Lena olhava aterrorizada para Kara. Como ela pode ser tão burra aquele ponto, esquecer do próprio segredo e agora a pessoa que não suportava sabia sobre a sua pureza, ou a falta dela. Kara a olhava com uma ira que por um segundo Lena estremeceu. Ela estava ferrada.
- Por favor, Kara. - Lena implorou.
- Por favor, o que Lena. - Kara disse com um tom nada bom.
- Não conte a ninguém. - Lena terminou. - Por favor. - Kara a olhava como se ela tivesse cometido o maior dos crimes que alguém poderia cometer.
- Não contar o que? - Kara disse já sentindo o ódio subir pelo seu corpo.
- Sobre.. sobre mim .. sobre eu.. não sei mais pura. - Lena dizia agora tentando segurar a loira.
- E porque eu não contaria a ninguém? - Kara perguntou segurando a mandíbula dela e chegando perto da boca dela.
- Por favor. - Lena dizia agora deixando suas íris verdes, cristalinas pelas lágrimas.
- Quem? - Kara perguntou. - Quem tomou de mim o que era meu? - Kara queria saber. Lena tentava balançar a cabeça em negação, ela não entregaria o homem que ela pensava que amava.
- Não vou lhe contar. - Lena disse e Kara gargalhou. - Eu o amo.
- Está me pedindo para ter misericórdia de você, quando nem quer dar o nome da pessoa que lhe tirou a pureza e ainda diz que o ama - Kara disse, chegando perto do seu ouvido. - Saiba que quando eu descobrir quem ele é não terei misericórdia, princesa. - Ela soltou Lena e começou a se vestir. A morena estremeceu.
- Kara? - Lena disse naquela altura ela não ligava mais para os títulos entre elas, muito menos Kara. - Por favor, eu imploro.
- Eu aposto que o rei Lionel e a rainha Lillian vão ficar muito decepcionados em descobrir que a filhinha deles não é mais pura. - Kara dizia dando uma leve risada, ela estava com raiva, muita raiva e se pudesse mataria quem havia se deitado com Lena naquele exato momento.
- Não. - Lena disse tentando alcançar a mão de Kara que estava ocupada encaixando o cinto da cintura de volta com rapidez. - Não conte por favor.
- E porque princesa porque não contaria? - Kara voltou a fazer a pergunta de novo.
- Porque se meus pais souberem eles irão me jogar nas pedras ou irão me trancar nas masmorras, por favor. - Lena implorava entre soluços e lágrimas. Sua vida estaria acabada e a de seu amado também.
- Ainda não me convenceu. - Kara dizia, era claro que a voz do ódio estava falando agora e não a da razão e do coração, ela não queria aquilo para Lena mas ela estava colhendo o que plantou.
Kara se dirigiu para bater na porta avisaria que já poderiam abrir e era claro que quando ela saísse sem a prova da pureza de Lena eles pensariam que nada havia acontecido mas o motivo era outro. Porém Lena chegou mais rápido na frente da porta e elas ficaram a centímetros.
- Não faça isso. - Lena pediu, vendo que a outra parecia estar irredutível.
- Saia da frente. - Kara disse irredutível.
- Não. - Lena disse. - olha o que acabamos de fazer, você veio dentro de mim. - Lena disse, agora ela iria apelar. - Se eles descobrirem sobre mim e eu estiver com seu filho no ventre não será só a mim que vai estar machucando. Serei jogada nas pedras com seu filho no ventre, ou posso ser considerada criminosa e passar o resto dos meus dias nas masmorras mas terei seu filho dentro de mim, ele irá sofrer também. - Agora Lena sabia que havia tocado a loira. Ela mudou de expressão para uma com misto de horror, choque e ira. Lena havia apelado para níveis que ela nem saberia dizer mas parecia estar surtindo efeito.
Estavam a poucos centímetros quase coladas, suas respirações eram uma só e ambas estavam ofegantes. Kara parou e a olhou, por mais que estivesse com raiva, Lena tinha razão. Ela não podia. Não podia entregá-la, não podia porque seu coração não a permitiria ainda mais se ela carregasse um filho seu no ventre. Se algo acontecesse ela se culparia pelo resto de seus dias.
