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História The Silent Blade - Dilemma - Night 06: Interlude - História escrita por NekoChiDayo - Spirit Fanfics e Histórias
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História The Silent Blade - Dilemma - Night 06: Interlude


Escrita por: NekoChiDayo

Notas do Autor


Uma pausa para respirar para a próxima treta.
Gente, vocês acham que sou muito velha pra ter uma Monster High?
Elas são tão bonitas... Principalmente as menos famosas...

A playlist de hoje conta com:
- Pov's do Reita.
- Lacuna Coil, "Within me"
- The Cure, "A Forest".

Enjoy~

Capítulo 23 - Dilemma - Night 06: Interlude


New York, um ano antes.

 

Eu estava com tanto medo.

Meses antes, a perspectiva de ir para a faculdade, em outra cidade, em outro ambiente, outras pessoas, tudo isso me parecera excitante.

Eu seria adulta, não? Quer minha mãe gostasse ou não. Estaria livre do que corria em minhas veias, do segredo que só eu e minha mãe compartilhávamos.

Ali, em Nova York, eu não precisaria ser a filha bastarda de um líder de máfia. Seria apenas uma universitária comum com uma história comum.

Ajeitei a alça da mochila sobre o ombro, engolindo em seco.

Estava perdida.

- Cuidado, ‘tá escrito caloura na sua cara toda.

Olhei para trás, assustada com a repentina aproximação de uma garota de cabelos cacheados e sorriso simpático. Isso era bem mais do que eu já havia ganhado desde que chegara à cidade.

- Tá tão óbvio? – devolvi-lhe o sorriso, um pouco sem graça.

- Fica fria, acho que só eu percebi – ela tinha a desenvoltura de uma modelo, as pernas longas e a cintura fina – Sou Emily Cunningham. – ela estendeu a mão e eu aceitei, aliviada.

- Alisa Lukin.

 

*********************

 

Agora ela estava morta.

Não passava de uma boneca estirada aos meus pés.

Do lugar onde eu estava, amarrada numa cadeira, mal podia ver seu rosto, torcido para trás de um jeito estranho por causa do pescoço quebrado.

Por alguns instantes minha visão dela foi bloqueada por um vulto negro que se abaixou perto do cadáver e pegou algo brilhante.

A katana.

Apesar de tudo o que havia se passado naquelas últimas horas, eu não conseguia sentir mais nada. Estava esgotada mentalmente depois de tanta informação, depois de tantas palavras que me feriram de um jeito irreversível.

- Pode andar? – ouvi a pergunta vinda de longe e não tinha forças para responder.

Eu que xingara sem nenhum pudor antes, agora estava sem palavras ao encarar aquele corpo morto no chão. O corpo da minha melhor amiga.

Só que ela nunca existiu. Nunca existiu nenhuma Emily. Eu segui um fantasma esse tempo todo...

Novamente a sombra tirou minha atenção do cadáver.

- Hey – suas mãos de dedos frios, os mesmo que sem nenhuma hesitação havia quebrado um pescoço humano, agora levantavam meu queixo e me obrigavam a encarar aqueles olhos negros. – Pode andar?

Pisquei várias vezes até raciocinar na direção correta.

Nunca existiu nenhuma Emily.

- Posso – respondi, afastando a mão de Reita e levantando da cadeira.

Mas ainda era demais. Minhas pernas fraquejaram e acabei sendo amparada por aquele homem, cujas mãos envolveram com tanto cuidado a minha cintura que me deixavam na dúvida quanto a veracidade do ocorrido.

O corpo quebrado no chão era prova suficiente, porém.

“Eu sabia que você era bobinha, mas acreditar que esse aqui era seu amigo, meu Deus...”

- Eu ‘tô bem. – tornei a afastar Reita e me firmar em minhas próprias pernas. – Não precisa fingir que se importa. – passei por cima do cadáver de cabelos encaracolados e tentei não me lembrar de tudo que significava para mim. Não tinha mais espaço para isso em meu coração.

Ao chegar à porta, percebi que não havia passos me seguindo e olhei para trás: Reita ainda estava no mesmo lugar e me observava com uma das sobrancelhas erguidas.

- O que tá esperando?

- A sua decisão – respondeu ele firmemente.

