(...) E você tem tanta certeza
Que um dia o amor dos seus sonhos
Vai finalmente florescer
Que nem se importa de se quebrar um pouquinho
(Interlude - Luiza Sonza)
~Diego Ribas
Era uma música romântica. A droga de uma música romântica, que exigia corpos colados e troca de olhares.
Cerrei os punhos com força e nem percebi que caminhava em direção à pista de dança, disposto a arrancar o uruguaio de cima dela no soco se fosse preciso.
— Tem certeza de que vai fazer a menininha passar essa vergonha em plena festa de aniversário? — A voz de Bruna me deteve, e meus pés pararam no meio do caminho. — Não vai ser muito legal pra sua reputação de bom moço se toda a festa ficar sabendo do seu caso com a ninfeta.
— Foi por isso que você insistiu tanto pra vir? Pra armar uma cena e se fazer de coitada na frente de todas essas pessoas?
— Vamos ver quem vai estar certo no final! A mãe dos seus dois filhos, que te acompanha há mais de quinze anos, ou a garota de vinte e poucos anos que está se esfregando com outro jogador na frente de todo…
— Ela não tá se esfregando — Grunhi irritado, minha voz assemelhando-se a do Bruce Banner depois da transformação — E eu tenho mesmo que te lembrar quem foi responsável por tudo isso?
Gabriel estava com a testa lotada de vincos enquanto diminuía a distância até a gente e Bruna fez uma careta, magoada.
— Está me culpando por você ter um caso com uma menina mais nova? É isso mesmo que eu tô ouvindo, Diego?
Fui inundado de um sentimento misto de raiva, cólera e decepção que destilou um gosto amargo em minha garganta.
— Se você não tivesse um caso com o personal trainer e eu não tivesse descoberto, eu nunca dirigiria sem rumo até achar aquele bar. E eu não teria encontrado a Scar. E não teria me… Apaixonado. — Ela baixou a cabeça, visivelmente afetada e de repente os olhos estavam lotados de lágrimas. — Eu ainda acreditaria que era amado por minha esposa e seria fiel até o fim da minha vida, Bruna. Mas você me destruiu… Destruiu o que eu sentia por você, Bru…
Ela abriu a boca para falar, o queixo trêmulo, mas ergueu o olhar para alguém atrás de mim. Girei os calcanhares e lá estava o mimado do Gabriel em posição de ataque.
— Que merda você tá fazendo aqui, cara? Você é mesmo um bosta! — um dos amigos dele o segurava dizendo vários “calma, cara, calma”, mas pedir calma ao Gabigol era a mesma coisa que atiçá-lo a atacar — Você não é bem vindo aqui, mané! A Scar tá muito bem sem você, então vaza!
— Terminou? — Falei sem me abalar — Que bom, agora vou procurar alguma coisa pra beber.
Obviamente isso o deixou mais irritado, e o amigo que o segurava não conseguiu mais dar conta. Gabriel avançou e meu instinto reativo foi partir pra cima também, mas nós dois fomos detidos por vários caras que nos mantiveram longe um do outro.
Meu braço reclamou de dor então percebi que mesmo estando seguramente longe de Gabriel, Arrascaeta ainda me segurava com força.
— Pode me soltar. — Falei com a respiração acelerada e meus olhos localizaram Scar do outro lado da pista, que obviamente tinha assistido a tudo aquilo. Não consegui ler o que dizia a sua expressão, e meu coração deu um salto olímpico quando ela começou a dançar rodeada de algumas meninas, com uma garrafa de bebida na mão.
Como gostaria que vê-la não me deixasse nessa inquietação, revirando minhas entranhas, retesando cada músculo do meu corpo, fazendo meu pulso acelerar.
Scarlett era linda, do tipo que poderia converter um ateu. Algo como “obrigado, Deus, por criar essa criatura maravilhosa”, mas naquela noite ela conseguia estar mais magnífica do que nunca. Vê-la de longe doía a boca do meu estômago e deixava meu espírito mais aturdido do que nunca.
— Eu tô falando com você, Ribas…
— Que? — Balancei a cabeça, os olhos ainda fixos na garota de microvestido que remexia o corpo na pista de dança — Desculpa, não ouvi.
