- Bom dia! – Jin puxa Soo Yun pela cintura e a beija gentilmente.
- Bom dia! – Responde baixinho o arrastando para um canto. – Eles podem acordar a qualquer momento!
- Eu sei e isso torna as coisas bem mais divertidas!
- Pensei que fosse eu quem gostasse do perigo SeokJin.
- Você é meu maior perigo Lee Soo Yun.
- Oh Deus, pare com isso! – Afastou. – Está tentando ser romântico? Á essa hora da manhã?
- Na verdade... – Soltou a garota e começou a descer a escada lentamente. – Estive pensando que Yoongi é um tenente. A Nari também carrega arma, então provavelmente ele também carregue. E ele deve ser bom nisso! Me arruma um colete?
Soo Yun gargalhou.
- Ele não é esse tipo de pessoa, fique tranquilo.
- Hum, tá defendendo ele Soo Yun?
- Está com ciúmes SeokJin?
- Deveria? – Puxou-a novamente selando seus lábios.
- Com certeza não. O que vamos fazer hoje?
- Não tenho nenhuma cirurgia programada para hoje. Provavelmente antes das 21hs estarei livre e você?
- Nada também, vai direto pra minha casa?
- Não, acho melhor você vir para a minha. – Sorriu. – Temos mais privacidade.
- Sim eu concordo e tem previsão de chuva forte pra hoje. É melhor mesmo.
- Por quê? Tem medo de chuva?
- Não! Claro que não, é só que no seu quarto tem aquela janela grande de vidro. Eu gosto de ver a chuva, como na noite em que nos beijamos pela primeira vez.
Jin encarou a garota e apenas sorriu. Sentia o coração disparar, era uma sensação boa. Não conseguia entender como os menores gestos podiam tornar cada momento especial. Jamais prestou atenção naquela janela. Sempre deixava as cortinas completamente fechadas para que conseguisse dormir melhor. Sequer tinha se atentado á esse detalhe.
Mas agora sabia que jamais esqueceria daquilo e a partir daquele dia, deixaria a janela á vista. Livre das cortinas para que sua garota pudesse olhar a chuva deitada em sua cama.
- Não se atrase menina! – Abraçou-a mais uma vez.
- Você também não!
...
Cruzou os braços e apoiou no topo da escada.
- Me deve cinquentinha. – Comentou bocejando.
- Desde quando você sabe? – Taehyung encarou a amiga. – Nari, desde quando você sabe?
- Desde sempre Tae, mas só tive certeza agora.
- Mas que droga! O que a Soo Yun está pensando?
- Ela não está pensando, pelo que podemos observar. Nem ela e nem o Jin. De qualquer forma, vamos ficar de olho nesses dois.
- Tem razão. Acha que eu deveria falar com ela?
- De jeito nenhum! Ela vai repelir você, vamos esperar e ver o que acontece. Se ela correr perigo nós intervimos.
- Acha mesmo que isso pode acontecer?
- Não sei.
...
(Dois meses antes)
Soo Yun já havia estado em confronto armado antes, mas aquele ali era completamente diferente de tudo. Ouvia os tiros de todas as direções. Não conseguia ter visão de absolutamente nada!
Correu para o lado e mergulhou no chão dando uma cambalhota. Parou ao lado de um soldado.
- Qual a situação? – Perguntou ansiosa.
- Eles são em muitos, capitã! Precisamos de reforços.
- Está bem, volte para a base! Vou lhe dar cobertura, peça reforços nacionais e passe a situação completa para a base 5. Eles devem saber o que fazer! – Abaixou-se um pouco mais. – Avise o governo, avise que estamos decretando estado de alerta.
- Sim capitã! – O garoto bateu continência e se arrastou.
Soo Yun pegou o walkie-talkie.
- Atenção todos! Dêem cobertura ao soldado Dong, ele vai voltar para a base e pedir reforços!
