...
A cabeça de Soobin latejava, e seu corpo começava a tremer um pouco. Seus pulsos, tornozelos e braços estavam muito bem amarrados. Ele nunca conseguiria sair de lá sozinho.
Provavelmente ainda estava vivo só porque alguém ia lá todo dia para o ajudar, o alimentar direito e o livrar das pesadas correntes que o impediam de se mover por pelo menos alguns minutos.
Mas ele não lembrava o nome da pessoa que o ajudava.
Ah, qual era mesmo o nome dela?
Ele havia a visto na festa do último ano de seu colégio...
Mas a garota não estudava com ele, então provavelmente nunca lembraria seu nome.
De qualquer forma, ele era grato pelo que a garota fazia.
Não sabia o porquê de estar o ajudando por pura e boa vontade, mas ainda assim, era melhor do que ficar sob os cuidados de Hyunjin e passar fome. Além das agressões físicas e verbais, é claro.
Sua vida virou um verdadeiro filme de mistério, drama e terror em menos de seis meses.
Se pelo menos o impacto fosse menor, talvez ele ainda estivesse se mantendo firme sob a pressão de amar alguém pela primeira vez e não poder ter essa pessoa para si sem nenhum problema.
De qualquer forma, mesmo sem o drama, violência e ação, ainda é difícil.
Amar alguém é difícil.
- Soobin! Eu cheguei! - uma voz feminina disse, logo após o som de uma porta ranger.
O moreno virou sua cabeça levemente olhando na direção da garota. Ele não conseguia falar, pois havia uma fita em sua boca que o impossibilitava para tal ato.
Afinal, era um sequestro.
A garota de fios curtos se aproximou rapidamente, retirando a fita dos lábios de Soobin cuidadosamente, colocando a sacola que levou consigo no chão.
O Choi já havia se acostumado, era melhor sentir sua pele e pelinhos serem arrancados e puxados do que levar uma pancada nas costelas.
- Prontinho - ela sentou no chão, a sua frente, sorrindo pequeno - Eu trouxe mais comida, se quiser. Mas você já sabe as recomendações, seja rápido, eles podem chegar a qualquer momento - colocando seus fios para trás da orelha, ela pegou a sacola mostrando para o Choi.
- Obrigado, mas eu não estou com tanta fome. Talvez só um lanchinho já baste - ele disse, se ajeitando na cadeira.
- Como quiser - ela sorriu - Ah! As correntes, mil perdões - ela rapidamente se colocou atrás do mais alto, rompendo as correntes com alguma ferramenta que o moreno não saberia nomear.
- Obrigado mais uma vez - ele sorriu fraco.
A garota acenou com a cabeça, sorrindo novamente.
Ela se sentou no chão novamente, apoiando o peso do corpo nas mãos.
O moreno não podia negar, gostava que ela estivesse ali.
Era uma companhia. E quando ela não estava lá, ele passava o resto do dia sozinho, solitário, jogado naquele galpão escuro e sujo.
Com certeza procuraria saber seu nome quando estivesse livre.
Por agora, a própria disse que era melhor que ele não soubesse, por questões de segurança.
Porque Hyunjin e seus capangas acreditavam que ela só ia lá para dar a menor quantidade de comida possível para ele e talvez o torturar um pouco.
Ela poderia enganar qualquer um sobre o jeito doce e solidário que realmente tinha. Afinal, tinha um estilo de "bad girl", usava jaquetas de couro, tinha piercings nos lábios e nas sobrancelhas, e também algumas tatuagens no pescoço e braço esquerdo.
Mal sabia o Hwang que na verdade, ela nunca havia torturado ninguém, nem seguido as ordens do loiro...
Soobin sabia que ela não vinha sozinha. Outra garota vinha com ela, mas ficava na porta, não poderia entrar.
Pelo que Soobin ouviu, não queria entrar.
A garota de fios curtos se levantou, vendo o Choi terminar de comer seu samgak kimbap. Ela lhe lançou um último sorriso, antes de pegar a bolsa e voltar a amarrar o moreno com novas correntes e colocar outra fita em sua boca. Qualquer vestígio de que Choi não estava sendo mal-tratado pela garota, e ambos estariam fritos.