- Que decisão?

- Você me quer ou não?

Pensei nas coisas que ele disse. Eu ainda estava confusa demais e com certeza desconfiada demais. Dei-lhe as costas e funguei.

- Mal não faz. – e saí, tentando não tropeçar nos meus próprios pés e acabar caindo para sempre na espiral de horror que se desenrolava em meu cérebro.

 

*******************

 

Apesar de entender pouquíssimo sobre a variação de emoções humanas, eu podia dizer com toda certeza que Alisa estava à beira de um colapso.

Já vira isso acontecer antes.

Quando as crianças matavam demais.

Quando eram chicoteadas demais.

Elas simplesmente quebravam.

Antes de entrarmos no carro, a vi olhar uma última vez para aquela casa e o que se desenhava em sua expressão não era o horror das últimas horas – mas uma apatia de quem já desistiu.

Talvez eu tenha ido longe demais.

Era noite agora e quando ela finalmente se sentou ao volante, suas bochechas estavam coradas pelo frio noturno. Ela passou os dedos pelo volante e se eu não soubesse que era comigo, teria assumido que ela falava com o objeto.

- Como chegou aqui?

- Peguei carona.

- Não é isso...

- O registro da ligação ficou no celular. Pedi pra Ruki rastrear a origem.

Ela franziu a testa, provavelmente incomodada em ouvir o nome de Ruki. Bom, não havia nada que eu pudesse fazer a respeito. Depois de alguns segundos, Alisa girou a chave e ligou o carro, que fez um som esquisito e parou.

- Mas q...? – ela tornou a pisar em um dos pedais, aplicando mais força e girando a chave ao máximo. Dessa vez o carro funcionou. Não fazia ideia do que tinha sido aquilo, mas não achei que fosse conveniente incomodá-la com perguntas.

Ela havia perdido demais num único dia.

Aquela maldita mulher havia falado mais do que alguém como Alisa podia suportar. Também tinha minha cota de culpa naquilo tudo, mas eu queria que Larissa Ivanova pagasse. Ela empunhara minha katana como se fosse simples e isso eu não podia perdoar. Não era algo que devesse ser segurado por outros.

Lembrei que tempo antes, fora Alisa a tocar nela. E eu chegara muito perto de matá-la... Deve ter sido ali... O momento em que alguém tão quebrado e sujo quanto eu passou a desejar...

- Não fuja mais. – o tráfego era tranquilo e logo estávamos fora da cidade, apenas tendo o céu estrelado acima – Dá trabalho.

- Mas não é essa a vida de um servo? – finalmente começava a reconhecer a ironia diária que ela empregava às palavras. Era fraca, mas estava ali – Eu não sou uma boa mestra. Vai demorar muito pra que eu te liberte.

- Desculpe por isso, mestra.

- Desculpas negadas.

 

Pov’s 3rd Person.

 

Em algum lugar de Lexington

 

A madrugada já havia começado há muito, mas Alisa não sentia sono. Tinha uma vaga certeza de ter se alimentado horas atrás em uma deserta parada de caminhões e ter tomado banho nesse lugar também por um dólar.

Toda essa ação mecânica preocupava Reita. Depois de tanto tempo em silêncio, ele começava a se questionar se eles estariam indo na direção certa, mas se lembrou de ter deixado o antigo mapa que carregava no motel Mars’ Velvet. Lançou mais um olhar à garota que dirigia e piscava ocasionalmente, a alma muito longe dali. Desviou então para o painel do carro e todos aqueles botões que ele ignorava o funcionamento; afinal reconheceu o botão do rádio e apertou-o, curioso.

 

... within me

Life's crawling and wasting my days

Another night gone and I know there

Will be another way

I'm leading myself to be free

In this eternal goodbye

 

Reita sabia pouquíssimo sobre música, mas o triste desespero naquela voz feminina o fez ficar muito atento. Na estrofe seguinte, a mulher era substituída por uma voz masculina e rascante para em seguida voltar com seu lamento.

 

Ignorance, sacrifice

Some days it's harder

Let's face it, it's all about me

Deeply into your own

 

Ao fim da canção, um dj entrou anunciando o nome da música que acabara, mas algo fez Reita se distrair e perder a informação. Metros à frente, havia uma luz que se aproximava cada vez mais e logo ela se dividiu em dois focos – faróis de um automóvel parado.