Soo Yun aproveitou a trégua de tiros a correu de costas até Yoongi.
- O que está acontecendo? Por que estão nos invadindo?
- Acredito que estão fazendo testes nucleares. Podem estar nos distraindo!
- Desgraçados! Malditos, vamos avançar pelas laterais. – Correu. – Passe o comando! Vou para a costa.
- Soo Yun não! Fique perto de mim!
- É uma ordem Yoongi, passe a porcaria do comando.
Correu para a beirada da costa quando sentiu o tiro na costela. Foi jogada á quase um metro de distância. Sentia o devaneio, o barulho estridente no ouvido.
No fundo da mente escutava Yoongi gritando seu nome. Estava atordoada.
- SOO YUN, SOO YUN!
- Calma! Pegou no colete... – Passou a mão por cima da bala que ficara presa ao colete. – Vá! Dê o comando.
- Eu não vou deixar você!
- É uma ordem Yoongi, vamos acabar com esses desgraçados!
- Tome cuidado, por favor!
- Deixa comigo.
Soo Yun correu seguida por mais dois soldados. Ao se aproximar da costa parou, não acreditava no que estava vendo.
O que estava acontecendo afinal?
Via uma pequena embarcação atracando. Não era uma embarcação coreana, podia dizer só de olhar. Não estava longe da costa, mas também não estava tão perto.
Viu á sua frente os soldados norte-coreanos preparando-se para explodir a embarcação.
Mirou no atirador de elite deles e atirou. O homem caiu da montanha na beira da praia. Chamou a atenção para si e o tiroteio recomeçou. Um dos seus homens foi atingido.
Soo Yun sentia o coração bater na têmpora. Estava perdendo o controle da situação, estavam em menor número e despreparados. Não entendia o que aquela embarcação estava fazendo ali àquela hora do dia.
Correu para o homem ferido e levou uma mão no ferimento pressionando.
- LEVE O DAQUI!! – Gritou. – ANDA, TIRE-O DAQUI!
- MAS E VOCÊ CAPITÃ?
- VAI!!!!
Correu para o lado e quando os soldados inimigos perceberam que dava as ordens começaram a persegui-la.
Soo Yun correu para frente e se jogou ao lago do soldado mais próximo. Via seus homens se movimentando feito formigas. Não tinham direção, não tinham ordem, não tinha visão, não tinham nada.
- POSIÇÃO! – Pediu.
- É UMA EMBARCAÇÃO HOLANDESA CAPITÃ!
- ILEGAL?
- SIM, NORMALMENTE TRAZEM PRODUTOS ILEGAIS PARA A COREIA DO NORTE.
- ELES ESTÃO PROTEGENDO A EMBARCAÇÃO ENTÃO? OS PEGAMOS EM FLAGRANTE?
- PROVAVELMENTE CAPITÃ.
- FILHOS DA MÃE!
- ORDENS CAPITÃ!
Soo Yun levantou irada. O ódio borbulhava seu sangue.
- EXPLODAM ESSA MALDITA COREIA DO NORTE! – Gritou para todos.
Os soldados se assustaram ao ver sua capitã correndo de frente para os soldados coreanos. Só esperaram para vê-la cair, mas isso não aconteceu.
Yoongi sentia o coração sair pela boca. O que Soo Yun estava fazendo? Estava louca?
Correu em sua direção. Precisava fazer alguma coisa.
- VOCÊS OUVIRAM A CAPITÃ, VAMOS EXPLODIR AQUELE DITADOR MALDITO!
...
- Não é muito, eu prometo! – Jin chamava por um taxi.
(Para onde está indo?)
- Estou indo resolver uns problemas do hospital Soo, mas prometo ir direto pra casa depois disso. E você?
(Vou resolver uns assuntos do meu pai, vou pra casa tomar um banho e subo em seguida.)
- Está indo tirar satisfação com seu pai de novo Soo Yun?
