda logo senhora Hosterman, não vamos deixar sua mulher esperando no altar, vamos? –– Sofia sorriu largo e se concentrou em terminar de se arrumar.
Uma chuva de flashes caíram sob as "noivas" quando uma apareceu em cada porta, em lados opostos, deixando os convidados por um momento, sem saber para onde olhar. As duas encontraram-se na ponta do tapete vermelho que levava até o altar, perdidas nos olhos uma da outra, com largos sorrisos nos rostos e os corações batendo frenéticos como um só, elas não falaram nada, apenas caminharam de mãos dadas até o pequeno púlpito onde estava a mesma juíza de paz que as casou pela primeira vez. Depois de uma breve apresentação, a mulher começou seu discurso, enquanto o casal parecia ainda preso em seu próprio momento.
– Você está linda –– Dove sussurra
– Você está muito mais –– Sofia devolveu no mesmo tom, deixando um beijo casto na mão de Dove, antes de voltar sua atenção finalmente a Jenna.
– Uau! –– Jenna começou –– Eu não posso descrever em palavras o que eu estou sentindo nesse momento! Todos nós estamos aqui hoje, para a renovação de votos de Dove e Lauren, para muitos aqui, será o impacto de um casamento, são muitas carinhas novas –– ela riu –– E sabem como sei disso? Eu já casei essas duas antes! –– baixas risadas foram ouvidas após o tom sarcástico da mulher –– E estou me sentindo extremamente honrada de estar novamente frente a elas, responsável por formalizar essa união. Mas antes disso, preciso confessar algo... –– ela tomou fôlego antes de continuar, estava emocionada –– Alguns anos atrás, numa cerimônia fechada, para poucos, eu uni por lei um casal de mulheres que me marcou muito, e acredite, isso não acontece com frequência já que eu realizo mais casamentos do que posso contar. Mas nunca havia visto tamanha conexão em toda a minha vida, e passei uns bons dias refletindo sobre aquilo depois que saí daquele salão. Aquelas jovens e destemidas mulheres, eram vocês duas! Duas forasteiras, recomeçando a vida, longe de todos que amavam, longe de casa, longe de suas raízes, e ainda assim, com um brilho no olhar enquanto olhavam uma para a outra enquanto eu fazia meu discurso, como se eu não estivesse ali, exatamente como agora a propósito –– todos riram e o casal corou, voltando a encarar a mulher –– eu não podia crer que com tão, entre muitas e muitas aspas, pouco, vocês estavam completamente satisfeitas, transbordando uma felicidade quase palpável enquanto se perdiam uma na outra, envoltas em sua bolha, como se o mundo uma da outra, estivesse todo ali, a sua frente, e eu saí dali de coração quentinho, e me lembro de pensar, perdoem a expressão, crianças tapem os ouvidos: "porra, um dia eu tenho que viver um amor assim!". Não pude acreditar, anos depois, enquanto estava vendo o noticiário nada interessante da cidade, veria o que vi, aquela matéria sensacionalista que narrava o seu acidente –– Jenna olhou para Dove –– Eu gelei quando começaram a descrever o que havia acontecido, tremi quando vi o estado do seu carro, roguei a todos os santos quando veio a público o seu estado, e chorei como uma criança quando aqueles urubus vazaram as cenas de Lauren saindo completamente desolada daquele hospital. –– A essa altura, com aquelas lembranças, Sofia e Dove já choravam, e não eram as únicas –– Eu não podia crer que aquele casal que me inspirou, corria risco de levar a sério o "até que a morte as separe". Eu fiquei desolada, quebrada, e não lembro de ter rezado tanto na minha vida pela recuperação de alguém, quanto pela sua. E quando meses depois a notícia que você finalmente havia acordado saiu, eu quase comprei fogos de artifício –– Jenna sorriu e conseguiu arrancar um sorrisinho das mulheres –– E agora quando Dove me procurou perguntando se eu toparia estar aqui hoje, céus, eu quase beijei os pés