História The Return of the Soldier - Levi Ackerman (Rivaille) - Página V

"...eles dizem que lar é onde seu coração está inalterável/ é onde vai quando está sozinho/ é onde você vai para descansar seus ossos..."

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"Não vou limpar! Quando soubemos que viria, deixamos tudo perfeito. A casa está limpa; e você é maluco!".

Era o que Elizabeth dizia minutos antes de ser persuadida. Ajoelhada com um lenço no cabelo, ela esfregava o chão de madeira com uma escova de lavar roupas e um balde cheio de espumas. Era evidente que era em demasiado exagero essa faxina.

"Com força! Está medíocre. Se não fizer direito vai ter de recomeçar. Sei que não é o seu desejo, ou é?", disse Levi usando lenços também, tirando todo o pó com uma flanela húmida e outra seca - para ele o espanador somente espalharia a poeira pelo ar.

"Não mesmo! Por que não posso usar um esfregão?".

"Assim é mais eficaz", afirmou Levi com firmeza, observando Liz inclinar-se ficando de quatro com o quadril voltado para ele limpando da forma que lhe era exigida.

"Você é um daqueles sadistas, não é? Que sentem prazer no sofrimento alheio. Apenas um sádico entediado e sem sexo faria alguém limpar uma casa desse jeito".

"Calada, Carter! Tenha atenção na sua tarefa...!", fez uma pausa olhando o resultado, "depois pode limpar os vidros das janelas".

Levaram a maior parte do dia para deixa-lo satisfeito. Ao terminarem, Levi e Elizabeth foram banhar-se, sairiam para comer fora. Na realidade, o soldado gostaria de visitar Eren. Liz o ajudou a subir com a cadeira a pequena colina. A árvore estava solitária, era um ótimo lugar para um cochilo a tarde. Ela não perdeu tempo, tirou seu chapéu de palha com fita deitando-se na grama baixa, Levi recusou o convite de acompanha-la.

"Pirralho idiota!", resmungou baixo sem rancor. Sentia uma grande tristeza em como tudo se deu. Gostaria de tê-lo vivo, assim como todos os que se foram. Seu sentimentalismo fazia-se mais forte que nunca. Sua feição imutável era traída pelo olhar sôfrego, seu corpo carregava o peso da guerra e sua alma o peso das vidas perdidas.

"Capitão, por que voltou? Acho que todos desejam sair, ainda mais com os Yeageristas no controle. Se não quiser responder tudo bem", perguntou Elizabeth olhando o vôo dos pássaros no céu alaranjado pelo crepúsculo.

"É o lugar que conheço como lar", respondeu simples.

"Sente que pertence este pedaço de terra?". Levi assentiu. Quando com Isabel e Farlan (sua família de vida), sonhavam em viver ali na superfície das muralhas, era o que carregava em seu coração, assim como era difícil de se desprender do passado na Tropa, e de Erwin também.

"Hoje de manhã, quando fui buscar nosso café da manhã", iniciou ela deitada, "Foi entregue um convite, um jantar dedicado a você, Levi. Um comerciante viúvo concorrente do papai, com três filhas gêmeas". Tirou de dentro do decote do espartilho o papel da carta amassado entregando a ele. "guardei aqui antes de sairmos para não me esquecer de te entregar". Ele pegou guardando no bolso sem dar importância, espiar a blusa dela aberta era mais interessante.

"Capitão Levi?", era uma voz feminina.

Viraram-se, eram Mikasa chegando com flores, Armin e Jean.

"Pirralhos... vieram?!", disse ele animado.

"Olá! Capitão, e Elizabeth, certo?", perguntou Armin. Ela confirmou levantando-se. "Essa é Mikasa. Mikasa, ela é Elizabeth, Dama de Companhia da Rainha Historia".

"Olá, Armin e Jean! Oi, Mikasa!", disse Liz sorridente, "Você é linda!".

