Pouco mais de três meses haviam se passado e Tony e Pepper estavam finalmente namorando. No entanto, poucas sabiam disso, apenas os seus amigos mais próximos que os ajudavam a manter o relacionamento em segredo. Principalmente de Meghan.
Tony e Pepper queriam contar para a garota que estavam juntos, mas ambos também queriam ser cuidadosos, ela era uma criança e eles não sabiam como ela iria reagir se da noite para o dia soubessem do relacionamento deles, por isso, durante aquelas férias escolares eles aproveitaram para passar grande parte do tempo juntos e começar a preparar a garota para a notícia.
No último final de semana do mês de agosto eles resolveram viajar para Malibu, onde Tony mantinha uma casa, para comemorarem o Labor Day. Amanda, Rhodes, Allysson e Hope também haviam sido convidados, mas apenas Donna, Harvey e Olivia puderam ir.
Eles haviam decidido que passariam a noite do feriado na praia, então armaram uma pequena tenda e fizeram uma fogueira para que pudessem se proteger do frio. Eles assaram alguns marshmallows, contaram histórias e jogaram alguns jogos a pedido das crianças.
Naquela noite, no entanto, Pepper não conseguia deixar de pensar em algo que Tony havia dito alguns dias antes sobre amar passar as noites com ela, mas odiar sempre precisar sair cedo na manhã seguinte para que Meghan não o visse.
Ela também odiava aquela situação, assim como odiava estar com ele e não poder beijá-lo ou não poderem andar de mãos dadas. Ela estava começando a sentir que eles estavam adiando a conversa por tempo demais, por isso, tomou uma decisão.
Ao colocar Meghan na cama naquela noite Pepper havia dito que ela e Tony contariam uma história diferente para a garota. Como uma criança curiosa, Meghan ficou animada e assim que Tony apareceu na porta do quarto em que ela iria dormir, logo ordenou que ele também se sentasse na cama, de forma que ela ficasse no meio dele e de Pepper.
— Então Meg... -Pepper começou. — Lembra quando nós conversamos sobre o que acontece quando duas pessoas se amam?
Meghan assentiu. — Elas tem um bebê.
Tony riu. Eles haviam começado bem.
— Bom, isso também. -Pepper disse. — Mas lembra o que acontece primeiro?
— Elas namoram.
— Isso. E você sabe que a mãe já namorou antes, com o seu pai. A gente casou e tivemos uma filha maravilhosa, que é você.
A garota assentiu, prestando atenção em cada palavra que Pepper dizia.
— Mas o papai não está mais aqui faz um bom tempo e a gente tem que continuar com a nossa vida, não é? Ele não iria querer que a gente continuasse triste.
— O que sua mãe quer dizer é que ele fazia ela feliz, mas agora que ele não está mais aqui ela tinha que encontrar outra pessoa para o papel. -Tony continuou. — Para poder cuidar de vocês duas.
— E tem sido nós duas por muito tempo, eu amo você mais do que tudo, você sabe disso e nenhuma outra pessoa vai fazer isso mudar.
— I know.
— Então, o que você acharia se a Pep encontrasse outra pessoa para namorar? Estaria tudo bem para você?
— Você gosta do tio Tony? -Perguntou olhando para Pepper ao invés de responder a pergunta.
Pepper ficou olhando para a filha por alguns instantes antes de responder. Ela estava um puco intrigada coma pergunta. — Gosto. -Disse por fim.
— E você gosta da mamãe, não é? -Ela perguntou olhando para Tony.
— Gosto. -Ele assentiu.
— Então vocês podem namorar. -Ela disse dando de ombros.
— Meg, a mamãe nunca disse que era com o Tony.
— Mas eu vi vocês dois se beijando e eu sei que vocês adultos só beijam quem estão namorando.
— Você o quê? -Tony e Pepper perguntaram ao mesmo tempo. Eles estavam surpresos.
— Eu vi vocês dois se beijando. Estão com os ouvidos sujos, é?
— Meg, quando foi isso? -Tony perguntou preocupado. Eles vinham sendo extremamente cuidados. Pelo menos eles achavam isso. Se ela viu o beijo será que viu alguma outra coisa também?
— Quando a gente foi com a tia Amanda para Los Angeles.
— Meg, isso foi a um mês atrás.
— Eu acho que sim, eu nem consigo contar nos dedos todos esses dias.
— Porquê você não contou para a gente o que você viu, bunny? -Tony perguntou.
— Eu não sei. Achei que era segredo.
Tony e Pepper trocaram um olhar cúmplice e sorriram. — Então está tudo bem para você se eu beijar sua mãe?
— Eu acho bem nojento, mas se você gosta, tudo bem.
Tony riu. — Eu espero que você continue com esse pensamento por muitos anos ainda.
— Tudo bem de verdade então se eu namorar com o Tony?
