Enquanto a base principal da máfia russa era transferida para outro local, Viktor levou Yuri para uma das bases secundárias, onde alguns "cientistas" cuidavam de sua dieta e de seu treinamento. Em poucas semanas, o rapaz japonês já estava em seu peso ideal, e ainda estava musculoso por causa do treinamento. Alguns testes foram feitos durante o treinamento, comprovando que Yuri tinha uma velocidade incrível, nenhum ser humano era capaz de ser tão rápido e ágil como ele. E seu apetite era muito forte, não deixando nenhuma dúvida sobre ele ser o pecado da Gula. Apesar de não entender oque estava acontecendo, Yuri apenas aceitou entrar para a máfia por causa de Viktor.
Os três comandantes e o novato estavam reunidos no refeitório, almoçando. Yuri estava quieto, tentando fingir que não percebia que Viktor o estava secando.
-Ah, eu amo tanto o Japão... -no momento em que Viktor disse isso, Yurio, que estava ao seu lado, pisou em seu pé.
-Sabemos que você ama o Japão. Enfim, comandante, já esclareceu todas as dúvidas do novato? -Yurio estava se segurando para não dar um soco na cara de Viktor.
-Não, ele não me perguntou nada...
-Como deixam um incompetente como você ser comandante-chefe de uma máfia como a nossa!? É claro que ele não ia perguntar! Olha só pra você, com essas roupas e armas, até eu ficaria intimado na sua presença se fosse ele!
-Comandante Plisetsky, se acalme... -Otabek disse, sonolento.
-Me desculpe, Senhor Nikiforov, eu pensei que não tinha permissão para perguntar sobre isso... -Yuri ficou envergonhado.
-Não se preocupe, você tem permissão para perguntar sobre oque quiser! Pode perguntar sobre o porquê de estar aqui, sobre nós, sobre o tamanho do meu...
-Comandante Nikiforov, não complete essa frase... -Otabek continuou comendo, sem desviar o olhar de seu prato.
-B-Bem, eu gostaria de saber mais sobre vocês, ou até mesmo sobre mim mesmo... -Yuri abaixou a cabeça. -Eu ainda não entendi muito bem sobre eu ser a Gula...
-Vamos começar pelas apresentações! Eu sou Viktor Nikiforov, sou o comandante-chefe da máfia russa e também sou o pecado do Orgulho. O jovem loiro ao meu lado é o Yuri Plisetsky, subcomandante e o pecado da Ira. E aquele ali é... -Viktor olhou para Otabek, que dormia sobre o prato de comida. -...Otabek Altin, o outro subcomandante. Como pode perceber, ele é o pecado da Preguiça.
-SENHOR ALTIN! -Yurio o chutou. -Não durma enquanto come! Você pode sufocar com a comida!
-Isso é lenda, Plisetsky... -Otabek limpou seu rosto.
-Você não pode ficar treinando mira por tantas horas, você já é um ótimo atirador! Está acabando com energia, mais do que já acaba normalmente!
Yuri se divertia com a cena. Viktor o olhava com um sorriso bobo no rosto, mas logo teve de voltar com sua expressão séria, pois o japonês voltou a encará-lo.
-Continue, Senhor Nikiforov...
-Enfim. Eu realmente lhe devo explicações em relação á suas habilidades. Isso tudo começou quando o governo americano utilizou seres humanos como cobaias para testarem uma nova droga experimental. Segundo eles, essa droga poderia acabar com doenças que até o momento não tinham cura. Algumas pessoas foram levadas para o laboratório, onde aplicaram a droga nelas. Infelizmente, algo deu errado, e as cobaias começaram a enfraquecer e a morrer. As que restaram continuaram recebendo mais doses para continuarem vivas. Anos depois, eles arranjaram mais cobaias e testaram outra droga, que para a felicidade deles, deu um bom resultado, bom até demais. Os humanos começaram a ganhar habilidades especiais, e então se rebelaram. Vários cientístas foram mortos e, para parar o massacre, resolveram apagar a memórias das cobaias, para que não se lembrarem de toda tortura que sofreram... -Viktor contava a história, com um sorriso no rosto. -Mas até que foi divertido!
-Se o senhor me permite, posso perguntar o porquê de você saber dessa história? -Yuri estava um pouco assustado.
-Porque eu fui umas das primeiras cobaias. Felizmente, eu consegui fugir de lá, trazendo comigo outras pessoas... -Viktor desviou o olhar e colocou a mão no queixo. -Estou começando a me lembrar de algo importante...
-Oque!?
