Uma semana depois de Kim Namjoon ter ganhado o prêmio máximo do The Voice Korea, um jantar foi organizado entre os finalistas e os treinadores, parte para conversar sobre projetos futuros, parte porque estavam sentindo falta. A ideia partiu de Yoongi que queria uma desculpa para chamar Jimin mais uma vez e conseguir seu número pessoal.
O jantar foi realizado na casa de Jin, uma bela residência num condomínio fechado que valia muito mais do que os três rapazes podiam supor; eles chegaram tímidos, guiados pelo motorista do Kim que foi muito atencioso com todos eles.
— Oh, vocês chegaram! — ouviram a voz do anfitrião e se surpreenderam por encontrar Jin vestindo uma calça jeans e um suéter rosa claro, roupas claras e leves para aquele momento, diferente do brilho que estavam acostumados.
— Jin hyung, sua casa é linda! — comentou Jungkook ao observar atentamente os detalhes.
— Gosto muito dela, é ótima pra receber os amigos. Venham, os Vhope estão jogando sinuca.
— Sinuca? — perguntou Namjoon.
Seguiram Jin até uma sala em anexo com a sala de estar, uma grande mesa de sinuca estava posta no centro dela, ao redor vários outros jogos como mesa de ping-pong, mesas com xadrez, mahjong, quebra-cabeças ainda não finalizados e vários outros.
— Sua sala de jogos, suponho. — sorriu Jungkook ao ver a grande tv com alguns consoles na parte de baixo.
— Acertou! Yoongi ainda não chegou, ele deve ligar pra contar o que aconteceu.
Jimin tentou esconder a pontada de tristeza ao notar que seu crush não estava presente, tratou de conversar com Jin e Namjoon enquanto os Vhope enchiam Jungkook de perguntas sobre sua vida e seus planos agora que era famoso.
— Yoongi deve estar trabalhando. — comentou Jin ao notar que o Park pegou três vezes o celular, sem realmente vê-lo. — Liga pra ele.
— Não quero incomodar.
— Não vai, Yoongi vai atender você. Se ele estiver no estúdio, posso pedir que o senhor Hee te leve até ele.
Ao mesmo tempo que o Park não queria incomodar o Min, desejava muito vê-lo, então criou coragem e ligou, afastando-se um pouquinho dos outros dois para isso.
— Está sentindo, Joonie? Cheiro de romance. — brincou o Kim.
— Eles são bonitos juntos. — concordou Namjoon.
— São mesmo.
— Yoongi hyung? — perguntou Jimin ao que o outro atendeu o celular no segundo toque.
— Ah, Jimin-ah, me desculpe, eu devia ter chegado há meia hora.
— Não se preocupe. Está tudo bem?
— Só o trabalho me roubando tempo. Você está bem?
— Sim, eu… liguei porque Jin hyung comentou que… se você estiver no estúdio, pode pedir ao senhor Hee pra me levar aí. Eu disse que não quero atrapalhar você e…
— É uma excelente ideia, Jimin.
— Você acha?
— É claro que sim! Pode pedir ao senhor Hee que o traga até o estúdio? Ele sabe onde fica.
— Não quero atrapalhar seu trabalho.
— Não vai! Eu preciso mesmo dar um tempo. Você vem?
— Bom eu… sim, eu vou.
— Ótimo, eu fico esperando você, podemos jantar juntos.
— Será ótimo. Até mais, Yoongi hyung.
— Até mas, Jimin-ah.
Com um sorriso satisfeito, o Park desligou o celular e voltou para perto dos Kim.
— Yoongi perguntou se o senhor Hee pode me deixar no estúdio dele.
— Claro que sim, vou chamá-lo.
Jin segurou a mão de Namjoon por puro reflexo e foi com Jimin até a garagem da bonita casa, onde encontrou o senhor limpando os vidros do sedan preto.
— Senhor Hee, pode levar meu amigo Jimin ao Genius Lab? Yoongi está esperando por ele. — anunciou Jin num sorriso bonito.
— Claro, Jinie, será um prazer. Vamos?