(Não Jin, eu prometo que não. Eu tenho um assunto pendente que preciso resolver. Se não fizer isso hoje não terei mais chance.)
Jin conferiu o relógio.
- Agora são quase 21hs, que hora acha que consegue estar livre?
(Em uma hora estou na sua casa, pode ser?)
- Pode sim, não vou levar quinze minutos pra resolver o problema. Vou pedir comida chinesa, o que acha?
(Perfeito! Vou desligar, depois nos falamos.)
- Está bem, até mais tarde. – Respirou fundo. – Soo?
(Oi?)
- Eu te amo.
(Eu também Dr. Kim!)
Jin esperou a garota desligar. Entrou no taxi e ligou para Hoseok.
- Hobie?
(Estou de frente para o seu carro, para onde eu levo?)
- Leve-o para o meu prédio, por favor.
(Jin o que está havendo?)
- Estou indo para o tal compromisso.
(Está brincando comigo! Jin você não pode fazer isso, nós dois juramos que não íamos...)
- Eu não pude recusar Hobie, preciso ir e ver o que vai ser do meu destino.
(E se ela gostar de você? Vai se casar com uma garota que sequer conhece?)
- Eu consigo ser insuportável quando quero Hobie, quer dizer, mais insuportável do que costumo ser. Ela não vai gosta de mim. E outra, nenhuma mulher se sente feliz sabendo que é prometida desde os 10 anos de idade.
(Caramba Jin! Faz vinte anos que você praticamente sabe com quem vai passar o resto da vida!)
- Na verdade não sei, não faço nem questão de saber. Mas isso vai acabar hoje, eu a convencerei a desistir.
(Para qual restaurante vai?)
- Jihwaja. Meu pai fez essa reserva há um ano, acredita? Cretino.
(Nossa Jin, boa sorte cara.)
- Obrigado Hobie e, por favor, não conte a ninguém onde estou.
(Claro. Até mais!)
Jin entrou no restaurante, confirmou a reserva e foi direto para a ala vip. Sentou e respirou fundo, tinha chegado a hora. O momento que ele tanto temeu a vida toda. Sabia da história desde que completara 10 anos de idade.
Jamais quis conhecer a garota que o próprio pai tinha escolhido para ele. De qualquer forma, era direito deles decidir desde que ambos estivessem de acordo. Tinha esperança de que pudesse convencer a garota a desistir.
Sentiu o coração disparar. Estava ansioso, não queria machucar ninguém. Sabia que diferente dele a garota poderia muito bem saber quem ele era e ter gostado da ideia. Seria decepcionante, mas ele não se importava.
Tudo o que queria naquele momento era encerrar logo aquele assunto para voltar para a casa e pegar Soo Yun nos braços. A chuva já caía forte em Seul, antes não gostava, detestava a umidade. Mas agora não parava de sorrir ao lembrar-se da pequena garota falando da chuva com tanto entusiasmo. Ela adorava, então ele faria um esforço.
Poderia abraçá-la embaixo dos cobertores e conversarem a noite toda enquanto as gotas escorriam pela vidraça.
Ouviu uma pessoa agradecendo o garçom do lado de fora e quase engasgou com a água. Era agora! A maçaneta da sala girou e a porta se abriu. Seu queixo praticamente descolou da mandíbula.
A garota vestia verde. Um coturno preto e barulhento, a farda habitual militar, a boina caída para o lado. O cabelo preto e torto já quase encostava no ombro de novo. Um dos olhos tinha um tom esverdeado clarinho.
- S-soo?
A garota estava tão espantada quanto ele.
- Pensei que fosse resolver uns problemas do hospital.
- E é por isso que estou aqui. O que você faz aqui?
- Estou aqui para resolver o problema do meu pai. – Ela respondeu séria cruzando os braços.
SeokJin sorriu e debruçou na mesa.
- Então ambos estamos aqui para resolver o problema dos nossos pais?