Logo a própria Alisa começou a discernir uma figura que saltava sem parar, agitando os braços na esperança de ser vista. Com as luzes dos faróis quase em cima, a garota enxergou uma mulher de longas tranças e macacão cujo semblante desesperado foi substituído por um imenso alívio.

- Por que tá parando?

- Aquela mulher precisa de ajuda. – respondeu Alisa. Em outra época, ele teria esperado um quê teimoso na voz da ruiva, mas ela parecia quase entediada.

- Pode ser uma armadilha. – avisou Reita, mesmo ciente de que ela não lhe escutaria. O carro foi parando aos poucos.

- Qualquer coisa você mata ela, não é? – era a primeira vez desde Columbus que ela lhe olhava nos olhos. Havia um desafio neles, mas não houve tempo para que Reita a questionasse, pois a estranha batia de leve no vidro da janela.

Alisa baixou o vidro e a mulher os cumprimentou, a voz agitada e tremendo de frio.

- Puta que pariu, achei que fosse morrer – ela esfregava os braços, pulando de um pé pro outro e falando muito rápido – Deu algum problema no radiador e não sei por quê...

- Pra onde tá indo? – cortou Alisa, sem nenhuma vontade de ouvir explicações.

- Hã... Ah, North Platte. – respondeu a mulher – Acho que dá pra chegar lá antes de amanhecer e...

- Entra logo – um clique mínimo e as portas foram destravadas – Isso é, se não quiser morrer de frio.

Mesmo um pouco receosa, a mulher entrou no carro, confiando na sorte que pudesse lhe restar. No banco de trás, avaliou apreensiva aquelas duas figuras silenciosas – uma mal-humorada garota ruiva que não deveria ser mais velha do que ela e um japonês loiro que usava um cachecol que lhe cobria a maior parte do rosto.

- Obrigada – agradeceu mesmo assim – Meu nome é Lisbeth, mas podem me chamar de Liz.

- Michelle Pajari – respondeu Alisa, lembrando-se da identidade falsa que Ruki lhe arrumara. Como não apresentasse Reita, Lisbeth voltou-se para ele.

- E você, quem é? – mas Reita não lhe respondeu coisa alguma e fingiu estar dormindo.

- Ele dirigiu a maior parte do dia, é melhor deixá-lo em paz. – inventou Alisa, ansiosa para que a conversa findasse.

- Ah... Own, vocês são estrangeiros? Algo assim?

- Algo assim. – ela empregou o tom necessário para que a garota não insistisse naquele assunto.

- Erm... Minha família é dona de um restaurante pequeno, posso oferecer café da manhã de graça pelo trabalho – seu tom gentil, até um pouco ansioso, resvalava em Alisa e ela quase se arrependeu de ter dado carona. – Se vocês quiserem...

- Pode ser.

Quando nada além de silêncio restava entre os três, uma batida simples e melancólica vindo da rádio preencheu o carro.

 

Come closer and see

See into the trees

Find the girl

While you can

Come closer and see

 

Involuntariamente os dedos de Alisa batucavam de leve o volante, a mente evocando a letra conhecida de sua infância e se misturando com os eventos recentes. A menina que vivia nela, cega, surda e muda. O que nunca existira...

 

I'm lost in a forest

All alone

The girl was never there

It's always the same

I'm running towards nothing

Again and again and again

 

- Você gosta de The Cure? – cochichou Lisbeth, preocupada em não “acordar” Reita – Quando eu ‘tava no ensino médio, tinha uma banda cover com uns colegas e...

Alisa desligou o rádio antes que o solitário acorde de baixo anunciasse o fim de A Forest. Lisbeth engoliu em seco, encostando-se ao encosto do banco o máximo possível e tentando suprimir o corado em suas faces.

- Desculpa – murmurou.

- Não é culpa sua. – respondeu Alisa, sem tirar os olhos da estrada.

Uma fina linha rósea começava a ser desenhada no horizonte.

Muito longe, em Columbus, as moscas começavam a ser atraídas pelos cadáveres deixados para trás.


Notas Finais


Descansadxs?
Em três dias teremos fanservice? Sim, teremos!

Até~


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