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História The Secrets of Shangri-la: Episódio 1 - Prólogo: Chen 1 - O sonho do Tigre - História escrita por palexeyu - Spirit Fanfics e Histórias
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História The Secrets of Shangri-la: Episódio 1 - Prólogo: Chen 1 - O sonho do Tigre


Escrita por: palexeyu

Notas do Autor


Sejam Bem-vindos!

alguns disclaimers rápidos:
- A história é inspirada na mitologia chinesa, mas como a gente não é chinês sintam-se livres para corrigir caso falarmos algo errado ou ofensivo.
- Ela vai ser episódica, ou seja, cada episódio irá contar uma parte da história (igual uma saga de livros) que vão ser postados separadamente, mas fazem parte da mesma história.
- Esta é uma longfic, então tenham calma.
- Relevem qualquer erro de revisão, nosso revisor tem insônia

Espero que se divirtam, dê seu feedback e vamos espalhar a palavra de Shangri-la

Capítulo 1 - Prólogo: Chen 1 - O sonho do Tigre


Fanfic / Fanfiction The Secrets of Shangri-la: Episódio 1 - Prólogo: Chen 1 - O sonho do Tigre

 

  “Aquele que luta com monstros deve acautelar-se para não tornar-se também um monstro. Quando se olha muito tempo para um abismo, o abismo olha para você”. -Friedrich Nietzsche

 

  

O ar era gélido e parecia não querer se movimentar, preso e tenso como o olho de um furacão. O silêncio preenchia a sala escura e a névoa abraçava o corpo arrepiado do garoto que caminhava por entre o desconhecido, tateando um caminho que não se apresentava facilmente.

 

A cada passo, seu estômago parecia afundar mais em um tenebroso abismo. As gotas de suor, cada vez mais abundantes, banhavam a camiseta do pijama colorido, deixando-o encharcado. Chen estava em mais um de seus sonhos lúcidos.

    

Um farfalhar de vozes confusas ressoa ao longe e, assim que o som chegou aos seus ouvidos, foi possível sentir uma energia tomar conta do ambiente, quase como se fosse física, uma eletricidade ao mesmo tempo sombria e nostálgica.

   

A névoa passou a se dissipar no eterno vazio enquanto as vozes se tornavam cada vez mais claras. Gritos que clamavam por nomes, pedindo socorro ou piedade aos seus invisíveis e distantes algozes. Assim que deu mais um passo, o garoto pôde finalmente enxergar um portal chinês tradicional, como os que via comumente em templos.

 

O portal dava entrada a um caminho de uma mata profunda. Ao atravessá-lo, Chen foi mergulhado nas sensações do bosque. As vozes pararam de repente e apenas os murmúrios do farfalhar de folhas e das respirações de animais eram possíveis serem ouvidas. A névoa, antes misteriosa, agora caía como um véu sobre os ramos esverdeados das árvores que balançavam gentilmente. A luz da lua embrenhava-se por entre as folhas para banhar o ambiente de tons de azuis cintilantes e etéreos tons de aço. O vento forte, mas ainda assim fresco, trazia os aromas de terra molhada e flores, acalmando seu corpo como se tivesse em uma visão idílica.


Assim que seus batimentos cardíacos acalmaram, percebeu a terra tremer debaixo dos seus pés como se começasse a ceder. À sua volta, as luzes refletidas pela lua desapareceram, deixando, novamente, apenas o escuro. Até que pequenas esferas azuladas passassem a surgir em meio a relva, orbes de fogo que pareciam prestes a desaparecer dançavam no ar como em um magistral ballet sobrenatural.

 

O fogo fátuo desapareceu tão rápido quanto chegou, penetrando o solo que parecia secar até que se incendiou. As chamas azuis consumiram o bosque e, mesmo no calor crescente, Chen não conseguia se afastar, hipnotizado pelas cores a sua volta. Antes que qualquer coisa pudesse acontecer, o garoto avistou em um canto protegido do fogo, uma porta de madeira robusta e, sem hesitação, entrou.

 

Chen se viu, de repente, em uma cafeteria comum do centro da cidade. A primeira coisa que percebeu foi a porta de entrada do lugar sendo aberta e apenas saiu por ela. Agora estava em um beco escuro, a chuva fria caia sobre si e um estridente barulho de carros e pessoas estavam próximos. Ao olhar para o horizonte, percebeu que eram sem dúvidas os arranha-céus de Chicago se projetando orgulhosamente.


Assim que se virou para sair do beco, ouviu um grupo de garotos chamando-o da direção oposta em que estava indo. Eles eram altos e aparentemente musculosos, alguns até mesmo portavam tacos de beisebol ou canos.