Meghan assentiu. — Se vocês namorarem quer dizer que o tio Tony vai ser meu novo papai... E oh! -Ela disse em uma súbita animação. — Vocês vão casar? Eu posso ganhar um irmãozinho? Mamãe, nós podemos ter um cachorrinho agora?
— Tudo bem Meghan, é muito pedido para um único segundo. -Pepper disse sentindo sua cabeça rodar.
— Essas coisas são complicadas, a gente não pode responder para você agora. -Tony disse rindo com o entusiasmo dela. — São assuntos que os adultos precisam conversar bastante antes de tomarem uma decisão e às vezes leva muito tempo para eles decidirem. Mas a gente promete que quando decidir você vai ser a primeira a saber, tudo bem?
— Você jura de dedinho?
— Eu juro de dedinho. -Ele disse rindo enquanto entrelaçava seu dedo mindinho no dela em sinal de promessa.
— Agora que você já sabe da verdade e até aproveitou para fazer algumas exigências, está na hora de dormir.
— Vocês vão me contar uma história antes? Porque essa foi bem ruim.
— Eu acho que merecemos essa. -Tony riu.
— Qual você quer dessa vez?
— A da Cinderella. -Ela disse animada.
Pepper assentiu e começou a contar a história para filha enquanto Tony a cobria e ajeitava seu urso de pelúcia predileto ao seu lado para que ela pudesse dormir. Ao final da história Meghan estava quase dormindo, então eles deram um beijo em sua testa, desejaram boa noite e desligaram a luz do quarto antes de deixarem o espaço.
— Nós somos péssimos para conversar sobre esse tipo de assunto com crianças. Se a Meghan não tivesse dito que havia visto a gente se beijar eu nem quero imaginar como aquela conversa terminaria. Deveríamos ter ensaiado um pouco mais. -Tony comentou enquanto eles caminhavam em direção ao quarto dele.
— Devíamos começar a ensaiar para quando ela perguntar de onde vêm os bebês. -Pepper acrescentou.
— Você deveria começar a ensaiar.
— Eu?
— Você é a mãe dela.
— E você a ouviu. Você é o novo papai. Estamos nisso juntos. -Disse fazendo-o sorrir e parar diante da soleira da porta.— O que foi?
— O que você acabou de dizer. Estamos nisso juntos. Você faz ideia do quão incrível vocês duas tornaram minha vida?
— Nós não fomos as únicas, senhor Stark.
— Eu amo você, senhorita Potts.
— Eu também amo você. -Disse sorrindo antes de se inclinar para beijá-lo.
— Agora vamos, temos um filme para terminar de assistir. -Disse partindo o beijo e puxando-a para dentro do quarto.
Pepper fechou a porta e se deitou na cama enquanto ele ligava a televisão e selecionava o filme que veriam naquela noite.
— Eu não acredito que você escolheu esse. Terror? Sério? Você sabe que eu odeio filme de terror. -Disse resmungando. — Ótimo. E ele ainda apaga a luz...
Tony riu enquanto se deitava e passava o braço em volta dela puxando-a para mais próximo de si.
A verdade era que ele também não era muito fã de filme de terror, por isso sempre optava por escolher esse gênero, já que toda vez que eles assistiam filme juntos na metade dos mesmos acabavam se perdendo em carícias ao invés de prestar atenção na tela. Naquela noite não foi diferente.
—Porquê é sempre você quem escolhe os filmes? -Pepper perguntou.
— Porque eu tenho uma ótima tática para fazer a escolha. -Disse beijando o pescoço dela.
— Tony... -Ela disse respirando com dificuldades. — Isso é golpe baixo. Você sempre acaba apelando.
— Eu não faço nada. -Ele retrucou dando leves mordidas em sua garganta exposta.
— Isso é jogo sujo. Você sabe disso. -Pepper falou enquanto passava os dedos pelos cabelo dele.
— Você ainda não viu nada. -Ele parou o que fazia e ouviu um leve gemido de protesto sair dos lábios dela. Ele sorriu vitorioso e em questão de segundos estava deitado por cima dela beijando-a.
Eles estavam prestes a começar a retirar suas roupas quando ouviram a porta sendo aberta. Rapidamente se afastaram um do outro a tempo de ver Meghan entrando no quarto.
— Mommy, tio Tony... -Meghan disse com a voz sonolenta enquanto segurava seu bichinho de pelúcia com uma mão e o coberto com a outra.
— Hey... -Pepper disse ofegante. —Você não deveria estar dormindo? -Perguntou enquanto fazia uma nota mental sobre lembrar de trancar a porta do quarto durante a noite.
— Eu acho que tive um pesadelo, porquê eu acabei acordando.
— Por isso veio ficar aqui? -Tony perguntou. Ele conhecia Meghan o suficiente para saber quando ela estava fazendo manha.