Arrasca deu uma risadinha.
— Eu sei. Não dá pra não olhar pra ela.
Finalmente desviei o olhar e encarei o sorriso presunçoso de Giorgian de Arrascaeta.
— Você tá a fim dela? — Perguntei fingindo não me importar enquanto cruzava os braços acima do peito.
— Eu acabei de me separar e ainda tô travado com essas coisas de paquera e tal... Mas a Scarlett vale a pena. Quer dizer, olha pra ela… Ela é linda, gostosa...
As palmas de minhas mãos arderam e outra vez notei que apertava as unhas contra elas. Percebi que estar apaixonado por alguém como Scarlett significava comprar briga com mais da metade dos homens que babavam no corpo dela.
— Mas ela é meio fútil, eu não gosto desse tipo… Ela parece o tipo de garota que vive em festas torrando o dinheiro dos pais.
— Você não a conhece — o corrigi, e varrendo os olhos no salão, senti um vazio no peito ao notar que ela tinha sumido — Scarlett não é fútil. Ela é uma boa filha, uma boa irmã, uma boa amiga. Vive mais rodeada de livros do que de gente, e tem um talento incrível pra arte e moda — Falei tudo tão rápido que fiquei sem fôlego momentaneamente.
— Não sabia que você conhecia ela tão bem — O olhar desconfiado que ele me lançou me fez abrir a boca para retrucar, mas fui interrompido pelo toque do meu celular.
Era uma mensagem.
“Preciso falar com você.”
Disse qualquer coisa para me livrar do uruguaio e segui as coordenadas que Scar me passou, chegando exatamente em um corredor largo, seguindo até o final dele. Estiquei a mão para abrir a porta, mas ela se abriu.
— Vem — Scarlett parecia furiosa ao puxar meu braço e me empurrar para dentro de um lugar que não reconheci. Haviam vários fios coloridos grossos e caixas de som gigantes espalhadas por todo lado.
— Você tá ficando louco? — Mais uma vez ela me empurrou, como se estivesse fazendo um grande esforço para me machucar fisicamente. — Traz a sua mulher na minha festa e depois arma uma briga com o Gabi? E que merda você tava conversando com o Arrascaeta enquanto olhava pra mim daquele jeito?
Suspirei e ela quis me empurrar de novo, mas segurei seus punhos, fazendo-a berrar milhares de palavrões até enfim se acalmar.
— Ela fez questão de vir, e eu não podia colocar uma algema nela, podia? Ela sabe sobre nós Scar, e não aceita que o casamento acabou — Ela crispou os lábios, xingando novamente — E o Gabriel acha que é seu dono. E o Arrascaeta vê você como um pedaço de carne…
— Isso não é da sua conta, Diego, caramba! Você não é meu namorado, entendeu?
— Ah, claro! Esqueci que você terminou comigo depois de deixar um bilhete de merda do lado da cama! — Ela revirou os olhos e caminhou em círculos, extremamente zangada e absurdamente linda com aquele vestido espetacular. Era de seda, caro e sensual — Se não sou o seu namorado, sou o que então? Seu amante? Um casinho que teve pra passar o tempo quando tava entediada?
Escutei seu longo suspiro e o olhar que ela carregava era de cansaço, como se estivesse travando uma batalha invisível há muito tempo e estivesse perdendo as forças, prestes a entregar o uniforme de guerra.
— Eu tô cansada, Diego — Sua voz soou baixa e diminuí a distância entre nós a longos passos. — Cansada de me arrastar por aí fingindo que tá tudo bem, porque não está! — Seus olhos se fecharam quando envolvi minhas mãos na sua cintura e acho que desaprendi a respirar quando ela pousou as mãos em meus ombros — Eu tô cansada de fingir que não me importo, que não passo cada minuto do meu dia pensando em você… Eu quero tanto te odiar, Diego Ribas!
Meu rosto se afundou em seu pescoço, enquanto eu fazia esforço para não me derramar sobre ela. Um último soluço rasgou meu peito e tive certeza de que foi tão alto que alcançou o outro lado da cidade.