-É um assunto particular, vá até meu quarto mais tarde, te explicarei melhor... -Viktor se levantou e já ia embora, mas Yuri o segurou pela manga da blusa.
-Espera! E quanto aos outros humanos que você tirou de lá!?
-Alguns deles ficaram comigo, como os Comandantes Plisetsky e Altin, mas outros foram para a máfia americana...
-Máfia americana!? Me conte mais sobre ela! -Yuri insistia.
Viktor suspirou e se sentou novamente.
-Okay, vou lhe contar. A máfia americana é comandada por três dos pecados: Jean-Jacques Leroy é o pecado da Inveja, Christophe Giacometti é o pecado da Luxúria e Phichit Chulanont é o pecado da Ganância. Eles estão procurando nossa localização, então você deve saber que quando ver qualquer atividade suspeita, é para me avisar na mesma hora, entendido?
-Sim, senhor! -Yuri ficou pensativo. -Phichit é da máfia americana...?
-Você o conhece...?
-Eu... não me lembro. O nome é familiar, mas eu realmente não me lembro...
-Entendo. Bem, agora tenho de me retirar, até mais tarde. -Viktor foi embora.
Yuri olhou para os dois subcomandantes, que comiam rapidamente, fingindo não estarem incomodados com o assunto.
-Me desculpe, eu pensei que seria uma boa hora para esclarecer minhas dúvidas...
-É, mas estava errado. Tenha um bom dia. -Yurio disse em um tom sério, logo se levantando e indo embora.
Otabek continuou ali, encarando o rapaz que estava envergonhado com a situação.
-Droga, eu devia ter ficado calado... -Yuri apoiou sua cabeça sobre a mesa.
-Não se preocupe com Yurio, ele é assim mesmo. Ele não está bravo, só ficou um pouco incomodado ao se lembrar do passado. -Otabek falava, tranquilamente.
-E você, não se incomoda?
-Só um pouco, mas não posso mudar o passado. Você é um dos pecados, tem direito de saber sobre oque aconteceu com você. Foi uma época terrível para nós, mas estamos bem melhores agora, não acha?
-É, você tem razão.
-Sim, eu tenho. Bem-vindo a família, futuro Comandante Katsuki. -Otabek sorriu e deu um soco de leve no ombro dele. -Vá treinar agora, mais tarde você terá de ir visitar o comandante.
Yuri lutava com outros mafiosos, sempre os vencendo com sua velocidade. As horas se passaram rapidamente, e ele percebeu que ainda tinha de ir até Viktor. O rapaz caminhava cautelosamente pelos corredores, procurando o quarto do comandante. Ao achá-lo, bateu na porta, esperando uma resposta.
-Quem é? -a voz grossa do russo perguntou de dentro do quarto.
-É-É o novato, Yuri Katsuki! -Yuri respondeu, um pouco envergonhado.
-Oh, Yuuri! Entre!
Ao abrir a porta, o japonês se deparou com uma cena um tanto quanto estranha. Viktor estava de pé em frente ao criado ao lado de sua cama, apenas com sua roupa íntima, enquanto injetava uma seringa com um líquido azulado dentro em seu braço.*
-O senhor está bem...? -Yuri estava preocupado.
-Ah, estou. Não se preocupe, foi como eu disse, eu tenho de injetar isso em mim mesmo para que eu continue vivo. Fique a vontade para sentar onde quiser, o quarto também é seu. -Viktor piscou para ele.
Yuri sentou em uma cadeira e ficou o observando acabar oque estava fazendo. Ao guardar as coisas, o russo puxou outra cadeira e se sentou perto dele.
-Então... sobre o que queria falar...? -Yuri tentava não encará-lo.
-Sabe, eu disse que consegui fugir do laboratório junto com outras pessoas, certo?
-Certo.
-Mas tinha um garotinho muito fofo que eu não consegui tirar de lá. Eu sempre conversava com ele e o prometi levá-lo comigo, mas os cientistas conseguiram capturá-lo e apagar sua memória, e é claro, o esconderam num local que nem mesmo eu consegui achar. Eu não o vi por muitos anos...
-Eu sinto muito por isso... -Yuri fez uma cara triste. -Ele devia ser muito importante para você.
-É verdade, ele era. Era a coisa mais linda que já havia visto...
Yuri ficou um pouco enciumado. Ele começava a ficar interessado no russo, e isso o incomodou um pouco.
-E... você se lembra qual era nome dele?
-Lembro, era um nome lindo, combinava muito com ele...
-Como se chamava?
Viktor sorriu.
-Se chamava Yuri Katsuki.
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