           

Eles aproximaram-se gritando coisas incompreensíveis e chamando-lhe de um nome que não conhecia. O mais alto dentre eles precipitou-se como se fosse empurrar-lhe contra o chão, mas no último segundo desviou para o lado. Assim que olhou em volta, Chen pôde enxergar um garoto com uma estatura baixa, parecida à sua, caído no chão.

 

Chen não conseguia se mover e viu, impotente, uma sequência de murros ser desferida contra o desconhecido a sua frente que quase que instantaneamente, ficou desacordado. Ele logo foi carregado e levado à uma van preta que parecia destoar do grupo que a dirigia. Mesmo que paralisado, tentava impedir que o garoto fosse levado, mas ele estava bloqueado como se estivesse cercado por paredes transparentes. Seus pés não conseguiam sair do lugar. Ainda com todos seus gritos e movimentos desesperados sua luta era inútil, a porta da van foi fechada e saiu arrancando pelas ruas, deixando-o para trás.

 

Apenas um instante depois, a chuva parecia mais gelada, era como se o garoto sentisse uma pontada para cada gota que caia sobre si. Sentia uma dor imensa ao ver a água escorrendo pelo cimento e envolvendo o sangue no chão ao mesmo passo que levava as lágrimas que caiam abundantemente dos olhos de Chen. Mesmo que sua mente gritasse tentando avisar que aquilo se tratava apenas de um sonho, a culpa de não ter feito nada ainda caía sobre seus ombros, levando-o a ajoelhar no chão pedindo que aquilo acabasse.

 

De repente, apenas deixou de sentir a chuva tocando-lhe a pele e, ao observar, tudo à sua volta já havia mudado novamente. 

 

Ele estava em um templo antigo. Pesadas colunas de madeira sustentavam um teto em formato triangular coberto de desenhos coloridos. Assim que passou a explorar o local, sentiu uma vibração tomar conta de toda a construção como se o prédio irrompesse em direção a si. As paredes de pedras antigas ganhavam rachaduras profundas que pareciam crescer cada vez mais que o tempo passava.

 

Chen caminhou de forma cada vez mais apressada pelos corredores vazios procurando uma saída daquele labirinto de pedra que parecia prestes a cair. Quando passou a sentir as vibrações do chão tornarem-se mais intensas e as estruturas a cederem, chegou em um pátio aberto em um formato retangular, onde a ponta norte era guardada por uma mureta, separando-o de um penhasco infindável.

 

Em cima da estrutura, observando o abismo calmamente, se encontrava um tigre de bengala tão grande quanto um homem em pé. As manchas negras e brancas nos pelos alaranjados pareciam se mover como ondas sincronizadas aos lânguidos e resignados suspiros que lançavam lufadas de vapor quente. O calor que todo o corpo animalesco liberava encontrava o ar frio do cume da montanha e pareciam ser a fonte de uma geração de tornados torrenciais.

 

O garoto, silenciado e intimidado pela presença, sentia a vibração do templo destruindo-se a sua volta, mas continuava a observar a aura alaranjada que dominava o tigre a sua frente, desprendendo-se e flutuando pelo ar como se fosse fogo transformado em carne e Chen simplesmente se aproximou da criatura como se sentisse compelido a fazê-lo.

 

O gigante felino virou-se, encarando-o com os olhos escancarados e quentes. Ele pôde observar em suas orbes, milhares de imagens que jamais conseguiria descrever, cores, constelações e um universo que parecia dobrar-se em pequenos milímetros. Ao fundo, ouviu uma porção de vozes, que pareciam levadas pelo vento cortante, misturando-se e banhando os ouvidos do jovem de uma tempestade de lembranças nostálgicas que jamais conhecerá. 

 

Os gritos guturais e raivosos transformavam-se em trovões e relâmpagos que pintavam o céu de luz, os cantos e lamentos se transmutavam em úmidos cristais de água, que carregavam as nuvens e os sorrisos e selares ascendiam velozmente em direção aos céus para trazer a chuva, que banharia os destroços esquecidos do tempo.

 

As rachaduras já indomáveis se espelhavam por todo os lados e, mais uma vez impotente naquela noite, Chen apenas conseguia observar o iminente cataclisma. O tigre revelou seu último olhar e, enquanto permaneciam naquela dinâmica de segundos que pareciam horas, todos os sons a sua volta pareciam aumentar de volume continuamente como se acompanhassem a degradação.

 

Antes que qualquer som pudesse sair de seus lábios, o garoto observou o animal flexionar as patas traseiras e pular em direção a imensidão congelada, em direção ao abismo.