Kara se virou e passou a mão pelos cabelos, apoiou as duas mãos no batente da grande janela e se curvou, ela não iria entregá-la mas também não iria facilitar para ela.
Após o silêncio abrupto de Kara enquanto era observada por olhos verdes amedrontados, a loira decidiu o que iria fazer.
- Tudo bem. - Kara disse. - Não entregarei você. - Lena respirou aliviada.
- Kara, muito obrigada. - Lena dizia enquanto fungava de seu recente choro.
- Mas ainda não acabou. - Kara disse levantando a cabeça e Lena franziu o cenho.
- Como? - Lena perguntou sem entender com sua sensação de alívio se esvaindo.
Longos minutos se passaram sem nenhum som e nenhuma voz no ar, estava começando a ficar quente aquele lugar.
- Não podemos sair por aquela porta sem termos uma prova da consumação e de sua pureza. - Kara disse e não foi difícil para Lena raciocinar, sobre o que ela falava. - Eles vão querer saber.
- Mas eu não.. - Lena disse ou tentou dizer, ela não era pura, não haveria de ter nenhuma prova daquilo, nenhum sangue na colcha de cama então elas voltaram à estaca zero. - vai me entregar então? - Lena sentou na cama de volta sem esperanças.
- Eu disse que não. - Kara disse se virando.
- Então como iremos sair daqui? - Lena perguntou e viu o sorriso sádico que a outra deu, junto com o movimento rápido que ela fez para tirar uma adaga que estava presa em seu cinto ao lado da espada, deixando o objeto em cima da cômoda e olhando fixamente da Lena.
- O que… - Lena tentou dizer.
Mas foi interrompida por um movimento rápido da loira que pegou a adaga de uma vez e foi em sua direção, segurando o lençol em sua boca e levantando seu vestido até o alto de sua coxa onde ela fez um leve corte o suficiênte para o filete de sangue escorrer entre os lençóis. Lena tentava entender o que acontecia e só se deu conta quando suprimiu o grito no pano que estava em sua boca e apertando o ombro de Kara.
Kara rasgou um pedaço de seu vestido e amarrou no pequeno corte que havia feito na pele branca e alva de Lena que ficou vermelha em instantes. Ela olhou para a mulher para ver algumas lágrimas no canto dos olhos dela, parecia um tomate quando chorava e a loira achou graça daquilo.
- Porque não me avisou? - Lena perguntou.
- Porque evitaria todo o chilique que você daria e funcionou. - Kara disse. - Passe umas ervas de cicatrização, assim não ficará uma marca. - dizia e Lena tentava ver o pequeno corte, havia uma mancha de sangue embaixo de si.
- E agora? - Lena perguntou.
- Levanta. - Kara mandou.
As duas puderam ver a marca de sangue assim que Lena levantou. Kara retirou o lençol e foi em direção a porta, sendo segurada por Lena.
- Obrigada. - Lena disse.
- Ainda não acabou. - Kara disse e em seguida bateu na porta, que logo foi aberta por um dos guardas. Kara deu o lençol manchado de sangue para ele e saiu andando sem olhar para trás.
Lena ficou lá parada sem entender o que Kara quis dizer com aquilo, mas não precisava ser muito inteligente que agora ela teria que esperar um filho da princesa se não, ela não sabia o que seria dela. E foi levantando sua mão inconscientemente e a colocando na barriga que Lena viu seu coração apertar.
…
Ela mal percebia que haviam lágrimas descendo por seus olhos enquanto andava, a última coisa que ela queria era esbarrar em alguém e graças aos céus ela conseguiu chegar ao seu quarto sem ter que falar com ninguém.
Sam já havia se deitado, afinal já era tarde. Ela agradecia por isso. Não queria falar naquele momento, não queria ter que explicar tudo que havia acontecido sem mesmo saber o que exatamente tinha acabado de acontecer.