dessa mulher em agradecimento –– todos riram novamente –– Lauren, Dove... –– Jenna respirou fundo, tentando em vão não chorar –– Vocês foram, são e serão sempre, um exemplo de cumplicidade, confiança, companheirismo, respeito, entrega e amor, para mim, e tenho certeza que para muitos dos que estão presentes aqui hoje, é possível ver nos olhos de cada pessoa que está olhando em direção a vocês agora, o quão bonito é o legado de vocês como casal, e como pessoas, em suas singularidades. Eu me sinto realmente honrada em fazer parte da história de vocês, mas sem muito mais delongas, vamos ao que interessa, tragam as alianças para que essas duas possam trocar os votos porque eu já falei demais –– Novamente Jenna brincou e descontraiu a emoção de todos. Dove e Sofia viraram-se a tempo de ver Paulina caminhar ao lado do pequeno Phillip, que havia completado um exato ano de vida, e andava a passinhos curtos e meio desengonçados, vestido num terninho azul bebê, desenhado pessoalmente por sua mãe. O garotinho vinha com uma caixinha de veludo em mãos, sem saber muito bem o que estava acontecendo, assim que viu Sofia abrir os braços, o pequeno loirinho correu em sua direção, entregando a caixinha a Dove quando a mesma estendeu a mão. As duas o abraçaram e deixaram milhares de beijinhos em seu rosto, deixando muitos ali em lágrimas com a cena, inclusive a própria Jenna. Paulina tinha as mãos em frente ao rosto tentando inutilmente conter-se. Logo a loira pegou o sobrinho nos braços, dando um abraço apertado em sua irmã e outro em sua cunhada, voltando ao seu lugar.
Jenna deu o comando para as duas trocarem as alianças e repetirem o clássico voto, as duas apenas repetiam o que lhe era instruído, mudando de ultima hora o "até que a morte nos separe", Sofia trocou o verso para "nessa vida, e em quantas outras existirem!" e Dove sorrindo, repetiu.
– E agora, seus votos –– Jenna instruiu e Dove foi a primeira a pegar o microfone
– Ahn, eu gostaria de poder expressar em palavras o que eu sinto por você, mas não posso, porque não existem palavras que descrevam, também gostaria de dizer que não escrevi nada, então Deus me ajude a não passar vergonha –– Sofia riu e Dove se perdeu um pouco no sorriso de sua amada –– Sofs, minha Lauren, meu amor, minha vida... não tem nada que eu possa dizer que você já não saiba, então eu quero apenas te agradecer, te agradecer por namorar um idiota antes de mim –– varias risadas soaram –– Porquê se não fosse ele, você não voltaria naquele café! Te agradecer por voltar para se desculpar, te agradecer por ir ao cinema comigo naquela noite, por ficar bêbada no telhado dos seus pais comigo conversando sobre um futuro que não fazíamos ideia se realizaria-mos, por enfrentar seus medos, seus pais, seus demônios, abrir mão da sua vida, dos seus sonhos, da sua carreira, da sua irmã... –– Dove olhou Paulina, que assentiu entendendo o que ela queria dizer –– De tudo que te era importante para juntar-se a mim nessa jornada louca que foi viver o nosso amor, eu não sei como dizer que eu sou a mulher mais sortuda do mundo, porque você é um ser humano raro, senhora Hosterman –– disse convencida e Sofia riu mordendo o lábio tentando conter o choro –– Obrigada por crescer comigo, amadurecer comigo, estar comigo nos dias bons, não desistir nos dias ruins, aguentar tudo que aguentamos para ficarmos juntas e chegarmos aqui hoje, obrigada por me amar, incondicionalmente, por me dar a coisa mais preciosa da minha vida, aquele serzinho ali –– apontou para o filho delas –– Obrigada por manter-se ao meu lado quando eu era só um corpo vazio naquela cama, o seu amor me manteve por perto, o seu amor me manteve a salvo, e o seu amor, definitivamente, me trouxe de volta! Eu prometo te amar como nunca, enquanto meu coração bater, seremos nós contra o mundo.