"Obrigada! É um prazer!", respondeu tímida.

"Oi, Elizabeth! Ela está cuidando bem do senhor, Capitão?", disse Jean malicioso.

"Claro que estou...! Sou boa trabalhando com as mãos. Levi quem está acabando com as minhas costas; fiquei de quatro pra ele por horas, só pra se satisfazer. Ficava dizendo que queria com força... Estou exausta!", contou Liz.

Os três arregalaram os olhos, parados sem saber o que dizer.

"Com a limpeza, seus idiotas, satisfazer na limpeza.", proferiu Levi impaciente estalando a língua.

"Olha... o que eu pensei não passou nem perto", confessou Jean rindo. E foi seguido pelos demais. Elizabeth ficou toda vermelha.

"Vocês não crescem!", disse o Capitão, "Senhorita Carter, estou indo. Vejo vocês depois!".

"Está bem! Até mais... tchau!". Despediram-se todos. Levi já estava a sair quando Liz esbarrou na cadeira de rodas, ao se inclinar para apanhar seu chapéu na grama. O Ackerman desceu a colina tentando parar, com Liz correndo atrás aos berros desculpando-se.

Levi bradou, "SUA VADIA!".

"Só na cama, Capitão. E, fique avisado: se me chamar de vadia de novo, corto fora seus testículos, faço um par de brincos e vendo como souvenir numa loja de bugigangas inúteis! Seu estúpido!". Levi até fechou um pouco as pernas com essas palavras. Os gritos eram ouvidos de longe.

"Acha que vai sobreviver?", perguntou Mikasa.

"Ah, acho que o Capitão Levi não faria nada a ela...", respondeu Armin.

"Não é isso. Acha que o baixinho sobrevive a ela?".

"Ela vai destruir ele! Quase o matou com um beijo na bochecha", riram outra vez, "verdade! Connie também viu. Acho que o Capitão se deu bem...".

No caminho de volta, Liz e Levi em silêncio ouviam os resmungos, "olhem o Capitão Levi, ele levou uma mordida do Titã Mandíbula e sobreviveu", "ele parou o Estrondo!", e outros tantos, que aborreciam-no, além da falta de mobilidade das ruas de Paradis.

"Imagine como eles ficariam acabados se soubessem da sua personalidade maníaca por limpeza", sussurrou Liz.

"Hange...", disse ele baixinho parando onde estava. Ela também parou, o esperando avistou uma casa à venda.

"Está tudo bem com você? Teve um devaneio de repente".

"Estou. Só me lembrei de alguém", proferiu acompanhado de um longo suspiro.

"Como era Hange? Foi comandante da Tropa de Exploração, certo?", perguntou Liz para ter certeza que ele não estava confuso.

"Foi. Era uma quatro-olhos maluca de um jeito genial, com uma paixão doentia por Titãs. Era muito amiga... me salvou", disse ele sem se controlar em um momento raro permitindo transparecer seu íntimo.

"Parece alguém fácil de amar", afirmou ela colocando a mão no ombro de Levi, ignorando seu sentimento de raiva por como foi chamada. "Estão vendendo uma casa do outro lado da rua. Isso pode animar você. Voltaremos amanhã, já separei alguns anúncios do jornal, alguns conhecidos ficaram de me avisar também". Ele concordou, estranhamente o percurso continuou até o fim sem ela fazer som algum.

Ao chegarem em casa Liz recordou que deveria comprar o jantar. Porém Levi insistiu em cozinhar, dizendo para ir trocar-se após deitar na grama. O que ele estava tentando era desculpar-se. Era inegável que Elizabeth possuía beleza, e um bom senso de humor, e personlidade ímpar, e estava disposta a ajuda-lo vinte e quatro horas do dia se necessário, mesmo que fosse difícil admitir, era alguém que valia a pena preservar próximo, seria idiotice fazer o contrário. Agora que as mortes já não eram frequentes, formar laços não era tão arriscado.