— Eu não posso e não quero mais ficar longe de você, Scar. Eu já te disse um milhão de vezes, mas.. Não me importo de repetir mais uma vez que eu amo você! Te amo pra caralho, e não me importo de parecer um idiota toda vez que…
— Shhhh — Ela me envolveu em um abraço tórrido e caloroso. Aquele abraço parecia nunca ter fim, e de repente todo o resto do mundo pareceu não ter importância. Tudo o que importava era aquele cheiro, aquela sedosidade e Scarlett quente e viva nos meus braços. Só de ficar lá, me movendo de leve para os lados, eu me dei conta de que não queria que esse momento terminasse. E infelizmente ele era tênue e frágil como um fio de cabelo.
— Você não pode me deixar… — Escutei a frase patética escapar da minha boca, mas não liguei. Entretanto, eu sabia que ela não ficaria. O coração de Scarlett Cesarini era como uma cidade fantasma.
E eu já morri uma vez tentando entrar nele.
A resposta que eu esperava não veio em palavras, mas sim em forma de um beijo. Um beijo intenso, apaixonado, lascivo e urgente. Senti seus lábios carnudos devorarem os meus e retribuí com a mesma fome ardida, sugando sua língua, movendo a minha de encontro a dela.
Eu estava caindo. Caindo no abismo profundo, escuro e a queda dolorosa só pôde ser amortecida pela própria pessoa que havia me atirado lá.
Scarlett. Sempre foi ela. Me pergunto quando não foi ela.
— Faz amor comigo — Ela pediu com a boca grudada à minha e eu não pude negar. Nunca negaria, mesmo que estivéssemos em uma sala cheia de fios, com mais nada a não ser caixas de som.
— Como você quiser… — Falei a carregando no colo, caminhando rumo à caixa de som maior enquanto não desgrudava os lábios dos dela.
Acomodei-a sobre o equipamento, peguei minha camisa com uma das mãos, arranquei-a pela cabeça e a atirei longe, enquanto suas unhas arranhavam meu peito nu.
— Diego… — Ela fechou os olhos chamando meu nome com a voz rouca, e gemeu quando baixei a parte de cima do seu vestido e mergulhei os lábios em seus mamilos rígidos e sensíveis. — Isso é tão bom… — Minha boca percorreu sua pele quente, sugando a pele macia do pescoço, mordiscando sua orelha, até trilhar o caminho de volta para brincar com seus mamilos um pouco mais. Gastei um bom tempo beijando e lambendo enquanto ela agarrava minha cabeça e esfregava as pernas uma na outra, sufocando gemidos.
Uma onda de calor desceu por meu torso e meu pau foi a meio mastro quando ergui seu vestido, e deliberadamente afastei sua calcinha para fazer uma inspeção fugaz do quanto estava molhada.
— Ah, Deus, como você tá molhada, amor… — Sussurrei beijando a pele macia das suas coxas, usando as mãos para apertá-las também. Inspirei seu cheiro doce, e minha boca trilhou beijos até o ponto onde o calor maior pulsava. Inclinei o rosto e lambi o clitóris num movimento lento e provocante que a fez gemer. Suas pernas ficaram moles e com uma olhadela percebi que ela tinha fechado os olhos.
Meu cérebro ficou nebuloso quando chupei seu clitóris ao mesmo tempo que movi o dedo devagar para dentro dela.
— DIEGO! — Meus olhos se fecharam quando Scar rebolou em minha boca, e eu sabia exatamente o momento em que ela iria gozar. — Ai, Deus. Não para! Estou quase!
Continuei sugando o pontinho que pulsava em minha boca, com lambidas gentis e lânguidas até que um grito sufocado de prazer escapou da boca dela, seu corpo inteiro tremendo.
— Meu pau tá tão duro, Scarlett… Você me deixa com tanto tesão…
Me posicionei sobre ela, e a sua visão me deixou atordoado por um momento. Era tão linda, perfeita, delicada... a minha perdição, o meu tormento, o meu pecado.
Eu estava mais duro que aço quando pressionei o pau em sua entrada, e com uma mão Scar me conduziu para dentro dela, como se estivesse ansiosa demais para esperar.