Dove deu um beijo na aliança de Sofia, chorando como um bebê, e logo cobrindo seus lábios num rápido selinho. A morena levou alguns minutos para se recompor.
– Céus, você me deixou numa saia justa, eu não faço a menor ideia do que falar agora –– Sofia admitiu e novamente risadas foram ouvidas –– Eu nunca pensei muito em casamento, ou em amor, ou nada do gênero, eu tinha a minha vida completamente planejada ainda quando era uma adolescente no ensino médio... aí você chegou no colégio, naquele maldito mustang e virou meu mundo de cabeça para baixo, em um dia eu estava planejando quantas graduações faria, no outro, estava dando uns amassos com uma loirinha invocada no banco de trás de um carro que só cheirava a desinfetante automotivo –– elas riram –– Nunca me arrependi de nada que tenha decidido Dovey, mas pular de cabeça nesse relacionamento louco, foi a decisão mais acertada que eu fiz na vida! Eu não me arrependo de ter trocado tudo o que eu tinha por um colchão num apartamento vazio, virando a noite vendo qualquer filme com você depois de fazermos amor por horas... Lembra do Halloween que fizemos um cosplay bem meia boca de June e Johnny? "Nunca um sem o outro", foi o pacto que fizemos levantando os mindinhos antes de ficarmos tão bêbadas que desmaiamos na garagem do Cameron –– elas olharam em direção aos amigos, encontrando Cameron e Boo aos prantos –– É bom lembrar que é válido –– ela ergueu o dedo mindinho, e Dove encarou a delicada tatuagem vermelha que existia ali, sorrindo –– Eu quero manter cada promessa que fizemos ao longos desses anos meu amor, eu quero realizar cada plano louco e fantasia idiota que planejamos, eu prometo que dedicarei cada minuto da minha vida a família que construímos, porque você são tudo para mim. Houve momentos em que eu achei que finalmente não era mais sua musa, que teria de te deixar ir, que você seria nessa vida o amor que eu deixei ir e que talvez, eu tivesse que esperar a próxima para tê-la de novo, graças aos céus que eu estava errada! Hoje, diante de todos que amamos e de nosso filho, pelo amor que sinto por eles, eu prometo, nunca mais eu deixarei você ir de novo, porque não importa a dificuldade que passemos, no final do dia, ainda seremos nós contra o mundo, e ele nunca vai ser forte demais diante a magnitude do que eu sinto por ti. Prometo te amar como se fosse te perder, prometo te amar a cada segundo como se fosse o último, prometo te encontrar em quantas vidas tivermos, prometo ser sua, sempre.
Incapaz de dizer mais uma só palavra ao ver a mulher que amava a sua frente chorando daquela forma, Sofia sequer esperou o comando de Jenna, tomou Dove em seus braços, beijando-a com todo o amor e respeito que carregava em seu ser, selando ali, naquele momento, todas as promessas que fizera.
-
Alguns meses se passaram, a vida de todos parecia estabilizada. Cameron e Brenna haviam recebido o pequeno Roy, que agora disputava com Phillip quem era a criança mais paparicada daquela grande família. Obviamente, os dois eram na mesma proporção. Paulina voltou ao curso e comprou seu apartamento, não muito longe da casa de sua irmã afinal, Bonnie e Claire, apesar de terem decidido manter suas vidas em Phoenix, eram tão presentes quanto podiam para Dove e sua família. Sofia expandiu sua marca, abrindo várias filiais e tentando administrar todas sem tornar-se ausente, Dove não poderia pedir por mais nada, no auge de sua carreira, ela tinha tudo que queria e precisava.
Finalmente, todos estavam em paz.
