Paola se remexeu na cama sentindo o braço de Fogaça em volta da sua cintura. Saiu da cama lentamente na intenção de deixar Fogaça dormindo para não incomoda-la.
Entrou no banheiro e se olhou no espelho sorrindo sentindo que seu dia seria ótimo. Decidiu iniciar o dia com uma ducha deixando a água levar as más energias.
Lavou o cabelo, hidratou, esfoliou a pele e agora estava se enxugando para se trocar. Fogaça entrou no banheiro ainda meio sonolento e sorriu ao ver Paola segurando a toalha escondendo apenas suas partes íntimas.
- Bom dia. - Fogaça disse pegando a escova de dente
- Não conhece a palavra privacidade? - Paola se enrolou na toalha
- Tô com pressa, Elisabeth mandou mensagem dizendo que éramos pra nos encontrarmos lá em baixo daqui a pouco. - Fogaça disse enquanto escovava os dentes
- Sai do banheiro, quero terminar de me enxugar. - Paola o empurrou.
- Qual parte do: eu estou com pressa você ainda não entendeu? - Fogaça a olhou rapidamente antes de voltar a concentração para o espelho
Paola saiu do banheiro e encontrou duas fardas do FBI na cama, provavelmente colocadas por eles. Respirou fundo sabendo que aquilo não era boa coisa, de qualquer forma, vestiu a farda e escovou o cabelo preferindo deixar solto.
Foi até a cozinha e encontrou uma mesa farta de café, tinha tudo que eles precisavam para se alimentarem bem. Paola começou a comer sozinha e sorriu discretamente ao ver Henrique entrar.
- E aí? Tô bonito? - Fogaça abriu os braços
- Beleza é algo relativo, você pode se achar muito bonito, eu posso te achar apenas atraente ou feio. - Paola deu ombros
- Chata. - Fogaça se sentou ao lado dela. - Me acha atraente?
- Arrego hein Henrique. - Paola revirou os olhos
- Você tem o senso de humor muito baixo. - Fogaça balançou a cabeça negativamente
- Eu quero ir pra minha casa, voltar pro batalhão... Isso aqui nem começou e já está me sufocando. - Paola disse sentindo seus olhos marejados
- Eu paro de fazer as brincadeiras, durmo no chão, sei lá não sabia que eu estava te incomodando tanto assim. - Fogaça se levantou sentando do outro lado da bancada
- Não é você Henrique, é o fato de eu ter deixado de ser PM pra servir de empregada do governo americano, eu sirvo o Brasil.
- Também tô bolado com isso, mas tenta pensar nas pessoas que serão salvas. - Fogaça disse com a boca cheia. - Isso não dura pra sempre Paola
- Nada dura pra sempre. - Paola disse se levantando
- O amor dura. - Fogaça deu ombros
- Não dura. - Paola fez uma careta. - Vamos?
Fogaça e Paola estavam sentados no enorme sofá esperando Elisabeth aparecer. Percebeu que todos estavam entrosados conversando, rindo. Ela era a única que não estava feliz em estar ali.
Engoliu seco e olhou para Henrique mostrando seu desconforto. O rapaz balançou a cabeça positivamente e piscou leve tentando passar confiança para ela que sorriu fraco.
Logo Elisabeth apareceu com outras pessoas fardadas e um tablet em mãos. Paola achou curioso o drama que eles faziam apenas para a chegada da diretora
- Bom dia Senhores. - Elisabeth disse
- Bom dia!