- Na verdade eu vim até aqui para convencer meu futuro noivo a não me aceitar... – Falou pensativa. – Você ia fazer o mesmo certo?
- Claro! Por que acha que eu disse que não levaria 15 minutos? – Parou de sorrir na hora. – Mas você disse que demoraria uma hora, por quê? Estava pensando em conhecer o rapaz? Heim Lee Soo Yun?
- Na verdade eu ia pra casa antes.
- Acho que podemos jantar então? – Jin perguntou sorridente. Não conseguia controlar o coração. Nunca se sentiu tão feliz e aliviado ao mesmo tempo. Jamais imaginou que Soo Yun pudesse ser a garota para a qual estava prometido desde os 10 anos de idade.
Seria mesmo o destino lhe dando uma oportunidade? Seria mesmo o destino que levou Sophie porque na verdade era com Soo Yun que deveria viver para o resto da vida?
- E então Lee Soo Yun, não vai me pedir para desistir? – Perguntou enquanto tirava o celular do bolso. Encarou o número na tela e viu que era seu residente.
- Eu jamais vou desistir de você Kim SeokJin. – Respondeu brincalhona.
- Alô?!
(Dr. Kim, é o Kang. Eu descobri tudo! Pode me ouvir agora?)
Por algum motivo Jin sabia que deveria desligar o telefone e beijar Soo Yun como jamais havia feito antes. Por algum motivo Jin sabia que deveria esquecer tudo aquilo e recomeçar sua vida com a garota que já tão desesperadamente amava. Ela permanecia em pé, tirava a farda encarando a chuva na janela. Os olhinhos brilhavam e ele sabia que tanto quanto ele, ela estava feliz.
- Posso, claro que posso. O que descobriu?
Soo Yun sentiu uma pontada no estômago. Uma sensação desconfortável com a pergunta do rapaz e encarou. Viu o brilho no olhar de Jin se tornar opaco. O leve sorriso que enfeitava os lábios se tornou uma linha reta e a respiração estava ofegante.
Como se tivesse corrido milhas, como por exemplo: da costa da fronteira, até o hospital Kim.
Alguma coisa estava errada.
...
Soo Yun estava parada na chuva. As gotas caíam geladas no rosto, a capa cobria farda, mas a face estava exposta e fria. Detestava tirar conclusões precipitadas, mas a vontade de chorar era maior que tudo. Tinha quase certeza e ás vezes, ter certeza era o pior sentimento.
Nari parou o carro e Soo Yun entrou apática.
- Vai pegar uma pneumonia garota, o que houve?
- Estou indo encontrar meu futuro noivo. – Soo Yun respondeu.
- Nossa, seu pai não desistiu mesmo né?
- Você sabia? – Encarou a garota que dirigia com calma.
- Sim, meu pai me disse que você e Taehyung fariam isso. Que você era prometida a um filho de um amigo de infância, e Taehyung a alguém que devesse algum favor a seu pai. Pelo visto, meu pai deve favores a ele e eu sou o pagamento. Mas que caral...
- Oh Nari! – Chamou a atenção da garota. – Hoseok não gosta de palavrões!
- Hoseok não quer saber de mim e eu também desisti.
- Aishhh...
- Vai pedir para ele não aceitar? – Provocou.
- Vou e espero que ele faça o mesmo.
- Mas e se por acaso você gostar do rapaz?
- Impossível! – Soo Yun semicerrou os olhos. Era suspeito. - Sabe quem ele é?
- Sei sim. – Nari provocou.
- Quem é?
- Acho que você não conhece, entra e vê. É um gatinho!
- Isso vai ter troco garota!
- Beleza Capitã Lee....boa sorte lá!
- Parece que vou precisar mesmo. – Desceu do carro em direção ao restaurante.
As imagens rodavam em sua cabeça. As palavras de Mathew Scott, o sonho estranho que havia tido a noite passada na casa de sua mãe. Tudo se juntava em sua mente como um grande quebra-cabeça do inferno.