 

Imediatamente, o som das rochas cessou. A tempestade que vinha pareceu recuar e, das rachaduras, orgulhosas e lindas flores laranjas brotaram, dando boas vindas a vida que poderia voltar a andar por aqueles corredores. Um momento de completo silêncio invadiu o templo tão subitamente que o garoto precisou de alguns segundos para sua mente processar o ocorrido.

 

Chen, agora acordado do choque, correu imediatamente em direção à mureta, encarando o abismo como se buscasse por respostas, mas nada encontrou. Dentro dele, o sentimento de impotência e ameaça transformou-se rapidamente em um vazio complexo e vital. Antes que qualquer outra coisa acontecesse, assustado e sem fôlego, despertou em sua cama.

 

O celular despertava escandalosamente preenchendo o cômodo de ruídos de algum rock alternativo. Jongdae sentia como se um caminhão tivesse passado por cima de seu corpo seguidas vezes. Assim que abriu os olhos e a claridade o tomou, lembrou que mais uma cansativa semana de aulas havia começado.

 

O sonho era repassado cena por cena em sua cabeça, sensação por sensação. Mas, quase como se estivesse gravado a ferro, os olhares do tigre e do garoto segundos antes de ser nocauteado rondavam seu subconsciente como fantasmas e não davam qualquer impressão de que algum dia iriam embora.

 

Assim que levantou e desligou o despertador, aproveitou para checar algumas mensagens do fórum, que já se acumulavam na casa de centenas. Geralmente não era muito fã de ver as caixas de mensagens lotadas, mas sabia que muitas delas seriam em resposta a sua última Postagem.

 

Os sanguessugas corporativos estão acabando com o hospedeiro” era estampado em letras garrafais como título no site. No último artigo, assinado por seu pseudônimo Chen, Jongdae utilizou os repentinos e inexplicáveis últimos apagões para narrar acidentes e desastres causados por grandes corporações na história americana e isso de alguma forma gerou muito engajamento. 

 

Assim que iniciou a leitura, chegou no que ele chamava de “primeira camada”, os comentários menos aproveitáveis, digamos assim, que se distribuíam entre gritos de “conspiracionista”, xingamentos pessoais e alguns até mesmo usando os termos célebres, que Jongdae entendia como:

 

Termo 1: Comunista. Sugeria que de alguma forma ele fez uma boa crítica a qualquer âmbito da sociedade que viviam.

Termo 2: Anti patriota. Esse era reservado aos posts bons o bastante pra alguns acreditarem que violava a segurança nacional.

Termo 3: Alienado. A estrela brilhante de ótimo aluno dos comentários de ódio, sinalizava que a crítica tinha tocado as crenças mais pessoais do leitor.

 

Logo em seguida vinha a “segunda camada”, com comentários um pouco mais proveitosos, que no geral se tratavam de elogios, críticas mais curtas, porém construtivas e até mesmo um grupo de comentários repleto de deboche, mas que era possível tirar algum tipo de aprendizado.

 

Contudo, era na terceira camada onde as coisas realmente aconteciam. As críticas mais bem elaboradas que fomentavam debates e as discussões acaloradas que dominavam a pauta e horas da rotina de Jongdae.

 

Ele leu uma porção de mensagens, se divertindo com algumas antes de perceber que se demorasse mais um minuto para entrar no banho perderia o começo de mais uma de suas aulas de antropologia. Enquanto caminhava em direção ao banheiro, checou pela última vez sua barra de notificação, esperando uma mensagem de alguém bem específico.

 

Assim que avistou o início da mensagem, clicou imediatamente. Estava um pouco mais atrasado do que era normal, já que geralmente vinha assim que postava algo. Assim que começou a ler a mensagem, já sabia quais argumentos “ele” usaria para criticar seu artigo. Conhecia cada uma das estratégias de Xiumin, como era seu nome de usuário. Seu maior crítico e inimigo no pequeno universo do fórum.

 

Uma rivalidade tão clara e reconhecida que dividia os participantes fixos em dois grupos onde pareciam prestes a duelar até a morte a qualquer momento. Todo esse clima, no entanto, sempre acabava controlado pelos respectivos líderes que protagonizavam batalhas épicas de argumentos e evitavam que isso acabasse se tornando apenas discussões vazias. Tudo funcionava como uma espécie de Guerra Infinita com toques duplos de nerdice.

 

Assim que terminou de ler a crítica, Jongdae sentiu que estava prestes a explodir com os dedos já batendo contra a tela violentamente e a mente cuspindo milhares de palavras por segundo. Ele estava cem por cento preparado para rebater cada linha do texto recebido. Seu celular era bombardeado por dezenas de mensagens de seus parceiros de grupo, comentando a resposta de Xiumin, dando destaque em como ele havia sido cauteloso e altamente crítico embora concordasse com boa parte do conteúdo.