- Vocês hoje farão missões individuais. - Elisabeth disse e Paola entreabriu os lábios
- Testes? - Paola perguntou
- Não, teríamos teste, mas não deu tempo, encontramos uma brecha e decidimos que vocês terminariam o caso. - Elisabeth sorriu fraco. - Cada um terá uma missão para cumprir, será um efeito dominó
- O quê é? - Fogaça perguntou se sentando ao lado de Paola
- Dom Vitorino. - Elisabeth disse rápido. - Ele roubou um dos quadros mais caros do mundo, estamos procurando por ele faz quatorze anos, e encontramos. Ele está escondido em Fernando de Noronha numa mansão altamente qualificada em segurança, é quase impossível de entrar
- Então o que vamos fazer lá? - Ana Paula perguntou
- Vocês vão pegar aquele quadro. - Elisabeth disse. - Vai funcionar da seguinte forma: Erick e Rosângela ficarão na van por conta das habilidades informáticas, eles passarão informações para vocês, e de preferência irão invadir a câmera de segurança
- Para aí, se eles vão invadir as câmeras, por que não o sistema de segurança? - Paola questionou
- Porque é impossível. - Elisabeth sorriu
- E como entraremos se ele está em casa? - Patrício perguntou
- Ele vai ter uma reunião de 14h as 16h é o tempo que vocês terão para concluir essa missão. - Elisabeth disse respirando fundo. - Patrício vai ficar na porta do local da reunião caso ele saia mais cedo, ele irá nos avisar. Ana Paula vai pegar o controle que ele usa na pulseira, esse controle pode destruir a casa.
- O quê? - Ana Paula arregalou os olhos
- Henrique será o último a entrar, você vai precisar ser discreto, se ele não perceber nada, você o desmaia.
- E se ele perceber? - Fogaça perguntou
- Você se vira. - Elisabeth disse e respirou fundo. - Paola Carosella, você vai ser a primeira a entrar, entrará pela tubulação de ar dentro da sala onde ele guarda o quadro
- Eu?
- Sim! Você vai entrar, mas não vai poder sair, a tubulação vai detectar o calor humano e vai se fechar. Você só vai sair de dentro daquela sala se tudo der certo.
- E se não der?
- Você vai ter que mostrar seu potencial. - Elisabeth disse tensa. - Podem se armar por favor
Paola se equipou meio atordoada, estava com medo se tudo desse errado, ela podeis morrer dentro daquela sala. Todo mundo estava tenso, mas Paola não estava conseguindo se concentrar na missão.
Fogaça e Paola estavam sentados no helicóptero. Paola estalou todos os dedos da mão enquanto olhava pela janela, sentia um frio na barriga imenso, e aquele dia que começou com a sensação de dia perfeito estava se tornando o dia assombroso.
- Paola tenta ficar calma. - Fogaça segurou a mão dela percebendo que estava gelada. - Tá suando frio.
- Não consigo. - Paola apertou a mão dele. - Nunca fiz isso antes
- Já fez sim. - Fogaça a olhou. -Tenta imaginar que está subindo o morro pra apreender drogas
- É, isso eu fazia todos os dias. - Paola riu fraco
- Ai viu, já conseguiu sorrir. - Fogaça sorriu. - Relaxa, você é a melhor entre a gente.
- Sou mesmo?
- Prove hoje. - Fogaça piscou leve pra ela
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Erick e Rosângela já estavam na van, tidos estavam posicionados e Paola estava passando pelo tubo de ventilação. Sentia um calor absurdo por estar num lugar tão quente.
Estava muito mais tranquila depois de ficar o vôo inteiro ouvindo piadinhas de Fogaça, mas mesmo assim sentia a tensão invadir suas veias.
- Paola cê tá bem? - Fogaça perguntou
- Tô de boas, só tá calor aqui
- Você vai descer na próxima esquerda. - Rosângela disse ouvindo a respiração pesada de Paola
- Tá.
Paola desceu na sala e viu que era uma galeria, Tinha vários quadros pendurados na parede. Enquanto isso, Patrício não tinha boas notícias.
Patrício estava na frente do prédio onde estava tendo a reunião de co-working. Percebeu uma movimentação estranha no prédio e todo mundo saiu, inclusive Dom Vitorino que estava com uma cara nada boa.
Eles ainda não tinha se posicionado e Paola já estava dentro. Teriam pouco tempo para resgatarem Paola de dentro da casa.
- Pessoal, deu ruim. - Pato disse
- O quê foi? - Ana Paula pergunto
- A reunião foi cancelada, ele está indo pra casa. - Pato disse ouvindo respirações pesadas
- Paola acabou de entrar. - Fogaça disse. - Quanto tempo até ele chegar aqui?
- oito minutos. - Jacquin disse
- Merda! - Fogaça disse.