- Quer comer mais alguma coisa? - ela perguntou, e o moreno negou - Tem certeza? - dessa vez ele acenou positivamente com a cabeça - Tudo bem então. Agora, eu vou indo. Tchau tchau, toggi - ela riu baixinho, indo até a porta.
O moreno riu anasalado pelo apelido. Não era a primeira vez que ela o chamava assim, mas sempre era divertido pelo modo que ela dizia.
Ele tombou a cabeça para trás, na intenção de dormir.
Algum tempo se passou. Minutos. Até ele ouvir passos, e o som de uma arma ser disparada.
Ele, que estava quase dormindo, quase pulou da cadeira. Só não levantou porquê estava amarrado.
O sons o assustaram. Seu coração se acelerou e seu sangue começou a correr por suas veias cada vez mais rápido.
Oh céus, uma arma havia sido disparada.
Violência.
Sangue.
Talvez morte.
O pior de tudo, é que alguém havia sido atingido. Um grito foi audível também.
Até porque onde há revólveres, sempre há problemas.
{...}
Yeonjun esperava paciente, porém ansiosamente para poder finalmente entrar naquele galpão. Ele via seu primo e o namorado dele abraçados, segurando firmemente a mão um do outro, e Beomgyu chorava silenciosamente, provavelmente de nervosismo.
Mas de acordo com o plano, eles teriam de esperar até que todas as etapas estivessem cumpridas e finalmente pudessem entrar lá para ver Soobin.
E isso era uma espécie de tortura.
O garoto de fios com uma tonalidade agora levemente pêssego se sentia agoniado.
Mesmo assim, ele aguentaria. Ele suportaria a tentação.
Pelo bem de todos.
Pelo bem de Soobin.
Ao olhar pela janela do carro em que estava, ele pôde ver uma garota sair de dentro do galpão, correndo.
Mas não parecia assustada. Pelo contrário, ela sorria.
Logo após isso, um carro estacionou um pouco adiante da entrada do lugar.
Dois homens saíram de dentro do veículo.
E Yeonjun os conhecia.
Eram amigos de Hyunjin, nunca se separavam.
Os homens, armados, se puseram um em cada lado da entrada, ambos carregando seus revólveres.
Antes que pudesse perceber, os dois já haviam entrado no galpão e o som de uma arma sendo disparada ecoou pelo galpão até chegar na rua. Um grito agoniante de dor pôde ser ouvido também.
O Choi se assustou, querendo sair do carro o mais rápido possível.
Mas o policial Kim e Seulgi o impediram, saindo do carro devagar.
O rosado, compreendendo o perigo que poderia ser, continuou apenas observando. Com o coração a dois palitos de sair pela boca.
Um grupo de policiais foi até a entrada, em silêncio, se escondendo atrás de alguns arbustos e pilares.
Dois deles deram início a abordagem, apontando as armas para dentro do galpão. Logo, começaram a gritar a famosa frase: "Mãos ao alto!".
O que pareceu não funcionar com os amigos de Hyunjin, porque ao invés de os policiais irem com cautela para dentro do galpão, eles foram correndo, chamando mais policiais.
Os capangas de Hwang pareciam estar fugindo pelos fundos.
Restando apenas três policiais do lado de fora, pois os outros haviam ido atrás dos criminosos, Seulgi andou, armada, silenciosamente para dentro da construção antiga.
E tudo ficou em silêncio.
Um silêncio extremamente torturante.
Minutos após, a Kang apareceu novamente na porta do local, sinalizando negativamente com a cabeça. O que significava que não aparentava haver mais ninguém dentro dali.
Exceto Soobin.
Todas as autoridades dali continuaram paradas, esperando.
Mas um deles parecia desconfiado.
Ele olhava para o carro em que os capangas de Hyunjin saíram, analisando a placa.
Logo, ele chamou o policial Kim.
Kim se aproximou, com sua arma apontada para baixo, e o outro policial sussurrou algo em seu ouvido.
Depois, o policial que havia rastreado o local onde Soobin estava, fez algum sinal com a cabeça, e logo eles foram cautelosamente até o carro.
Mas quando chegaram a cerca de cinco metros do veículo, o motorista acelerou o mais rápido que pôde e saiu dali.