Até José aparecer um dia na porta de sua filha, pegando Sofia e Paulina de guarda baixa e completamente desavisada, seu pai lhes informou o falecimento de sua esposa, Laura foi diagnosticada em estado terminal decorrente de um câncer agressivo, meses depois do acidente de Dove, e recusou-se a fazer qualquer tratamento depois da ligação e horrorosa briga que tivera com Paulina, escrevera uma carta a punho para cada filha, deixando como último pedido que José as entregasse. Apesar de todo o ressentimento, as irmãs não odiavam Laura e sentiram sua morte, mas não carregavam remorso por não terem se despedido, Laura colhera exatamente o que plantou, e morreu longe das filhas como ela mesma fez questão de afastá-las, Paulina retomou o contato com seu pai, e falava com ele regularmente, Sofia não, e todos respeitaram a decisão dela.
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Uma noite, aparentemente aleatória, Dove chegou em casa animadíssima, e Sofia não entendeu por que diabos a mulher tinha deixado o filho com Paulina. A loira levou a esposa ao cinema, depois foram jantar, e voltaram para casa um tanto alteradas por vinho, como duas adolescentes outra vez, cambalearam até o quarto aos beijos, contato que foi interrompido por Dove assim que as coisas começaram a ficar quentes demais
– Espere...
– O que foi? –– Sofia perguntou confusa e um tanto frustrada por ser parada
– Tem uma coisa que quero te mostrar
– Agora, sério? –– a morena revirou os olhos e Dove deu de ombros, pegando uma pequena maleta térmica e esquisita que estava ali na cômoda delas e Sofia não havia notado até aquele momento.
– Eu estive fazendo umas pesquisas sabe? Falei com nossos médicos sobre o procedimento e achei bem interessante, quero tentar se você quiser...
– O que? –– Sofia estava completamente confusa aquela altura, Dove abriu a maleta e começou a mostrar seu conteúdo a esposa, um pequeno potinho repousava dentro de uma caixa de isopor, havia uma seringa esquisita e outras coisas que Sofia sequer fez questão de olhar muito já que não estava entendendo nada.
Pacientemente, Dove explicou que se tratava de um método de inseminação artificial que o casal poderia fazer sozinho, a loira explicou todo o processo mas Sofia se perdeu no momento em que ela disse que queria fazer, literalmente, um bebe com ela aquela noite. Novamente, Dove explicou tudo, já estava muito bem informada e sabia exatamente o que fazer, Sofia, depois do choque inicial, ficou extasiada e agarrou a esposa, beijando-a até perderem o fôlego, logo que se separaram, a loira explicou como o processo seria feito e Sofia ouviu com bastante atenção.
– Mas, meu bem... eu não estou no meu período fertil –– Sofia deu-se conta
– Eu sei... –– Dove disse simples
– Então como pode ser essa noite? Você disse que é crucial estar no período para aumentar as chances de dar certo.
– E é amor, será essa noite...
– Mas....
– Sofi, você ainda não entendeu? –– a loira riu, Sofia ainda parecia um tanto bêbada –– eu estou no período amor, os óvulos são seus, não lembra que já os havíamos deixado congelados na clínica? E eu quero te dar um filho! –– a ficha de Sofia caiu, assim como seu queixo, Dove não só estava propondo que aumentassem a família, como estava propondo ser a gestora daquela vez, a morena não esperava por aquilo, pois Dove sempre deixou claro que não queria engravidar. Percebendo a confusão da mais nova, Dove beijou-a e olhou em seus olhos logo em seguida antes de voltar a falar –– Ora, essa vida é curta demais para não fazermos tudo que pudermos e quisermos, anda meu bem, vamos fazer esse bebê!
Dove tomou sua esposa em seus braços, beijando-a, despindo-a e amando-a, tornando aquele processo de experiência o mais natural possível.
Para a felicidade de ambas, o procedimento deu certo e depois de dois testes, Dove comprovou a gravidez. Sofia quase enlouqueceu de felicidade, o casal esperou três meses para comunicar à família as boas novas, queriam ter certeza que a gravidez se manteria.