Ela e Kara juntas, naquele quarto. Kara descobrindo sobre seu segredo e todos seu medo de ser entregue por aquela que um dia pensou que um dia havia sido uma pessoa importante para si, um dia pensou que a amava e o sentimento ainda lhe causava arrepios. Ela poderia ficar grávida, haviam chances, grandes chances, mas e aí o que seria dela? Lena não sabia.
Naquela noite Lena não dormiria tão cedo e foi escrevendo em seu diário que ela encontrou uma saída para sua falta de sono, assim que terminou de escrever os seus pensamentos continuavam a atormentando e mais uma vez ela encontrou nos livros um acalento para sua alma perturbada.
…
Kara por sua vez, assim que saiu foi direto aos estábulos ela iria para o mesmo lugar que sempre ia quando se sentia infeliz e triste. Ela mal notou quando passou por Alex, sendo seguida pela mesma que estava preocupada com a irmã.
Alex viu Kara subindo em Krypto e não demorou muito para ela subir no sentinela e a seguir, ela sabia que aquela noite seria a consumação que era tradição na realeza de Krypton estava familiarizada com a história, sabia que Kara andava em conflito quando soube de seu casamento, sabia que elas se conheciam de antes mas não sabia a história delas.
…
Kara havia chegado onde queria a cachoeira que formava um pequeno lago. Ela se sentia bem ali e aquele cantinho dentro da floresta a encantava de formas que ela não saberia dizer e tudo que ela queria era poder trocar seus pensamentos torturantes pelo som da água caindo, era alto o suficiente para ela se esquecer que instantes atrás ela havia estado com Lena e o futuro a partir dali seria incerto, novo e amedrontador. Nunca imaginaria que seus pais lhe arranjaram um casamento justo com a princesa Lena, há anos elas não se viam a anos elas não se falavam.
Era como estar mergulhada e imersa em sentimentos que ela havia lutado durante anos para se esquecer e a mera lembrança dela a fazia reviver tudo de novo. Lena não havia mudado muito por sinal em aparência e atitude. De certo havia virado uma mulher, uma bela mulher que ela sabia que ela seria, mas ela continuava a mesma por dentro. Amava outro. Como ela pode ter cogitado que ela mudaria antes de entrar naquele quarto e considerar consumar algo com ela. Lena continuava igual. Amava outro. Ela não tinha mudado.
- Kara? - Alex disse que ao se aproximar pegando a loira de surpresa, ela não havia ouvido a ruim chegar.
- Alex? - Kara dizia sem entender o que ela fazia ali. - O que voc..
- Eu te vi e soube que precisava de mim então eu te segui. - Alex disse se sentando ao lado dela, ambas olhando a queda d’água. - Espero que não seja um problema.
- Não é. - Kara disse. - Acho que preciso desabafar de qualquer forma.
- Sei que precisa. - Alex disse. - Não deve ter sido fácil.
- E não foi. - Kara disse. - Pensei que ela poderia ter mudado, mas ela continua a mesma.
- O que aconteceu entre vocês duas? - Alex perguntou.
- É complicado. - Disse jogando uma pedra na água. - Eu pensei que ela era uma pessoa e ela se mostrou outra .. - disse olhando as bolhas na água. - mas isso não importa agora. Eu também mudei, deixei de ser aquela Kara a muito tempo.
- Não é ruim mudar. - Alex disse. - Quer dizer que o tempo passou e o que você pensa e faz não é o mesmo do passado. - Alex disse colocando uma mão no ombro da irmã. - Até pode ser ruim se você faz coisas erradas mas Kara quem nunca cometeu um erro?
- Não é tão simples assim, Alex. - Kara disse, ela sabia que o que tinha acontecido naquele quarto com Lena era algo bem mais embaixo.
- Então faz ficar simples. - Alex disse e a loira deu uma pequena risada. Alex não imaginaria, ninguém poderia sonhar mas ela era sua irmã tinha que dividir aquilo com alguém.
- Lena não é mais pura. - Kara disse de uma vez, ela precisava colocar aquilo para fora.
- Bom eu sei disso, vocês .. - Alex evitou de completar a frase.