Os dois policiais rapidamente foram em direção a um dos carros de polícia, entrando na viatura e acelerando para seguir os fugitivos.
Seulgi foi a única autoridade que sobrou para fazer a guarda da porta do galpão.
Fazendo mais uma revisão no local, com a arma carregada e o dedo indicador no gatilho, ela foi até o carro onde Yeonjun, Beomgyu e Taehyun estavam e permitiu que abrissem a porta.
- Rápido. Não podemos fazer barulho algum. Sejam o mais discretos que conseguirem - ela sussurrou, enquanto os garotos saíam do veículo.
Em passos rápidos, mas sorrateiros, a Kang gesticulou para que parassem assim que chegaram na porta.
E os três obedeceram.
A policial apontou a arma para dentro do lugar, adentrando e fazendo uma última revisão.
- Venham. Não tem ninguém aqui. E cuidado - ela apontou para um homem jogado no chão e para a poça de sangue em sua volta. Ele estava morto. Provavelmente o mesmo homem que gritou de dor minutos atrás. Mesmo assustados, eles caminharam pelo interior do galpão.
Os quatro andaram um pouco, mas pararam assim que Seulgi parou e começou a tatear seu cinto.
- Algum de vocês tem experiência, já manusearam ou pelo menos têm ideia de como se manuseia um revólver? - ela se virou para eles, com a mão na parte de trás do seu cinto.
- Eu já pesquisei sobre e já utilizei um, a algum tempo atrás - o Choi mais velho se pronunciou, mantendo o tom de voz baixo.
- Ótimo. Lembra como manusear? - Yeonjun confirmou com a cabeça - Pegue - ela tirou a mão de trás do cinto e entregou um revólver ao mais novo, juntamente a uma carga de balas - Esse local é dividido em seis cômodos - a policial apontou para as seis portas a sua frente e aos seus lados - Algum de vocês vai com Yeonjun, pela esquerda e o outro vem comigo, pela direita - se dirigindo à Taehyun e Beomgyu, ela os encarou, molhando o lábio inferior - Quem vai com quem?
O casal trocou olhares, pensativos, e então o ruivo se virou para Seulgi.
- Eu vou com você, e Beomgyu vai com o Yeonjun - ele respondeu, e todos assentiram.
- Certo - a morena se virou para o rosado - Se por um acaso acharem ele, dêem algum sinal, podem fazer algum barulho também, desde que não pareça suspeito. Nós faremos a mesma coisa caso acharmos ele. Boa sorte - ela disse, puxando o ruivo para uma sala do canto.
Yeonjun e Beomgyu seguiram na direção oposta.
A mão de Yeonjun tremia enquanto ele segurava a arma, mas ele não a soltaria.
Assim que se puseram em frente a uma das portas, o mais velho pediu para o moreno abrir a porta, e então apontou o revólver para dentro do cômodo, pronto para se defender e defender Beomgyu caso houvesse alguma ameaça ali.
Mas aquele lugar parecia apenas um depósito abandonado. Com prateleiras e alguns outros móveis cheios de poeira.
Não havia ninguém ali, o cômodo era pequeno o bastante para ter uma visão ampla de tudo apenas da porta.
Os garotos deram mais uma olhada, e então fecharam a porta novamente, seguindo para a próxima.
Ao abrirem a segunda porta, nada mudou. A segunda sala também parecia um depósito, só que maior.
Eles entraram na sala, e o mais novo ligou a lanterna de seu celular para facilitar a busca, porque o local não possuía janelas.
Cerca de segundos depois, eles ouviram um barulho, provavelmente de correntes se batendo. Um som de metal contra metal. Talvez para criar a ideia de que alguém estava tentando escapar, algo que já devia acontecer a alguns dias.
Em alerta, Yeonjun olhou para a porta, que estava aberta, e apontou o revólver para ela, pedindo para Beomgyu manter-se atrás dele.
Eles foram se aproximando da saída do cômodo, e então ouviram mais um barulho semelhante ao anterior.
Seguindo a direção de onde o som parecia vir, eles viram uma porta aberta.
Onde provavelmente Seulgi e Taehyun estavam.
Haviam achado ele.
Soobin.
Os dois foram correndo até a porta, e antes de entrarem, checaram para ter certeza de que eram Seulgi e Taehyun que estavam ali.