Não podia ser. Seria muita coincidência, e além de coincidência, MUITO azar.
Soo Yun ficou pensando em como as coisas surgiam em sua vida. Em como conseguia resolver um problema e logo em seguida mais dez surgiam. Cada um superando em número e grau o anterior. Se a vida fosse uma pessoa, com certeza estaria tirando sarro da cara dela naquele momento.
Deixou a capa de chuva na entrada e partiu para a saleta vip que seu pai havia indicado. Iria acabar com aquilo de uma vez por todas. Nem se deu ao trabalho de trocar de roupa, foi de farda mesmo para que fosse rápido.
Abriu a porta e deu de cara com Kim SeokJin. Quase não acredito no que viu. Como poderia ser justamente ELE a pessoa que seu pai havia escolhido para ela há 20 anos atrás? Impossível. Sabia que isso tinha dedo do pai, sabia que ele o havia feito para se vingar de Jin. De qualquer forma descobrira cedo ou tarde.
Não que fosse uma coisa ruim. Pelo contrário, era a melhor notícia que poderia receber. Mas naquele momento específico, naquele dia chuvoso, naquele turbilhão de pensamentos. Se pudesse parar o tempo ou pedir um desejo, pediria que a pessoa sentada naquela mesa não fosse Kim SeokJin.
Teve certeza disso quando viu os olhos do rapaz a encarando tão frios quanto a chuva que caía lá fora.
Dizem que existe uma linha tênue entre o ódio e o amor. E que ela pode ser ultrapassada sem a menor dificuldade. Soo Yun teve certeza naquele momento.
Ele a odiava.
E ela até aquele momento, não sabia que o amava tanto. Tanto que chegava doer.
...
(Dois meses antes)
Ouvia os ruídos dos tiros por todos os lados. Soo Yun encarava com desespero seus homens sendo abatidos e sequer conseguia chegar até eles. Correu até ficar mais próxima da costa e ajoelhou sobre a Red Lin para recarregar.
Ouviu o chamado.
(Capitã Lee, câmbio, Capitã Lee!)
- Capitã Lee na escuta!
(O reforço vai chegar em uma hora.)
- Uma hora? Mas que merda, não temos tempo!
(Capitã recebemos um comunicado do governo norte-coreano. Eles acreditam que a embarcação que está atracada na costa, trata-se de um navio americano que veio nos ajudar a invadir o território norte-coreano e impedir os testes nucleares previstos.)
- MAS QUE CARALHO! ESTÃO NOS ATACANDO POR ISSO?
(Nosso governo mandou um comunicado, mas ainda não tivemos resposta.)
- EU VOU MATAR TODOS ELES!!!!
Soo Yun desligou e passou a informação pelo rádio. O soldado mais próximo se jogou ao seu lado com o ombro sangrando.
- Capitã!
- Kim você está bem?
- Sim, foi no ombro. Vou ficar bem!Capitã...São mercadores trazendo pessoas e produtos ilegais para o país. Temos autorização para matá-los.
- Não vamos matá-los! Nossa briga é com aqueles ali. – Apontou para o território inimigo. – Depois vemos o que podemos fazer com eles.
Mal dito Soo Yun se jogou no chão novamente. Viu algumas pessoas correndo pela costa e o barco zarpando o mais depressa possível.
- Filhos da puta, deixam as pessoas como se fossem gado para o abate! – Soo Yun sentiu o sangue ferver.
Aparentemente nada passava impune aos olhos norte-coreanos. Atiravam para todos os lados. Viu as pessoas na praia caindo uma a uma.
Soo Yun gritou.
Gritou tão forte que pensou que seu pulmão ia explodir. Armou seu rifle e atirou! Atirou sem pensar para todas as direções onde via a farda marrom ridícula daqueles soldados de merda. Ia matar um a um mesmo que isso lhe custasse a vida.
Não tinha motivo nenhum para continuar viva mesmo.