A loira mal pisava no chão do tanto que fora mimada por sua esposa, Sofia acompanhou devota cada momento daquele ciclo mágico, cada mudança de humor de sua mulher, cada desejo estranho, cada acesso de loucura hormonal que as levava a passar madrugadas acordadas transando como loucas, cada pedido e vontade de sua mulher. A recompensa veio quando Dove teve de ser socorrida às pressas, pois, teimosa como sempre, estava em seu estúdio de olho em tudo quando deveria estar em casa descansando e esperando a hora de conhecer sua filha. Sofia deve ter levado umas cinquenta multas de trânsito pelo menos naquele dia, quando furou cada sinal possível para chegar ao hospital, tendo um parto mais rápido e tranquilo, Dove em quase cinco horas de trabalho, proporcionou a pequena Chloe estar aos prantos nos braços de Sofia.
(...)
Com Phillip nos braços de Sofia, e Dove ao lado da esposa, os três velavam em silêncio o sono da pequena na noite em que voltaram para casa, a sensação de dejavu tomou conta das duas e elas pareceram pensar na mesma coisa, ao mesmo tempo, e não precisaram dizer uma palavra, apenas conversaram por olharem antes de voltar a olhar para a filha.
– A genética dos Carson's é realmente perfeita –– Dove sussurrou
– Ela é a cara da Paulina quando bebê, impressionante! –– Sofia falou orgulhosa
– "Buita!" –– Phillip balbuciou, o pequeno já dizia algumas palavras emboladas, e do seu jeitinho único já se comunicava bem com as pessoas, principalmente com suas mães.
– Ela é, não é? –– Sofia disse olhando para o filho e sorrindo quando ele assentiu várias vezes empolgado.
As duas permaneceram ali por tempo o suficiente para que o loirinho dormisse nos braços da mãe, Sofia e Dove foram juntas deixá-lo em seu quarto, saindo de lá depois de encher o corpo adormecido do garoto de beijos e desejar boa noite mesmo sabendo que ele não ouviria, elas apagaram as luzes e voltaram para o quarto de Chloe, também desejando boa noite aquele pequeno anjo, e depois de ajustar a babá eletrônica, Sofia juntou-se a Dove no quarto do casal, ajudando a loira a acomodar-se bem na cama, sentando ao seu lado e encarando a mulher por longos minutos.
– O que? –– Dove quis saber o que tanto sua esposa procurava em si
– Nada, só estava tentando achar uma palavra que descrevesse o quanto eu te amo...
– E encontrou? –– a loira perguntou corada
– Ainda não inventaram, mas vou continuar procurando –– sorrindo, Sofia beijou sua esposa apaixonadamente, e logo deitou-se ao seu lado, caindo na inconsciência de seu sono ciente de que não poderia ser mais feliz do que aquilo.
-
(...)
Cinco anos se passaram.
Booboo tornou-se um grande nome no ramo musical, sendo empresário de vários jovens artistas, dando oportunidade a milhares de crianças carentes através da dança, sempre acompanhado de seu melhor amigo, ou melhor, irmão: Cameron, esse que dedicava-se mais aos projetos sociais, enquanto deixava as partes mais burocráticas com o moreno, o pequeno Roy tinha quatro anos quando Brenna novamente engravidou, e agora o baixinho tinha uma garotinha linda, a mescla perfeita entre ele e sua esposa, obviamente, Sofia e Dove eram madrinhas de seus filhos, junto a Booboo e Rick.
Paulina tornara-se uma excelente arquiteta e estava construindo o próprio legado, bem longe da sombra do império dos Carson's, namorava um rapaz que conhecera nas suas muitas visitas ao ateliê de sua irmã.
Verônica engatou em um romance com Boo, e já namoravam há quase dois anos, mas não tinham planos de tornar a relação mais séria, ainda.
A grife de Sofia tornou-se uma das mais procuradas no ramo da moda e a mulher já tinha filiais em mais de vinte países.