Eram eles.
E Soobin, amarrado em uma cadeira, com uma fita na boca. Mas era possível ver a confusão e alívio em seu rosto.
Beomgyu foi correndo até o irmão, o abraçando e deixando que algumas lágrimas caíssem, mesmo que o mais velho ainda estivesse amarrado.
Seulgi esperou o tempo do garoto, até que ele se afastasse, e tirou a fita da boca de Soobin cuidadosamente.
- Consegue falar? - a policial questionou, se agachando a sua frente.
- Consigo - o moreno respondeu, mesmo que achasse uma pergunta meio besta.
Mas ele compreendia. Afinal, ele realmente poderia não conseguir falar. Poderiam ter o dado algo, alguma substância, e também, Seulgi e todos os outros acreditavam que ele havia ficado com aquela fita na boca por cinco dias, o que era muito. Ou ele poderia simplesmente não estar falando pelo trauma, ou por nervosismo.
A Kang assentiu com a cabeça e foi para trás de Soobin, olhando aos arredores.
Havia uma ferramenta ali. Uma que geralmente era usada para romper correntes.
Seulgi não esperava isso e até estranhou um pouco. Mas aproveitou a oportunidade de facilitar as coisas.
Pegando a ferramenta e rompendo as correntes, primeiro dos pulsos, depois braços e por último tornozelos, Kang voltou para a frente do garoto.
- Está machucado? Acha que consegue andar? - ela perguntou, em um tom baixo e calmo.
O Choi ficou calado por algum tempo. Estava com medo. Seu olhar dizia isso.
Não teria coragem para dizer isso na frente deles.
A policial abriu a boca para falar algo, mas então a fechou novamente, mudando de ideia.
Kang se afastou, indo em direção aos outros três garotos.
- Vamos fazer um interrogatório agora. Eu peço, por gentileza, que esperem do lado de fora. Se escondam em uma sala se for preciso. Yeonjun tem o revólver: fique atento - ela anunciou e pediu, em um tom calmo.
Os três a encararam, confusos.
- Mas isso não vai acontecer quando chegarmos na delegacia? - Beomgyu perguntou, tombando a cabeça para o lado.
- Vai, mas a memória da vítima pode estar mais vívida agora do que daqui a três horas, por exemplo. Afinal, ela ainda está no local do crime - ela respondeu - Peço compreensão, por favor.
Os três se olharam, ainda confusos, mas assentiram, saindo do local. Seulgi fechou a porta.
- Se sente mais confortável para falar agora? - ela perguntou, se apoiando em uma das mesas que tinha ali.
- Como... Você sabia? - ele perguntou baixinho, impressionado.
A Kang sorriu e riu, largando seu revólver na mesa.
- Anos de treinamento e pesquisa sobre linguagem corporal. E talvez um pouco mais que isso também - ela respondeu cruzando os braços um pouco abaixo do peito.
Soobin assentiu.
- Se sente confortável para responder àquelas perguntas agora? - questionou, olhando para baixo - Sei que o disse isso quando cheguei aqui, mas eu sou uma policial formada com anos de experiência. Pode confiar em mim - ela sorriu pequeno, o encarando.
- Tudo bem, podemos começar - ele respondeu.
- Levante-se e tente vir até mim, por favor - ela pediu.
O Choi se levantou, como lhe foi pedido. E fez uma careta de dor. Qualquer um diria que provavelmente era pelas correntes pesadas e por não sair da cadeira por dias.
Mas Seulgi sabia que não era isso.
Enquanto Soobin ia até ela, mancando um pouco, ele tinha uma de suas mãos apoiada sobre o estômago.
Ali era o local que, ao menos, parecia doer.
- Levante sua camisa, por favor - a policial pediu, pressionando os lábios.
O Choi a encarou por algum tempo, hesitante.
Mas cedeu e seguiu sua ordem, lentamente.
O moreno não havia nem ao menos levantado sua camisa por inteiro, mas era possível ver uma série de hematomas e cortes, espalhados por todo seu estômago e peito.
E um grande corte, exatamente onde sua mão estava.
No entanto, por mais machucado que estivesse, com uma mistura de branco pálido, vermelho e roxo por toda sua pele, alguns dos cortes estavam cicatrizando, e alguns até já haviam cicatrizado.