Jimin se despediu dos demais e entrou no carro, o coração aos pulos.
— E lá se foi o garoto Jimin. Antes que a gente fique de vela, Joonie, o que acha de me ajudar com o jantar.
— Será um prazer. — sorriu o Kim, evidenciando as covinhas em seu rosto.
Min Yoongi esticou os braços para cima e girou levemente em sua cadeira, já estava cansado, porém, satisfeito com o que tinha conseguido fazer até aquele momento. Havia pedido para o seu produtor e amigo, Jackson Wang, que encomendasse um jantar para duas pessoas em alguma sala de reunião da empresa, queria algo especial mesmo que tivesse feito o mais novo visitá-lo em seu local de trabalho.
Ouviu o telefone do estúdio tocar e o atendeu no segundo toque, Jimin foi anunciado e, rapidamente, o mais velho foi ao seu encontro, correndo pelos corredores sem admitir jamais que o fez. Depois de dois longos caminhos e um elevador, finalmente a cabeleira cinza foi vista.
— Jimin-ah, que bom que você veio!
— Obrigado por ter me convidado, hyung. — sorriu o mais novo ao passar pela catraca de identificação com a ajuda de um segurança.
— Eu queria muito ver você. — confessou. — Posso mostrar o lugar?
— Vou adorar!
Andaram lado a lado pelo caminho que Yoongi fez correndo, o bonito prédio era branco e cinza por dentro, com móveis e quadros coloridos que quebravam um pouco de toda a seriedade do local.
— É um prédio muito bonito!
— Temos várias empresas pequenas trabalhando aqui, todas elas são associadas ao Genius Lab. — explicou Yoongi.
— E quando você começou?
— O primeiro Genius Lab foi no meu quarto, quando eu morava com meus pais. Era composto de um notebook bem ruim e um headset com um microfone meia-boca, suficiente pra eu gravar as primeiras demos. Isso foi há dez anos.
— E desde então, você construiu um império.
— Aos pouquinhos, sim. Hoje eu tenho meu próprio estúdio e minha própria gravadora, uma equipe enorme e bons amigos que me ajudam em tudo que preciso.
— Eu fico feliz que tenha se cercado de pessoas boas, hyung. Sei que esse meio não é nada saudável.
— Nem um pouco mesmo. — ele concordou sério. — Antes de mostrar meu estúdio, já que tem algo pra você lá, podemos jantar, o que acha?
— Você me deixou curioso, mas tudo bem, eu aceito o jantar.
Yoongi ainda levou Jimin pelas salas, mostrou algumas parceiras e subiu até o andar que ficava seu estúdio, a sala que Jackson havia preparado era a próxima, foi para lá que rumaram. Ao abrir a porta, Yoongi sentiu o rosto esquentar, porém já era tarde.
— Acho que meu produtor exagerou um pouquinho.
A grande mesa recebeu uma bonita toalha branca em sua ponta, um castiçal com velas aromáticas, dois pratos dispostos, um na ponta e um na lateral; pétalas de rosas vermelhas estavam jogadas pela mesa e corações 3D de papel enfeitavam o arranjo de frutas. Dentro de cada taça de champanhe, um morango borbulhava lentamente.
— Parece um jantar romântico. — constatou Jimin ao entrar na sala.
— Se isso te incomoda, eu posso pedir que tirem algo ou…
— Não me incomoda, hyung. — respondeu um tantinho corado. — Se estiver tudo bem pra você, claro.
— Na verdade eu até achei bonito. Por favor. — indicou para que Jimin se sentasse na cadeira e logo tomou o seu lado. — Não coloque muitas expectativas, Jimin-ah, é bem possível que tenha um x-burguer embaixo desse cloche.
— O que não seria tão ruim. — constatou o acinzentado.
Ao mesmo tempo, puxaram o cloche e se depararam com uma refeição tipicamente coreana: bibimbap, churrasco, kimchi e chikin. No gelo, a garrafa de champanhe que fora aberta há pouco, ainda havia mais comida em outros pratos, para que se servissem. Yoongi tinha que agradecer ao produtor por ter acertado tanto. Jantaram com uma conversa amena sobre música e o que mais gostavam de ouvir.
