Capitulo 3
- Como assim? - Becky parecia realmente surpresa.
Eu revirei os olhos.
- Pela milésima vez, ele não está afim de mim. Nos não estamos ficando, nem nada, ok? Somos amigos.
- Amigos? É sério?
- Eu disse a mesma coisa! - Meg disse.
- Olha só, o Luke é um gato. Eu sei. Mas o que tem de errado em eu querer manter uma amizade com ele?
As três se entre olharam e em um segundo se silêncio imaginei que eu finalmente teria paz.
- Becky, ele tem uma banda. - Lauren provou que eu estava errada.
Eu balancei a cabeça e deixei que elas falassem. Apoiei meus braços sobre a mesa e fiquei observando qualquer movimento a minha frente enquanto minha vida pessoal era o assunto ao meu lado. Eu não fazia tanta questão em convencê-las de que eu não tinha nada com Luke. Talvez porque eu sabia que não existia ou talvez exatamente pelo contrário. Eu vivia em constante conflito comigo mesma. Uma espécie de transtorno de personalidade, quem sabe bipolaridade, eu não sei. Mas enquanto uma grande parte de mim tinha certeza de que Luke não queria absolutamente nada acima de uma amizade comigo, outra insista em acreditar no que minhas amigas diziam. Por que eu ainda estava pensando nisso? Acho que uma coisa que meus dois lados completamente opostos podiam concordar era que eu estava começando a sentir algo de verdade por Luke Hemmings.
Para mim era completa idiotice estar afim de um garoto que eu conheci a quarto dias. Não entendia como aquilo podia estar acontecendo. Talvez eu estivesse encantada por um garoto bonitinho que acabara de conhecer. Qual é? Eu não tenho mais oito anos e não sou do tipo de garota que se apaixona por um cara só porque ele é "bonitinho". Tudo bem, já era hora de parar de pensar nisso. O professor entra na sala e com um “bom dia”, que estava bem mais para mau, já segue para o quadro. Respiro fundo, pego meu caderno e começo a escrever, desejando que fosse uma espécie de prodígio que não precisava do ensino médio, ou simplesmente uma adolescente que fugira da escola para morar em um trailer com seu namorado hippie.
Hora do intervalo. Me escorei no meu armário enquanto Lauren e Becky atualizavam seus assuntos. Peguei meu celular e fiquei observando a tela, apenas para passar o tempo. Essa era uma estratégia que eu desenvolvi a algum tempo para não me sentir constrangida quando não estava incluída em um assunto. Apenas pegava meu celular, fingia que estava fazendo alguma coisa e de repente o tempo passou. Um silêncio repentino nasce ali e eu recebo uma cotovelada de Meg. Tiro os olhos do celular e olho para o lado.
- Luke?
- E ai? - ele se aproximou e me surpreendeu com um abraço, eu apenas retribui. Quando nos afastamos consegui finalmente olhar nos seus olhos durante alguns milésimos de segundo.
- Ah, ahm - sinto outra cotovelada, mas não me preocupo em saber de quem veio - Essas são Lauren, Becky e Meg.
- Oi. - ele sorriu para as três. - Ér, Ali, eu posso falar com você?
- Claro. - nesse momento uma mão segurou fortemente meu pulso antes que eu pudesse acompanhá-lo. Olhei para as meninas e vi que era a mão de Meg que estava fazendo com que o sangue no meu pulso parasse de circular. - Eu já vou.
- Ok. - ele disse enquanto andava lentamente até um canto.
- O que vocês querem? - perguntei tentado soltar meu braço.
- Ele é muito gato, cara. - Becky dizia o seguindo com o olhar.
- "Ér, Ali, posso falar com você?" - Lauren tentava imitar sua voz.
- Ok, ok. Eu tenho que ir. - falei correndo para longe delas.
Procurei Luke por alguns instantes e logo o achei encostado na parede.
- O que elas queriam? - ele perguntou rindo.
- Como você sabe que... - então eu li seu sorriso e percebi que aquela era a sua resposta – Eu não sei. E o que você quer?