E pelo tamanho, demoraria mais que apenas alguns dias para cicatrizarem.
- Alguém esteve aqui com você durante esses cinco dias? - a Kang perguntou.
- Sim, Hyunjin e alguns de seus homens. Eles quem fizeram isso - ele apontou para seu corpo, indicando os machucados.
Seulgi assentiu, e estreitou os olhos, esperando que o mais novo continuasse.
- Mas também... Uma garota vinha me ajudar, me trazendo comida o suficiente e me soltando das correntes por alguns minutos, todo dia. Na verdade eram duas, mas uma apenas ficava na porta, esperando. Essa garota que me ajudava me disse que Hyunjin acreditava que ela era sua aliada e que mal me alimentava, e que não me tratava bem - ele respondeu, e suspirou - Ela não me disse seu nome por questões de segurança. Mas eu gostaria de saber, agora que vocês estão aqui - sorrindo pequeno e fraco, ele olhou para a policial.
- Certo. Obrigada pelas informações, Soobin. Vou me esforçar para encontrar a garota. Se quiser, pode me dar mais informações quando chegarmos na delegacia - Seulgi piscou, e sinalizou para que ele a seguisse, pegando seu revólver - Se mantenha junto conosco e tente fazer o menor barulho possível.
Os dois saíram da sala e encontraram os três meninos encostados da parede, enquanto Yeonjun olhava para os lados, atento.
O rosado chamou a atenção da policial.
- Tem alguém lá - ele apontou na direção da saída, que não era possível ver dali, pois as paredes os impossibilitavam - Nós ouvimos passos vindos dali.
A Kang assentiu, ajeitando suas mãos no revólver. Uma mão de apoio, e a outra segurando, com o dedo indicador no gatilho.
- Fiquem aqui. Prestem atenção no que eu disser. Se eu disser para correrem, corram. O mais rápido que puderem - ela pediu.
Estava nervosa, mesmo que tivesse passado por isso dezenas de vezes.
Ela respirou fundo, silenciosamente, e andou até o final do corredor, usando a parede como escudo.
Ao chegar no acesso do corredor ao hall de entrada (e consequentemente de saída também), ela escondeu todo seu corpo atrás da parede, com o revólver na mão, e espiou para ver se ainda tinha alguém ali.
Uma garota.
Ela estava checando o corpo do homem baleado.
Seulgi voltou a esconder todo seu corpo. Pensou em como deveria abordá-la.
E então, saiu de trás da parede, apontando a arma para a garota.
- Quem é você e o que faz aqui? - a policial perguntou, com a face rígida.
A garota se assustou ao ver que a mulher a sua frente apontava uma arma em sua direção, mas não deixou seu medo transparecer, e levantou calmamente. Sua calça estava suja de sangue, e suas mãos também.
- Sou Hwang Yeji. Eu já estava aqui quando chegaram. E também estava aqui quando atiraram... - ela olhou para baixo, mais específicamente para o corpo sem vida ao seu lado - Nele. Estava apenas checando se ainda estava vivo. Mas ele perdeu muito sangue, e acho que teve uma hemorragia interna também - Hwang voltou a olhar para a policial, com uma expressão indecifrável.
- Hwang Yeji... - ela baixou a arma, estreitando os olhos - Você trabalha na delegacia, não é? Eu me lembro de você.
- Sim, sou estagiária lá. Eu quem deu os detalhes sobre o local de sequestro para o policial Kim. Afinal, eu... - sorriu, sem emoção - Sou irmã do sequestrador - ela disse, sem orgulho algum.
Parecia até triste por tal fato. Decepcionada com seu irmão.
Kang arqueou uma sobrancelha.
- Você tem algum envolvimento no caso? - ela inclinou a cabeça, desconfiada, pronta para levantar a arma novamente.
- Na verdade, tenho. Hyunjin me chamou para ajudá-lo. Mas eu não o ajudei nem fiz mal a ninguém, só o fiz acreditar que sim. Eu acompanhava minha amiga até aqui todo dia, ela ajudava a vítima. Soobin - ela explicou, calma.
- Certo... Fico feliz que tenha sido leal às autoridades e escolhido fazer o bem ao compartilhar o local, ao invés de fazer o mal e ajudar seu irmão - ela sorriu pequeno - Sua amiga... Ela está por aqui? - a mais velha perguntou.