- Como eu vou sair daqui. - Paola disse
- A gente vai te tirar daí, calma. - Fogaça disse entrando na casa.
- Henrique, não! - Rosângela disse
Fogaça estava dentro da mansão, e sem saber ativou o sistema de segurança. Paola estava tentando abrir a porta de ferro, mas não conseguia.
Fogaça estava desesperado, se sentia na obrigação de proteger Paola, começou a sentir a adrenalina correr em seu sangue e partiu em direção a entrada da sala.
- Paola! - Fogaça bateu na porta. - Tá me ouvindo?
- Tô. - Paola gritou
- Vou tentar te tirar dai.
- Fogaça sai daí, vai pra fora da casa. - Paola gritou. - Ele pode chegar e te pegar aí
- Fogaça, ele está estacionando o carro, sai daí. - Erick disse
Fogaça ouviu o barulho da porta e se escondeu atrás de uma pilastra. Prendeu a respiração para que o homem não o ouvisse.
- Ana Paula, é com você. - Rosângela disse.
- To chegando ai. - Patrício disse.
Ana Paula se adiantou e subiu as escadas se escondendo no mesmo lugar que Fogaça, não podiam trocar nem uma palavra por isso se comunicavam por sinas
Quando o rapaz estava subindo as escadas, Fogaça fez um sinal de número dois com as mãos e apontou para a escada, Ana Paula confirmou com a cabeça e quando o homem pisou no último degrau de frente para a sala, Fogaça e Ana Paula correram na direção dele.
Não sabiam que Dom Vitorino era tão bom em artes macias, eles tentaram, Fogaça o imobilizou e Ana Paula pegou a pulseira, mas nem sabiam que o sistema de segurança havia sido ativado.
Dom Vitorino riu deixando Ana Paula e Fogaça confusos. Os dois começaram a se preocupar quando ouviram uma tosse.
- Pessoal, não tô me sentindo muito legal. - Paola disse. - Tô ficando tonta.
- O sistema de segurança. - Patrício disse. - Ele deve ter ativado quando chegou
Fogaça se descontrolou e deu um soco no rosto do rapaz o apagando. Ana Paula pegou a pulseira e correu até a porta para tentar abri-la.
Era necessário algo que identificasse Dom Vitorino por isso, Fogaça o carregou até a porta e colocou os dedos dele ali abrindo com as digitais.
Quando a porta foi aberta, Fogaça pegou uma barra de ferro e colocou ali para a porta permanecer aberta. Enquanto Ana Paula pegava o quadro, Fogaça procurava por Paola.
A sala estava tomada por um gás verde, que começava a irritar o nariz de Fogaça e Ana Paula que saiu as pressas.
- Paola! - Fogaça gritou colocando a mão no nariz. - Paola!
- Fogaça esse gás vai te matar! - Rosângela disse
- Paola! - Fogaça gritou.
Conseguiu enxergar Paola caida no chão. Pegou a policial no colo e saiu dali correndo. Patrício entrou e pegou Dom Vitorino saindo todos dali.
Quando chegaram até a van onde Erick e Rosângela estavam, ouviram uma explosão, a casa de Dom Vitorino estava em chamas.
Fogaça respirou aliviado em ter Paola em seus braços, mesmo que desacordada. Comemoraram a finalização da missão e foram para o heliporto para finalmente voltarem para casa.
Paola foi levada pelos bombeiros para o hospital, e Fogaça voltou para Angra por não poder ir junto com Paola, mas logo a mulher estava na casa sob os cuidados dele.
- Cê me deu um susto. - Fogaça disse ajeitando a mulher na cama. - Pensei que tinha morrido.
- E se eu tivesse? - Paola se cobriu
- Eu nem sei o que eu faria. - Fogaça sorriu tímido
- Se você morresse eu ia sair pra beber.- Paola riu baixo
- Muito obrigado pela consideração. - Fogaça mudou o semblante para chateado
- Eu ia sair pra beber por causa da tristeza. - Paola o surpreendeu o fazendo sorrir. - Obrigada.
- De nada. - Fogaça se deitou e apagou o abajur. - Sonhe comigo
- Credo. - Paola se virou para o lado oposto dele.
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