Meu coração se acelerou de forma descontrolada quando a penetrei e procurei seus lábios para beijá-la enquanto entrava e saía devagar, gemendo e escutando seus doces gemidos e os sons suaves que sua boca produzia. Quando nossas línguas se encontraram, Scarlett deu um gemido desesperado que fez todo o meu corpo vibrar.
— Ah, que gostosa ... Meu Deus, Scar ... — Meti cada vez mais forte, tirando e entrando, a preenchendo enquanto sua boceta apertadinha estrangulava o meu pau. — Eu te amo, te amo, te amo… — Entoei sugando o lábio inferior de sua boca.
E então devagar, com um suspiro ruidoso, saí de dentro dela, que se manteve aberta diante de mim e uma expressão confusa se formou no seu rosto.
— O que foi? Parou por quê?
Dei de ombros, fingindo indiferença, mas meu pau latejava, pulsando até a barriga.
— Você nunca disse que me amava.
Os olhos lindos e doces se reviraram nas órbitas e ela cruzou os braços.
— É sério isso, Diego?
Fiz que sim com a cabeça.
Alguns segundos depois ela deixou um sorriso bobo entortar seus lábios e eu sorri também, porque era impossível não fazê-lo.
— Eu sei que isso vai acabar com nós dois. E eu sei que tô ferrada — Seus braços envolveram meu pescoço e meu corpo se aproximou do dela. — Mas eu te amo. E te odeio também, nessa ordem.
— Foi tão difícil assim, anjo?
Ela meneou a cabeça.
— Não, não foi... Agora mete em mim.
Tentei sorrir, mas o som que saiu de minha garganta foi um gemido estrangulado, enquanto eu fazia exatamente o que ela mandou.
Entrei devagar, sentindo as paredes do seu sexo me sugando e apertando como uma luva de seda, e depois meti mais fundo, mais rápido, até ambos estarmos gemendo, desesperados e suados enquanto corríamos em direção à linha de chegada.
Aquilo parecia certo de tantas maneiras. Era como se eu voltasse a respirar e minha vida voltasse a ter sentido.
Era utópico, surreal e grandioso todas as vezes em que ficávamos juntos assim. Entretanto, parte de mim sabia que seria breve. Ninguém podia ter tudo, e eu não a merecia. Nunca mereci.
— Assim mesmo… Oh… — Meu quadril se contraiu e Scar me apertou mais forte, como fazia todas as vezes antes de gozar. Eu sempre me continha para deixá-la gozar antes, mas dessa vez, era tão etéreo, sobrenatural e maravilhoso, que chegaríamos ao orgasmo juntos.
Ou, foi o que pensei.
— Ah, encontrei os pombinhos.
Scar e eu congelamos quando ouvimos aquela voz. Ela tinha um sotaque diferente, o R meio enrolado, e não a reconheci de imediato.
O homem cambaleou, dizendo algumas palavras atropeladas em nossa direção.
Scar escondeu o rosto em meu peito e sussurrou angustiada “é Simon” e reconheci o nome de todas as vezes em que ela reclamou do cunhado, que era tão repugnante quanto a irmã dela.
— Essa festa tá demais, não acha, Ribas?
Visivelmente bêbado, o americano passeou pela sala enquanto fuçava e mexia nos botões das caixas de som.
Scar apoiou as mãos em meu peito e notei, me amaldiçoando e me culpando por isso, que ela estava chorando.
Seu corpo se moveu um pouquinho e involuntariamente sua boceta deu um espasmo em volta do meu pau, e meus olhos se apertaram enquanto eu tentava não gemer.
— Simon, sai daqui — Grunhi raivoso — Vai embora, porra.
E então eu o senti mais perto, e sua risada diabólica preencheu o ar.
— Caralho. Você tá dentro dela?
Eu precisava me afastar para usar meu punho na cara prepotente daquele imbecil, mas Scar me segurou com força, me impedindo de sair.
— Congratulations, capitão! Vejo que não perdeu tempo. A vadia é mesmo gostosa.
— Filho da puta. — Rosnei, mas Scar implorou que não saísse de perto dela. Seus braços seguraram meu ombro e ela laçou meu quadril com as pernas.
— Acho que vou sair mesmo. Tenho muita coisa pra contar pra minha noiva… E acho que ela vai adorar dar todos os detalhes sórdidos para o seu pai, Scarlett.
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