 

"Ele claramente está fazendo isso só pra te incomodar’’, dizia uma das mensagens. "Ele concorda com você, cara. Só não quer dar o braço a torcer’’, dizia outra.

 

Assim que ele terminou de escrever mais um dos parágrafos, sentiu uma brisa tocar a pele nua do tronco e, como se despertasse de um transe, lembrou-se de que estava prestes a entrar no banho. Lançando o celular em direção a bancada ao lado da pia, apressou-se em terminar de se despir e entrar no boxe. No entanto, antes que concretizasse a ação, observou no chão úmido uma marca de terra escura em formato de algo que parecia uma pegada. Exasperou-se e, quando olhou para própria sola, constatou que ele mesmo havia deixado a marca, mesmo que tivesse certeza que ela não estivesse assim na noite anterior.

 

Antes que chegasse a qualquer conclusão, percebeu que, ao observar sua figura no espelho, em seu braço direito havia um pequeno avermelhado que parecia se tratar de uma queimadura. Jongdae se sentiu estranho. Aquilo também não estava ali antes.

 

Flashes repentinos de seu sonho tomaram conta de sua mente com tamanha velocidade que o fez se apoiar na pia à sua frente antes que caísse. Sua pressão arterial despencou e seu estômago contraiu como se buscasse expulsar qualquer coisa que estivesse ali dentro.

 

Quando notou que sua visão começava a escurecer, sentiu o looping de cenas na sua mente acelerar cada vez mais assim como o som dos gritos se tornaram ensurdecedores. As luzes do cômodo piscavam como se fossem explodir a qualquer momento e, cada vez que ficava no escuro, Jongdae enxergava mais claramente as imagens, como se estivesse mergulhando novamente naquele universo; ele já começava a sentir a chuva tocando-lhe a pele ou o frio abraçando-lhe. O rosto cheio de sangue do garoto encarava-lhe pedindo ajuda e as rachaduras agora pareciam destruir seu próprio banheiro.

 

Jongdae abriu as gavetas em meio a angústia, procurando pelo pote repleto de pílulas que geralmente usava quando perdia o controle, como agora. Quando abriu a porta do banheiro, notou que as luzes de seu quarto piscavam ainda mais fortemente. Tateou pela penumbra de luzes coloridas dos abajures de seu quarto até encontrar em sua mesa de cabeceira o que precisava, retirando da embalagem duas pílulas lilases.

 

Antes que levasse o medicamento à boca, notou as luzes parando imediatamente de piscar e tudo desligar como em um apagão. Em seguida, ouviu no cômodo ao lado um barulho estridente vindo da Tv. 

 

Enquanto sua mãe reclamava, Jongdae correu até o aparelho tentando entender o que estava sendo noticiado.

 

— Continuado a onda trágica dos últimos dias, a delegacia do primeiro distrito notificou nesta madrugada o desaparecimento de mais um jovem…

 

Logo que ouviu o que a repórter havia dito, sentiu novamente o sentimento de náusea tomar conta de seu corpo e assim que o viu, ali na tela bem à sua frente, os olhos já conhecidos por sí, o encarar novamente, naquele dia teve certeza que os flashs que inundavam sua mente não poderiam se tratar apenas de um sonho.

 


Notas Finais


Parabéns, você concluiu a primeira etapa dessa jornada. Espero que tenha gostado :)

Primeiramente, essa história ia ser feita em formato de AU no twitter, mas a gente viu que não ia funcionar muito bem e resolvemos mudar. Então pra não rolar nenhuma confusão, se você já leu essa história, foi pq uma versão inicial dela foi postada no twitter. Porém muitas coisas irão ser mudadas.

Nosso twitter é: @pettypepi_ e @palexeyu

Estamos muito felizes em postar esse nosso projeto (que já ta sendo escrido a dois anos) e espero que vocês consigam sentir um pouco do amorzinho que a gente ta colocando nessa história.

Tivemos a ideia inicial a partir das artes de @CassandraJP (twiiter), sugerimos que dê uma olhada no trabalho dela, pra uma imersão maior do que estamos propondo.

A princípio, vamos postar toda segunda e sexta por volta das 19hrs. Até lá C:

Playlist:
spotify: https://open.spotify.com/playlist/2H8rvorYn5ehOQB0Gwx0yw?si=aPmyIf7mSbmKGwAP1DrLsA
youtube: https://www.youtube.com/watch?v=uwkLZg6WDek&list=PLFJhvAcI0OJtwn_cj6G0r0PnF4tWJl1gt


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