- Então, não quer ir almoçar comigo de novo? Se quiser pode chamar suas amigas e...
- Nós temos um trato, Sr. Hemmings.
- Certo, certo. Eu não sou do tipo de cara que não cumpre seus tratos com garotas como você. – o que queria dizer com o “garotas como você”? - Por isso, eu estava pensando, porque não chama suas amigas para irem a um ensaio da banda amanhã?
- Ok. Onde?
- Aqui na escola mesmo. O professor nos escolheu para tocar numa peça do grupo de teatro que ele esta produzindo e vamos vir fazer a passagem de som.
- Tudo bem então.
Com esse diálogo pude notar que já não existiam tantos silêncios constrangedores entre nos. Isso era bom, acho. Eu já não precisaria me esforçar para não falar besteira porque ele provavelmente já havia se acostumado com o perfeito poço de defeitos e esquisitices que era Alice Marshall. Optei em não chamar Lauren, Meg e Becky para o almoço, mas com certeza elas me matariam se eu resolvesse fazer a mesma coisa em relação ao ensaio da banda de Luke.
- Sabe, - ele dizia entre mastigadas - é legal fugir do "normal", - fez as aspas com os dedos tomando cuidado para não deixar que a faca de plástico caísse - às vezes. Quer dizer, quando eu estou com você - pude sentir meu coração começar a bater em um ritmo bem mais acelerado do que o normal. Droga. - eu sinto como se eu estivesse fugindo. Isso é legal.
Eu apenas sorri e tentei não demonstrar o meu nervosismo. Eu não sei se era de propósito, mas pelo que parecia, Luke já não tinha descoberto minhas manias, mas meus pontos fracos.
- É. - disse quando notei que estávamos prestes a voltar à estaca zero com nossos silêncios ensurdecedores - Eu adoro minhas amigas. Pode não parecer - ele riu - mas eu as amo. Só que escapar de vez enquando é bom.
- Sweet Scape. - ele sorriu para a mesa.
- Sweet Scape. - repeti.
Continuamos conversando até que ambos tivemos que voltar as nossas respectivas aulas. Mais um motivo para odiar a escola.
- E você sumiu de novo, hmmm. - Meg dizia com a mão no queixo - O que eu ganharia se adivinhasse com quem estava?
Eu ri.
- Luke pediu que eu chamasse vocês para um ensaio da banda amanhã.
- É na casa dele? - Lauren perguntou entusiasmada.
- Não. - respondi.
- Ah. - ela murmurou desanimada.
- Onde vai ser, Ali? - Becky perguntou depois que rimos de Lauren.
- Aqui na escola. À tarde.
- Eu vou. - Meg disse.
- Eu também.
Olhamos todas para Becky.
- Bom - ela disse - acho que vou ser obrigada a vir também.
- Eeeeh. - eu a abracei.
Fizemos nosso caminho de sempre. Cheguei em casa com minha cabeça explodindo em dor. Abri a porta de casa e meu pai já estava se preparando para sair por ela novamente.
- Oi, pai.
- Oi, querida. – ele beijou minha testa, se despediu de mamãe e Jake, então saiu.
- Oi, filha. - minha mãe disse tirando os olhos da tela do seu notebook por um segundo.
- Oi, mãe. E, ai, Jake?
Jake, como de costume, não respondeu, pois estava muito ocupado com o seu PSP. Subi até meu quarto, joguei minha mochila sobre a cama e me deitei de barriga para baixo. Após algum tempo com minha cara se afundando no travesseiro, minha respiração começou a falhar. Virei meu corpo para cima e fiquei encarando o teto. Peguei meu celular no bolso quando senti uma vibração. Era uma mensagem de um número que até então eu não conhecia.
"O ensaio está de pé amanhã?"
Analisei o texto e alguns instantes depois respondi:
"Como conseguiu meu telefone, Hemmings?"
Pude imaginá-lo em seu quarto, sozinho, deitado na cama, assim como eu, e um sorriso se abrindo em seu rosto ao receber minha resposta.
"Eu tenho meus esquemas."
Eu ri.
"Ok. O ensaio está de pé."
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