Dove nunca aposentou-se da fotografia, mas dedicava-se mais às artes plásticas, pintando quadros singulares para expor e vender em suas galerias, valiam milhares, o talento da mulher era coisa de outro mundo.
Phillip e Chloe eram crianças de sorte, recebiam tanto amor que poderiam explodir qualquer dia, e suas mães eram as corujas mais orgulhosas do mundo! Os pequenos sendo filhos de um dos casais mais poderosos dos Estados Unidos, viviam cercados de regalias, mas assim como Sofia e sua irmã não foram contaminadas em sua infância pelo status que os pais tinham, os dois também não eram. Os pequenos Hosterman's sempre chamaram atenção por sua beleza e carisma, um dia numa brincadeira desinteressada, fizeram testes para um comercial, por influência de Boo, e não deu outra, os pequenos foram cotados para vários testes, e como tomaram gosto pela coisa, Sofia e Dove não viram problemas em apoiar os filhos, deixando-os fazerem aulas de teatro e investindo em suas carreiras de atores, obviamente prezando por seu bem estar e educação acima de qualquer trabalho, aquilo na verdade, para eles, era hobby.
(...)
Nas férias de verão, a família Hosterman resolveu fazer uma viagem de carro por alguns estados, obviamente fora ideia de Dove, e aquilo não passava de uma desculpa esfarrapada da loira de fugir da loucura de seus dias cheios e unir suas duas paixões, as coisas que ela mais amava no mundo, sua família, e sua sempre última versão do Mustang, enquanto o bom e velho Mustang de seu pai só era retirado da garagem em ocasiões especiais, que geralmente consistiam em ela querer dar uns amassos em sua esposa, ouvindo suas velhas fitas e relembrando os velhos tempos. Não importava quantos anos se passassem, elas seguiam apaixonadas.
Dove apaixonava-se todos os dias por Sofia.
Sofia apaixonava-se todos os dias por Dove.
E elas se amavam dia após dia, sempre mais, em todas as suas versões.
...
Depois de deixar os dois filhos dormindo em uma das camas do quarto de hotel que se hospedaram, Dove e Sofia tomavam um vinho despreocupadamente na varanda da cobertura, aproveitando a noite, a bebida, a vista e o calor do corpo uma da outra, já que Dove estava sentada no colo da morena,
– Imaginou um dia, nos seus melhores sonhos, que aquelas duas malucas bêbadas num colchão velho, estariam aqui hoje? –– Sofia perguntou arrancando uma risada da outra.
– Nem nos meus melhores sonhos! –– afirmou a loira –– esperava que déssemos certo, que conseguíssemos nos reerguer, mas isso? É muito mais do que eu poderia pedir, vida.
– Às vezes, ainda acho que não passa de um sonho –– Sofia olhou em direção aos filhos, suas mini cópias, a coisa mais importante e valiosa que construíram juntas.
– Então estamos sonhando a mesma coisa! Vamos fazer um pacto... –– Dove erguei o mindinho –– eu não te acordo se você não me acordar!?
– Pacto.
– Pacto. –– uniram seus dedos e logo caíram na risada.
– Te amo tanto, mulher –– Sofia suspirou
– Eu te amo o mesmo tanto, se bobear... mais até!
– Não vem com essa, Dovey
– É sério... você e eles –– apontou com a cabeça para o quarto, referindo-se aos filhos –– são tudo para mim! E aconteça o que acontecer, eu serei para sempre sua. –– afirmou a loira com os olhos cheios de lágrimas, secando com o polegar as teimosas que escorreram pelo belo rosto da esposa, Sofia sorriu
– Você é, e sempre será, o amor de todas as minhas vidas.
Sorrindo e com o coração leve, elas continuaram bebendo e observando as estrelas, como faziam desde jovens, não tinham todas as respostas para o mistério e desafio diário que era a vida, mas uma coisa era certa:
Sempre seriam elas contra o mundo.
(...)
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