— Foi. –Disse colocando os objetos que segurava na cama e subindo na mesma com ajuda Tony. Ela se ajeitou no meio deles. — Mamãe, conta outra história, por favor?
— Pra dormir?
— Não. Eu não quero dormir.
— Mas está tarde.
— Tio Tony, diz pra mamãe que eu posso ficar acordada só por mais um pouquinho...
— Mas a mamãe tem razão Meg, já está tarde e você deveria estar dormindo.
— Mas vocês dois estão acordados.
— Porquê nós dois somos adultos e você mocinha, é só um criança. -Pepper disse.
Meghan suspirou derrotada e revirou os olhos. Ela odiava quando eles usavam esse argumento. contra ela.
— E se eu não conseguir dormir?
— Então você pode continuar acordada. -Tony disse. Ele sabia que ela não conseguiria. Apesar da vontade de permanecer acordada com eles os olhos de Meghan mal se mantinham aberto.
A garota acabou aceitando a proposta e eles ficaram conversando por alguns minutos antes de Pepper começar a contar a história para a filha. Diferente do que havia ocorrido na primeira vez, quando Pepper terminou a história Meghan já estava em sono profundo. Tony pensou em levá-la de volta para o quarto em que a garota estava dormindo durante aqueles dias, mas não teve coragem. Ele estava gostando da forma como a noite estava acabando.
Meghan não era sua filha, pelo menos não de sangue, mas ele a considerava como uma. Ele a amava como se ela fosse.
— Acho que o nosso filme fica para próxima. –Pepper sussurrou enquanto se virava para ele.
— Não só o filme. –Tony respondeu e se inclinou para poder beijá-la. — Boa noite.
— Boa noite. -Respondeu.
Mas ao contrário de Tony ela não dormiu logo. Ficou pensando em como sua vida mudará completamente nos últimos anos. Ela não se referia apenas a troca de cidade e local de trabalho, mas também aos seus amigos e família.
Ela pensou em tudo que acreditava quando Thomas era vivo e como tudo mudou depois que ele faleceu. Pepper realmente havia acreditado que tivera sua chace de ser feliz e que a havia perdido. Que não havia mais solução.
Ela se lembrou de uma conversa que havia tido com Michelle e como aquelas palavras não saíram de sua cabeça desde então.
"Sua vida é resultado das suas escolhas. Talvez você pense que está deixando a desejar, mas na verdade não está. Ao longo das nossas vidas vamos nos deparar com momentos tristes, de insegurança, escuros, momentos em que iremos querer desistir, mas nunca devemos nos esquecer de que o arco íris sempre aparece depois das tempestades. Sua vida é feita de escolhas, e vão ser elas que vão definir se seu destino vai ser comemorado ou lamentado. São as nossas escolhas, mais do que as nossas capacidades, que mostram quem realmente somos, por isso tente ver as coisas negativas que acontecem com você como algo que aconteceu por uma razão precisa. E não se lamente pelo ocorrido; além de não servir de nada reclamar, isso vai te vendar os olhos, dificultando assim, continuar seu caminho. Nós não podemos escolher o que sentir, mas podemos escolher o que fazer a respeito e isso basta. Claro que há coisas que me arrependo, coisas que gostaria de desfazer, coisas que mudaria se eu pudesse, mas já parou para pensar em quantas coisas, quantas lições, você aprendeu com um simples erro? Não se preocupe tanto com o que você já fez, mas sim com o que está fazendo ou vai fazer. As experiências de ontem servem para o aprimoramento das de hoje. Ninguém pode ser cobrado por algo que ainda não sabia. Aceite suas limitações, seja compreensivo com você mesmo. Perdoe-se. Afinal, somos quem somos hoje por causa das escolhas que fizemos ontem... Eventualmente, quando você dá um passo à frente algo fica para trás, e por mais difícil que seja precisamos aprender a seguir em frente. O passado ficou para trás o que importa agora é o presente. A vida é curta de mais para ficar se lamentando, precisamos simplesmente viver. Sim, viver. Você está vivenciando o melhor filme que já viu na vida, com os melhores atores e momentos de drama, comédia, ação, romance, suspense e aventura... Onde se pode vivenciar tudo isso em tempo real e o melhor disso tudo é que você, só você pode escolher o seu final feliz, por isso seja o roteirista que seu filme merece. Crie sua própria história, escolha seu próprio final. Não são nossas atitudes que mostram quem realmente somos; são nossas escolhas."
Pepper suspirou. No final de contas Michelle tinha razão. Ela não fazia ideia se a história do destino existia, talvez fosse mera invenção do ser humano, mas se existisse aquele era o melhor destino que ela poderia imaginar para si própria.
Então, sorrindo, ela respirou fundo e fechou os olhos, adormecendo quase que em seguida.
De alguma forma ela tinha conquistado o seu final feliz.
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