As gotas do sereno começavam a cair em Luthornia levemente como se estivessem tímidas demais para chegar de uma vez, como uma chuva com pingos grossos que irão molhar todos que estivessem fora de suas casas naquela tarde. A enxurrada viria logo atrás daquela calmaria que o sereno trazia, o céu se fechando mais ainda comprovava isso, mas naquele momento não era sobre chuva que Lena pensava, ela sabia que alguma coisa iria acontecer e foi ali de sua janela do seu quarto no castelo que ela viu o mensageiro chegando, a cavalo com a insígnia ‘S’ era o símbolo do reino de Krypton, reino vizinho ao seu, eram verdadeiras quatro horas de seu reino até lá e aquele mensageiro não parecia estar nem um pouco perdido quando chegou ao seu castelo, sendo recebido por uma serva que logo lhe abriu o grande portão e o deixou entrar.
Aquilo obviamente teria atiçado mais a curiosidade de Lena se ela não estivesse com seu coração apertado, temia que seus pais descobrisse sobre seu caso amoroso, temia mais ainda que eles a afastasse de seu amado se algum dia descobrissem e dessem uma punição mais severa a ele, mesmo sendo quase impossível eles descobrirem mas aquele aperto no peito a estava fazendo pensar que alguma coisa estava prestes a acontecer e pensando bem agora, quando despertou de seus devaneios com uma gota que caíram na sua mão que estava posta no batente da janela de pedra, que talvez o mensageiro que a acabara de chegar pode ser o acontecimento que seu coração tanto se apertará durante essa semana.
Um mensageiro de Krypton em seu castelo era sinal de que algo estava errado.
- Lena. - Lena escutou sua amiga e também serva Sam, porém continuava olhando fixadamente para fora.
Sam entrou vendo que a amiga estava com o olhar na janela sabia que ela havia escutado seu chamar.
- Princesa. - Sam tentou de novo, mas dessa vez usando o formal título de realeza que Lena tinha, o que fez com que Lena vira-se pra ela tirando sua atenção da janela e afastando os pensamentos que faziam morada em sua cabeça.
- Sabe que não precisa me chamar de princesa, Samantha. - Lena disse indo se sentar em sua cama, batendo de lado para Sam vir se juntar a ela, que obedeceu sua princesa no mesmo instante. - Então .. entregou minha carta?
- Sim, majestade. - Sam disse com a cabeça baixa.
- Olhe pra mim, Sam não tem porque olhar para baixo. - Lena disse e a amiga levantou o rosto agora olhando bem para Lena.
- Sabe o que eu acho disso não é Lena. - Sam disse, eram amigas o suficiente para tal tratamento, mesmo que de vez enquanto Sam agisse de forma formal para consigo, afinal elas estavam em posições diferentes e nem sempre poderia chamar a princesa pelo seu nome, pelo menos não em público.
- Eu sei, mas tem que acreditar em mim quando digo que o amo. - Lena disse.
- Não é em você que não acredito. - Sam rebateu.
- Por favor Sam não quero brigar com você. - Lena disse. - és a minha única amiga, a única com quem confio cegamente e posso me confidenciar.
Lena disse e uma rápida lembrança surgiu, de como conheceu Sam ainda crianças, no pequeno vilarejo de seu reino. Elas brincaram aquele dia perto da venda dos pais de Sam, agricultores de tomate. Depois daquele dia todos os dias elas brincavam, Lena a levava para dentro dos portões do castelo, e os pais de Sam faziam gosto da amizade.
O tempo passou e as duas meninas crianças viraram adolescentes, tinham se tornado melhores amigas e quando Lena tinha dezessete anos e Sam estava com seus dezoito, a amiga lhe confidenciou uma gravidez, a filha dos vendedores de tomate estava em pânico, ela havia feito o erro de cair na lábia de um viajante e se deitou com ele, uma noite foi capaz de virar sua vida do avesso porque quando seus pais descobriram a colocaram pra fora de casa, Sam e o bebê que crescia em seu ventre, era uma verdadeira vergonha para a família uma moça não ser mais pura fora do casamento e ainda por cima grávida, seus pais lhe viraram as costa mas Lena lhe abriu os braços a trazendo para o castelo, seus pais que já tinham apreço pela jovem Árias mas ainda sim compartilhavam do mesmo pensamento que os pais dela, deixaram ela ficar somente por ser amiga de longa data da princesa e com condição de que seria a ‘serva da princesa Lena’ fora o título usado por sua mãe para dizer o que Sam seria e lá estava ela, serviria a Lena e apenas a ela.