- Não Alex você não entendeu.. ela não era quando nós .. você sabe. Eu não fui a primeira. - Kara disse e ela sentiu quando seu corpo tremeu, ela mataria o homem que havia tocado em Lena.
- Kara .. isso é verdade? - Alex disse e Kara assentiu. - Mas então o que vai acontecer agora? - Ela estava perplexa, Lena não era mais pura aquilo mudava tudo.
- Tudo continua como era para ser. - Kara disse assumindo a frieza que teria que ter dali para frente. Ouvir Lena dizer que amava outro havia despertado algo dentro de si, algo que ela não saberia explicar.
- Vocês ainda vão casar? - Alex perguntou.
- Ninguém pode saber, Al. - Kara disse olhando para a irmã. - Confio em você para guardar isso. - A ruiva assentiu que não era o lugar dela se meter naquilo, guardaria e fingiria que não sabia de nada.
- Não vou contar a ninguém, não é meu lugar. - Alex disse. - Pode ficar tranquila. - Disse e viu Kara dando um leve sorriso em concordância.
- Me diz, como está Kelly e a pequena Esme? - Kara disse.
- Elas estão bem. - Alex disse. A alegria de sua vida era sua família, Kelly e Esme uma garotinha de três anos tão esperta quanto as mães. - Esme a cada dia está mais Inteligente.
- Imagino. - Kara disse e logo imaginou um pequeno bebê de olhos azuis e cabelos negros. Rao a vida era tão complexa, estranha e surpreendente.
As irmãs ficaram ali conversando até sentirem que era hora de voltar. A lua ainda brilhava no céu trazendo a calmaria da noite e a promessa de um dia agitado que teria. Ela já tinha concordado em proteger Lena, agora era agir como se nada tivesse acontecido e ao mesmo tempo sabendo que ela não iria ser uma pessoa nada fácil para a morena.
…
Na manhã seguinte Lena foi acordada por Sam que a chamava para tomar o café da manhã. Lena ainda não queria conversar sobre o que havia acontecido, era tudo tão recente, tão estranho e demais para ela. A única pessoa que Lena queria gritar era com sua mãe, Lillian. Sam percebeu a estranheza da amiga mas não perguntou, ela sabia que Lena falaria com ela quando estivesse pronta.
O café da manhã foi em um clima ameno, Lena não falou tanto, ela só queria uma oportunidade com seus pais e ela iria expor todo o seu descontentamento com aquilo. Kara também se manteve calada, só respondendo o que era necessário.
Lena, não sabia dizer mas ela havia percebido uma mulher ao lado da rainha Alura e ela não lembrava se já a tinha visto antes ali. Ela parecia ser a serva exclusiva da rainha. Bom, sendo ela quem era, era óbvio que haveria de ter uma serva só para si não muito diferente de Lena. Talvez fossem amigas, assim como ela era de Sam, mas isso não era da sua conta. Ela só achou curioso, a ponto de fazê-la esquecer que ela recebia olhares de Kara, de seus pais e dos reis de Krypton. Provavelmente por conta da noite anterior.
- Então.. - Kara resolveu não manter mais o silencio. - Vocês receberam o que queriam ontem? - Disse se referindo ao tecido manchado com o sangue de Lena.
- Kara, isso não é assunto para a mesa. - Zor El disse com a aprovação de Alura.
- Eu só achei que fosse isso que vocês querem, quanto mais rápido melhor né? - Kara disse.
- Kara Zor-El. - Alura disse. - Não é o momento. - Kara olhou para Lena e só naquele olhar era contido segredos que só elas entendem naquela mesa.
- Peço permissão para me retirar. - Kara disse deixando o tecido que tinha acabado de limpar sua boca na mesa e afastando a cadeira ao levantar.
- Você tem minha permissão. - Zor El disse, ele sabia que quando os gênios da filha afloraram, era melhor que ela se retirasse mesmo. Não estava afim de começar uma discussão logo cedo.
Lena viu Kara sair e agradeceu internamente. Pensou que ela iria entregá-la ali. Ela estava tão perdida. Seu coraçao andaria apertado por um bom tempo.
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