Três horas depois, Yoongi havia desistido completamente de ignorar o quanto o sorriso do outro mexia consigo, cada pequeno detalhe do outro que descobria era como um tesouro que havia encontrado enterrado em algum lugar. Estavam agora no estúdio de Yoongi, sentados lado a lado em cadeiras confortáveis, divagando sobre a vida.
— E o que quer fazer daqui a alguns anos, hyung? Ainda pretende trabalhar como rapper mesmo que a indústria mude, como você supõe que vá mudar?
— Vai chegar um momento que vou precisar me afastar, ou me reciclar pra conseguir me manter na mídia. Eu não sei se quero mudar tanto assim, sabe? Talvez eu apenas continue escrevendo sobre amores, dores e sentimentos bagunçados, até que faça sentido pra alguém. E você, agora que está começando, onde quer chegar, Jimin-ah?
— Quero emocionar pessoas, levar amor e música para todos, fazer cada um se sentir melhor, especial e único. Quero que minha música cure feridas como as suas são capazes de curar.
A resposta pegou Yoongi completamente desprevenido, abriu a boca para comentar algo, mas nada saiu; encarava os olhos escuros com uma vontade absurda de tê-los mais próximo.
— E-eu não esperava por algo assim.
— Me desculpa, eu te deixei sem graça.
— Sem palavras, na verdade. Mas já que comentou isso, eu tenho algo pra você. Um presente que você pode aceitar ou não.
— O que é?
Yoongi entregou um fone de ouvido para Jimin e colocou o seu próprio, procurou em uma pilha de pastas coloridas uma amarela, em específico e a entregou para o mais novo. Logo os dedos agiram rápido pelo teclado do computador e uma pasta foi encontrada: P2504.
— É uma música. — Yoongi comentou. — Na verdade, apenas uma letra e uma melodia.
Jimin ouviu os primeiros acordes do violão, suave a ponto de lhe trazer paz e, logo depois, a voz de Yoongi. Nunca pensou que o hyung pudesse cantar de uma forma tão gostosa, baixa e calma, porém, sabia que era apenas uma guia. A letra da canção que ouvia estava na pasta e logo Jimin pôde acompanhar, até que o som finalmente parou.
— Que canção linda, hyung!
— Se chama Promise, eu a escrevi enquanto estava no programa. Como pôde notar, é apenas uma guia e, se você aceitar, ela é sua.
— M-minha? — gaguejou o Park.
— Ela é sua desde o momento que eu a escrevi. Eu a fiz pra você, pensando em você e na sua voz; ninguém mais seria capaz de cantá-la, Jimin. Quer tentar?
Emocionado demais para dizer alguma coisa além de “sim”, Jimin acompanhou seu hyung até a sala de gravação e encarou o papel a tremer em sua frente. Respirou fundo quando o mais velho saiu da sala e tentou se acalmar, mais uma vez, observando o rapaz do lado de fora. Yoongi era seu ponto de paz. Cantou uma única vez, sendo gravado pelo Min que sorria pequeno para cada nota correta, no exato timbre que havia imaginado. Quando terminou, deixou a gravação correr para que Jimin ouvisse sua voz e foi até a cabine.
— Eu já disse hoje que a sua voz é linda? — perguntou ao que Jimin tirou os fones de ouvido.
— Hoje não. — riu o outro.
— Ela é linda. Essa pode ser a sua música de debut, se me prometer nunca deixar de ser a sua luz nessa vasta escuridão, Jimin-ah.
— Prometo ser a minha noite, se você continuar sendo a minha luz.
Yoongi ergueu o dedo mínimo para o Park que logo prendeu o seu ali; a distância lentamente foi diminuindo, as mãos entrelaçaram e o beijo finalmente aconteceu. Yoongi não precisou mais do que alguns poucos centímetros para selar os lábios do mais novo, como tanto queria fazer. Jimin se soltou apenas para prender o mais velho em seu abraço, a confirmação sem palavras de que, sim, Yoongi continuaria sendo sua luz.
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