- Não, ela saiu à algum tempo. Pedi para que não estivesse aqui enquanto o plano era realizado - ela disse.
Seulgi franziu o cenho.
- Você sabia do plano?
- Sim, eu dei a ideia de parte dele. Pedi para que ele viesse aqui, para servir de isca e encurralar os capangas do meu irmão. Mas eu nunca imaginaria que atirariam nele por absolutamente nada... - ela respondeu, melancólica.
- Era seu amigo? - Seulgi se aproximou.
- Éramos bem próximos. Éramos amigos de infância, e ele também sabia sobre o plano - Yeji respondeu enquanto uma lágrima teimosa caía.
Kang colocou uma mão em seu ombro, acariciando levemente.
- Sinto muito - ela se afastou, indo até o corredor - Meninos, podem vir! - Kang chamou, e os quatro foram até ela.
Quando todos chegaram ao hall de entrada, Yeonjun tombou a cabeça para o lado, franzindo o cenho.
- Yeji? - ele questionou, se aproximando um pouco.
A Hwang levantou sua cabeça ao ouvir seu nome. E sorriu ao ver o Choi.
- Oi - ela acenou para Yeonjun - É uma longa história, posso contar tudo depois.
Soobin estava pensativo enquanto olhava para a ex-colega de classe.
- Você era a outra garota que vinha aqui todo dia? - ele perguntou.
- Como assim, "a outra garota que vinha aqui todo dia"? - o irmão de Soobin perguntou, confuso.
Um por um, todos foram encarando Seulgi.
Afinal, ela era a única ali que sabia de tudo.
- É um longo caso. Posso digitalizar os arquivos para vocês quando estiverem prontos, mas pelo amor de Deus, é muita informação por agora - ela disse, e todos resmungaram - Vou checar o lado de fora, podem ir se abraçando e comemorando por terem encontrado Soobin novamente, se quiserem. Mas não façam muito barulho - ela avisou.
Todos assentiram.
Seulgi foi até o lado de fora, checando pelos lados e pela frente.
Dentro do galpão, Taehyun e Beomgyu abraçavam Soobin, aliviados.
Yeji e Yeonjun observavam, de longe, enquanto se abraçavam de lado. Não tinham mais nada a ver um com o outro, mas era um fato que se adoravam e criaram um carinho imenso quando o rosado ainda namorava o irmão da loira.
Beomgyu abraçava o irmão fortemente, com uma expressão braba. Talvez estivesse repreendendo Soobin, dizendo o quanto ficou preocupado e coisas do tipo.
E seu irmão mais velho apenas sorria sem graça, cansado.
E estava mais saudável do que imaginariam, de fato.
Por um momento, Soobin desviou o olhar de seu irmão.
Então olhou para Yeonjun.
O rosado já o olhava.
Então, eles trocaram olhares, sem nenhum sorriso, nenhum indício de que iriam se abraçar.
Ficaram assim por um tempo.
Até que o rosado sorriu para o moreno.
Estava feliz.
Todos estavam, mas ele...
Talvez estivesse até em outro nível de comparação.
O mais velho foi até Soobin, lentamente.
E parou ao seu lado, com um sorriso menor agora.
O moreno não entendia porquê Yeonjun estava ali. Mas era grato por isso.
Beomgyu, olhou de seu irmão, para o Choi mais velho, em silêncio. Fazia algum tempo que parara de falar e observara os dois terem contato visual.
Ele se afastou e se colocou ao lado de Taehyun. O ruivo lhe abraçou por trás, apoiando a cabeça no ombro do namorado.
Sem mais cerimônia, Yeonjun abraçou o mais novo, fechando os olhos.
Soobin se surpreendeu, mas retribuiu.
Afinal, fazia algum tempo que não abraçava Yeonjun. E isso fora antes mesmo do sequestro.
Ambos permaneceram abraçados, em silêncio, aproveitando o calor corporal um do outro. Matando a saudade.
Digo, ficaram em silêncio, até o mais baixo sussurrar no ouvido do moreno:
- Eu nunca mais vou sair do seu lado e te deixar desprotegido.
"Eu prometo".
...
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