E olhando para si com olhar amoroso depois de três anos do acontecido eram verdadeiras cúmplices uma da outra e Lena não podia agradecer mais nada por aquela amizade eram mais que amigas ela tinha certeza de que eram melhores amigas e irmãs elas sabiam bem. A filha de Sam chamava Lena de madrinha do seu jeito fofo porque apesar da pouca idade ainda dizia as palavras de forma errada, a menina com os seus três anos era a verdadeira joia entre elas assim como seu nome. Ruby foi o nome escolhido por Lena, Sam fez questão que a amiga escolhesse assim que a menina nasceu em forma de agradecimento por não a ter deixado ao relento com um filho ainda para nascer.
- Lena, você sabe o que aconteceu comigo quando meus pais souberam… - Sam começou.
- Os meus não vão saber. - Lena disse rápido. - eu confio em você, Sam. É a única que sabe, mas ninguém pode saber. - Disse e Sam abaixou a cabeça pegando o papel que se escondia dentro de seu vestido entre seus seios. Sam sentia que aquele relacionamento de Lena não era nada bom, nada bom para a princesa e para o reino também. Era impossível aquele amor de que ela falava, a amiga de Lena tinha certeza que ela estava caindo em uma armadilha, não confiava nem um pouco no homem por quem Lena suspirava pelos cantos, e sua amiga estava cega de algo que ela achava ser o amor, ela sabia disso.
Lena lia a carta atentamente, como se sua vida dependesse daquilo. Era seu primeiro amor, como não estaria tão envolvida assim, ela tinha um coração doce e só queria alguém que pudesse amá-la verdadeiramente e ela acreditava que tinha isso.
- Ele quer me ver hoje. - Lena disse com um sorriso.
- Lena.. - Sam começou, mas logo ela viu a princesa se levantando e indo até a sua penteadeira e pegando um papel e uma pena, que estava na gaveta. Sam ainda sentada a sua cama conseguia perceber que Lena escrevia algo, mais uma carta para ser entregue por ela ao amado de Lena.
A morena se levantou da penteadeira logo fechando a carta e a colocando em um envelope, sorrindo, havia se esquecido do aperto em seu coração.
- Entregue essa carta a ele. - Lena disse, dando a carta a Sam.
- Você aceitou o pedido dele? - Sam perguntou.
- Claro, preciso vê-lo, são dois dias sem estar perto dele. - Lena disse. - Agora vá. - Pegou na mão de Sam e a guiou até a porta de seu quarto.
Sam deu um último sorriso para amiga, sabia que ela estava caindo nas garras de uma pessoa que não a merecia ou iria lhe fazer bem, mas a amiga estava cega e iludida pela ideia de estar amando e ter esse amor retribuído, que nenhum conselho de sua amiga a fazia acordar somente se um milagre acontecesse e a levasse embora do castelo de Luthornia.
Sam saiu com destino ao amado de Lena, passou pela rainha Lilian fazendo uma breve reverência.
- Samantha. - A rainha disse.
- Sim, vossa majestade. - Sam disse parando seu andar.
- Preciso que ajude Lena com algumas mudas de roupas, coloque as em uma mala. - Lilian disse e Sam concordou mesmo sem entender do que aquilo se tratava.
- A princesa irá viajar, vossa majestade? - Sam perguntou.
- Sim, serão alguns dias. Depois que arrumar as coisas de Lena prepare uma bolsa para você também, irá com Lena. - Rainha Lilian disse e a primeira coisa que Sam pensou foi em sua filha.
- Minha filha, vossa majestade poderei levá-la? - Sam perguntou, não poderia não pensar em sua menina.
- Temo que não, Samantha. Serão só por alguns dias. Creio que Matilde poderá ficar com ela até a sua volta. - Lilian disse, e apesar de Sam sentir um aperto em seu coração ela não iria contestar a rainha ela havia lhe dado uma cama, comida e um lugar para morar com sua filha e por isso era mais do que agradecida. Sam assentiu e voltou com a rainha pelo mesmo caminho de onde tinha vindo. A carta de Lena ficaria esquecida por enquanto.