Correu para mais próximo das pessoas que caíam quando o tiroteio cessou.
Do nada.
Assim como uma chuva passageira no verão.
Viu Yoongi correr em sua direção. Estava extremamente sujo e desesperado. O walkie-talkie em seu bolso emitiu um chiado e ela o pegou.
(Capitã, os governos entraram em acordo. Vão cessar fogo!)
- Mande os jipes para cá, temos muitos feridos.
(Estamos com apenas um capitã. Os outros foram buscar outros soldados..)
- VENHA COM ESSE MESMO SOLDADO! AGORA!
Soo Yun respirou fundo. O coração já desacelerava, o incômodo no estômago começava surgir. Queria reunir seus homens e contar um por um.
- Soo! – Yoongi chegou puxando-a para um abraço apertado. – Você está bem?
- Estou sim e você?
- Estou bem. – Puxou o radio da mão dela. – Tenente Min, câmbio. Me falem seus números na ordem, por favor.
(1, 2, 4, 6, 7, 9, 12, 15, 16 Estão bem senhor! Soldados 3, 8, 11, 13 estão feridos.)
- E os soldados 5, 10 e 14?
(Estão mortos senhor, sinto muito.)
- Recolham-nos! – Yoongi encarou Soo Yun que estava com os olhos arregalados. – Recupere-se Soo! Precisamos de você agora.
- Estou bem! – Encarou o soldado 18 que estava ao seu lado. – Vá até as pessoas na praia, veja se alguém sobreviveu.
- SIM SENHOR! – Garoto gritou e correu para a costa.
Soo Yun viu ao longe o jipe chegando e encarou Yoongi. Suspirou aproveitando o ar que entrava e levava para fora todo seu desespero.
Sorriu para Yoongi e viu aquele momento passando em câmera lenta diante dos seus olhos. Yoongi arregalou os olhos e gritou alguma coisa que ela não conseguiu entender. Olhou para cima da montanha e viu o franco-atirador com a mira em seu peito.
Não conseguiu pensar em nada.
- NÃOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO!!!! – Gritou enquanto via Yoongi pulando em sua frente como um escudo. O homem disparou uma, duas, três, quatro vezes antes do soldado ao seu lado lhe estourar os miolos com seu rifle que estava pendurado na mão.
Viu Yoongi cair com a cabeça nas pedras e jogou-se em cima dele.
- Yoongi....Yoongi acorde! Yoongi está me ouvindo? – Gritou. – YOONGI ACORDE SOLDADO VOCÊ NÃO TEM PERMISSÃO PARA ME DEIXAR! SEU IDIOTA! QUEM TE MANDOU FAZER ISSO!!
- Capitã! – O soldado chegou correndo. – Tem umas nove pessoas na praia, três estão vivas ainda. Posso trazê-la para o jipe?
Soo Yun encarou o soldado ao seu lado e o que dirigia o jipe que veio correndo. O rapaz ao ver seu tenente nos braços de sua capitã tirou a boina da cabeça em respeito.
- Capitã, só conseguiremos levar cinco pessoas no jipe. A próxima embarcação vai chegar em uma hora.
Soo Yun abraçava Yoongi sentindo o sangue melar sua farda. A voz não saía, entendia que deveria agir diferente. Foi treinada para ser fria e agir de acordo com a situação, mas falhou miseravelmente.
Estava com sua vida em seus braços.
- Levem-no! Ele ainda está vivo... Peguem os outros quatro soldados mais feridos.
- Mas e os civis capitã?
- SÃO BANDIDOS SEU INUTIL! SÃO MALDITOS HOLANDESES ILEGAIS TENTANDO ENTRAR NO PAÍS! ESSES SÃO HOMENS QUE ESTÃO MORRENDO TENTANDO SALVAR A DROGA DO PAÍS!
- S-sim capitã!