…
Lena voltou ao seu estado de petrificação na janela mas dessa fez seu coração tinha mascarado o aperto pela alegria que sentia porque ela iria ver seu amado naquela noite.
Mal a princesa notará mas sua mãe adotiva havia entrado em seu quarto junto de Sam a rainha Lilian a olhava com olhos bem atentos vendo como a filha suspirava. Lilian deu um pequeno pigarreio e Lena ouviu se assustando.
- Mãe. - Lena disse olhando para a rainha. - aconteceu algo? - Seus olhos vagaram para Sam que estava logo atrás dela.
- Não, ainda não. - Lilian disse e Lena sentiu seu coração gelar, será que ela tinha descoberto de seu caso amoroso secreto? Se fosse isso, Lena estaria completamente perdida.
- Como assim? - Lena perguntou sem entender.
- Preciso que arrume algumas malas de roupa, Lena. Sam irá ajudar você. - Lilian disse.
- Irei viajar? - Lena disse agora já sentindo seu coração se apertar de novo.
- Sim, nós vamos daqui algumas horas. Nossa carruagem já está sendo preparada. - Lilian disse.
- E a onde iremos? - Lena perguntou nada contente, se irão sair a algumas horas ela tinha certeza que não encontraria com seu amado.
- Você verá quando chegarmos. - A rainha disse saindo do quarto.
Logo Lena olhou para Sam, sabia que não tinha tempo da amiga ir entregar sua carta, e agora seu coração se apertava em alertar para algo que logo aconteceria e Lena não estava gostando nada daquilo, não gostava de saber o que estava acontecendo, não gostava de ficar no escuro sobre nada ainda mais sobre sua própria vida.
- Sam, você sabe de algo? - Lena disse e viu o rosto da mais velha se contorcer. - Sam.
- Não vossa alteza eu não sei de nada. - Sam disse porque era a mais pura verdade, se a rainha não disse nem para a princesa quem dirá para a pobre criada.
- Não estou gostando nada disso, aonde vamos. - Lena disse enquanto ia em direção ao guarda roupa e Sam pegava uma mala para a princesa. - Você irá, não é Sam? - Lena de repente perguntou.
- Sim, Lena. - Sam disse. - Vossa mãe disse que não poderei levar Ruby. Que era só por alguns dias. - Sam disse com pesar.
- Sinto muito, Sam. - Lena disse. - Se minha mãe disse que seria por alguns dias não devemos ter dúvidas, logo voltaremos. Só espero não ter surpresas nessa viagem - disse tirando os olhos dos vestidos agora postos em cima da cama. - Estou com um pressentimento ruim sobre isso.
Sam e Lena passaram as próximas horas arrumando algumas roupas e colocando as na mala, a morena já tinha desistido de mandar a carta e agora pensava em mandar outra para seu amado dizendo que estaria indo viajar e não poderia aceitar seu pedido e assim o fez quando suas malas estavam prontas ela escreveu uma nova carta para ser entregue por Sam. E assim o fez Sam saiu para arrumar suas coisas e antes daria uma passada no espaço da guarda real onde o amado de Lena ficava, no fundo Sam agradecia por aquela viagem ter aparecido mesmo não sabendo o motivo dela pois sabia que Lena não iria estar no castelo ou ao menos se encontrar com o homem que ela sabia não ser o certo para amiga.
…
Algumas hora depois quando tudo já estava pronto, Lena e Sam encontraram o rainha e o rei na frente do castelo as malas já sendo colocadas dentro da carruagem por dois criados o tempo que antes dava sinais de que cairia uma grande chuva havia demonstrado que sua chuva era um mero chuvisco e até agora a tão grande chuva prometida ainda não havia caído.
A rainha entrou primeiro sendo ajudada pelo cocheiro que conduziria a carruagem, logo depois o rei, Sam e por último Lena que com um grande pesar em seu coração deixava seu reino para uma viagem que ela nem sabia para onde estava indo e aquilo não cheirava nada bem para ela.
Mal a princesa sabia que sua amiga Sam tinha um belo sorriso escondido em seus pensamentos, por sentir que aquela viagem iria mudar tudo e quem sabe poderia ser o que estava se passando pela cabeça dela. Se fosse, tinha certeza de que Lena ficaria bem longe do homem que a estava lhe comprando com promessas inúteis e vazias.
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