- QUE MORRAM ESSES DESGRAÇADOS! POR CULPA DELES ESSES MALDITOS NORTE-COREANOS NOS ATACARAM. ME OBEDEÇAM! AGORA!!
- SIM SENHOR! – Os dois soldados gritaram em uníssono levantando o corpo desfalecido de Yoongi.
Soo Yun encarou as pessoas deitadas na areia suja da praia e gritou. Gritou aos céus e ao inferno. Gritou como nunca tinha gritado antes. Queria escalar aquela montanha e decapitar o filho da mãe que tinha atirado em Yoongi.
Era para ter sido ela.
Era para ela estar morta!
Virou as costas para a praia e marchou para o jipe.
‘Malditos sejam norte-coreanos do inferno! Yoongi seu idiota!’
...
Soo Yun continuava paralisada. As memórias a golpearam e o quebra cabeça foi completo com sucesso.
(Um dia antes)
- O que quer me explicar Mathew?
- Há algumas coisas que não posso falar por lá. Somos vigiados o tempo todo.
- A garota que tentou entrar no país realmente chama Sophie. Não tinha sobrenome, e o motivo por metanfetamina é real.
- Não entendo...
- Já aconteceu de pessoas daqui barrarem a entrada de outros no país por ‘n’ motivos. E normalmente algumas dessas pessoas optam por uma terceira via.
- Como assim terceira via? O que está querendo dizer?
- Entrada ilegal. O seu país não é exigente, mas há casos e casos. Várias embarcações ilegais trazem drogas e até pessoas para a costa coreana. A namorada do seu amigo pode ter tomado essa decisão. Nada nunca é seguro quando se trata disso.
- Não acho provável Sr. Scott, ela ligou dizendo que ia para o hotel e tudo mais.
- Bom Srta Lee, minha intenção foi só alertá-la. Procure saber. Para uma pessoa como você, não deve ser difícil conseguir esse tipo de informação. Afinal, é o exército que cuida desses assuntos.
...
Soo Yun foi trazida para a realidade com um solavanco. Jin ainda mantinha o celular na orelha.
- Posso, claro que posso. O que descobriu?
(Foi muito difícil porque esses soldados são muito leais. Mas aparentemente houve um tiroteio na costa, perto da fronteira entre as duas Coreias. Parece que o exército nem sabia para onde estava atirando, a embarcação da moça deixou-a na praia e partiu. Aparentemente o capitão da equipe ordenou que os deixasse lá já que estavam ilegal no país. Quando a embarcação chegou, esse tal capitão Lee disse para levar somente os soldados e que o resto poderia esperar. Como as armas que usavam eram pesadas, nenhum resistiu e ele deixaram todos lá. Só trouxeram a moça loira porque um soldado a colocou escondida na segunda embarcação. Se ela tivesse sido trazida na primeira vez, teríamos salvo a vida dela.)
Jin a encarava enquanto o residente lhe contava o que tinha ouvido.
- Capitão Lee você disse...
(Sim Dr. Kim, Capitão Lee. E o soldado disse que no trajeto esse capitão ainda disse que sua vontade era que todos daquele navio morressem, pois por culpa deles seus soldados estavam feridos. Dr. Kim, esses caras do exército não tem coração. São treinados para serem frios e só se preocupam com eles mesmos. Não dê importância para isso, o senhor fez o que pôde.)
- Obrigado. – Desligou e fechou os olhos. – Soo Yun...
- Jin o que foi? Aconteceu alguma coisa?
- Some da minha vida. Esqueça que me conheceu, esqueça tudo sobre mim! Você matou a mulher que eu amava.
- Jin eu posso explicar, não é bem assim! – Soo Yun avançou, mas parou no meio do caminho. – Jin eu te amo!
Dizem que existe uma linha extremamente tênue entre o ódio e o amor, e que ela pode ser ultrapassada facilmente.
- Eu te odeio Capitã Lee! E farei você pagar com a vida.
É o que dizem.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.